Ec 12.1-8
INTRODUÇÃO
“De
tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos;
porque este é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra
e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12.13,14). Foi com estas palavras que o sábio
Salomão conclui o livro de Eclesiastes. Depois de buscar sentido para a vida no
prazer, no vinho, em obras magníficas, em joias preciosas, e nos bens terrenos
(Ec 2.1-10), ele conclui que o verdadeiro sentido da vida é temer a Deus
e guardar os seus mandamentos. Nesta última lição do trimestre,
estudaremos os sábios conselhos do rei Salomão acerca do preparo para a chegada
da velhice e da morte, e também sobre o significado de temor do Senhor e sobre
os mandamentos divinos.
I – DEVEMOS NOS PREPARAR PARA A VELHICE E PARA A MORTE
1.1
“Lembra-te do teu Criador...” (Ec 3.1a). O termo hebraico para a palavra lembra-te é zãkhar
e significa: “lembrar”, “recordar”, “pensar a
respeito” e “ser lembrado”. “Lembrar-se” na Bíblia subentende ação.
Por exemplo: Quando Deus lembrou-se de Noé, Abraão e Ana, interviu em suas
vidas para o seu bem (Gn 8.1-6; 19.29; I Sm 1.19). Por isso, lembrar-se do
Criador implica em agir de acordo com os seus mandamentos (Ec 12.13; I Jo 2.4;
3.24), pois foi Ele que nos fez, e dá a todos a vida, a respiração e todas as
coisas (Gn 1.26; At 17.24-26; Hb 11.3).
1.2
“... nos dias da tua mocidade...” (Ec 3.1b). Embora todos os homens devam lembrar-se do Criador, e
não apenas os jovens; o sábio Salomão exorta, principalmente a juventude, porque
nesta fase da vida é comum surgirem tentações que giram em torno da busca pelo
prazer e satisfação pessoal, que podem levar o jovem ao esquecimento de Deus
(Ec 11.9,10; Mt 19.16-22; Lc 15.11-15,30; II Tm 2.22).
1.3
“... antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a
dizer: Não tenho neles contentamento” (Ec 3.1c). Os maus dias, neste texto, referem-se ao cansaço e a
fadiga da velhice, quando o homem perde o vigor físico, e os sentidos (audição,
visão, paladar, tato e olfato) já não atuam como antes, como podemos ver nos
versículos seguintes.
1.4
“Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas...” (Ec
12.2). Na Bíblia Viva, o texto diz: “Os
seus olhos ficarão tão fracos que não poderão perceber a luz do sol, da lua e
das estrelas...”. O que significa dizer que Salomão não estava
se referindo a fenômenos que ocorrerão nos astros celestes, e sim, a uma
característica da velhice, onde é comum ocorrer limitações e deficiência
visual. Portanto, não é o sol, a lua e as estrelas que escurecerão, e sim, a
visão, que ao chegar a velhice, já não é perfeita, como ocorreu com Isaque,
Jacó, o sacerdote Eli e o profeta Aías, que já não podiam ver, por conta da
idade avançada (Gn 27.1; 48.10; I Sm 3.2; 4.15; I Rs 14.4).
1.5
“No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens
fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que
olham pelas janelas” (Ec 12.3). Metaforicamente,
neste texto, a casa é o corpo; os guardas são os braços; os homens fortes são
as pernas; os moedores são os dentes; e, as janelas são os olhos. Em outras
palavras, Salomão estava dizendo: “No dia em que teus braços começarem a
tremer, e as tuas pernas se tornarem fracas, e teus dentes já não puderem
mastigar e os teus olhos estiverem cansados”. Na verdade, tudo isto acontece na
velhice!
1.6
“E as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e
se levantar à voz das aves, e todas as vozes do canto se baixarem” (Ec
12.4). As duas portas da rua refere-se
aos lábios (Ec 12.4 ARA) que, por falta dos dentes, o barulho da mastigação
diminui e já não se pode falar em voz alta. Quanto ao “levantar-se à voz das
aves” tem o sentido de acordar mais cedo, ter pouco sono. As vozes também
diminuirão, pois, até as cordas vocais, com a idade, perdem a força, e a voz
pode perder o timbre ou enfraquecer.
1.7
“Como também quando temerem o que está no alto, e houver espantos no
caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o
apetite; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão
rodeando pela praça” (Ec 12.5). Neste texto, o sábio lembra diversas
experiências da velhice: (1) É comum o medo de altura, pois, com os ossos
fragilizados, os velhos são mais cautelosos e temem subir em lugares altos; (2)
Também, nessa época, surgem os “espantos no caminho”, ou seja, os temores da
vida; (3) Quanto ao “florescer da amendoeira” representa as cãs da pessoa idosa
(Gn 42.38; 44.29; Pv 16.31; 20.29), pois, a amendoeira, no Oriente, floresce quando
as outras árvores não tem flor. Depois, ela fica branca, pois suas flores são
alvas, enquanto as outras árvores ficam escuras, com a folhagem verde; (4) O
gafanhoto torna-se um peso quando não há mais disposição para um novo plantio,
principalmente, para quem já não tem mais apetite; (5) Ir a casa eterna fala da
morte física, que todos estão sujeitos (Gn 3.19; Dt 31.16; Sl 115.17; Jo 11.11;
At 5.10; II Co 5.1; II Pe 1.14; Tg 2.26).
1.8
“Antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se
despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço, e o pó
volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec
12.6,7). Este texto faz menção a
tricotomia do homem, ou seja, corpo, alma e espírito (I Ts 5.23). A cadeia de
prata refere-se a alma, a sede das emoções (Gn 2.7; Sl 42.5; 86.4; Ct 1.7; Mc
14.34; Jo 12.27); o copo de ouro diz respeito ao espírito humano que,
juntamente com a alma, forma o homem interior (Nm 16.22; Sl 51.10; Jo 4.22,23;
Rm 1.9; I Co 14.14,15; II Co 7.1); e, o cântaro “de barro”, é uma alusão ao
corpo, que é a parte material do homem (Sl 139.13-16; Rm 6.12-14; 7.24; I Co
6.19,20; II Co 4.14-16; 5.1). O sábio diz ainda que o pó volta à terra, ou
seja, o corpo, depois da morte volta ao pó (Gn 3.19) e o espírito volta para o
controle de Deus (Lc 16.22).
II - O TEMOR DO SENHOR
O
termo hebraico para a palavra teme em (Ec 12.13) é “yare”,
que significa: “temer”, “reverenciar” ou “respeitar”,
e comumente se refere ao temor do Senhor, como em (Pv 1.7) onde o sábio diz que
“O temor do Senhor é o princípio da ciência”. Logo, temer a Deus
significa honrar e respeitar a Sua autoridade e senhorio. Vejamos alguns
exemplos:
Ø Este temor foi demonstrado quando Abraão se
prontificou para oferecer seu filho Isaque em holocausto ao Senhor (Gn 22.12);
Ø O temor a Deus é ordenado e inspirado pela santidade
divina (Dt 13.4; Sl 22.23; Ap 15.4);
Ø As parteiras de Faraó, temendo a Deus, não mataram os
meninos recém-nascidos (Êx 1.17,21);
Ø Aqueles que temem a Deus são fieis aos Seus
mandamentos, pois este temor faz com que eles vivam de acordo com os princípios
divinos (Êx 18.21; Dt 6.2);
Ø O Senhor Deus deveria ser temido por Israel, seu povo
(Lv 19.30; 26.2; Js 24.14; I Rs 18.3,12; Jr 26.19);
Ø Um exemplo inverso: Israel foi destruído pela Assíria
porque temia e adorava a outros deuses (Jz 6.10; II Rs 17.7,35).
III – OS MANDAMENTOS DIVINOS
Guardar
os mandamentos divinos é a segunda recomendação de Salomão em (Ec 12.3). A
palavra guardar, do hebraico “sãmar” tem o sentido de “cuidar”,
“observar”, “preservar” e “zelar”. O termo é aplicado a
Israel, que deveria observar as leis do Senhor para cumpri-las (Dt 4.6; 5.1) e
guardar o caminho do Senhor para andar nele (Gn 17.9; 18.19). Já o termo
hebraico para mandamentos é “miswãh” e significa “mandamento”,
“ordem”, “lei”, “ordenança” ou “preceito”. A
palavra pode ser aplicada aos decretos emitidos por um ser humano, como um rei
(I Rs 2.43; Et 3.3; Pv 6.20; Is 36.21; Jr 15.18); e também pode estar
relacionada com um conjunto geral de preceitos humanos (Is 29.13) ou um
conjunto de ensinamentos (Pv 2.1; 3.1). Mas, é aplicada, principalmente, aos
mandamentos divinos, como veremos a seguir:
Ø No singular, pode referir-se a um determinado
mandamento (I Rs 13.21); mas, aparece mais frequentemente no plural, para
designar todo o conjunto da lei divina e sua instrução (Gn 26.5; Êx 16.28; Dt
6.2; I Rs 2.3);
Ø O Senhor disse que se os hebreus inclinassem os seus
ouvidos aos Seus mandamentos, e guardassem todos os seus estatutos, Ele não
enviaria nenhuma das enfermidades que pôs sobre o Egito (Êx 15.26);
Ø Israel seria abençoado se guardasse os mandamentos
divinos (Lv 26.3-13; Dt 28.1-14); mas, seriam amaldiçoados, se não os
observassem (Lv 26.14-46; Dt 28.15-68);
Ø Guardar os mandamentos divinos resulta em longevidade
(Dt 4.40; 5.16; Ef 6.1-3);
Ø O Senhor é misericordioso com aqueles que O amam e
guardam os Seus mandamentos (Dt 5.10; 7.9);
Ø Os israelitas, muitas vezes, transgrediram os
mandamentos do Senhor (Jz 2.17; I Rs 9.6; 18.18; Dn 9.5);
Ø Bem-aventurado é aquele que tem prazer nos mandamentos
do Senhor (Sl 112.1; 128.1);
Ø Jesus repreendeu os escribas e fariseus, porque eles,
por causa da tradição dos anciãos, invalidavam os mandamentos divinos (Mt
15.1-20; Mc 7.1-23).
CONCLUSÃO
O
propósito de Salomão ao escrever o livro de Eclesiastes foi compartilhar com o
próximo, especialmente os jovens, sua experiência pessoal, para que outros não
cometam os mesmos erros que ele cometera, que foi buscar sentido para a vida
nos prazeres e nas conquistas pessoais. Por isso, ele conclui o livro
advertindo que todos devem se preparar para a velhice e para a morte, bem como,
sobre o dever de lembrar-se do Criador nos dias da mocidade, temer a Deus e
guardar os seus mandamentos.
REFERÊNCIAS
ü ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia
de Estudo Palavras Chave. CPAD.
ü STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
ü MELO, Joel Leitão de. Eclesiastes
versículo por versículo. CPAD.
ü CHAMPLIN, R.N. O Antigo Testamento
Versículo por Versículo. HAGNOS.
Por Rede Brasil
de Comunicação
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