Êxodo 3.1-9
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, veremos como
Deus agiu, não só para chamar e vocacionar Moisés, mas, principalmente, para
preparar aquele que se tornaria o libertador do povo hebreu. O preparo de
Moisés durou cerca de 80 anos e teve a participação de seus pais, especialmente
de sua mãe Joquebede, da filha de Faraó, possivelmente, Hatsepute
e, por fim, na casa de Jetro. Foi exatamente em Midiã onde ocorreu o clímax do
preparo de Moisés, bem como a sua chamada ministerial. Que todos tenham uma excelente
aula!
I. MIDIÃ – O LUGAR DO PREPARO DE MOISÉS
Todos os eventos ocorridos na
vida de Moisés não aconteceram por mera casualidade, mas foram planejados
cuidadosamente pelo Senhor. Moisés nasceu justamente num período em que muitas
crianças eram mortas (Êx 1.16, 22), mas Moisés, segundo o relato bíblico, de
forma milagrosa foi salvo (Êx 2.1-10). Deste modo, até mesmo a filha de quem
deu a ordem para tal infanticídio, foi juntamente ela a pessoa que o achou e
adotou como filho, mesmo sabendo que aquele menino era hebreu (Êx 2.6). Assim,
a semelhança do profeta Jeremias e do apóstolo Paulo, Moisés fora escolhido desde
o ventre de sua Mãe para ser o libertador dos filhos de Israel (Jr 1.5; Gl 1.15
cf Êx 2.2; 3.10). A mão do Altíssimo estava a cuidar passo-a-passo da
preparação de Moisés, se não vejamos:
1) Moisés foi
criado em um lar piedoso, pelo menos durante os primeiros cinco ou sete anos de
sua vida, e assim aprendeu a ter não somente fé em Deus mas também simpatia e
amor por seu povo oprimido (Êx 2.9).
2) Moisés
foi educado no palácio do Egito. Segundo o
historiador Flávio Josefo, Moisés era o comandante-em-chefe dos exércitos
egípcios. Moisés recebeu não apenas todas as vantagens de caráter educacional e
comuns dos mais favorecidos jovens egípcios, mas também lhe foi dado um
treinamento superior. Somente ele estava sendo preparado para assumir o trono,
quando do falecimento de seu avô de criação, o Faraó. Será que esse treinamento
excepcional não poderia ser considerado como uma preparação suficiente para a
liderança da nação de Israel? Nós poderíamos responder que “sim”, mas a
resposta de Deus foi “não”. A intelectualidade, a sabedoria e os conhecimentos
adquiridos por Moisés no Egito tinham suas utilidades (At 7.22), porém jamais o
habilitariam a ser um homem de Deus devidamente preparado para aquela tão
grandiosa tarefa que receberia.
3) Moisés adquiriu
experiência no deserto. É justamente na segunda etapa de sua vida, nos 40 anos
que ficou exilado em Midiã, que Moisés, como pastor, aprendeu muitas lições que
o tornariam um líder completo. Por
essa razão, Deus o conduziu ao deserto de Midiã para, ali, forjar em Moisés um
caráter de um verdadeiro líder vocacionado e amadurecido pelo Senhor. Nesse
treinamento dado a Moisés, ele deve que passar por disciplinas como: silêncio,
solidão, sofrimento, resignação. Isto sem falar do calor, frio e fome que
passou ao fugir para Midiã!
De fato, o deserto sempre foi à
escola preparatória dos grandes homens de Deus (Êx 3.1; 1 Sm 23.14; 1 Rs 19.4;
Lc 1.80; Mt 4.1)! Deste modo, a experiência adquirida por Moisés no deserto, deu-lhe
também o conhecimento do lugar para o qual guiaria a Israel em sua
peregrinação de quarenta anos (Êx 3.1,12b). Além disso, foi no deserto de Midiã
que Moisés passou a ter comunhão com Deus e chegou a conhecê-lo pessoalmente.
Ali aprendeu a confiar nele e não em sua própria força. Portanto, embora seu
preparo tenha ocorrido desde o momento de seu nascimento; contudo, foi em Midiã
que Moisés passou a ter as qualidades e características requeridas por Deus!
Desta
forma, aprendemos que na
formação de um líder evangélico, partimos da premissa de que líderes são feitos
não nascem prontos. Contudo, também entendemos que a liderança cristã não é
para todos. Pois diz as Escrituras Sagradas: “Ninguém
toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus” (Hb 5.4). Moisés
é um clássico exemplo desta verdade!
II. DEUS COMISSIONA A MOISÉS UMA GRANDE
TAREFA
Já haviam se
passado 40 anos que Moisés fugira do Egito, e finalmente, Deus considerou que esses quarenta longos anos de treinamento
e amadurecimento pessoal haviam produzido o efeito desejado. Então, chegou o
tempo do Senhor chamar e comissionar Moisés para a grande tarefa para qual
havia sido preparado pelo Senhor. Moisés estava, como os demais dias, pastoreando
as ovelhas de seu sogro no sopé do monte Horebe. Quando o Senhor manifestou-se
a ele “numa chama de fogo do meio de uma sarça” (Êx 3.2). Segundo Paul
Hoff, o fogo na sarça simbolizava a presença e santidade
purificadora de Deus (Gn 15.17; Dt 4.24), e a sarça talvez representava a
Israel em sua baixa condição. Como a sarça ardia sem consumir-se, assim Israel
não foi consumido no forno da aflição. Todavia, Deus revela a Moisés seu plano
redentor para tirar os hebreus do cativeiro egípcio, e ainda adverte de que Faraó
não deixaria os israelitas ir a não ser forçado pela poderosa mão de Deus (Êx
3.19), mas Moisés estava pouco disposto a aceitar a comissão de Deus. Respondeu
com quatro escusas:
1) "Quem sou eu, que vá a Faraó?"
(Êx 3.11). Moisés conhecia melhor que ninguém o orgulho do rei egípcio e o poderio
do Egito; já tentara livrar a Israel fazia quarenta anos e havia fracassado.
Deus respondeu-lhe: "Certamente eu serei contigo."
Não seria uma luta de Moisés versus
Faraó, mas de Moisés apoiado pelo Senhor versus Faraó.
Anteriormente, Moisés teve de aprender a não confiar em si mesmo. Agora tinha
de aprender a confiar em Deus. O Senhor deu-lhe um sinal de que o apoiaria: os
israelitas adorariam a Deus no mesmo local onde Moisés se encontrava nesse
momento: no monte Sinai. É bom que o
obreiro cristão compreenda suas limitações para reconhecer ao mesmo tempo o
poder ilimitado de Deus que o sustenta, porém não deve ocultar-se atrás de
sentimentos de indignidade como escusa para não fazer a obra para a qual o
Senhor o chama. No entanto, é bom entender que, “a obra que
Deus tem para fazer em nós é mais importante para a nossa vida do que aquilo
que Ele tem para fazer através de nós”.
3)
"Os filhos de Israel não vão acreditar que eu sou o teu enviado"
(Êx 4.1). Em resposta, o Senhor concedeu-lhe três sinais miraculosos que seriam
suas credenciais. Cada sinal era significativo: A serpente fazia parte
da coroa dos Faraós e era símbolo de poder no Egito; a lepra era
considerada pelos hebreus como sinal do juízo de Deus (Nm 12.10, 11; II Cr 26.19);
e a água representava o rio Nilo, deus do Egito, fonte de sua vida e
poderio.
4)
"Ah! Senhor! eu nunca fui eloquente." (Êx 4.10). É muito estranha
a desculpa de Moisés, pois o texto de At 7.22 diz exatamente o contrário! Todavia,
Deus fez seu servo compreender que alegava impotência ante o Deus onipotente.
Acaso não podia Deus facilitar-lhe a capacidade de falar bem? Não lhe havia
criado a boca? Não obstante, o Senhor designou a Arão, irmão de Moisés, como
porta-voz deste. Contestadas suas escusas, Moisés aceitou seu chamado e nunca
mais olhou para trás. De imediato deu início à sua missão voltando ao Egito.
III. MOISÉS RETORNA AO EGITO
Agora, depois da persuasão divina
por meio do encorajamento e da confirmação de seu chamado (Êx 4.1-9,15-17), Moisés
é advertido pelo Senhor sob três instâncias: 1) “Toma, pois, esta vara na mão, com a qual hás de fazer os sinais”
(4.17); 2) “Vai, volta para o Egito...”
(4.19); e 3) “Quando voltares ao Egito, vê que
faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão...”
(4.21). Feitas as recomendações do Senhor a Moisés, este não podendo partir sem
o consentimento de Jetro, disse-lhe: “Deixa-me ir, voltar a meus irmãos, que estão
no Egito, para ver se ainda vivem” (4.18). Após Jetro consentir com seu
pedido, Moisés percorre 320 Km de distancia até o Egito, fazendo o mesmo trajeto de quando fugiu de lá. No entanto, antes de
chegar ao Egito, Arão encontra-se com Moisés e, só então, se
apresentam na sala de audiências de Faraó e lhe comunicam a exigência do Senhor.
Faraó
respondeu com arrogância: "Quem é o Senhor para que eu ouça a sua voz?"
Os Faraós eram vistos como filhos de Rá, o deus solar do Egito, de maneira que
Faraó se considerava a si mesmo um deus. Não tardou em comunicar a Moisés e a Arão
que nem eles nem Deus lhe inspiravam respeito algum. Escarneceu deles dizendo
que a única razão pela qual desejavam celebrar a festa era estar demasiado
ociosos, e tornou mais pesado o trabalho dos hebreus negando-lhes a palha necessária
para produzir tijolos (Êx 5.7,8).
A
atitude de Faraó não somente deixou os hebreus mais desejosos de sair do Egito,
mas também os ajudou a perceber que somente o poder de Deus poderia livrá-los. Porém,
os hebreus culparam amargamente a Moisés e este, por sua vez, protestou perante
o Senhor. Foi Faraó quem disse: "Quem é o Senhor?" Contudo,
Faraó e os egípcios não eram os únicos que necessitavam ver a natureza de Deus.
Israel o necessitava, e Moisés também. Deus respondeu a seu desanimado servo
reiterando-lhe as promessas feitas aos patriarcas e de novo prometeu livrar a
seu povo.
Em
Êxodo 6.3 lemos que Deus havia aparecido aos patriarcas como o "Deus
Todo-poderoso" (El Saddai), mas
que não se havia dado a conhecer com o nome de Senhor. Quer
dizer que não se havia revelado com o nome de Senhor e
que aqui o deu pela primeira vez? Parece que não. Refere-se, antes, ao fato de
que os patriarcas, embora conhecendo o nome do Senhor, não sabiam o pleno
significado deste título. Deus dá a conhecer este nome para revelar seu próprio
caráter ao povo. Nesta ocasião, ele repetiu uma e outra vez "Eu, o
Senhor", como uma nova afirmação de que o ser e a natureza de Deus
sustentavam suas promessas. "Eu. . . vos livrarei de sua servidão. . vos
resgatarei. . . vos levarei à terra." Em breve Israel saberia quem
e que tipo de Deus é o Senhor. Abraão sabia por experiência que Deus é o Deus
onipotente, porém não havia experimentado o significado do nome do Senhor como
aquele que cumpre seu concerto. Recebeu a promessa de herdar Canaã, mas não se
assenhoreou dela. Somente podia contemplar de longe o futuro e crer que Deus
cumpriria suas promessas. A Moisés foi revelado o significado pleno do nome Senhor, o
Deus que cumpre o seu pacto (ver Êx 3.14, 15), pois o pacto começou a
cumprir-se neste período.
CONCLUSÃO
Diante
desta lição, aprendemos que Deus é Senhor Absoluto e que “nenhum dos seus planos pode ser
impedido” (Jó 42.2b). Mesmo quando tentamos nos esquivar do propósito
divino para as nossas vidas, assim como fez Moisés, que inventou várias
desculpas para não ser o libertador dos hebreus, assim também a nossa tentativa
é vã. O Deus de Moisés está no controle de todas as coisas! Portanto, se Ele te
escolheu para algo, esteja pronto para dizer: “Eis me aqui, Senhor!”
REFERENCIAS
Ø HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø MENEZES,
Elizeu. Revista Obreiro, nº 01, p.16.
CPAD.
Ø GILBERTO, Antônio. Lições
Bíblicas. (1º Trimestre/2014). CPAD.
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