Êx 3.19,20; 7.4,5; 8.8,25; 10.8,11,24
INTRODUÇÃO
Na lição passada, vimos como Deus
agiu na vida e preparação de Moisés para torna-lo o libertador de Israel. Na
lição de hoje, estudaremos os fatos que levaram o Faraó ao endurecimento de seu
coração, bem como a participação divina neste ato. Além disso, faremos uma
correlação das pragas enviadas ao Egito, como ato do juízo divino, e de algumas
das principais divindades egípcias. Por fim, abordaremos as propostas ardilosas
de Faraó e o que elas significam. Que todos tenham uma excelente aula!
I. O ENDURECIMENTO DO CORAÇÃO DE FARAÓ
Após ser devidamente comissionado pelo
Senhor, Moisés retorna ao Egito e, juntamente com Arão, seu irmão, dirigem-se
ao Faraó para, com intrepidez, entregarem a mensagem do Senhor: “Assim
diz o Senhor, o Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma
festa no deserto” (Êx 5.1). É bastante curioso o ato de Deus realizar
um pedido a Faraó, pois sendo o Deus Todo-poderoso não necessitava de fazer
pedido algum ao Faraó. Porém, em tudo que Deus faz há um propósito já
estabelecido (Êx 9.15,16; 14.4). No entanto, surge a questão: Por que Deus pediu
a Faraó somente a permissão de que seu povo fosse ao deserto para celebrar
festa por três dias, quando pensava em efetuar sua saída permanentemente? Deus
provou ao rei com uma petição pequena sabendo com antecedência da dureza de seu
coração. Então, de quem veio o endureceu do coração de Faraó? Do próprio Faraó
ou de Deus? Quanto a esta questão, o Dr. Francis Davison diz: “É dito
que Faraó endureceu o seu próprio coração, ou que seu coração foi endurecido, em Êx 7.13,14-22;
8.15,19,32; 9.7,34-35; e também que Deus endureceu o
coração de Faraó, em Êx 9.12; 10.1,20,27; 14.4,8. Essa ação é predita em
Êx 4.21; 7.3. Note-se que esse endurecimento é
primeiramente atribuído principalmente ao próprio Faraó, e mais diretamente a
Deus só mais tarde. Deus não causa positivamente a rebeldia do homem contra Si,
mas Ele conformou de tal maneira o coração do homem que, cada vez que ele se
recusa a fazer a vontade de Deus torna-se menos responsivo à próxima chamada ou
mandamento. A consciência, assim, torna-se menos sensível, e o coração se vai
endurecendo. O homem endurece seu próprio coração, mas na linguagem bíblica,
"os acontecimentos, quer físicos ou
morais, que são o resultado inevitável do arranjo divino do universo, são
referidos como se fossem operação direta de Deus" (Hertz). Em adição a
essa significação da frase devemos notar que, tendo Faraó uma vez endurecido
seu próprio coração, Deus o feriu diretamente com um endurecimento do qual
era-lhe impossível ser renovado para o arrependimento (cf. Hb 6.4-6), tanto como uma penalidade como a fim de demonstrar sobre
ele o Seu poder (Rm 9.17-18), conforme também ficou demonstrado tanto na
queda do Faraó como na libertação do povo de Deus”. Portanto, Deus apenas conservou
esse endurecimento em Faraó para mostrar-lhe quem, de fato, é o Senhor, e
também para que, em Faraó, seu Nome fosse glorificado (Êx 14.4; Rm 9.17).
II. AS PRAGAS – O JUIZO DE DEUS SOBRE O
EGITO
Depois
de ignorar o pedido do Senhor por intermédio de Moisés, restou a Faraó e ao seu
povo padecer as terríveis pragas enviadas ao Egito. Mas, qual o propósito de
Deus enviar essas pragas? O propósito era Julgar o governo de Faraó e a
idolatria egípcia, apressar a saída dos hebreus do Egito e demonstrar que o
Senhor é o Deus supremo e soberano (Gn 15.14; Êx 3.19,20; 9.14-16; 14.4). Desta
forma, as pragas foram a resposta de Deus à pergunta de Faraó: "Quem
é o Senhor para que eu ouça a sua voz ?”(Êx 5.2). Por outro lado, cada
praga foi um desafio aos deuses egípcios e uma censura à idolatria. Os egípcios
prestavam culto às forças da natureza tais como o rio Nilo, o Sol, a Lua, a
Terra, o touro e muitos outros animais. Agora as divindades egípcias ficaram em
evidente demonstração de sua impotência perante o Senhor, não podendo proteger
aos egípcios nem intervir a favor de ninguém. A ordem das pragas é a seguinte:
01) As águas
do rio Nilo convertem-se em sangue (Êx 7.14-25). O Senhor feriu a Sobek
(deus do Nilo) e a Hapi (deus das inundações do Nilo).
02) A terra
do Egito fica infestada de rãs (Êx 8.1-15). O Senhor feriu a Amonet
(deusa do oculto e do poder que não se extingue) e a Hapi (deus das inundações
do Nilo). A rã representava, na crença egípcia, a deusa Amonet.
03) O pó da
terra converte-se em piolhos (Êx 8.16- 19). A terra egípcia era considerada
pelos egípcios solo sagrado. No entanto, Senhor feriu a Geb (deus da terra). Os
sacerdotes egípcios eram, também, os médicos do povo. No entanto, eles não
conseguiam curar-se a si mesmos, pois reconheceram: “Isto é o dedo de Deus!” (Êx
8.19a). Logo, devido a esta praga, eles ficaram impossibilitados de cumprirem
seus rituais.
04) Enormes
enxames de moscas infestam as casas do egípcios (8.20-32). O Senhor feriu a Bastet
(deusa protetora da casa). Esta deusa era a guardiã das casas dos egípcios contra
toda forma de mal. Porém, não conseguiu vencer pequenas moscas!
05)
Gravíssima pestilência e morte de todos os animais dos egípcios (Êx 9.1-7). O
Senhor feriu a Amom (deus criador), o deus adorado em todo o Egito, que era um
carneiro, considerado por eles, animal sagrado. No Baixo Egito eram adoradas
diversas divindades cujas formas eram de carneiro, de bode ou de touro. Porém,
com este golpe do Senhor morreram todos!
06) Os
egípcios e seus animais são acometidos de úlceras terríveis (Êx 9.8-12). Os
sacerdotes egípcios tinham por costume espalhar cinzas como sinal de bênção.
Porém, essas mesmas cinzas causaram-lhes úlceras dolorosas. Desta forma, o
Senhor feriu a Hórus (deus do céu) e a Nut (deusa do céu). Esta deusa era
também conhecida como mãe dos deuses.
07) A
tempestade de trovões, raios e saraiva devastou a vegetação, destruiu as
colheitas de cevada e de linho e matou os animais do Egito (Êx 9.13-35). Este
tipo de tempestade era quase desconhecido no Egito. O Senhor feriu a Osíris
(deus da vegetação) e a Ísis (deusa da natureza).
08) A praga
dos gafanhotos trazida por um vento oriental consumiu a vegetação que havia
sobrado da tempestade de saraiva (Êx 10.1-20). Assim, o Senhor feriu aos deuses
Ísis
(deusa da natureza) e Seráfis (deus da lavoura) enviando tão
grande enxame de gafanhotos. Tais deuses foram impotentes diante deste grande ataque
dos gafanhotos, pois, segundo a crença egípcia, eram essas as divindades que protegiam
o Egito dos gafanhotos.
09) O Egito é
coberto por densas trevas (Êx 10.21-29). As trevas que caíram sobre o país
foram o grande golpe contra todos os deuses, especialmente contra Rá, o deus
solar. Os luminares celestes, objetos de culto, eram incapazes de penetrar a
densa escuridão. Assim, o Senhor feriu a Rá (deus solar). Esta praga foi, também,
um golpe direto contra o próprio Faraó, suposto filho do Sol.
10) A morte
dos primogênitos (capítulos 11 e 12.29-36). Após o Senhor humilhar a principal
divindade egípcia; Faraó, que também fora humilhado, disse: “Vai-te
da minha presença! Guarda-te que não mais vejas o meu rosto! No dia em que
vires o meu rosto, morrerás” (Êx10.28). Assim, o Senhor usou a ameaça e
a sentença dada a Moisés contra o próprio Faraó e seu povo. O Deus que livrou
Moisés, quando criança, tornaria a livrá-lo novamente! O Egito havia oprimido o
primogênito do Senhor (os hebreus) e agora eles próprios (os egípcios) sofriam
a perda de todos os seus primogênitos. Deus aplicara sobre os egípcios a Lei da
Semeadura! Além disso, com esta praga, o Senhor feriu a Anúbis (deus da morte) e,
também, a Osíris (deus da vida). Mostrando, assim, que o Senhor é único
que pode dar a vida ou matar (Dt 30.19).
Diante
da grande humilhação que sofreram os deuses egípcios, o Senhor mostrou a todos,
principalmente a Faraó, que somente Ele é O Senhor. A frase que nos revela tal propósito
divino é: “para que saibais que eu sou o Senhor” (Êx 6.7; 7.5,17; 8.22;
10.2; 14.4,18). Portanto, as primeiras três pragas: sangue, rãs e piolhos
caíram tanto sobre Israel como na terra egípcia, pois Deus quis ensinar a ambos
os povos quem era o Senhor, já os sete seguintes açoites castigaram somente aos
egípcios para que soubessem que o Deus que cuidava de Israel era também o
soberano do Egito e mais forte do que seus deuses (Êx 8.22; 9.14). As pragas
foram progressivamente mais severas até que quase destruíra o Egito (Êx 10.7). Calcula-se
que o período das pragas tenha durado pouco menos de um ano.
III. AS PROPOSTAS ARDILOSAS DE
FARAÓ A MOISÉS
A
partir da ocorrência da segunda praga (a das rãs, Êx 8.1ss), Faraó passa a
fazer uma série de propostas ardilosas e destruidoras a Moisés e Arão.
Porquanto, com receio das pragas que já estavam castigando duramente o Egito,
Faraó propõe:
A Primeira Proposta (Êx 8.25)
“Ide,
sacrificai ao vosso Deus nesta terra”. O que esta proposta representava?
Representava a falta de santidade, de separação das coisas deste mundo. Deus
exige santidade do seu povo: “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor sou
santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26). O povo de
Deus enfrenta “concessões egípcias”
semelhantes hoje em dia, quando buscamos servir ao Senhor. O inimigo nos diz
que não precisamos ser separados do pecado, pois podemos servir a Deus “nesta terra”.
A Segunda Proposta (Êx 8.28)
“Somente
que indo, não vades longe”. O
que esta proposta representava? Uma separação parcial do Egito. Atualmente
muitos já aceitaram esta proposta e querem viver um cristianismo sem
compromisso com Deus e sem a cruz. Infelizmente, este tem sido o tipo de
evangelho que mais tem crescido em nosso país. Porém, o Senhor nos adverte
quanto a isto, dizendo: “Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não
fazeis o que eu mando?” (Lc 6.46). Uma das coisas que Ele manda é: “Saí
do meio deles, apartai-vos... Não toqueis nada imundo, e eu vos receberei”
(2 Co 6.17). É tempo de refletimos como anda nosso compromisso com Deus? Isto é,
para os que querem ter compromisso com Ele!
A
Terceira Proposta (Êx 10.11)
“Agora, ide vós, os homens, e servi ao Senhor”. O que esta proposta representava? A divisão da
família. Deus criou a família e deseja que ela viva unida, pois nenhum reino (ou
instituição) dividido pode estar de pé (Mc 3.24), porém o inimigo trabalha sempre
para separá-la. Quantas famílias já foram destruídas por não observarem a
Palavra do Senhor! Cuidemos de nossas famílias, pois elas são a base do nosso
ministério (1 Tm 5.8)!
A
Quarta e Última Proposta (Êx 10.24)
“Ide, servi ao Senhor; somente
fiquem as ovelhas e vossas vacas”. O que esta proposta representava? A
falta de sacrifícios, de entrega ao Senhor e de adoração. Evangelho sem a cruz
de Cristo não é evangelho autentico! Segundo a Bíblia Explicada, esta proposta também significa “os nossos negócios
e interesses materiais, não santificados e não sujeitos à vontade de Deus”. Portanto,
a santidade é um imperativo na vida do cristão até mesmo nos negócios (2 Co
8.21).
CONCLUSÃO
Nesta
lição, aprendemos que “não há outro como eu (Deus) em
toda terra (Egito)” (Êx 9.14). Assim, o Senhor mostrou, tanto para os egípcios
como para os hebreus, que Ele é o Deus supremo e soberano. Por isso,
Moisés e Arão não se deixaram levar pelas ardilosas propostas do Faraó, mas responderam-lhe:
“Nem
uma unha ficará” no Egito (Êx 10.26). Que sigamos os exemplos de Moisés
e Arão, e também como eles, estejamos vigilantes e preparados contra “as
astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11b).
REFERENCIAS
Ø HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø DAVISON,
Francis. O Novo Comentário da Bíblia.
Vida Nova.
Ø GILBERTO, Antônio. Lições
Bíblicas. (1º Trimestre/2014). CPAD.
Ø Revista Ensinador Cristão. CPAD. nº 57, p.37.
Ø Site: pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_deuses_eg%C3%ADpcios
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