Êx 29.1-12
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, daremos
continuidade ao estudo da lição 11, que tratou da separação de Arão e de seus
filhos para o exercício do sacerdócio levítico. Depois de prontas as vestes
sacerdotais, chegou o grande momento de Moisés realizar a cerimônia de
consagração dos sacerdotes. Portanto, nesta aula, abordaremos a definição do
termo “consagração”, em seguida, trataremos de cada ato que envolveu a
realização da consagração dos sacerdotes, e por fim, mostraremos a superioridade
do sacerdócio de Cristo: Perfeito e Eterno. Que todos tenham uma excelente
aula!
I.
DEFININDO O TERMO
“CONSAGRAÇÃO”
O que é consagração? Como você
entende ou define este termo? A palavra
“consagração”
provém do verbo “consagrar” que em latim é “consacrare” e significa “santificar
inteiramente”. No hebraico, a palavra usada é “qõdesh” e significa “santo”.
Este termo (santo) encerra a ideia de alguém separado por Deus para um
fim específico. Pessoas e objetos eram separados para o serviço divino,
ou seja, eram consagradas (Êx 29.35; 28.41; Lv 7.37; 21.10; Nm 3.3; 7.11; Js
6.19). Sendo assim, este era o ato pelo qual se separava reis, profetas e sacerdotes
para realizarem uma tarefa específica (1 Sm 13.14 cf 16.13; 2 Rs 9.1-3; Jr
1.4-10; Êx 28.41). Por isso, o autor da carta aos Hebreus enfatiza que “ninguém
toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus” (Hb 5.4). Portanto,
consagrar é tornar sagrado, separado, santo. E, este ato não
está restrito a simples momentos devocionais como pensam alguns, mas abrange
toda a nossa maneira de viver. É o que afirma o Apóstolo Pedro: “Mas como
é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo vosso procedimento” (1
Pe 1.15). Por isso, a consagração é um ato de dedicação e entrega total de
nossas vidas a Deus. O Apóstolo Paulo nos adverte a conservarmos nossa
consagração com Deus (Rm 12.1,2).
II.
A CERIMÔNIA DE CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES
A
cerimônia em que se consagravam os sacerdotes era celebrada na presença de todo
o povo (Lv 8.3,4). Moisés ministrava como sacerdote oficiante. Todos os
pormenores da cerimônia assinalam a transcendência de Deus. Ele está com seu
povo, porém este não deve tratá-lo com familiaridade. Somente podem
aproximar-se dele pelos meios que ele prescreve. O pecado impede aos homens o
aproximar-se da presença divina (Êx 19.10,14,15; Is 59.2; Rm 3.23). Os
sacerdotes e tudo o que eles empregavam tinham de ser consagrados ao serviço
divino (Êx 30.26-29; Lv 8.10). Portanto, Arão e seus filhos tinham de estar
devidamente limpos e ataviados e deviam ter expiado seus pecados antes de
assumirem os deveres sacerdotais. O Deus vivente não é uma imagem impotente à
qual os homens prestam culto segundo suas ideias. Somente ele, é quem determina
os "requisitos segundo os quais lhe
é possível habitar com seu povo". Em uma cerimônia impressionante e
muito bem preparada, Arão e seus filhos foram ordenados para o sacerdócio (Êx
29; Lv 8). Vejamos, então, como se deu esta cerimônia consumada
por cinco atos simbólicos:
Primeiro
Ato: A Lavagem.
Arão
e seus filhos foram submetidos a um banho completo que simbolizava a purificação
interna
sem a qual ninguém pode aproximar-se de Deus nem servir nas coisas sagradas (Êx
29.4). Semelhantemente, nós também fomos lavados pela Palavra do Senhor, pois
Ele disse: “Vós já estais limpos por causa da palavra que vos tenho falado”
(Jo 15.2). Ver também Ef 5.26.
Segundo
Ato: A entrega das vestes sagradas.
Estas
vestes indicavam que Arão e seus filhos estavam investidos de suas funções
sacerdotais (Êx 29.5-9). Desta forma, primeiro Arão, o sumo sacerdote, foi
ataviado com as vestes santas (Êx 29). A magnificência dessas vestes indicava a
dignidade do ofício de sumo sacerdote (Hb 5.4). As vestimentas deviam inspirar
respeito aos ministros da religião. Os filhos de Arão, os sacerdotes comuns, foram
vestidos com vestes brancas que representavam "as justiças dos santos"
(Ap 19.8; Êx 29.8,9).
Terceiro
Ato: A unção de Arão e de seus filhos.
Assim,
como o azeite da santa unção era um unguento superior, aromático e precioso (Êx
30.22-25), a unção do Espírito Santo produz uma fragrância espiritual e um
efeito incomparável. Não se devia derramar a unção sobre "a carne do homem", isto é, sobre o que não é santificado;
desta maneira não se dá o Espírito ao mundo (Jo 14.17). E, como não se havia de
compor unguento semelhante e colocá-lo sobre um estranho ("uso profano"), assim não se deve
imitar a unção do Espírito nem procurar usá-la para fins não espirituais (Êx
30.31-33). Moisés espargia a santa unção sobre os filhos de Arão (Êx 29.21).
Assim, a presença e poder do Espírito são para o "sacerdócio real" dos
crentes a fim de que ministrem com eficácia e bênção (Lc 24.47-49; At 1.5,8;
2.2-4).
Quarto
Ato: Os sacrifícios de consagração.
Nesta
cerimônia ocorreram três sacrifícios: Primeiro, um novilho para o sacrifício
pelo pecado (10-14), depois, um carneiro para a oferta queimada (15-18), e por
último, outro carneiro para a consagração (19-22). Vejamos, então, cada um
deles:
Ø
O novilho da expiação
era uma oferta pelo pecado e deu aos sacerdotes "uma expressão oportuna de seu sentido de indignidade, uma confissão
pública e solene de seus pecados pessoais e a transferência de sua culpa à
vítima típica" (Êx 29.10-14).
Ø
O carneiro do holocausto
era uma oferta queimada que servia para mostrar que os
sacerdotes se consagravam inteiramente ao serviço do Senhor (Êx 29.15-18).
Assim, o ato de impor as mãos sobre o animal, neste sacrifício, simbolizava
justamente esta entrega total ao Senhor, que era aceito como “cheiro
suave” (vv.15,18).
Ø
O carneiro da consagração
era uma oferta de paz que dava a entender a gratidão que os sacerdotes sentiam
ao entrar no serviço do Senhor (Êx 29.19-22). Arão e seus filhos punham as mãos
sobre o animal oferecido em sacrifício, mostrando assim que eles se ofereciam a
Deus. O sangue do carneiro da consagração era posto sobre a ponta da orelha
direita de Arão, sobre o dedo polegar de sua mão direita e sobre o dedo polegar
de seu pé direito. Assim, seu ouvido devia estar atento à voz do Senhor, suas mãos
prontas para executar os serviços do santuário e seus pés prontos para andar na
presença do Senhor. Isto é, todo o seu ser devia estar "sob o
sangue" e consagrado à obra de Deus. Finalmente, Moisés ofereceu
oblações indicando a consagração dos frutos de seus trabalhos. O sangue dos
sacrifícios foi espargido também sobre os móveis do tabernáculo a fim de
santificá-los para o uso sagrado (Êx 29.44; Lv 8.11).
Quinto
Ato: A festa do sacrifício: Este ato encerra a cerimônia. A festa
do sacrifício enfeixava três significados: que os sacerdotes haviam entrado em
uma relação muito íntima com Deus (Êx 29.27,28), que a força para cumprir os
deveres de seu ofício lhes era dada por Aquele a quem serviam, pois comiam de
seu altar (Êx 29.31-33; Lv 8.31), e que a festa era uma ação de graças por
havê-los colocado em seu serviço, tão santo e exaltado (Êx 29.42-46).
A
impressionante cerimônia de consagração dos sacerdotes durou sete dias (Êx 29.35,36;
Lv 8.33,34). Durante esse período observaram-se cada dia os mesmos ritos
observados no primeiro dia. Desta forma, toda a congregação podia compreender
quão santo é Deus e que foi ele próprio quem instituiu a ordem sacerdotal.
III. O SACERDÓCIO PERPÉTUO E PERFEITO DE CRISTO
O sacerdócio levítico era imperfeito (Hb 7.11). Nele,
os sacrifícios, as ofertas, o culto e a liturgia eram apenas sombra do
verdadeiro sacerdócio, que veio por Cristo (Hb 8.5). O sacerdócio de Cristo,
não da ordem de Arão ou de Levi, mas “segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl
110.4; Hb 5.6), trouxe a perfeição no relacionamento do homem com Deus. Mas, quem
era Melquisedeque? São poucas,
mas profundas as informações da Epístola aos Hebreus sobre Melquisedeque, as
quais fazem deste uma personagem enigmática, de difícil compreensão quanto à
sua origem, desenvolvimento e consumação de sua obra. Portanto, a Bíblia não provê detalhes sobre a
pessoa de Melquisedeque; daí haver muitas especulações a seu respeito. No
entanto, vejamos o que o texto de Hebreus 7.1-4 diz sobre esta personagem:
Ø
Era rei de
Salém. “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e
vinho...” (Gn 14.18a; Hb7.1); “e este era sacerdote do Deus Altíssimo”
(Gn 14.18). Esta é a primeira referência bíblica a Melquisedeque. Ele aparece
nas páginas do Antigo Testamento, quando foi ao encontro de Abraão, após este
haver derrotado Quedorlaormer, rei de Elão, e seus aliados. Salém veio a ser
Jerusalém após a ocupação da terra prometida por Deus a Abraão e seus
descendentes (Gn 14.18; Js 18.28; Jz 19.10). Rei de Salém que dizer “rei
de paz” (v.2b).
Ø
Era sacerdote
do Deus Altíssimo. “...
e
este era sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18b; Hb 7.1). As funções
de rei e sacerdote conferiam-lhe grande dignidade perante os que o conheciam.
Estas duas funções são relembradas em Hb 7.1: “Porque este Melquisedeque, que
era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo...”.
Ø
Era de uma
ordem sacerdotal diferente. Estudiosos
da Bíblia supõem que Melquisedeque pertencia a uma dinastia de reis-sacerdotes,
que tiveram conhecimento do Deus Altíssimo pela tradição oral inspirada,
transmitida desde o princípio, quando a religião era única e monoteísta e que conservava
a esperança do Redentor da raça humana, conforme Gn 3.15. Ele não pertencia à
linhagem sacerdotal arônica, proveniente da tribo de Levi.
Ø
Era rei de
justiça. Como um tipo de
Cristo, Melquisedeque tinha as qualidades de um rei justo e fiel.
Ø
Sem genealogia. O texto afirma ter sido Melquisedeque “sem
pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida...”.
O que o sacro escritor quer dizer é que não ficou registrada sua ascendência e
sua descendência, bem como os dados referentes a sua morte. Pelo contexto,
entende-se que ele era um homem com características especiais diante de Deus.
Portanto, o primeiro sacerdócio, com suas imperfeições, não era capaz de salvar
(Hb 7.11,18,19), mas Cristo como Sumo Sacerdote, mediante o seu próprio sangue
deu-nos acesso a Deus, garantindo-nos a salvação plena (Hb 7.21-25). Por isso,
o sacerdócio de Cristo sendo “segundo a
ordem de Melquisedeque”, é anterior a Abraão, Levi e aos sacerdotes
levíticos, e, portanto, maior que todos eles.
Além disso,
o texto de Hebreus 7.26 indica algumas das qualificações de Cristo, que o
diferenciam de qualquer sacerdote do antigo pacto. “Porque nos convinha tal sumo
sacerdote”:
ü
Santo. O sacerdote do Antigo Testamento teria que ser santo,
separado, consagrado. Até suas vestes eram santas (Êx 28.2,4; 29.29). Contudo,
eram homens falhos, imperfeitos, sujeitos ao pecado. Jesus, nosso Sumo
Sacerdote, era e é santo no sentido pleno da palavra.
ü
Inocente. Porque nunca pecou, Jesus não tinha qualquer culpa.
Ele desafiava seus adversários a acusá-lo (Jo 8.46).
ü
Imaculado. O cordeiro, na
antiga Lei, tinha que ser sem mancha (Lv 9.3; 23.12; Nm 6.14). Jesus, como o
“Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), não tinha qualquer
mancha moral ou espiritual.
ü
Separado dos pecadores. Jesus
viveu entre os homens, comeu com eles, inclusive na casa de pessoa de baixa
reputação, como Zaqueu, mas foi “separado dos pecadores”. Ele não se misturou,
nem se deixou influenciar pelo comportamento dos homens maus.
ü
Feito mais sublime do que os céus. Tal
expressão fala da exaltação de Cristo, como dele está predito na Bíblia: “Pela
minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua
confessará a Deus” (Rm 14.11).
ü
Ofereceu-se a si mesmo, uma só vez (v.27). Os
sumos sacerdotes do Antigo Testamento necessitavam de oferecer sacrifícios,
muitas vezes, primeiro por eles próprios e, depois, pelo povo. Mas Jesus, por
ser imaculado, sem pecado, não precisou fazer isso por si. Tão somente
ofereceu-se num sacrifício perfeito, uma vez, pelos pecadores.
CONCLUSÃO
Diante
do exposto, aprendemos que o ato de consagrar é tornar algo sagrado, separado, santo ao Senhor para um fim específico.
Em cristo, nossas vidas estão consagradas para o serviço de Seu Reino (Jo 1.12;
2 Co 5.17; 1 Pe 1.15; 1 Jo 1.7). Quanto à cerimônia de consagração, esta ocorre
por meio da Palavra de Deus e do Espírito Santo (Jo 3.5,6; At 3.19; 10.44-48;
Tt 3.5). Por isso, embora o sacerdócio levítico tenha tido sua relevância,
contudo, ele era “figura e sombra das
coisas celestiais”. Além disso, ele também era completamente inferior ao sacerdócio
de Cristo! Porquanto, sirvamos a Cristo com tremor e tremor (Fp 2.12) por ter
Ele nos feito sacerdotes de uma ordem superior “segundo a ordem de Melquisedeque”
(Hb 6.19,20 cf 1 Pe 2.5,9). Que Deus em Cristo vos abençoe a todos!
REFERENCIAS
Ø HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø DAVIS,
Jonh. Novo Dicionário da Bíblia.
HAGNOS.
Ø RENOVATO, Elinaldo. Lições
Bíblicas. (3º Trimestre/2001). CPAD.
Ø Sites:
http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/consagracao/
http://www.dicionarioinformal.com.br/consagra%C3%A7%C3%A3o/
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