Êx 28.1-11
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, daremos
continuidade ao estudo da lição 09, que tratou de ‘Um Lugar de Adoração a Deus
no Deserto’. Porquanto, já havendo sido entregue as leis do Senhor a Israel (Êx
20.1-23.33) e o Tabernáculo já estando em andamento (Êx 25.8 cf 40.17,18). O
Senhor separa aqueles que cuidariam do serviço do santuário e do culto levítico:
Arão e seus filhos (Êx 28.1). Portanto, nesta aula, abordaremos a instituição
do ministério sacerdotal, em seguida, trataremos dos oficiais do ministério
sacerdotal e suas funções, e finalmente, mencionaremos os requisitos para
servir ao sacerdócio. Que todos tenham uma excelente aula!
I.
A INSTITUIÇÃO DO
MINISTÉRIO SACERDOTAL
Frequentemente os ministros do santuário são denominados sacerdotes
levíticos, porquanto o sentido da palavra “kohen”, ministro, sacerdote, exige
qualidades descritivas. Assim, o sacerdote
era um ministro devidamente autorizado para oficiar perante uma divindade, em
favor de um povo e tomar parte em outros ritos. Logo, sua principal e essencial
função era a de mediador entre Deus e os homens (Êx 28.38; Lv 16.15,16). Antes
da instituição do ministério sacerdotal, devidamente organizado pelo Senhor no
livro de Êxodo, o oficio de sacerdote era exercido desde tempos imemoriais, por
indivíduos particulares, tais como Caim e Abel, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Jó (Gn
4.3,4; 8.20; 12.7; 26.25; 33.20; Jó 1.5); ou seja, pelos chefes de uma
corporação, de um povo ou de uma família. Durante o Êxodo, Moisés exerceu esta
função (Êx 24.8) até o momento em que o Senhor ordenou-lhe que separasse a Arão
e seus filhos para o exercício deste tão grande e sublime ministério (Êx 28.1;
29.1). A partir de então, por determinação divina, nasce o corpo organizado de
sacerdotes cuja finalidade era:
ü Ministrar no santuário diante do Senhor (Êx 29.44;
27.20,21; Lv 6.12);
ü
Ensinar o
povo a guardar a lei de Deus (Lv 10.11; Dt 24.8; 17.8-13);
ü Tomar conhecimento da vontade divina, consultando o
Urim e Tumim (Êx 28.30; Ed 2.63; Nm 16.40; 18.5; 2 Cr 15.3; Jr 18.18; Ez 7.26;
Mq 3.11).
Todos os filhos de Arão eram sacerdotes, salvo nos casos de deformidades
físicas (Lv 21.16). Percebe-se
então que, devido à construção do Tabernáculo no deserto do Sinai, fez com que
houvesse a necessidade de constituir o servo que cuidaria do mesmo. Por essa
razão, Arão e seus filhos foram designados para este cargo que se perpetuou na
família, e a ela foi restringido (Êx 28.1; 40.12-15; Nm 16.40; 17; 18.1-18; Dt
10.6; 1 Rs 8.4; Ed 2.36). Quando a Escritura se refere à classe sacerdotal,
emprega as expressões – sacerdotes ou filhos de Arão, aludindo
à descendência deste sacerdote (2 Cr 26.18; 29.21; 35.14; Nm 3.3; 10.8; Js
21.19; Ne 10.38), ou sacerdote da linhagem de Levi
aludindo à tribo a que pertenciam (Dt 17.9,18; 18.1; Js 3.3; 8.33; 2 Cr 23.18;
30.27; Jr 33.18,21; Êx 38.21), ou ainda como sacerdotes e levitas filhos de
Sadoque, designando o ramo da família de que descendiam (Ez 44.15;
43.19). No período da monarquia, o rei Davi dividiu os
sacerdotes em vinte e quatro classes. Exceto por ocasião das grandes
festividades em que todos eles tinham de oficiar; cada uma das classes oficiava
uma semana de cada vez, substituída em cada sábado de tarde, antes do
sacrifício (1 Cr 24.1-19; 2 Rs 11. 5-9). Parece que destas vinte e quatro
classes, somente quatro voltaram de Babilônia com Zorobabel (Ed 2.36-38);
porém, o antigo número foi reconstruído, segundo parece (Lc 1.5-9).
Embora o ministério sacerdotal tivesse sido divinamente instituído, ainda assim, ele não era perfeito. Porquanto, o escritor da carta aos Hebreus ressalta que ele (o sacerdócio) era constituído por pecadores (Hb 5.3; 9.6,7).
Já, Cristo, nosso Sumo Sacerdote nunca pecou (Hb 4.15; 1 Pe 2.22; 1
Jo 3.5). Além disso, o sacerdócio levítico era hereditário, pois aqueles
que nele ministravam estavam sujeito à morte (Hb 7.23). Já, Cristo, é Sacerdote
Eternamente, pois a morte foi por Ele vencida (Hb 6.20; 7.3,24; Ap 1.18).
E mais, os sacrifícios realizados pelo sacerdócio levítico eram ineficazes
quanto ao pecado, pois necessitavam serem oferecidos de contínuo; ou seja, tinham de ser
oferecidos repetidas vezes (Êx 29.38,41,42; 30.10; Nm 28.1-6; Hb 10.11). Já, o
sacrifício de Cristo, foi plenamente eficaz, pois o Cordeiro de Deus se
ofereceu uma vez, por nós, para remover a nossa culpa e nos aperfeiçoar (Hb
9.25-28; 10.10-14). Assim, conclui o escritor da carta aos Hebreus: “Portanto, irmãos, tendo ousadia para entrar no Santo
dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de
Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em plena certeza de fé, tendo o
coração purificado de má consciência, e o corpo lavado com água limpa” (Hb
10.19-22). Glória a Deus!! Obrigado, Senhor!!!
II.
OS OFICIAIS DO MINISTÉRIO E SUAS FUNCÕES
Agora, vamos
tratar dos personagens que estavam estritamente ligados ao serviço do culto
levítico, ou seja, do tabernáculo. Eles são:
O Sumo Sacerdote – Este
era o sacerdote mais importante. Ele é chamado, em hebraico, de “kohen
gadol” que significa “ grande sacerdote”. Arão foi
constituído o primeiro sumo sacerdote (Hb 5.1-4). No sacerdócio levítico, o
sumo sacerdote era o responsável pelo culto, adoração e sacrifícios na
congregação dos filhos de Israel. No entanto, sua maior função era representar
os israelitas diante de Deus, e por eles fazer expiação, uma vez por ano, no
lugar santíssimo (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb 9.25). Além disso, somente ele, podia usar
o peitoral com os nomes das tribos e consultar ao Senhor mediante Urim e Tumim
(Êx 28.30; Lv 8.8). Embora o sacerdote em alguns aspectos prefigure o crente, o
sumo sacerdote simboliza a Jesus Cristo. (1 Pe 2.5,9; Hb 2.17; 4.14).
O
Sacerdote – Este era o ministro divinamente
designado, cujas obrigações básicas eram: santificar o povo, oferecer dons e
sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb 5.1-3). Além destas, de forma geral, era também de sua
competência:
Ø Consultar
a Deus para discernir a vontade divina para o povo (Nm 27.21; Dt 33.8).
Ø Ser os intérpretes e mestres da lei e
ensinar ao povo os estatutos do Senhor (Lv 10.11; Ez 44.23).
Ø
Ministrar nas coisas sagradas do
tabernáculo (Êx 29.44; 27.20,21;
Lv 6.12).
Os Levitas
– Estes eram os auxiliares dos sacerdotes (Nm 8.24-26). Assim, eles assistiam
os sacerdotes em seus deveres e transportavam o tabernáculo e cuidavam dele (Nm
18.1-7). Porém, no reinado do rei Davi, passaram
a exercer trabalhos ainda mais especializados, como os de cantores e músicos
(1Cr 25), porteiros (1Cr 26.1-19), guardas dos tesouros e zeladores do Templo
(1Cr 26.20-28), oficiais e juízes (1Cr 26.29-32).
III. OS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA SER UM SACERDOTE
Embora
saibamos que a santidade era uma das prerrogativas indispensáveis à vida
daquele que servia no santuário. Ela, todavia, não era a única exigência para
ser um sacerdote. Havia, pelo menos, três exigências ou requisitos básicos para
os filhos de Levi exercerem tal cargo, são eles:
ü Era preciso ser homem sem defeito
físico (Lv 21.16-21);
ü
Era preciso ser chamado por Deus (Hb
5.4)
ü
Era preciso ser compassivo, manso e
paciente para com os ignorantes e errados (Hb 5.2; 4.15; Nm 15.27-29).
Além desses
requisitos, como dissemos acima, aos sacerdotes era exigido um estado habitual
de pureza, incompatível com a vida comum dos homens. Por isso, eles viviam sob
leis especiais, tais como:
Ø
Devia casar-se com uma mulher de caráter
exemplar (Ez 44.22).;
Ø Não podiam contaminar-se pelos mortos, exceto pelos
parentes mais próximos (Lv 21.1-6);
Ø Não podiam beber vinho, enquanto estivessem
servindo no tabernáculo (Lv 10.9; Ez 44.21);
Ø Não podiam contaminar-se, comendo o que tinha
morrido por si mesmo (Lv 22.8);
Ø Enquanto estivessem imundos, não podiam realizar
qualquer serviço (Lv 22.1.2; Nm 19.6,7);
Ø Enquanto estivessem imundos, não podiam comer das
coisas santas (Lv 22.3-7);
Ø Seus filhos, casados com estranhos, não podiam
comer sua porção (Lv 22.12).
IV. AS VESTIMENTAS DO SACERDOTE
Essas
vestes eram feitas do melhor linho fino e eram obra primorosa para que os
sacerdotes estivessem vestidos com dignidade e formosura. Todos os sacerdotes
usavam uma túnica branca (Êx 28.39,40)
que lhes recordava seu dever de viverem uma vida pura e santa. Também usavam um
calção (Êx 28.42), uma faixa (Êx 28.39,40)
e uma mitra de linho fino (Êx 28.37,40).
Além
disto, o sumo sacerdote usava diversas vestimentas especiais. Elas são:
O Manto Azul (Êx 28.31-35) – Esta peça era usada sobre a túnica e se
estendia do pescoço ate abaixo dos joelhos. As orlas do manto eram adornadas
com campainhas de ouro e romãs azuis que se alternavam. Como a romã tem muitas
sementes, é considerada símbolo de uma vida frutífera. As campainhas de ouro
anunciavam os movimentos do sumo sacerdote à congregação fora do tabernáculo no
dia da expiação. Desse modo sabiam que ele não havia morrido ao entrar no lugar
santíssimo, mas que sua mediação havia sido aceita. Alguns estudiosos da Bíblia
têm visto igualmente aí uma verdade espiritual para o crente. Segundo eles, as
campainhas podem representar o testemunho verbal, e as romãs, o fruto do
Espírito. Estes dois andam juntos e devem ser de igual importância para o crente.
O Éfode (Êx 28.6-14) – Esta era uma
espécie de corselete ou corpete preso por um cinto e ombreiras. Era feito de
linho nas cores ouro, azul, púrpura e escarlate. Duas pedras sardônicas eram
postas sobre as ombreiras do éfode. Cada pedra trazia gravados seis dos nomes
das tribos. Assim o sumo sacerdote representava a todo o Israel no ministério
da mediação.
O Peitoral do Juízo (Êx 28.15-30) – Esta peça era colocada sobre o éfode, na frente. Era uma
bolsa quadrada de aproximadamente vinte centímetros. Era a parte mais magnífica
e mística das vestes sacerdotais. Tinha na frente doze pedras de diferentes
tipos e cores; cada pedra preciosa tinha o nome de uma das tribos de Israel. De
modo que o sumo sacerdote levava seus nomes ao mesmo tempo sobre os ombros, a
parte do corpo que representa a força, e no peitoral "sobre seu coração", o órgão representativo da reflexão e do
amor. Ele não somente representava a Israel diante de Deus, mas também
intercedia em favor de sua nação. A verdadeira intercessão brota do coração e
se realiza com todo o vigor. Sobretudo, é uma imagem de nosso grande
Intercessor no céu, em cujas mãos estão gravados nossos nomes (Is 49.16).
Vale
ressaltar que era no peitoral que o sumo sacerdote usava o Urim e
o Tumim, que significam "luzes
e perfeições". Eram empregados para consultar ao Senhor. Segundo
se crê, eram duas pedrinhas, uma indicando resposta negativa e a outra,
resposta positiva. Não se sabe como eram usadas, mas é provável que fossem
retiradas de algum lugar ou lançadas ao acaso, como vemos às vezes, ao fazer-se
uma consulta propondo uma alternativa: Farei
isto ou aquilo? E, segundo saísse Urim ou Tumim, interpretava-se a resposta
(1 Sm 14.36-42; 2 Sm 5.19).
A Lâmina de Ouro (Êx 28.36-38) – Na mitra (turbante) do sumo sacerdote estava colocada uma
lâmina de ouro puro com as palavras "Santidade ao Senhor" gravadas
sobre ela (Êx 28.36). Proclamava que a santidade é a essência da natureza de
Deus e indispensável a todo o verdadeiro culto prestado a ele. O sumo sacerdote
era a personificação de Israel e sempre era seu dever trazer à memória de seu
povo a santidade de Deus.
Observa-se,
portanto, que as vestimentas manifestavam a dignidade da mediação sacerdotal,
bem como a formosura
do culto mediante a harmonização das magníficas vestes com as cores do
santuário.
CONCLUSÃO
Diante
do exposto, aprendemos que o sacerdócio levítico teve sua relevância, porém ele
era “figura
e sombra das coisas celestiais” (Hb 8.5). No entanto, o Senhor estava mostrando
e ensinando a seu povo que “sede santos, porque eu sou santo” (Lv
11.44; 1 Pe 1.16). Assim, hoje, nós somos feitos nação sacerdotal por Cristo (1 Pe 2.5,9), mas só haveremos de desempenharmos tal posição se tivermos uma vida de santidade
diante do Senhor. Do contrario, é bom atentarmos para a advertência do escritor
da carta aos Hebreus, ele diz: “sem a santificação ninguém verá o Senhor”
(Hb 12.14b). Que Deus em Cristo vos abençoe a todos!
REFERENCIAS
Ø HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø DAVIS,
Jonh. Novo Dicionário da Bíblia.
HAGNOS.
Ø ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø RENOVATO, Elinaldo. Lições
Bíblicas. (3º Trimestre/2001). CPAD.
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