quinta-feira, 19 de junho de 2014

LIÇÃO 12 – O DIACONATO



1 Tm 3.8-13



INTRODUÇÃO
Em Atos 6 temos o registro da separação dos primeiros diáconos que tinham a função de administrar as coisas materiais e se ocupavam do suprimento dos necessitados na igreja. Nesta lição traremos a definição do termo diácono e também como seu deu a instituição do diaconato na igreja primitiva; destacaremos também a ampliação desse ministério nos dias de hoje e pontuaremos também a diferença entre ser diácono e exercer diaconia.


I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA DIÁCONO
A palavra diácono no grego “diákonos” denota primariamente “criado”, quer aquele que faz trabalhos servis, ou o ajudante que presta serviços voluntários, sem referência particular ao seu caráter. A palavra está provavelmente relacionada com o verbo “diõkõ”, “apressar-se após, perseguir” (talvez dito originalmente acerca de um corredor). “Ocorre no Novo Testamento em alusão aos criados domésticos (Jo 2.5,9); ao governante civil (Rm 15.8; Gl 2.17); a Cristo (Rm 15.8; Gl 2.17); aos seguidores de Jesus em sua relação com o Senhor (Jo 12.26; Ef 6.21; Cl 1.7; 4.7); aos seguidores de Jesus em relação uns com os outros (Mt 20.26; 23.11; Mc 9.35; 10.43); aos servos de Cristo no trabalho de orar e ensinar (I Co 3.5; II Co 3.6; 6.4; 11.23; Ef 3.7; Cl 1.23,25; I Ts 3.2; I Tm 4.6); àqueles que servem nas igrejas (Rm 16.1 [usado acerca de uma mulher só aqui no NT]; Fp 1.1; I Tm 3.8,12); aos falsos apóstolos, servos de Satanás (II Co 11.15)” (VINE, 2002, p. 563 – grifo nosso).


II – O OFICIO DE DIÁCONO NO AT E NO NT
2.1 No Antigo Testamento. Embora o ministério de diácono seja uma realidade neotestamentária, o serviço que lhe é peculiar, pode ser visto nas páginas do Antigo Testamento, nas atribuições dadas aos levitas. A Bíblia nos mostra que os levitas eram ajudantes dos sacerdotes (Nm 3.5-9). As obrigações menores, algumas até manuais, como de limpeza, arranjo e arrumação no templo, cabiam aos levitas não sacerdotais. Alguns dos seus deveres são descritos em (Êx 13.2,12,13; 22.29; 34.19; Lv 27.27; Nm 3.12,13,41,45; 8.14-17; 18.15; Dt 15.19).

2.2 No Novo Testamento. “Ministério eclesiástico que foi instituído pelos apóstolos para: (a) socorrer os necessitados; (b) servir às mesas; e (c) manter a boa ordem na Casa de Deus (At 6.1-6). Em suas funções básicas, servindo a igreja, os diáconos atuam como ajudantes do pastor, proporcionando-lhe tempo necessário para à oração, dedicação a Palavra etc” (ANDRADE, 2006, p. 144 – acréscimo nosso).


III – O MINISTÉRIO DE DIÁCONO NA IGREJA PRIMITIVA
“A igreja nos seus primeiros dias de existência não tinha organização formal, nem oficiais ou líderes, com exceção dos apóstolos. O crescimento numérico da igreja e os problemas que surgiram na comunidade interna exigiu que se começasse a organizá-la e que se escolhesse líderes ou ministros adicionais” (MOODY, sd, p. 29). Em Atos, o segundo tratado de Lucas, encontramos o registro da nomeação dos primeiros diáconos e o que levou os apóstolos a apresentação destes homens para auxiliarem na obra do Senhor.

3.1 “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos [...]” (At 6.1,2). A igreja primitiva desenvolvia um trabalho de assistência aos irmãos carentes e necessitados, mas com o crescimento da comunidade cristã, tornou-se cada vez mais difícil distribuir os bens de modo eficaz, o que levou algumas viúvas a serem esquecidas na distribuição diária de alimentos (At 6.1-b). Surgiram queixas de que os helenistas (os judeus de fora de Israel), estavam sendo negligenciados pelos hebreus (os judeus nascidos em Israel). Os apóstolos não tinham como lidar sozinhos com o numeroso grupo e ainda assim garantir uma distribuição justa (At 6.2). Para isto foi necessário a nomeação de diáconos para este importante trabalho filantrópico enquanto os apóstolos se ocupariam com a oração e a Palavra (At 6.2-4). Como podemos ver, Deus disponibiliza diversos ministérios “serviços” para atender a igreja nas suas diversas necessidades (I Co 12.5; Ef 4.11).

3.2 “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós [...]” (At 6.3-a). Os apóstolos pediram, portanto, que se escolhessem sete assistentes para garantir que todos fossem atendidos (At 6.3). Embora tenha sido a igreja que reconheceu as pessoas aptas para este ministério, os tais só seriam constituídos por meio do governo da igreja (At 6.3-a). Em Atos 6.3-b, Lucas registra quais foram os critérios para esta nomeação: (a) qualificações morais: “boa reputação”; (b) qualificações espirituais: “cheios do Espírito Santo”; e (c) qualificações intelectuais: “e de sabedoria”.

3.3 “E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (At 6.6). Após a indicação dos nomes, os apóstolos confirmaram a escolha, apresentando-os diante da igreja e lhes conferindo autoridade com a imposição de mãos a fim de exercerem o serviço para o qual foram chamados (At 6.6). Os resultados da nomeação, e separação destes diáconos foram os seguintes: (a) oportunidade para os apóstolos continuarem seu ministério (At 6.3,4); (b) satisfação da igreja (At 6.5); e, (c) crescimento para a obra do Senhor (At 6.7).


IV – O MINISTÉRIO DE DIÁCONO NA IGREJA HOJE
4.1 Quem são os diáconos. “É um encargo sob a direção do ministro da igreja (At 6.3), relacionado com os serviços de ordem material e social. A Bíblia faz referência a alguns desses encargos da esfera dos diáconos, como o repartir, o exercer misericórdia (Rm 12.8) e o socorrer (I Co 12.28). Conforme o modelo do Novo Testamento, os diáconos não tomavam parte na administração e direção da igreja, mas, além de fazer serviços materiais e sociais, alguns cooperavam na pregação da Palavra, como Estevão (At 6.8,10) e Filipe (At 6.5; 8.4)” (BERGSTÉN, 2007, p. 117).

4.2 A ampliação desse ministério. “O ofício e a função dos diáconos teve começo no tempo dos apóstolos, conforme a descrição do sexto capítulo do livro de Atos; mas a passagem do tempo tal como sucede a tudo mais, ampliou o escopo e a natureza do ofício, até que o mesmo se tornou uma posição eclesiástica (I Tm 3.8-13). A própria palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas do NT, subentendendo serviço de qualquer espécie, espiritual ou material” (CHAMPLIN, 2005, p. 312 – acréscimo nosso). “Os diáconos poderão realizar diversas tarefas, na Casa do Senhor, com dignidade, cuidado e zelo, 'de todo coração, como ao Senhor, e não aos homens' (Cl 3.23). A função principal dos diáconos, atualmente, é auxiliar o pastor ou ao dirigente da congregação, nas atividades espirituais, ligadas ao culto ou não, bem como nas atividades sociais e materiais da igreja, para as quais for designado” (RENOVATO, 2014, p. 144).

4.3 A especialidade desse ministério. Os dons listados por Paulo em Romanos 12 (dons de serviço) são tão necessários e importantes a Igreja como os dons de I Coríntios 12 (dons espirituais). O dom de socorro, por exemplo, no grego “antilempseis”, indica que toda sorte de ações úteis pode ser inspirada pelo Espírito Santo. O verbo correspondente é usado para referir-se a auxiliar os enfermos (At 20.35) e a servir melhor os mestres (I Tm 6.2)” (HORTON, 2006, p. 122 – grifo nosso). A partir da definição da palavra diácono (servo) e da função do mesmo que é servir, percebe-se claramente que o “dom de socorro” ou “exercer misericórdia” é a especialidade do diaconato (Rm 12.8; I Co 12.28).


V – DIACONIA, A FUNÇÃO POR EXCELÊNCIA
Assim como os demais dons ministeriais são dados a algumas pessoas (Ef 4.11), não são todos que recebem o dom de diácono. A frase “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós...” usada em Atos 6.3 nos mostra isso. Todavia, a “função de servir” no grego “diaconia”, é peculiar a todos os outros dons ministeriais. “Todo ministro começa como diácono. Isto é uma verdade. Mas ele jamais cessa de ser um diácono. O ministro continua sendo um diácono”. (CHAMPLIN, p. 130, 2005). Logo são diáconos: (a) os apóstolos (At 20.19; I Co 3.5); (b) os profetas (At 13.1); (c) os pastores (I Pe 5.2); (d) os evangelistas (II Tm 4.5); e (e) os presbíteros (At 20.28).


VI – DIFERENÇA ENTRE DIÁCONO MINISTÉRIO E DIACONIA SERVIÇO
Já vimos que a palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas do NT., subentendendo “serviço” de qualquer espécie, espiritual ou material. Paulo a aplica a si mesmo (I Co 3.5); a Jesus Cristo (Gl 2.17; Rm 15.8); aos governantes civis (Rm 13.4) e até mesmo a uma mulher “Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia” (Rm 16.1). O texto deixa claro que a irmã Febe exercia “diakonia” que é “serviço”, mas ela não era diaconisa no sentido ministerial, pois, nenhum dom ministerial, inclusive o de diácono foi exercido por mulheres (At 6; Ef 4.11). Embora alguns queiram advogar que a passagem de I Timóteo 3.11 Paulo esteja se referindo a diaconisas quando diz: “Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo”. O que realmente o texto está dizendo é que “as esposas dos diáconos devem ser mulheres de boa reputação e de bom senso, a fim de que não impeçam o ministério de seus maridos. Com frequência acompanhariam a seus maridos em visitas diaconais e em muitos outros aspectos cooperariam com o trabalho deles. Por conseguinte, não deveriam ser mulheres entregues à maledicência, e nem mulheres de qualidade espiritual duvidosa. Antes, de maneira geral, devem possuir as mesmas qualificações que seus maridos” (CHAMPLIN, 2005, p. 313 – acréscimo nosso).


CONCLUSÃO
Embora o dom ministerial de diácono seja dado por Deus a alguns, a “diakonia” que é “serviço” deve ser uma atribuição de todo aquele que recebeu a Cristo como seu Salvador, como expressão de sua gratidão a Deus e amor a Sua igreja.



REFERÊNCIAS
   Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
   Ø  CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
   Ø  RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais: servindo a Deus e aos homens com o poder extraordinário. CPAD.
   Ø  BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.


        Por Rede Brasil de Comunicação

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