Jo
10.11,14; Tt 1.7-11; I Pe 5.2-4
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos a
respeito do ministério de pastor, um dos dons ministeriais concedidos por Deus
a Igreja e que foi listado por Paulo em Efésios 4.11; veremos o uso da palavra
no Antigo e no Novo Testamento; definiremos o ministério de pastor; elencaremos
as suas múltiplas atribuições; e, por fim, pontuaremos as semelhanças que
existem entre a profissão de pastor no AT e a função de pastor na igreja local.
I – O USO DA PALAVRA PASTOR
NO AT
“No hebraico, “raah”, palavra que figura por setenta
e sete vezes, onde tem o sentido de pastor (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm 27.17; I
Sm 17.40; Sl 23.1; Is 13.20; 31.4; 40.11; Jr 6.3; 23.4; 25.34-36; 31.10; Ez
34.2-10,12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3; 11.3,5,8,15,16; 13.7). No seu sentido
literal, “um pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os pastores
eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr
31.10; Ez 34.2), que procuravam as ovelhas perdidas (Ez 34.12) e que livravam
dos animais ferozes as ovelhas que estivessem sendo atacadas (Am 3.12)”
(CHAMPLIN, 2004, p. 104 – grifo nosso).
1.1 Deus como pastor. Com base na ideia de que o pastor
é um protetor e líder do rebanho, surgiu o conceito de Deus como o Pastor de
Israel. Os próprios pastores antigos foram os primeiros a salientar essa
similaridade. Assim Jacó se dirigiu a Deus, nos dias que antecederam a sua
morte (Gn 49.24). E Davi chamou Deus de seu Pastor, no bem conhecido Salmo
vinte e três (v.1), o que Asafe também fez, em Salmos 80.1.
1.2 Profetas, sacerdotes e reis. Podemos encontrar também muitas
passagens, no AT, que se referem aos líderes do povo de Deus como pastores que
agem sob a supervisão de Deus (Nm 27.17; I Rs 22.17). Posteriormente, os
profetas, os sacerdotes e os reis de Israel, que haviam falhado em seu encargo,
diante de Deus e de seu povo, foram condenados como pastores que haviam
desertado o rebanho ou que haviam enganado as ovelhas (Jr 2.8; 10.21; 23.1; Ez
34.2).
II – O USO DA PALAVRA PASTOR
NO NT
A palavra pastor no grego é “poimén”
e é usado: (a)
em seu significado natural (Mt 9.36; 25.32; Mc 6.34; Lc 2.8,15,18,20; Jo
10.2,12); (b) metaforicamente, acerca de Jesus (Mt 26.31; Mc 14.27; Jo
10.11,14,16; Hb 13.20; I Pe 2.25); (c) metaforicamente, a cerca dos que
atuam como pastores nas igrejas (Ef 4.11) (VINE, 2002, p. 856 – grifo nosso).
2.1 Jesus como pastor. Jesus pode ser considerado o
maior exemplo de verdadeiro pastor (Jo 10). Deus o constituiu o nosso Pastor.
Os escritores bíblicos o chamam de: (a) Pastor e Bispo das almas (I Pe
2.25); (b) Grande Pastor das Ovelhas (Hb 13.20); (c) O Supremo
Pastor (I Pe 5.4). Neste ofício, Ele se distingue por vários qualificativos da
maior importância, os quais são:
2.1.1 Dá a vida pelas suas
ovelhas (Jo 10.11). Nos
tempos bíblicos, era comum o bom pastor expor a sua vida na luta contra as
feras que assaltavam o rebanho (I Sm 17.34-36). Jesus para proteger as suas
ovelhas do “ladrão” que vem para “matar, roubar e destruir” e deu a sua vida
por nós, que “somos rebanho do seu pastoreio” (Sl 100.3). Ele deu a sua vida por
nós, para que tenhamos vida com abundância (Jo 10.10-b).
2.1.2 Conhece as suas ovelhas (Jo
10.14). Julgamos
quase impossível que um pastor conheça cada ovelha distintamente, pois todas
parecem idênticas. Todavia, o contato com as ovelhas lhe proporciona tal
conhecimento. Cristo Jesus, muito mais conhece aqueles que lhe servem com um
coração puro e se sujeitam a sua vontade.
2.1.3 Guia as suas ovelhas (Jo
10.3,4). O
pastor à frente do rebanho era a garantia de ser conduzido aos bons pastos e de
preservá-lo da emboscada das feras. Era um costume de tempos remotos. Era o
motivo da expressão confiante de Davi, com a sua própria experiência de pastor “O
Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl 23.1). Não deve ser menor a nossa confiança em
nosso Bom Pastor, pois Ele garante a nossa provisão (Fp 4.6,7,19; I Pe 5.7).
2.1.4 Busca as ovelhas perdidas
(Jo 10.16). Em
Lucas 15.1-7 encontramos a famosa parábola da “ovelha perdida” que nos mostra o
que o pastor é capaz de fazer para buscar a ovelha que se perde do rebanho.
Essa analogia é usada pelo Mestre Jesus a fim de retratar o interesse que Ele
tem de restaurar os pecadores a comunhão com Deus.
III – O
DOM MINISTERIAL DE PASTOR
Entre os dons ministeriais
concedidos a igreja, encontra-se o dom de pastor (Ef 4.11). O pastor é o
responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. É “o anjo da igreja”
(Ap 2.1). Serve sob a direção do Bom Pastor, a quem pertence a Igreja (I Pe
5.2,4), e deve andar nas suas pisadas (Jr 17.16) e sob a sua direção (Jr 3.15).
Cabe ao pastor velar pelas ovelhas, como quem tem de dar conta delas (Hb 13.17)
(BERGSTÉN, 2007, p. 116).
3.1 A necessidade de um pastor
para a igreja. “O
pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que deixar de
ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito
(I Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do
mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do
evangelho serão abandonados (2Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares
não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1Tm 4.6,14-16; 6.20,21).
Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2Tm 4.4). Se, por outro
lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as palavras da
fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da piedade (1Tm
4.6,7)” (STAMPS, 1995, p. 1816).
3.2 O pastor e as suas muitas
atribuições. “Sua
missão é múltipla e polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como ensinador, conselheiro,
pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz de causas complexas, fazer
as vezes de psicólogo, conciliador, administrador eclesiástico dos bens
espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local; é
administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos
monetários, da igreja local” (RENOVATO, 2014, p. 114). Algumas outras atribuições
do pastor são: “(1) cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11);
(2) ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts
5.12; 1Tm 3.1-5); (3) ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt
2.7,8) e (4) esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam
na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em At
20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as
falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são
ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo
10.11-16; I Pe 2.25; 5.2-4)” (STAMPS, 1995, p. 1815).
3.3 Os pastores mestres. “O ensino, juntamente com o
evangelismo, faz parte da original Grande Comissão de Cristo à sua igreja (Mt
28.20). Tanto os apóstolos como os profetas eram mestres, e nenhum pastor pode
ser um verdadeiro pastor se não for apto para ensinar (I Tm 3.2,11). É
interessante destacar que a frase “pastores e mestres”
em Efésios
4.11 no original grego não consta o artigo “e”, razão pela qual alguns supõem
que isso salienta uma única “categoria” - pastores e mestres seriam
aspectos da mesma função. Inferimos que o pastor também deve ser mestre, pois
boa parte do seu trabalho é o ensino. Todavia, é interessante destacar que
embora todo pastor seja um mestre, nem todo mestre é um pastor (II Tm 2.24)”
(CHAMPLIN, 2005, p. 601 – grifo nosso).
IV – SEMELHANÇAS ENTRE O
PASTOR COMO PROFISSÃO E COMO DOM MINISTERIAL
A Bíblia traça um paralelo entre
a profissão de pastor no Antigo Testamento e o dom ministerial de pastor no Novo
Testamento. Por exemplo: (1) o líder das ovelhas é chamado de pastor (Gn
4.2; Ef 4.11); (2) cada salvo é comparado a uma ovelha (Sl 100.3; Jo
10.14); (3) o grupo de ovelhas juntas é chamado de rebanho, assim como a
Igreja (Gn 21.28; At 20.28). Abaixo destacaremos algumas funções do pastor como
profissional que é semelhante a do pastor como dom ministerial:
PASTOR PROFISSÃO
|
PASTOR DOM
MINISTERIAL
|
Alimenta (Gn 24.25; 29.2; Sl
23.1,2).
|
Alimenta com a Palavra (Jo
21.15-17; At 20.28; I Pe 5.2).
|
Protege (I Sm 17.34-36; Sl
23.4).
|
Protege com a doutrina (Rm
16.17; Ef 4.14).
|
Cuida (Sl 23.1).
|
Cuida com amor e zelo (II Co
11.2; Hb 13.17).
|
Orienta (Sl 23.2).
|
Orienta com prudência (I Co
4.14; II Tm 4.2).
|
Disciplina (Sl 23.4).
|
Disciplina com amor e firmeza
(I Co 4.21; Hb 12.5-11).
|
Lidera (Jo 10.4).
|
Lidera com cuidado (At 20.28; I
Pe 5.2).
|
CONCLUSÃO
Deus, por meio de Cristo,
providenciou pastores a fim de liderar, instruir e edificar a sua igreja aqui
na terra. Nosso comportamento diante daqueles que o Senhor instituiu sobre nós
deve ser de amor (Rm 12.10; I Pe 3.8); respeito (I Co 16.18; I Ts 5.13; I Pe
2.17; Fp 2.29; I Tm 5.17) e submissão (I Co 16.16; Cl 4.10), pois “velam
por vossas almas, como
aqueles que hão de dar
conta delas” (Hb
13.17-b).
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE,
W. E. Dicionário Vine. CPAD.
Ø SOUZA,
Estevam Ângelo de. Os dons ministeriais na igreja. CPAD.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais: servindo a Deus e aos homens
com o poder extraordinário. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação
Por Rede Brasil de Comunicação
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