Tg
1.2-4;12-15
INTRODUÇÃO
Desde o
princípio, o Senhor tem permitido a seus servos serem provados para que, como
vencedores, sejam aprovados diante dos homens, dos anjos, e do Diabo. É
bem-aventurado quem, sendo tentado, permanece fiel a Deus, tornando-se, assim,
digno de receber a coroa da vida (v.12). Nesta aula, não só trataremos
do propósito da tentação, mas, também, abordaremos a definição, a origem, o
processo, e a diferença de tentação e provação. Desejo a
todos uma excelente aula!!
I. DEFININDO O TERMO TENTAÇÃO
1. Conceito.
a) Secular: O Dicionário Online
assim define o termo tentação: “Atração
por coisa proibida”. “Desejo veemente”. Já o Minidicionário
Aurélio define da seguinte forma: “Ato ou
efeito de tentar”; “Desejo veemente”;
“Pessoa ou coisa que tenta”; “Provocação”.
b) Bíblico: Orlando Boyer define
biblicamente a tentação como a “Indução
para o mal por sugestões do diabo” (Mt 6.13; Lc 4.13;Tg 1.13). O Pastor
Elinaldo Renovato, sintetiza o conceito, e diz que a tentação é “o convite ao pecado” (Mt 26.41).
2. O significado na Eístola.
Em
Tiago, tentações (gr. peirasmos) têm o significado de perseguições, lutas e provações pelas quais o crente pode passar. Tal significado tem
a sua origem no Antigo Testamento, onde encontramos uma série de palavras
hebraicas que falam de provas que Deus permite acontecerem na vida dos crentes (Gn
22.1; Êx 15.25; Sl 11.4; Jr 9.7; Zc 13.9). No caso, os vocábulos hebraicos (nasah, sarap e balan) indicam uma situação de dificuldade,
uma prova planejada por Deus, mas com a intenção de demonstrar a qualidade da
fé de uma pessoa ou para purificar o seu caráter. Assim, as provas são
formatadas por Deus para realçar nossas vidas (Gn 22.1-19).
Os destinatários da
epístola estavam passando por provações, como judeus crentes que haviam
aceitado o Senhor Jesus Cristo na qualidade de Messias; Tiago exorta-os a que
não se aflijam com tais provas, mas pelo contrário tenham o sofrimento e as
perseguições como gozo. Eram prova de que eles eram filhos (Hb 12.6; Sl 94.12)
e de ser a sua fé uma realidade. Tais tentações eram várias (gr. poikilos),
isto é, "variadas" ou "de muitas cores". A palavra
refere-se à variedade das provações, antes que ao seu número. Portanto, Tiago queria que esses cristãos primitivos compreendessem
que tal provação era uma oportunidade de ser provada a têmpera deles e um modo
de discipliná-los na coragem e perseverança. Neste sentido, tal provação devia
até ser acolhida com prazer (cf. Rm 5.3).
II. A ORIGEM DAS TENTAÇÕES
Historicamente,
sabemos que, foi no Jardim do Éden o lugar onde ocorreu a primeira tentação (Gn
3.2-6). Todavia, a tentação tem três origens ou fontes:
1. Da partes da
carne.
a) Tentação humana.
A Bíblia nos diz que “não veio
sobre vós tentação, senão humana” (1 Co 10.13). Neste texto, podemos entender
que “tentação humana” quer dizer a que é própria da natureza carnal do homem
(ver Rm 7.5-8; Gl 5.13,19). Ela tem seu aspecto mal, pernicioso, incitador ao
pecado.
b)
O significado da carne.
A carne, é o “centro dos desejos
pecaminosos” (Rm 13.14; Gl 5.16,24). Dela vem o pecado e seus paixões (Rm 7.5;
Gl 5.17-21). Na carne não habita coisa boa (Rm 7.18). Devemos salientar que o
termo carne, aqui, não se refere ao corpo, que não tem nada de mal em si mesmo,
mas à natureza carnal, herdada de nossos pais. O corpo do crente é templo do
Espírito Santo (1 Co 6.19,20).
2.
Da parte do mundo.
O mundo, como fonte de tentação,
não é o mundo físico, criado por Deus. O Dicionário da Bíblia, de Davis, diz
que “a palavra mundo emprega-se frequentemente para designar os seus
habitantes”, como em Sl 9.8, Is 13.11 e Jo 3.16. O Dicionário Teológico (CPAD),
referindo-se ao mundo, diz que “No campo da teologia, porém, é o sistema que se
opõe de forma persistente e sistemática ao Reino de Deus”. João exorta a que
não amemos “o mundo, nem o que no mundo há”. “Porque tudo o que há no mundo, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”
(1 Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.
3.
Da parte do Diabo.
É a fonte mais cruel da tentação.
Seu caráter é sempre destrutivo.
a)
Jesus foi tentado.
b)
Homens de Deus foram tentados.
Homens de Deus, do porte de
Abraão, Sansão, Davi, e tantos outros, foram tentados pelo Adversário (Satanás)
a fazerem o que não era da vontade de Deus, com sérios prejuízos para suas
vidas.
c)
Os homens comuns são tentados.
Os Homens são tentados a praticar
toda espécie de males, crimes, violência, estupros, brigas, ciúmes, guerras,
mentiras, calúnias, roubos, etc.
d)
Os crentes são tentados.
Até os crentes em Jesus são
vítimas da ação do maligno, quando causam prejuízos à Igreja do Senhor, com
escândalos, calúnias, invejas, divisões, rebeliões, busca pelo poder,
politicagem religiosa, e tantas outras coisas ruins.
III.
O PROPÓSITO DAS TENTAÇÕES
1. Elas promovem a glória de Deus (Jo 9.1-13; 11.3,4; 21.18,19);
2. Elas exibem o poder e a fidelidade de Deus (Sl 34,19,20; 2 Co
44.7,11);
3. Ensinam-nos a vontade de Deus (Dt 4.30,31; Ne 1.8,9; Sl 78.34; Is
10.20,21; Os 2.6,7);
4. Fazem-nos voltar para Deus para obter ajuda (Dt 4.30,31);
5. Fazem-nos buscar a Deus em oração (Jz 4.3; Jr 31.18; Jn 2.1);
6. Elas nos convencem do pecado (Jó 36.8,9; Sl 119.67; Lc 15.16-18);
7. Elas nos levam a confessar e a abandonar os nossos pecados (Nm 21.7;
Sl 32.5; 51.3,6);
8. Elas nos ensinam a obediência (Gn 22.1,2 cp Hb 11.16; Êx 15.23-25; 1
Pe 1.7; Ap 2.10).
IV. O
PROCESSO DA TENTAÇÃO
Segundo o texto de Tiago 2.14,15, a tentação se constitui num processo,
que tem os seguintes passos:
1.
Atração do desejo (v.14a).
“Mas cada um é tentado, quando
atraído...” Primeiro, vem a atração pelos sentidos: visão (1 Jo 2.16);
audição (1 Co 15.33); olfato; gosto, e tato (Pv 6.17).
2.
Engodo (isca).
A pessoa é atraída, seduza e “engodada
pela própria concupiscência” (v.14b).
3.
Concepção do desejo (da concupiscência).
Na mente, nos pensamentos (cf. Mc 7.21-23), o desejo é concebido. Só se
fez o que se pensa (v.15a). Nesse ponto, ainda se pode evitar o pecado.
4.
O pecado é gerado.
“Depois, havendo a concupiscência
concebido, dá à luz o pecado” (v.15). Ainda na mente, já nasce o pecado.
Alguém pode adulterar só na mente (Mt 5.27,28).
5.
A consumação do pecado (v.15b).
“...e o
pecado, sendo consumado, gera a morte.” A morte, aqui, é espiritual. Nesse
ponto, só há solução se houver arrependimento, ainda, em vida. É importante
entendermos esse terrível processo, a fim de que nos resguardemos dele. Alguém
já disse que ninguém pode impedir que um pássaro voe sobre sua cabeça, mas pode
impedi-lo de fazer um ninho nela. Isso ilustra o processo da tentação. Esta, em
si, não é pecado. Pecado é praticar o que a tentação sugere.
V. A DIFERENÇA ENTRE TENTAÇÃO E
PROVAÇÃO
Tiago exorta os crentes a terem “grande gozo”, sabendo que “a prova da vossa fé produz a paciência” (vv. 2,3). Ele
considera uma bem-aventurança o crente sofrer a tentação, porque, quando for provado,
receberá a coroa da vida (v.12).
CONCLUSÃO
A
tentação, no seu sentido mais comum, é um processo terrível, da parte do homem,
do mundo e do Diabo, cuja finalidade é destruir a fé, a santidade, a
comunhão com Deus, levando o crente a pecar. Para vencer, é preciso fazer como
Jesus, que usou a “Espada do Espírito” – a Palavra de Deus. É preciso usar as
armas que Deus colocou à disposição de Seus servos. Em Cristo, “somos mais que vencedores” (Rm 8.37).
Que Deus em Cristo vos Abençoe! Amém!!
REFERÊNCIAS
Ø FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio, 3º Edição. NOVA FRONTEIRA.
Ø RICHARDS, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia.
CPAD
Ø DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia.
VIDA NOVA.
Ø LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de
1999). CPAD.
Ø BOYER, Orlando. Pequena
Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø Site:
http://www.dicio.com.br/tentacao/
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