domingo, 20 de julho de 2014

LIÇÃO 03 – A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA HUMILDE



Tg 1.5; 3.13-18



INTRODUÇÃO
Muitas pessoas julgam serem mais sábias só porque alcançaram maiores níveis de estudo na vida secular. Outros se vangloriam de sua inteligência e se tornam soberbos, presunçosos e orgulhosos. No entanto, Tiago ensina que aquele que é sábio demonstra sua sabedoria quando realiza boas obras e sabe se relacionar com os outros. Assim, aprenderemos nesta lição que a sabedoria terrena, dominada pela natureza humana, só serve para as coisas deste mundo, porém a que vem de Deus, não admite intentos maliciosos e não atende a objetivos orgulhosos. Porquanto, o saber humano é limitado, falho, e mutável a cada ano que passa. Porém, a sabedoria que vem da parte de Deus, é ilimitada, perfeita e imutável, consubstanciada na Sua Palavra, que permanece para sempre. Desejo a todos uma excelente aula!!  


I. A DEFINIÇÃO DO TERMO ‘SABEDORIA’.
A palavra “sabedoria”, também conhecida como “sapiência”, vem do termo grego Σοφία, "sofía". Desta palavra derivam várias outras, como por exemplo, φιλοσοφία -"amor à sabedoria" (filos/sofia). No Hebraico, a palavra sabedoria é “Hokma”; já no Latim, é “Sapere” e significa “saber, sentir o gosto de”. Vejamos, porém, a definição desta palavra em dois sentidos:

1. Secular. A sabedoria, segundo o Dicionário Online, é:
a) A particularidade, estado ou condição da pessoa que é sábia;
b) O excesso de conhecimento, ou seja, erudição;
c) O conhecimento adquirido a partir da experiência sobre algo ou alguém;
d) E, para concluir, em que há ou demonstra sensatez; com reflexão.

2. Bíblico. A sabedoria, segundo Orlando Boyer, é a capacidade de julgar corretamente e agir prudentemente. O Pastor Elinaldo Renovato em sua definição do referido termo, sob o ponto de vista bíblico, diz que:
a) É guardar os mandamentos do Senhor (Dt 41-6);
b) É saber calar (Jó 13.5);
c) É temer a Deus (Pv 9.10; Jó 28.28);


II. A NECESSIDADE DE SABEDORIA.
Se observarmos a contextualização dos textos que servem de base para esta lição, veremos que em Tiago 1.5, o escrito sacro aborda a sabedoria como uma virtude, não apenas necessária, mas indispensável para vencermos todo e qualquer tipo de tentação ou provação. Ao passo que, em Tiago 3.13, o escritor sacro trata da sabedoria, não como virtude necessária para vencermos as adversidades da vida, mas como a essencial virtude para domarmos um mal contido entre os nossos membros: a língua; sendo tal sabedoria a principal característica dos verdadeiros mestres. Vejamos, pois, o comentário do Dr. F. Davidson sobre os dois posicionamentos de Tiago a respeito desta temática:

1. Nas Adversidades da Vida (Tg 1.5)
“As provações podem trazer muita perplexidade; precisamos de muita sabedoria, se temos de enfrentá-las vitoriosamente, ou, como no caso de Paulo, se temos de nos gloriar nas tribulações. Sabedoria significa, em geral, conhecer o melhor fim e os melhores meios de atingi-lo. Tiago tem em mente, em primeiro lugar, a compreensão eficaz dos modos de o crente agir. A sabedoria de cima torna-se necessária para apontar esses modos e dirigir a ação. Tal sabedoria se obtém por uma completa dependência de Deus, expressa na oração. Por conseguinte, se alguém é falho em sabedoria, peça-a a Deus, que é infinitamente sábio, e de Sua sabedoria dá liberalmente e não lança em rosto (5). Ele não nos repreende por nossa falta de sabedoria, porém do Seu tesouro ilimitado Se deleita em dar, segundo nossa necessidade. Note-se que a promessa se acompanha de certeza: e lhe será dada. Liberalmente (gr. haplos), isto é, simples, incondicional e generosamente, com mão larga”.
Observe que, antes de tratar da temática ‘sabedoria’, Tiago estava tratando de outra temática – a das provações! Outro detalhe importante é que Tiago aconselha aqueles irmãos em tom de conversação. Além de que, aqui em Tg 1.5, a sabedoria por ele abordada é a sabedoria proveniente de Deus!
  

2. Nos Relacionamentos Interpessoais (Tg 3.13)
“Depois de apresentar esses argumentos impressivos, Tiago passa a uma pergunta - Quem entre vós é sábio e entendido (gr. epistemon)? (13) "De acordo com Mayor, epistemon usa-se no grego clássico para indicar pessoa perita ou cientista, em oposição ao que não tem conhecimentos especiais ou adestramento" (Cent. Bibio). A pergunta faz-nos retroceder ao vers. 1. Tiago ainda está tratando daqueles que desejavam ser mestres na Igreja. Para os tais, a sabedoria deve sempre ser uma qualificação indispensável. Há uma distinção entre conhecimento e sabedoria. O sábio é aquele que tem fé, é submisso a Deus e ensinado por Ele. É possível alguém conhecer muita coisa e ter pouca sabedoria. É necessário que um mestre possua as duas coisas. Se somos ou não capazes de perceber notável diferença entre sábio e dotado de conhecimentos, isto é de pouca importância. O ponto prático que Tiago quer sublinhar é que todo aquele que se arroga uma superioridade que lhe dá direito de ensinar os outros, esse deve provar do modo prático e modestamente tal superioridade, por meio de seu bom procedimento entre seus companheiros cristãos. "A sabedoria tanto nos ensina fazer como falar" (Sêneca). A expressão condigno proceder (13) significa uma vida que manifesta verdadeira bondade”.
Bem diferente de Tiago 1.5, aqui em 3.13, o escritor sacro inicia a temática ‘sabedoria’ com uma pergunta incisiva e tom exortativo. Além desse detalhe, o pleonasmo retórico utilizado por Tiago mostra a diferença entre ser sábio (gr. sophos/astuto) e ter conhecimento (gr. episteme/ versado). Assim, para Tiago, a sabedoria não consiste apenas no conhecimento, na astúcia e na habilidade, mas antes, em uma profunda compreensão sobre o que é e deve ser a vida piedosa.
Percebe-se, então, que em ambos os casos Tiago faz menção da “praticidade da sabedoria”. Também conhecida como “sabedoria prática” que em grego é “Phronesis”, que nada mais é senão “a habilidade para agir de maneira acertada”. Vejamos, pois, alguns exemplos desta sabedoria nas Escrituras:

   ü  Abigail – sua sabedoria fez o rei Davi poupar a sua vida e de sua família (1 Sm 25.1-35);
   ü  Uma mulher anônima – sua sábia ação fez com que Joabe poupasse a cidade dela (2 Sm 20.15-22);
   ü  Um sábio anônimo – que com sua sabedoria livrou aquela cidade de uma grande destruição (Ec 9.14,15);
   ü  O Profeta Daniel – este era o homem mais sábio do Império Babilônico, porém, atribuía a Deus sua sabedoria (Dn 1.17-20; 2.23-30);
   ü  Jesus, o Senhor - sua sabedoria era motivo de admiração em todos que o ouviam (Mt 13.54; Mc 6.2);
   ü  O apóstolo Paulo – este pregou e ensinou segundo a sabedoria de Deus (1 Co 2.6,7);


III. OS TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE SABEDORIA.
Há vários tipos de sabedorias das quais podemos classificá-las em três tipos: A Sabedoria Prática (Phronesis), A Sabedoria Humana (Antroposofia) e A Sabedoria Divina (Teosofia). Como já abordamos a sabedoria prática no tópico anterior, trataremos agora de trabalhar as outras duas, mas, é claro, segundo a perspectiva de Tiago:

1. Sabedoria carnal ou “Antroposofia” (vv. 14-16).
Segundo Tiago, este tipo de sabedoria tem como motivações de suas ações a inveja e todo tipo de sentimento faccioso (v.14). Logo, se constata que tal sabedoria não é proveniente do alto (v.15), e, portanto, só pode causar prejuízos para o cristão e para a obra de Deus (v.16). O Dr. F. Davidson comentando o referido texto, diz: “Há, entretanto, uma sabedoria falsa ou espúria, simulada, que produz inveja e rivalidades. Onde tais sentimentos existem, não há lugar para ninguém se gloriar sobre outrem, baseado em privilégios superiores (14). Vê-se a falsidade de tal pretensão nos motejos amargos que tais pessoas proferem contra os que diferem das opiniões deles. Tal espécie de sabedoria não é dom divino, recebido nos termos de Tg 1.5-8. É terrena (cf. "a sabedoria do mundo", 1 Co 1.20), inteiramente falha de iluminação espiritual. É natural ou animal. O grego é psychikos, termo que descrevo o homem em Adão (isto é, "natural"), em contraste com pneumatikos, "espiritual". Daí limitar-se tal sabedoria à vida meramente física ou animal, sem relação com o divino. É demoníaca, isto é, de origem satânica, procedendo dos demônios, ou com eles se assemelhando. Sua fonte é a mesma que põe em chamas a carreira da existência humana (ver v.6). "Onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão" (16); gr. akatastasia, isto é, desordem, distúrbio, tumulto; daí vem, como aqui, revolução ou anarquia”.

2. Sabedoria do alto ou “Teosofia” (vv. 17,18).
Enquanto a sabedoria humana tem como fonte de suas motivações à inveja e todo tipo de sentimento faccioso (v.14).  Tiago mostra, em contrapartida, que a sabedoria divina tem como sua base a justiça e a paz (v.18). O Pastor Claudionor de Andrade, assim define teologicamente, a sabedoria divina: “Atributo relativo de Deus, através do qual Ele não somente criou todas as coisas, como também as sustenta, fazendo com que tudo contribua para a consecução de seus planos, decretos e desígnios”.
Em sua análise, o Dr. F. Davidson comentando o texto, diz: “Em vivo contraste com essa falsa sabedoria está a verdadeira. Quanto à sua origem, é lá do alto (cf. v.15). Sua natureza não é terrena, sensual, demoníaca; antes é sobrenatural tanto na origem como em sua natureza e suas consequências. Sua excelência é sétupla: pura pacífica, meiga, conciliadora, misericordiosa, de bons frutos, simples e sincera (cf.  Gl 5.22 ss.; 2 Pe 1.5-9). Tiago dirige a atenção para as características íntimas da pessoa sábia, visto como que é íntimo é de primeira importância Pura quer dizer livre de mancha ou contaminação seja qual for. Quem no seu íntimo não é moralmente puro não começou ainda a ser sábio. Pacífica, isto é, não dada a conflitos ou dissensões. Não pode haver paz real sem pureza ou retidão. Meiga, tratável, "docemente razoável", gentil. Gentileza aí não é tanto ternura ou meiguice, como é imparcialidade, contrastando com imoderação, exorbitância. "A mansidão de Cristo" é o padrão do crente, que o leva a submeter interesses pessoais a finalidades mais elevadas. Indulgente, isto é, fácil de se persuadir; conciliatória, pronta a ser dirigida (gr. eupeithes, pronta a obedecer; donde complacente). Plena de misericórdia e de bons frutos, isto é, sempre disposta a tomar a iniciativa de mostrar compaixão e oferecer perdão; produzindo bons frutos (obras); porque uma língua governada pela graça divina pode tornar-se forte influência para o bem. Sem parcialidade, isto é, não dada a contendas ou disputas acerca de honrarias. Sem hipocrisia, isto é, sincera, sem pretender ser o que não é, dizendo só aquilo em que se possa confiar (Moff. "retilíneo, sem rodeios"). Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz (18). Quem possui sabedoria semeia a boa semente que produz justiça, retidão. Semeia em paz, porque é pacificador. "A messe da justiça é semeada em paz por aqueles que fazem a paz”.


CONCLUSÃO
Ainda que elevemos a nossa cultura, a língua e tantos outros conhecimentos, nós não temos o direito de nos mostrarmos altivos, os donos da verdade, pois de fato não o somos. Teoricamente, muitos são sábios; porém, relacionalmente imaturos. Por isso, a sabedoria que vem do alto é a que mais falta neste mundo. Ela é indispensável para o êxito na vida pessoal, interpessoal, no serviço cristão e no relacionamento com Deus. Somente a sabedoria divina pode dá solução para os cruciais problemas que afligem a humanidade. Que Deus em Cristo Abençoe a todos! Amém!!



REFERÊNCIAS
Ø  DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia. VIDA NOVA.
Ø  CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø  ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø  SILVA, Eliezer de Lira e. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 2014). CPAD.
Ø  LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 1999). CPAD.
Ø  Site: http://www.dicio.com.br/sabedoria/
                 http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/sabedoria/
                 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sabedoria



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