Tg
1.19-27.
INTRODUÇÃO
Vivemos num tempo em que, para muitos, há uma grande distância entre o
dizer e o fazer, pregar e praticar, falar e dar exemplo. De que adianta, ao
homem, ouvir mandamentos, preceitos e ordenanças sem vivenciar na prática os
seus efeitos. Mahatma Ghandi, diante de um líder cristão, disse: “Eu admiro o vosso Cristo, e não o vosso
cristianismo”. O crente tem que ser uma testemunha viva do evangelho. Do contrário,
sua religião será vã, vazia e ineficaz. Que Deus nos ajude a viver na prática
da Palavra de Deus, para não cairmos no descrétido daqueles que nos rodeiam. Desejo
a todos uma excelente aula!!
I. O AUTÊNTICO PROCEDIMENTO DA
INTERATIVIDADE CRISTÃ (Tg 1.19-21)
O texto de Tiago 1.19 indica que havia contendas na igreja, com base no
egoísmo, no desejo pela proeminência, em vinculação com a falta de consideração
pelos sentimentos e direitos alheios. São defeitos comumente encontrados hoje
em dia nas igrejas, uma fonte de contendas e cismas constantes. É errado o uso
da faculdade da fala quando proferimos palavras iracundas, conforme mostra-nos o
apóstolo Paulo em Efésios 4.29. Ao invés de usarmos os pulmões para apagar o
fogo, quando a chama é pequena, fazemo-lo ser atiçada (Tg 3.5). O homem
religioso que não doma a própria língua não é homem espiritual; mas é apenas um
pretensioso (Tg 1.26).
1. Pronto para ouvir.
Quando falamos, sempre nos arriscamos a errar (Pv 10.19). Mas, quando
ouvimos, sempre podemos aprender com nossos interlocutores, tanto o que é certo
quanto o que é errado (1 Ts 5.21; Fp 4.8). Tiago mostra-nos que, ao invés de
exibirem um mau temperamento, forçando sua vontade sobre os outros, os crentes
deveriam estar prontos a ouvir e ver os prontos de vista dos outros (Rm 12.16;
1 Co 1.10). Deve haver uma atitude de mútua condescendência, o que é apenas
outra maneira de se falar sobre o amor mútuo em operação (Jo 14.21; 15.10). O
amor cristão consiste em cuidarmos dos outros conforme cuidamos de nós mesmos.
Aquele que segue essa regra não explode em ira, nem anseia por impor sua
vontade aos outros (Rm 13.10). Por isso, atentando para Palavra de Deus,
ouçamos o que ela nos diz:
“Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e
não deixes a doutrina de tua mãe” (Pv 1.8).
“Inclina o teu ouvido e ouve as palavras dos
sábios” (22.17a).
“Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que
ouvir a canção do tolo” (Ec 7.5).
2. Tardio para falar.
Essa qualidade acompanha a qualidade anterior. A prontidão em ouvir deve
incluir a prontidão para receber a Palavra da Verdade (Tg 1.18). Pelo menos, o
homem que atenta para essa Palavra terá a virtude do altruísmo e da condescendência,
que este texto nos dá a entender. Assim, Tiago busca mostrar aos seus leitores
que “o que despreza o seu próximo
é falto de senso, mas o homem de entendimento cala-se” (Pv 11.12). Já que algum
resto do velho homem permanece em nós, necessário é que, através da vida,
sejamos continuamente renovados, até que a natureza carnal seja abolida; pois
tanto a nossa perversidade, como a nossa arrogância, como a nossa indolência
são grandes empecilhos a Deus, no aperfeiçoamento de sua obra em nós (Mt
15.18-20; Cl 3.5-10). Por isso, não nos apressemos no falar, mas guardemos a
orientação bíblica, que diz:
“Na multidão de palavras não
falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente” (Pv 10.19).
“Aquele que possui
conhecimento refreia as suas palavras, e o homem de entendimento é de espírito
sereno” (Pv 17.27,28).
“Não te precipites com a tua
boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus.
Deus está nos céus, e tu estás na terra, pelo que sejas poucas as tuas palavras” (Ec 5.2).
3. Tardio para se irar.
Com grande frequência a ira se origina do ódio, se não é que sempre tem tal base, de mistura com o egoísmo; e ambas as atitudes
caracterizam o pecador, que não faz segredo de sua depravação. Mas é uma
desgraça quando essas coisas sucedem no seio da igreja, que pertencem somente a
homens que não buscam pelas realidades espirituais, que não vivem segundo a
dimensão eterna (1 Co 3.1-5; Cl 3.1,2; Hb 5.12-14).
A ira, nesse caso, indica a impaciência com o próximo, devido ao que são
usadas palavras de despeito e egoísmo, de mistura com sentimentos de superioridade
e ódio. Por causa da ira, amizades são perdidas; muitos ficam doentes,
deprimidos; acidentes ocorrem; crimes são perpetrados; e tantos outros males. Quando
nos iramos, esquecemo-nos do amor de Cristo; e este não opera em nós. Portanto,
ao recomendar que sejam “tardio para se
irar”, Tiago estava aplicando tal recomendação a todos os aspectos da vida
do crente, dentro e fora da igreja. Não limitar-se, pois, a qualquer situação isolada
da vida diária. No entanto, alguém dirá “É pecado se irar?”. A resposta bíblica é: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol
sobre a vossa ira” (Ef 4.26). A ira em si não é pecado, mas a ira
dominando a nossa vida constitui-se pecado! Dois bons exemplos, desta verdade,
são Jesus (Mt 21.12,13) e Moisés (Êx 32.19). Ambos se iraram, mas não pecaram!
Vale salientar, ainda que, há quatro variedades de disposição. Primeiramente,
há aqueles que facilmente se iram, mas que facilmente são pacificados; esses
perdem por um lado e ganham por outro. Em segundo lugar, há aqueles que não se iram
facilmente, mas que dificilmente podem ser aplacados; esses ganham por um lado
e perdem por outro. Em terceiro lugar, há aqueles que dificilmente se iram e
que facilmente são aplacados; esses são os bons. Em quarto lugar, há aqueles
que se iram facilmente, e dificilmente se deixam aplacar; esses são os ímpios. Todavia,
atentemos para recomendação bíblica, que diz:
“Melhor é o longânimo do que o valente, e o
que governa o se u espírito do que o que toma uma cidade” (Pv 16.32).
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem
motivo, se encolerizar contra o seu irmão, estará sujeito a julgamento, e
qualquer que disser a seu irmão: Raca! Estará sujeito ao Sinédrio. Mas quem
disser: Tolo! Estará sujeito ao fogo do inferno” (Mt 5.22).
“Toda a amargura, e ira, e cólera,
e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas de entre vós. Antes sede
uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.31,32).
II. A
PRATICIDADE DA PALAVRA COMO PROVA DO AUTÊNTICO CRISTIANISMO (Tg 1.22-25).
1. Não sejamos apenas ouvinte (v.22)
2. Pratiquemos a lei perfeita (v.25)
III. AS
PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS DA VERDADEIRA RELIGIÃO (Tg 1.26,27).
De acordo com o Dicionário Teológico (CPAD), a palavra religião vem do
latim “religionis”, que, por sua vez,
deriva do verbo “religare”, que tem o
sentido de “ligar outra vez”. No
grego, porém, o termo é “Threskos” e
aparece apenas aqui, em Tiago 1.26, em todo Novo Testamento. Porém, por trás
desse conceito latino há a ideia de que o homem separou-se ou está separado de
Deus e, através da verdadeira religião, o homem pode reatar sua ligação com
Ele. Com base na Bíblia, porém, quem liga ou religa o homem com Deus não é a
religião, mas Jesus Cristo, o único “mediador
entre Deus e os homens” (1 Tm 2.5). Tiago emite três características da “religião pura e imaculada para com Deus, o
Pai”, que são:
1.
Saber refrear a língua (v.26).
No grego o termo “refrear” é “chalinagogeo” e significa “guiar com arreios”. Metaforicamente quer
dizer controlar. Este termo é único em todo o Novo Testamento. O escritor sacro
usa a metáfora de um cavalo fogoso e indomável. Algo se faz necessário para controlá-lo,
pois, de outra maneira, desembestará na carreira e alguém sairá ferido. Por
isso, para alguém ser um verdadeiro religioso precisa saber dominar a língua.
Do contrário, “a religião desse é
vã”. É o tipo de religiosidade sem valor, sem vida, sem poder, sem
salvação, visto que a pessoa é conhecida pelo que expressa com a língua, pois
Jesus disse que “da abundância do
coração fala a boca” (Lc 6.45). Daí, a importância do fruto do
Espírito, que abrange a temperança (Gl 5.22).
2.
Visitar os órfãos e viúvas (v.27).
3. Guardar-se da corrupção do mundo (v.27).
O verdadeiro sacrifício do crente a Deus é a sua própria pessoa (Rm
12.1,2). Como sacrifício, o crente deve ser sem mácula e sem defeito. O grego
usa a palavra “aspilos” isto é “imaculado”, “sem defeito”. É a forma privativa de “spilos”, “mancha”, “mácula”. Outra
vez o escritor sacro mostra sua preocupação pela pureza e pelas qualidades
morais, em contraste com o que é cerimonialmente apropriado. Não mais
precisamos de sacrifícios de animais sem defeito; nós mesmos devemos ser
moralmente puros, isentos de vícios, como crentes que estão recebendo as
perfeições morais da própria natureza de Cristo (2 Pe 1.4; Ef 4.12,13). Desta
forma, Tiago usou uma dialética perfeita. Emitiu uma tese: o que é ser
religioso; seguiu-a de uma antítese: quem não sabe refrear a sua língua está
enganado e, por fim, chegou à síntese: o verdadeiro religioso interessa-se pelo
sofrimento alheio (religião prática) ao mesmo tempo em que cuida do espírito,
zelando pela santidade, “guardando-se da
corrupção do mundo”. Não adianta ser caridoso, filantropo, equilibrado no
falar e não ser um crente santo. O caminho do inferno está cheio desse tipo de
gente. Para o céu só vão os que zelam pela santificação (cf. Hb 12.14).
CONCLUSÃO
Praticar
a Palavra de Deus é algo difícil, porém, sublime. As Escrituras Sagradas são o código
de Deus para o homem. Nela, de um lado,
encontramos o amor e a bondade divinos. De outro, os preceitos, os estatutos e
as normas, através das quais os interesses humanos, egoístas e carnais são
contrariados e condenados. Mas, com a ajuda do Espírito Santo, podemos viver a
Palavra em nossa vida diária. Que Deus em Cristo vos Abençoe! Amém!!
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia. VIDA
NOVA.
Ø LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições Bíblicas. (1º
Trimestre de 1999). CPAD.
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