Mt
5.17-20; Rm 7.7-12
INTRODUÇÃO
A Lei e os profetas duraram até
João Batista e tiveram seu cumprimento pleno em Jesus Cristo. Todavia, os princípios
morais nela contidos devem ser praticados pelos cristãos, com exceção do sábado
como nos ensina o NT. Nesta lição destacaremos as diferenças entre Israel e a
Igreja, pois ambos encontram-se sob alianças diferentes. Destacaremos ainda se
a Igreja necessita guardar a lei ou não; e, por fim, veremos que o amor é o
cumprimento da Lei.
I – A LEI, SUA TRÍPLICE DIVISÃO E SEU
CUMPRIMENTO EM CRISTO
“A Lei de Deus contida no
Pentateuco, é a expressão máxima da vontade Divina quanto à condução dos
negócios, interesses e necessidades humanas na família, na sociedade e no
Estado. Embora entregue a Israel, a parte ética da Lei de Deus é aplicável aos
demais povos, tendo em vista a sua universalidade e reivindicações eternas
(ANDRADE, 2006, p. 252). Segundo Stamps (1995, p, 146) a Lei de Moisés, do
hebraico “Torah” que significa “ensino ou instrução” admite uma tríplice
divisão: (a) a lei moral, que trata das regras determinadas por Deus
para um santo viver (Êx 20.1-17); (b) a lei civil, que trata da
vida jurídica e social de Israel como nação (Êx 21.1 – 23.33); e, (c) a lei
cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor por
Israel, inclusive o sistema sacrificial (Êx 24.12 – 31.18). Toda esta lei durou
até João Batista (Mt 11.13) e foi cumprida completamente por Cristo (Mt 5.17).
II – A LEI MORAL É IRREVOGÁVEL
As leis morais de Deus são
aquelas leis que são baseadas na natureza de Deus. O próprio Deus é o padrão absoluto
de justiça. Visto que as leis morais refletem sua natureza e caráter, elas são
“imutáveis e irrevogáveis, mesmo pelo próprio Deus. Visto que a natureza moral
de Deus não muda e não pode mudar (Êx 3.14; Is 41.4; Hb 1.11, 12), as leis que
são baseadas nessa natureza são absolutas. Elas são perfeitas, universalmente
obrigatórias, e eternas. A lei moral de Deus é resumida nos Dez Mandamentos (o
Decálogo). O número dez na Escritura indica plenitude ou completude. Assim, os
Dez Mandamentos representam o padrão ético inteiro dado à humanidade por toda a
Bíblia. Diante dessa afirmação nos perguntamos: se os dez mandamentos dados na
Antiga Aliança já passaram, vivem então os cristãos sem eles? Podem tomar o
nome de Deus em vão, matar, roubar etc.? Por certo que não, pois que o Novo
Testamento proíbe tais pecados (Êx 20.3; Mt 4.10; Êx 20.4; Lc 16.13; Êx 20.7;
Mt 5.34; Êx 20.8; At 15.28,29; Êx 20.12; Mt 10.37; Êx 20.13; Mt 5.22; Êx 20.14;
Mt 5.28; Êx 20.15; Mt 5.40; Êx 20.16; Mt 12.36; Êx 20.17; Lc 12.15). Somente
a guarda do sábado é que não encontramos referência no NT para que o cristão
guarde (At 15.28,29; Cl 2.16).
III – AS
DIFERENÇAS ENTRE A ANTIGA E A NOVA ALIANÇA
O termo pacto ou aliança em hebraico é de berit,
e berit karat que significa “fazer (lit. ‘cortar’ ou ‘lapidar’)
uma aliança”. Em grego o termo é diatheke (que pode significar
tanto um “pacto” como “último desejo e testamento”), e o verbo diatithemi
(At 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16). Uma aliança é um acordo feito entre
duas ou mais pessoas. A Antiga Aliança foi feita no deserto do Sinai entre Deus
e a nação de Israel (Êx 19; 24). Já a Nova Aliança foi feita por Cristo na cruz
do Calvário entre Deus e a Igreja (Mt 26.28). Vejamos as diferenças entre ambas
alianças, a fim de que possamos entender a superioridade de uma em relação a
outra.
ANTIGA ALIANÇA
|
NOVA ALIANÇA
|
Antiga (Êx
34.27-28)
|
Nova (Jr 31.31-34;
Hb 12.24)
|
Ratificada com
sangue de animais (Êx 24.6-8)
|
Ratificada com o
sangue do Filho de Deus (Hb 9.14; Lc 22.20)
|
Mediador: Moisés
(II Co 3.7-b)
|
Mediador: Cristo
(II Co 3.3-14; Hb 8.6- 9,15)
|
Alcance: Israel (Êx
24.7,8)
|
Alcance: Povos,
tribos, línguas e nações (Mt 26.28; Ap 5.9)
|
Gravada em pedras
(II Co 3.7-a)
|
Escrita no coração
(II Co 3.2,3)
|
Veio em glória (II
Co 3.7-a)
|
Tem excelente
glória (II Co 3.10)
|
Ministério da
condenação (II Co 3.9)
|
Ministério da
justificação (At 13.38,39)
|
É um jugo de
servidão (At 15.10)
|
Traz liberdade (II
Co 3.17)
|
Acaba com morte (II
Co 3.6,7)
|
Vivifica (II Co
3.6)
|
Era transitória (II
Co 3.7,11)
|
É
permanente (II Co 3.11; Hb 13.20)
|
IV – A IGREJA DEVE GUARDAR OU NÃO A LEI
A palavra “lei”, nas quatrocentas
vezes em que ocorre na Bíblia, nunca se refere apenas ao decálogo como sendo este
a lei moral, nem aos demais preceitos como sendo lei cerimonial. Toda vez que o
Novo Testamento fala de lei refere-se à lei contida no Pentateuco como um todo.
Cristo nos libertou da maldição da lei fazendo-se maldição por nós (Gl 3.13). Pelo fato de, como cristãos, estarmos
libertos da lei, não significa que estamos sem lei, pois estamos debaixo da lei
de Cristo (I Co 9.21).
4.1 Neolegalismo. O legalismo é a “tendência a se
reduzir a fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias
práticas e obrigações eclesiásticas. No Novo Testamento, o legalismo foi
introduzido na Igreja Cristã pelos crentes oriundos do Judaísmo que,
interpretando erroneamente o evangelho de Cristo, queriam forçar os gentios a guardarem
a Lei de Moisés a fim de serem salvos” (ANDRADE, 2006, p. 251). Os modernos
defensores do neolegalismo procuram enganar os incautos com citação de textos
bíblicos isolados, os quais eles torcem em favor de seus pontos de vista. Mas a
Bíblia, inspirada pelo Espírito Santo, constitui um todo em si mesma. “Só
podemos aceitar como doutrina bíblica aquelas que estão respaldadas em todo o
contexto bíblico. É errado considerar toda palavra “mandamento” como uma
referência ao Decálogo, e é errado ensinar que Jesus cumpriu na cruz somente os
mandamentos “cerimoniais”, ele cumpriu toda a Lei em si mesmo” (ALMEIDA, 1996,
p. 09).
4.2 Antinomismo (contra lei). “Doutrina que assevera não haver
mais necessidade de se observar as leis morais do Antigo Testamento. Alegam os
antinomistas que, salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela
de Moisés. Ignoram, porém, serem as ordenanças morais do Antigo Testamento
pertencentes ao elenco do direito natural que o Criador incrustara na alma de
Adão. Todo crente piedoso os observa; pois o Cristo não veio ab rogá-los; veio
cumpri-los e sublimá-los” (ANDRADE, 2006, p. 51). Certos grupos libertinos que
vieram depois de Paulo, levaram seus ensinamentos ao extremo. Estes afirmavam
que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo (isto é, cresse nas coisas
certas a respeito de sua divindade e em sua obra realizada para conceder
perdão), não importaria se os atos dela fossem bons ou maus. O próprio Paulo
havia previsto este abuso, repudiando-o completamente (Rm 6.1,2).
V – O AMOR É O CUMPRIMENTO DA LEI
A obediência aos mandamentos
somente por obediência trata-se de puro legalismo. O intuito divino é que o mandamento
fosse obedecido por amor. Esse padrão está delineado tanto no Antigo quanto no
Novo Testamento (Dt 6.5; 11.1; Mt 22.37-39; Lc 10.27).
5.1 O amor à motivação certa para
a obediência da Lei. Deus
esperou de Israel que a Lei entregue por Ele, fosse obedecida tendo como
motivação o amor e não por medo, interesses pessoais ou por obrigação (Dt 6.5;
11.1), embora a sujeição a Lei tivesse como implicações o temor, as bênçãos
materiais e o compromisso assumido na aliança (Êx 20.20; 24.7; Is 1.19; Dt
28.1-2; Lv 26.15). A palavra motivação diz respeito a intenção, propósito ou
objetivo com que se faz as coisas. Foi justamente nesse ponto que o povo de
Israel tropeçou (Is 29.13; Mt 15.8). A mesma motivação se exige dos cristãos no
NT (Jo 14.15,21;23-24; I Jo 5.2).
5.2 O amor é o cumprimento da
Lei. Ao ser
indagado sobre quais os dois maiores mandamentos da Lei, Jesus respondeu: “Amarás,
pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração [...] este é o primeiro
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mc 12.30,31). Como podemos ver, o amor é o cumprimento da Lei (Mt
22.35-40). Essa mesma perspectiva nos ensinou o apóstolo Paulo (Rm 13.8,10).
5.3 O amor a capacidade para o
cumprimento da Lei. No
ato da conversão, o Espírito Santo passa a habitar no crente e a produzir o
fruto do Espírito, que são qualidades morais e espirituais cultivadas na
personalidade cristã dentre eles o amor (Gl 5.22). A Bíblia diz que Deus é amor
(Ef 5.2; I Jo 4.8) e ele nos confere o seu amor, pela operação do Espírito na alma.
O amor é a virtude que pré dispõe alguém desejar o bem de outrem. Do grego
“ágape”, é o maior de todos os sentimentos e o fundamento sobre o qual os dons
e as outras virtudes do Espírito Santo estão edificados (I Co 13.1-3). “O amor
é uma planta tenra da qual o Espírito cuida. Se o amor estiver ausente, então é
que o Espírito não habita em nós”. Assim sendo, é impossível amar a Deus e
odiar a um ser humano. Só ama verdadeiramente aquele que nasceu de Deus, porquanto
o “amor cristão” é uma qualidade eminentemente espiritual. Igualmente, aquele
que não ama também não conhece a Deus (I Jo 4.8), porque Deus é a própria
essência do amor, sendo altruísmo puro. Por semelhante modo, não amar é andar
nas trevas (I Jo 2.11)” (CHAMPLIN, 2004, vol. 1, p. 141).
CONCLUSÃO
A Lei não foi concedida a Israel
como um fim em si mesma, pois o homem por si só não tem condições de cumpri-la,
fazendo-se necessário ser salvo pela graça independente das obras. Todavia,
este homem depois de salvo, passa a produzir, pelo Espírito a virtude do amor
que lhe dá condições de andar nos princípios da Lei.
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA,
Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de
Comunicação.
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