Lc 4.38,39; 7.11-17
INTRODUÇÃO
Graças
damos ao Senhor por mais essa edificante lição! Espero que você e seus alunos tirem
o máximo de proveito dela. Nela, iniciaremos conceituando o termo milagre, em
seguida, mencionaremos os milagres de cura e de ressurreição no ministério de
Jesus, e, por fim, abordaremos algumas considerações sobre o cristão e as
enfermidades. Desejo a todos uma excelente aula!
I.
O QUE É MILAGRE?
1. A
Secularização da Fé
2. O
Mercantilismo da Fé
Se,
nos séculos XVII e XVIII, a fé foi secularizada, em meados do fim do século XX
e início do século XXI ela tornou-se mercantilizada! Infelizmente, com a
introdução de certas heresias e modismos no contexto evangélico, a velha prática
da barganha voltou a induzir as pessoas a usar a fé, e até mesmo a Bíblia, para
obter vantagens duvidosas e até ímpias. É uma tentativa de chantagear a Deus. O
estilo estereotipado ‘meu amigo’, ‘minha amiga’, identifica, facilmente, um
desses grupos. Seus pastores são peritos em arrecadar fundos nos cultos. Para
isso, inventam as campanhas do jejum de Gideão, do jejum de Calebe, Campanha
dos 318 pastores, etc. Inventam o culto dos empresários e convidam os
endividados, falidos, às vezes, com famílias à beira da ruína. A retórica
baseada na fisiologia é ‘dando que se recebe’ apresenta um Deus corretor de
imóvel ou negociante, visão distorcida que até mesmo Mcaliester criticou. A
mensagem de salvação é esquecida. Agindo dessa forma, os tais já não buscam a
Deus com o coração de um verdadeiro adorador, mas como um mercador espertalhão
que procura levar vantagem em tudo. Os pregadores da Teologia da Prosperidade
vêm transformando a santíssima fé numa moeda de troca. Portanto, vivemos em um
tempo onde pessoas usam a fé alheia para tirar vantagens, como prometer bênçãos
de curas em troca de dinheiro, fazer maquiagem do Evangelho para
autopromoverem-se, é urgente conclamarmos a Igreja do Senhor a olhar para o
Evangelho e tomar a decisão de seguir a Jesus até as últimas consequências. Com
isto não estamos prometendo cura, nem muito menos que se alguém morrer irá
ressuscitar. Queremos apenas frisar que essas obras gloriosas são uma
iniciativa de Deus, segundo a sua livre soberania e graça.
II.
OS MILAGRES NO MINISTÉRIO DE JESUS
Como
mencionamos na lição 05, Jesus, em seu ministério, embora tenha dado mais
ênfase ao ensino; Ele, contudo, também curou, libertou, ressuscitou, enfim,
manifestou sinais e maravilhas entre o povo. Por isso, ao realizar esses
milagres, Jesus, além de manifestar a compaixão e o amor de Deus (Mt 14.14;
9.27), Ele procurava mostrar sua identidade messiânica e a chegada do Reino de
Deus (Lc 7.22; 18.38,39). Na sinagoga de Nazaré, Jesus deixou isto claro ao
dizer: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar
os sobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos,
pôr em liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc
4.18,19).
Por
esse motivo, Lucas parte do princípio de que Jesus é o Messias prometido nas Sagradas
Escrituras e que Ele havia sido capacitado pelo Espírito Santo para realizar as
obras de Deus (Lc 4.16-18; Is 61.1,2). Assim, não há por parte do evangelista a
preocupação de provar que milagres existem. Aliás, ao falarmos de doença e
morte perceberemos que, geralmente, uma é consequência da outra. Jesus, em seu
ministério, quase sempre, se deparou com essas duas realidades. Quantos doentes
e enfermos o Senhor curou? Coxos, cegos, deficientes físicos, leprosos,
lunáticos, mãos mirradas, etc. Quantas pessoas foram ressuscitadas? Muitas!
Porém, o relato mais famoso é a ressurreição de Lázaro, um amigo de Jesus. Mas,
este fato ocorre no evangelho de João, em Lucas, o relato mais impactante é a
ressurreição do filho da viúva de Naim. Vejamos, então, os dois milagres que
são o foco desta lição:
1. A cura do
paralítico de Cafarnaum (Lc 5.17-26).
A
cura da febre da sogra de Pedro (Lc 4.38,39; Mt 8.14,15; Mc 1.29-31);
A
cura de um leproso (Lc 5.12-16; Mt 8.1-4; Mc 1.40-45);
A
cura do homem da mão ressequida (Lc 6.6-10; Mt 12.9-14; Mc 3.1-6);
A
cura da mulher do fluxo de sangue (Lc 8.43-48; Mt 9.18-26; Mc5.21-34);
A
cura de um mendigo cego (Lc 18.35-43; Mt 20.29-34; Mc 10.46-52);
No
entanto, além desses semelhantes relatos de cura registrados nos Evangelhos Sinóticos,
Lucas registra relatos que só aparecem em seu Evangelho, exceto, é claro, a
cura do servo do centurião que também Mateus registrou (Lc 7.1-10; Mt 8.5-13).
Vejamos, pois, os exclusivos relatos de curas mencionados por Lucas:
A
cura da mulher paralítica (Lc 13.11-17);
A
cura de um hidrópico (Lc 14.1-6);
A
cura de dez leprosos (Lc 17.11-19);
A
cura da orelha de Malco, servo do sumo sacerdote (Lc 22.50,51).
Todavia, a cura
do paralítico de Cafarnaum é uma das curas narradas pelos Evangelhos Sinóticos,
e que difere do relato de Lucas por se apresentar resumidamente em Mateus (9.1-8),
ao contrário de Marcos que é mais detalhista (Mc 2.1-12), neste caso, do que Lucas
e Mateus juntos. Por isso, ao comentar o referido milagre, em que intitula de ‘O Paralítico e O
Perdão’, o Dr. Francis Davidson utiliza o texto de Marcos, dizendo: “Este incidente é o primeiro duma série
nesta seção, em que a crescente hostilidade a Jesus se manifesta gradativamente
entre os escribas e os fariseus. Correu a notícia em Cafarnaum que Jesus tinha
voltado e estava novamente em casa. Em casa (1):
é quase certo que se refere à de Pedro, já mencionada em Mc 1.29. Esta, como a
maioria das casas na Palestina, teria uma escada exterior subindo para o
eirado. A palavra (3): sinônimo de
"boas novas"; cfr. Mc 4.14,33; At 8.4; At 11.19, etc. Dentro da casa,
Jesus anunciava a palavra à multidão. Entrementes quatro homens chegaram
conduzindo um amigo paralítico, e estes com louvável resolução e sinceridade
venceram todos os obstáculos subindo ao eirado, em que abriram um buraco. Lucas
menciona que o eirado foi de ladrilhos (Lc 5.19). Então desceram o homem no
leito diante de Jesus. A situação de certas almas necessitadas é tal que se
precisa da fé e da simpatia de amigos crentes para levá-los a Cristo (cfr. Mc
5.36; Mc 9.24). O simples ato de misericórdia criou entre os quatro amigos um
precioso laço. Jesus, vendo a fé deles (5):
isto é, a fé de todos os cinco, respondeu-lhes incontenti, mas de uma maneira
inesperada. É certo que Ele não ensinava que em todos os casos a aflição
resulta do pecado (cfr. Jo 9.2; Lc 13.1-5), mas como Grande Médico faz Seu
diagnóstico inerrante. A condição física do homem se originou de uma causa
fundamentalmente espiritual. Antecipou-se assim a conclusão de muita
psicoterapia moderna. Os teus pecados estão
perdoados (5): é o próprio Jesus que perdoa. Sua autoridade é o ponto
principal do incidente. Os escribas tinham razão quando perguntaram Quem pode perdoar pecados, senão um que é Deus? (7).
Esta pergunta foi repudio à divindade de Cristo. Ele lhes respondeu primeiro,
apontando para seus pensamentos (8). Aquele que conhece os corações pode
perdoar o pecado. Em segundo lugar, Ele lhes submete um teste. A pretensão de perdoar
os pecados não podia ser averiguada. Porém, a autoridade para curar podia ser
demonstrada logo. Se Ele fizer com que o homem ande, então que saibam que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade
para perdoar pecados (10). Filho do homem: título adotado exclusivamente pelo Senhor, referindo-se a
si mesmo, e tirado provavelmente de Dn 7.13. As
opiniões diferem muito quanto ao sentido exato do termo, mas a maioria dos
expositores considera-o de significação messiânica. Ao menos salienta a essencial
humanidade e representação de Cristo. O fato de o Filho do homem ter sobre a terra autoridade
para perdoar indica que Ele não se esvaziou, na encarnação, de todas as Suas
prerrogativas. O homem perdoado recebeu a força de se levantar e andar, pois o
perdão divino é sempre acompanhado pelo poder para deixar o pecado e andar em
novidade de vida” (Rm
6.4).
Apesar de Marcos
ser mais detalhista neste texto, Lucas, contudo, menciona algo não observado nem
por Marcos e nem por Mateus, ao explicar o Dr. Francis Davidson o texto de Lucas
5.17, ele diz: “O poder do Senhor estava com Ele para curar (17). Estava presente para
Jesus usar em Seus milagres de cura. Isto indica Sua dependência em Deus em
todo o Seu trabalho”.
Sobre esta evidência, o Pr. José Gonçalves diz: “Mais uma vez a teologia carismática de Lucas fica em
destaque. Na cura do paralítico de Cafarnaum, Lucas destaca que “o
poder do Senhor estava com ele para curar” (Lc 5.17). O poder do Senhor
é um sinônimo para a unção do Espírito Santo” (At 10.38). Este ‘poder do Senhor’
ou ‘unção do Espírito’ é evidenciado por Mateus como cumprimento das profecias,
ao dizer: “Isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do
profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas
doenças” (Mt 8.17).
2. A
ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-16).
III.
O CRISTÃO E AS ENFERMIDADES
Embora seja verdadeiro, por ser bíblico, afirmar que todas
as doenças e a morte têm sua origem no
pecado (Gn 2.17; Sl 103.3; Jo 5.14; Rm 5.12; Tg 5.15,16). Todavia, deve-se
observar que nem toda e qualquer doença é
produto de um pecado pessoal. Assim, as Escrituras nos mostram que as
enfermidades podem ter, sim, como origem alguma ação maligna (Lc
13.11-17), algum pecado pessoal (Jo 5.14 cf 1
Co 5.5; 11.30), ou mesmo por consequência da queda do homem (Jo 9.1-3). Neste último caso, Jesus afirmou que nem o doente nem seus
pais haviam pecado para que ele nascesse cego! Em outras palavras, a lei de
causa e efeito do pecado e suas consequências não pode ser aplicada aqui para
explicar a razão da cegueira daquele homem. Este era o entendimento dos judeus,
bem como era a crença popular de Israel desde o Antigo Testamento para explicar
a origem das doenças. Portanto, devemos ter muito cuidado em querer diagnosticar
a origem de alguma enfermidade!
No entanto, no caso da cura
do paralítico de Cafarnaum (Lc 5.17-26), o Pr. José Gonçalves diz que antes de
tratar do problema físico do paralítico, Jesus primeiramente tratou da sua
alma. O texto não nos permite deduzir que esse homem encontrava-se assim em
razão de algum pecado pessoal. Mas por outro lado, o contexto não deixa dúvidas
de que aquele pobre moribundo, além da doença física também carregava consigo a
culpa. De outra forma não teria sentido as palavras que Jesus dirigiu a ele: “Os
teus pecados te são perdoados” (Lc 5.23). O seu estado demonstrava que
a sua necessidade imediata era de cura e não de perdão, mas o Senhor não o viu
assim. Antes resolveu o problema da culpa, dando-lhe uma palavra de perdão e somente
depois cuidou também de curar o seu corpo: “Levanta-te, toma a tua cama e vai
para tua casa” (Lc 5.23).
Vale ressaltar ainda que,
segundo o texto de 2 Timóteo 3.1-9, as enfermidades podem classificadas em:
doenças na área intrapessoal (orgulho,
vaidade, egoísmo e avareza), doenças na área social (desobediência aos pais, ingratidão, desamor, crueldade, dureza de
coração, calúnia, traição, hipocrisia, aversão ao bem e abuso de poder) e
doenças na área religiosa (blasfêmia,
irreverência e apego aos prazeres mundanos). Isso, sem mencionar as doenças
psicossomáticas, ou seja, aquelas causadas pela mente como é o caso da
depressão (1 Rs 19.1-8; Sl 43.5). da ansiedade (Mt 6.25-30,33,34), da medo ou síndrome
do pânico (Nm 13.25-32), etc.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, aprendemos que milagres
existem, o que sempre falta nos homens é a fé para que o milagre se concretize.
Foi o que Jesus disse ao pai do jovem possesso: “Se tu podes! Tudo é possível ao
que crê”. Ele respondeu: “Eu creio; ajuda-me a vencer a minha falta de
fé” (Mc 9.23,24). O ministério de Jesus está repleto de obras e fatos
miraculosos que revelam a chegada do Reino de Deus, e do Messias. Por outro
lado, muitos banalizam os milagres e deles buscam tirar proveito pessoal, dos
quais Jesus nos advertiu dizendo: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas,
que vêm até vós disfarçados de ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”
(Mt 7.15). Os milagres são para honra e glória do nome do Senhor, e não para
beneficiar quem quer que seja. Deus é Soberano! E Ele sabe o tempo e como agir.
Deus abençoe a todos!!
REFERÊNCIAS
Ø DAVIDSON,
Francis. O Novo Comentário da Bíblia.
VIDA NOVA.
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø SOARES, Esequias.
Heresias e Modismos. CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. Lucas – O Evangelho de Jesus, o
Homem Perfeito. CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 2012). CPAD.
Ø GABY, Wagner
dos Santos. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 2008). CPAD.
Ø Revista
Ensinador, nº 62. CPAD.
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