II Tm 1.3-8; 2.1-4
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estaremos comentando de forma introdutória a segunda carta que Paulo escreveu a
Timóteo. Destacaremos autoria, data e contexto histórico desta epístola; bem
como, pontuaremos a grande afeição que o apóstolo sentia por este jovem
cooperador; e, por fim, destacaremos algumas admoestações dadas por Paulo a
este obreiro a fim de que continuasse a progredir no exercício do seu
ministério.
I. INFORMAÇÕES SOBRE A SEGUNDA
EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
“Essa carta foi
escrita de Roma para instruir mais ainda Timóteo e explicar os seus deveres
pessoais. É a última carta escrita por Paulo, um tipo de último desejo e
testamento, e é de grande importância por nos mostrar como ele era profundamente
equilibrado e espiritual mesmo prestes a morrer. Tem um tom mais pessoal do que
Primeiro Timóteo. Ele deseja ver Timóteo mais uma vez e diz-lhe para que venha
encontrar-se com ele depressa (II Tm 4.9). No caso dele não conseguir chegar em
tempo, Paulo o aconselha a ser corajoso e operante na obra (II Tm 1.5,7;
2.4-6), e o adverte dos tempos maus que virão (II Tm 3.1-7). Pela sua própria
situação todos os seus companheiros, exceto Lucas, o haviam abandonado (II Tm
4.11). Ele agora se encontra numa fria e úmida masmorra e pede a sua capa (II
Tm 4.13), e almeja ter companhia (II Tm 4.9,21). Em tudo isso ele encara a
morte com triunfo (II Tm 4.7,8)” (TIDWELL, 1991, p. 204 – acréscimo nosso).
Abaixo elencaremos algumas informações sobre esta epístola:
1.1 Autoria. As epístolas
pastorais reivindicam a autoria paulina, fato declarado abertamente na saudação
de ambas as cartas (I Tm 1.1; II Tm 1.1; Tt 1.1) e as observações
autobiográficas se encaixam na vida de Paulo conforme registradas em outros
lugares, como por exemplo (I Tm 1.12,13; II Tm 3.10,11; 4.10-11,19-20).
1.2 Data. “Esta
segunda carta de Paulo a Timóteo foi escrita provavelmente no ano 67 d.C.”
(STAMPS, 1995, p. 1875). “O livro de Atos
termina com Paulo na prisão em Roma, por volta de 64 d.C. (At 28.16). A crença
comum é que ele foi absolvido, voltou a Grécia e a Ásia Menor, mais adiante foi
novamente preso, levado de regresso a Roma e executado lá por 66 ou 67 d.C.
Esta Epístola foi escrita quando ele aguardava martírio” (HALLEY, 1998, p. 560
– acréscimo nosso).
1.3 Contexto
histórico. “Nero
foi o imperador que governava o império, em 64 d.C., quando grande parte da
cidade de Roma foi
destruída por um incêndio. Nessa ocasião, a fim de afastar as suspeitas
populares de sua pessoa, como provocador da catástrofe, que ele realmente
iniciara com a finalidade exclusiva de divertir-se, lançou a culpa sobre os cristãos.
Nero ordenou aprisionamentos em massa, e muitos cristãos foram queimados vivos
em público” (CHAMPLIN, 2004, p. 488). “Foi ao irromper desta perseguição que
Paulo novamente preso, na Grécia ou Ásia Menor, provavelmente em Trôade (II Tm
4.13), é levado de volta a Roma. Desta vez pelos agentes do imperador e não,
como da primeira vez, pelos judeus. Agora, como criminoso (II Tm 2.9), não como
antes, por alguma violação técnica da lei judaica. Tudo leva a crer que pode
ter sido em relação com o incêndio de Roma. Pois não era Paulo o líder mundial
do povo que estava sendo castigo por aquele crime? E não estivera Paulo em
Roma, por dois anos, antes do incêndio? Seria muito fácil atirar-lhe a responsabilidade
desse crime” (HALLEY, 1998, p. 561).
II. O AFETO QUE PAULO DEMONSTRA
POR TIMÓTEO NESTA CARTA
2.1 Tratando-o
com amor (II Tm 1.2-a).
“Era muito
apropriado que Paulo chamasse a Timóteo de 'seu filho'. A passagem
de Atos 16 mostra-nos que Timóteo já era um discípulo quando Paulo o conheceu;
ou, pelo menos, isso fica subentendido. Alguns eruditos tem suposto, portanto,
que Timóteo realmente não se convertera pela instrumentalidade de Paulo, mas
antes, tendo sido instruído por ele, como seu discípulo especial, com razão
pode ser chamado de seu filho, conforme era o costume dos rabinos, em relação
aos seus discípulos mais chegados” (CHAMPLIN, 1995, p. 66).
2.2 Desejando
seu bem estar (II Tm 1.2-b; 3).
As cartas
antigas começavam comumente, imediatamente após a saudação, com uma asseveração
cortês de oração, ou alternativamente, uma expressão de gratidão, pela saúde e
a prosperidade do endereçado. Paulo seguia este procedimento, adaptando os
sentimentos à sua linguagem cristã, na maioria das suas cartas. O apóstolo
deseja que a “graça” (favor imerecido); a “misericórdia”
(compaixão) e a “paz” (quietude interior) sejam sobre Timóteo.
Acerca disso asseverou Mathew Henry (2008, p. 705): “estas são as melhores bênçãos
que podemos pedir para nossos mui amados amigos, para que possam ter graça para
ajudá-los em tempo de necessidade, e misericórdia para perdoar o que esta
errado, e dessa forma tenham paz com Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso
Senhor”.
2.3 Destacando
suas virtudes e herança espiritual (II Tm 1.5).
Segundo Champlin
(1995, p. 362), ao falar da fé não fingida de Timóteo, Paulo usa o termo “anupokritos”,
que significa “não hipócrita”. Timóteo não fazia o papel de um “ator”.
Sua fé não tinha qualquer mácula de hipocrisia - era pura, clara, genuína. “Esta
mesma reação caracterizou a atitude da mãe e da avó do jovem. Talvez isso
queira dizer que a avó Lóide foi o primeiro membro da família a aceitar Cristo
como Salvador e Senhor, e que ela foi instrumento para levar os demais membros
a aceitar a fé cristã. Ou, como é mais provável, Paulo está se referindo à
atitude de fidelidade e devoção religiosa que vinham caracterizando a família
de Timóteo por, no mínimo, três gerações, começando no judaísmo e atingindo sua
plenitude e desenvolvimento no reconhecimento de Cristo Jesus como Messias e
Senhor” (BEACON, 2006, vol. 09. p. 509).
III. ADMOESTAÇÕES DE PAULO AO
JOVEM COOPERADOR TIMÓTEO
A palavra “admoestar”
segundo Ferreira (2004, p. 53) significa: “reprender com
brandura; aconselhar, exortar”. No grego é “anamimnesko”,
“relembrar”, “pôr na memória”. Trata-se de um
“piedoso lembrete”. Todos nós precisamos ser lembrados da nossa herança e
responsabilidade cristãs” (CHAMPLIN, 1995, p. 363). Vejamos quais as admoestações
que Paulo deu ao jovem cooperador Timóteo no princípio desta segunda carta:
3.1 Avivar o dom
que recebeu (II Tm 1.6,7).
Timóteo, como
qualquer ser humano estava se abalando diante das oposições em Éfeso. Sabedor
disto, o apóstolo Paulo procura animar o jovem cooperador dizendo: “Por
cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em
ti pela imposição das minhas mãos”. “A expressão 'despertes' na
(ARA – Almeida Revista e Atualizada) é 'reavives' que no original é 'anadzopureo', 'reacender', 'reinflamar'. O fogo do zelo
visto nos dons espirituais pode apagar-se, ou pode tornar-se embotado e
ineficaz, se alguém não tem cuidado no exercício apropriado dos mesmos,
renovando-os sempre na dedicação a Cristo. Todos os meios espirituais deveriam
ser utilizados nesse constante “reavivamento”. Coisa alguma e automática, na
vida espiritual. Precisamos “abanar as brasas”, isto é, despertar o dom, mediante
o serviço ativo e espiritual, com base na comunhão com o Espirito de Deus. Não
será fácil ao cooperador manter seu fervor, conservando acesa a chama eterna,
considerando-se os vários tipos de oposição que ele é forçado a enfrentar. Terá
de enfrentar lutas internas e externas; tendências pecaminosas de sua própria
natureza, além das oposições dos hereges. Mas isso não é causa de temor e
covardia, pois a provisão de Deus é adequada para todos” (CHAMPLIN, 1995, p.
362 – acréscimo nosso).
3.2 Não ter vergonha
do testemunho de Cristo (II Tm 1.8,9).
Nesta época o
cristianismo estava vivendo sob condições novas e perigosas. Já não era
tolerado como antes, mas era considerado como inimigo do Estado. Dar testemunho
franco e aberto da fé que alguém tivesse em Cristo poderia pôr sua vida em
risco. Testemunhar destemidamente exigia coragem de determinado tipo. Por isso,
Paulo exortou Timóteo a não se envergonhar do testemunho de Cristo e nem dele
que estava preso por causa disso. “No grego, o verbo 'vergonha' é “epaischunomai”,
que significa 'envergonhar-se'. Sua raiz e 'aischune',
que quer dizer 'desgraça', 'opróbrio', 'vergonha'. Em outras palavras, o ministro da Palavra
jamais deveria ter o senso de 'desonra' e de 'timidez', em face da oposição de
qualquer sorte que seja” (CHAMPLIN, 1995, p. 362 – acréscimo nosso). Timóteo
foi uma fiel testemunha durante toda a sua vida, dando testemunho da sua fé com
seu próprio sangue. Acerca disso asseverou Fox (2006, p. 09) “Timóteo célebre discípulo
de Paulo, foi bispo de Éfeso, onde pastoreou a igreja até 97 d.C. Nesse tempo,
quando os pagãos estavam para celebrar a festa chamada Catagogião. Timóteo
repreendeu-os severamente por sua ridícula idolatria. Exasperado, o povo caiu
sobre ele, armado de paus. Terrivelmente espancado, o discípulo de Paulo
expirou dois dias depois”.
3.3 Conservar o
modelo do que recebeu (II Tm 1.13,14).
No presente
texto, o apóstolo Paulo exorta veementemente a Timóteo que conserve o evangelho
do modo que recebeu: “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido”.
No grego a palavra modelo é 'upotuposis', que significa 'modelo',
'exemplo', 'protótipo', 'padrão'. Tal
expressão indica o cristianismo apostólico 'ortodoxo', quer em 'palavras', na
'fé' ou na 'doutrina'. Tais palavras foram proferidas pelo apóstolo dos
gentios, e devem ser diligentemente preservadas por todos os ministros do
evangelho, em oposição aos falsos mestres e suas doutrinas. “Na perspectiva
neotestamentária, somente aqueles mestres e líderes cristãos que seguem o modelo
apostólico, podem ser reputados verdadeiros crentes e ministros dotados de
autoridade espiritual (Ef 2.20; 3.1-5; II Pe 3.2)” (CHAMPLIN, 1995, p. 368 –
acréscimo nosso).
CONCLUSÃO
As recomendações
paulinas transmitidas a Timóteo nas epístolas pastorais são extremamente
aplicáveis para todo e qualquer líder cristão. Logo, devemos estar atentos as
exortações transmitidas pelo apóstolo a fim de que possamos continuar firmes na
fé conservando o modelo do evangelho tal qual nos foi transmitido. Não nos
deixemos desviar jamais pelas seduções das heresias contemporâneas.
REFERÊNCIAS
HOWARD, R.E, et
al. Comentário Bìblico Beacon. Vol 09. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O
Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol 5. HAGNOS.
FOX, John. O
Livro dos Mártires. CPAD.
HALLEY, Henry H. Manual
Bíblico. VIDA NOVA.
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TIDWELL, J.B. Visão
Panorâmica da Bíblia. VIDA NOVA.
Por Rede Brasil de
Comunicação.
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