Tt 1.4-14
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos sobre a autoria, data da escrita, contexto histórico e destinatário
da carta que o apóstolo Paulo enviou a seu cooperador Tito que estava dando
assistência a igreja que estava na cidade de Creta. Veremos também, as
qualidades deste servo do Senhor e quais os principais temas ou assuntos
contidos nesta súmula.
I
– INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA DE PAULO A TITO
Evidentemente,
as falhas de caráter dos cretenses, em geral, tinham sido levadas às igrejas
(Tt 1.10-16), de modo que Tito tinha que lutar com um grupo de crentes rebeldes
e egocêntricos. Mas Paulo sabia que Cristo podia transformá-los em pessoas que “se
aplicam às boas obras” (Tt 3.8). Abaixo elencaremos algumas informações
sobre a epístola de Paulo a este jovem obreiro:
1.1 Autoria.
Como em 1 e 2
Timóteo, a primeira linha desta carta a Tito estabelece claramente sem nenhuma
dúvida Paulo como sendo o seu autor. Paulo endereçou esta carta “a Tito,
meu verdadeiro filho, segundo a fé (...)” (Tt 1.4a). Parece que, depois
da libertação de Paulo da prisão romana, aproximadamente em 62 d.C., ele viajou
com Tito a Creta, onde eles ministraram juntos. Quando Paulo prosseguiu com
suas viagens, deixou Tito ali como seu representante, para ajudar a organizar e
fortalecer as igrejas dali (Tt 1.5). A localização de Paulo quando escreveu
esta carta não é conhecida, mas ele pode ter escrito de Corinto ou Nicópolis
onde ele teria decidido passar o inverno (Tt 3.12). Quando Paulo ouviu que
Zenas e Apolo estavam viajando para Creta (Tt 3.13), decidiu enviar com eles
esta carta (RIBAS, 2010, p. 549 – grifo nosso).
1.2 Data.
Paulo escreveu
esta carta aproximadamente na mesma época que a sua primeira carta a Timóteo. Aproximadamente
64 ou 65 d.C., logo depois de 1 Timóteo. Investigadores do livro de Atos se
perguntaram quando teria ocorrido esta visita, uma vez que o livro de Atos não
registra uma visita de Paulo a Creta. É muito provável que Paulo e Tito tivessem
ido a Creta depois da libertação de Paulo do seu primeiro aprisionamento em
Roma (At 28.16). Paulo viajou e ministrou por dois ou três anos antes de ser
novamente aprisionado em Roma (RIBAS, 2010, p. 547).
1.3 Contexto
histórico.
Creta
fica a sudeste da Grécia, no mar Mediterrâneo, ao sul do mar Egeu. Com 256
quilômetros de extensão e 56 quilômetros de largura, Creta é uma das maiores
ilhas do Mediterrâneo. A montanha mais alta é o monte Ida, tradicionalmente
considerado o lugar de nascimento do deus grego Zeus (…). Os cretenses tinham
uma reputação dúbia, no mundo mediterrâneo. Epimênides (poeta e filósofo que
tinha vivido em Creta seiscentos anos antes de Paulo) chamava os cretenses de “mentirosos,
bestas ruins e ventres preguiçosos” (referindo-se à brutalidade sem
limites e à vida sem controle), citado por Paulo estas características
em Tito 1.12. Leônidas, outro filósofo que viveu 488 a.C. dizia que eles eram “sempre
bandidos e piratas, e injustos” (…). A reputação dos cretenses era tão
ruim, que a forma verbal do seu nome “kretizo” era usada pelos
gregos como significando mentir. Os primeiros convertidos foram provavelmente
judeus cretenses que tinham estado em Jerusalém por ocasião do Pentecostes (At
2.11), mais de trinta anos antes de Paulo escrever esta carta. Ao voltar para
casa, eles levaram consigo a fé cristã (…) (RIBAS, 2010, p. 547 – grifo nosso).
1.4 Destinatário
- Tito.
Tito
deve ter sido um homem notável, porque Paulo confiava nele e lhe conferiu
grande responsabilidade. Tito, um grego convertido (Gl 2.3) pela pregação do
apóstolo dos gentios (Tt 1.4), tornou-se íntimo companheiro de Paulo no
ministério apostólico (2 Co 8.23). Parece surpreendente que um parceiro tão
leal e confiável, e líder da igreja, não apareça no livro de Atos, e por isto
alguns estudiosos supõem que Tito pode ter sido irmão de Lucas, e que Lucas
omitiu o seu nome da narrativa. A fé de Tito deve ter sido forte, pois Paulo o
apresentou aos líderes da igreja em Jerusalém como um exemplo excelente de um
convertido gentio digno de ser aceito pela igreja (Gl 2.1-5; 2 Tm. 4.10) (RIBAS,
2010, p. 548).
II
– QUALIDADES DE TITO NA OBRA DO SENHOR
Também Tito goza
de alta consideração por parte de Paulo (2 Co 8.16-23). Ele já era colaborador
do apóstolo antes de Timóteo, acompanhando-o com Barnabé ao concílio dos
apóstolos (Gl 2.1). Se por um lado Paulo realiza a circuncisão de Timóteo para
evitar escândalo desnecessário (At 16.3), por outro lado o apóstolo se nega
terminantemente a permitir a circuncisão de Tito (Gl 2.3). Isso pode ser devido
a diversas circunstâncias: no caso de Timóteo era uma questão da prática missionária
(1 Co 9.20), no caso de Tito estava em jogo uma controvérsia doutrinária
fundamental sobre aquilo que é necessário à salvação e o que não é (BURKI, 2007,
p. 7). Vejamos algumas qualidades deste jovem cooperador:
2.1 Disposição.
A primeira
tarefa de Tito foi resolver as tensões entre Paulo e os coríntios (2 Co 7.6-16;
12.18), algo que Timóteo aparentemente não tinha conseguido fazer (1 Co 4.17;
16.10,11; 4.17). Tito foi tão bem-sucedido ali, que Paulo o enviou de volta
para arrecadar uma oferta em dinheiro dos coríntios para a igreja que estava em
Jerusalém (2 Co 8.6,16-24).
2.2 Coragem.
Aqui, na carta a Tito, descobrimos que
Paulo tinha enviado Tito a Creta, uma região conhecida pela violência e
imoralidade. A tarefa de Tito foi “por em boa ordem as coisas que ainda
restam” (Tt 1.5). A expressão "por em boa ordem (…)" é
um termo médico e se refere a “endireitar um membro torto”. Tito
era o representante apostólico oficial de Paulo, com autoridade para realizar
sua obra. Posteriormente, descobrimos que Tito visitou Paulo em Roma, durante o
segundo aprisionamento, e foi então enviado à Dalmácia (uma região na costa
leste do mar Adriático), outra região problemática (2 Tm 4.10). Um grupo de
falsos mestres tentava misturar a Lei judaica com o Evangelho da graça (Tt 1.10,14)
e alguns dos cristãos gentios abusavam da mensagem da graça, transformando-a em
licenciosidade (Tt 2.11-15) (WIERSBE, 2007, vol. II, p. 337).
2.3 Fidelidade.
Tito era filho
de Paulo por dever sua vida espiritual ao apóstolo como um instrumento nas mãos
de Deus, embora não nos sejam revelados o tempo, o lugar e as circunstâncias de
sua conversão. Apesar de Tito não ter sido uma testemunha ocular da vida de
Cristo; como era um convertido gentio, e não um judeu. Ainda assim, teve um
ministério fiel e profundo, que impactou profundamente a história da igreja.
Por sua fidelidade e lealdade, Paulo confiou em Tito como seu representante
legal para solucionar conflitos, arrecadar dinheiro, administrar e organizar as
igrejas em Creta. De acordo com a tradição antiga, Tito voltou a Creta já
idoso. Ele morreu e foi sepultado ali aos 94 anos de idade (…). Deus pode usar uma
pessoa, independentemente dos seus antecedentes, nacionalidade, sexo, ou
educação (RIBAS, 2010, p. 548)
III
- OS PRINCIPAIS TEMAS NA CARTA DE PAULO A TITO
Diferentemente
do assunto urgente dos falsos ensinadores ou pregadores que estava na mente de
Paulo quando ele escreveu a Timóteo em Éfeso, a sua carta a Tito concentrava-se
na fundação de igrejas saudáveis em Creta. Em ambos os casos, a
identificação de bons líderes era uma prioridade. Líderes eficientes eram
necessários para levar a igreja na direção correta. Os temas principais na
carta de Paulo enviada a Tito incluem: Caráter; Relacionamentos na Igreja; um
bom testemunho e uma boa cidadania. Analisemos cada uma delas:
3.1 Caráter (Tt
1.5-16).
Não obstante, a
organização das igrejas em Creta estava longe de ser um assunto encerrado, e a indevida
precipitação em designar homens para algum ofício era contrário aos princípios
de Paulo (1Tm 3.6; 5.22). Por este motivo, Paulo deu a Tito uma lista de “qualidades
para os líderes”. Estes deveriam ter um caráter excelente, evidenciado
por uma forte vida familiar (Tt 1.6) e uma boa reputação na comunidade (Tt
1.7,8). Eles também deveriam ser firmemente enraizados na sua fé e capazes de
ensinar a outros (Tt 1.9). Estas qualidades eram importantes devido ao mundo de
pecado que rodeava a igreja em Creta (Tt 1.12) e por causa do potencial para
heresia e divisões na igreja (Tt 1.10,11,13-16). Como representante de Paulo,
com autoridade apostólica, Tito deveria se certificar de que os líderes da igreja
exibissem um forte caráter moral e maturidade espiritual (RIBAS, 2010, p. 549 –
grifo nosso).
3.2
Relacionamentos na Igreja (Tt 2.1-10,15; 3.9-11).
Parte da
responsabilidade de Tito, durante sua permanência em Creta, como representante
de Paulo, era ensinar os crentes como eles deveriam agir no mundo e entre si
(Tt 2.15). Paulo incentivou Tito a ensinar com integridade e seriedade e a dar
um bom exemplo para todos os crentes, especialmente os novos líderes da igreja
(Tt 2.7,8). O apóstolo dos gentios enfatizou a importância do ensino correto
(Tt 2.1), e disse a Tito que repreendesse tudo o que pudesse tirar os crentes
do caminho correto (Tt 3.9-11). Ele explicou a Tito como o seu ensino deveria
se relacionar com os diversos grupos da igreja. Os cristãos mais velhos
deveriam ensinar os homens e mulheres mais jovens e ser bons exemplos para eles
(Tt 2.2-5). Os jovens deveriam ter autocontrole (Tt 2.6), e os escravos
deveriam ser dignos de confiança (Tt 2.10). As pessoas de todas as idades e
grupos têm uma lição para aprender e um papel a desempenhar na igreja, e todos
devem ser testemunhas positivas de Cristo no mundo (Tt 2.2,8,10). Os cristãos
que creem verdadeiramente na “sã doutrina” (Tt 2.1) vivem o que a Bíblia ensina
nos seus relacionamentos (RIBAS, 2010, p. 550).
3.3 Bom Testemunho
(Tt 3.3-8,12-15).
Paulo
lembrou a Tito de que, antes de crer em Cristo, eles tinham sido desobedientes
a Deus e escravizados ao pecado (Tt 3.3), mas Cristo os tinha transformado (Tt
3.4-7). A mensagem do Evangelho é que uma pessoa é salva pela graça, através da
fé (Tt 3.5-7), e não vivendo uma vida dissociada da prática ortodoxa. Mas o
Evangelho transforma totalmente a vida das pessoas, para que elas realizem boas
obras (Tt 3.8) e se tornem completamente dedicadas a servir a outras (Tt 3.14)
(RIBAS, 2010, p. 550 – grifo nosso).
3.4 Cidadania
(Tt 2.11-3.2).
Paulo
disse a Tito que instruísse aos crentes, dizendo-lhes que a maneira como eles
viviam fora da igreja era muito importante. Os cristãos devem dizer “sim” a
Deus e “não” à vida ímpia do mundo (Tt 2.12-14). Os crentes também devem ser
bons cristãos na sociedade, obedecendo o governo (Tt 3.1) e trabalhando
honestamente (Tt 3.2). A vida em comunidade de um crente deve refletir o amor
de Cristo tanto quanto a sua vida na igreja o faz. O modo de vida de uma pessoa
e os seus relacionamentos são uma janela para o seu bom caráter (RIBAS, 2010,
p. 550 – grifo nosso).
CONCLUSÃO
Como podemos
ver, Tito foi um grande exemplo de cooperador dando um bom testemunho na igreja
de Creta servindo ao Senhor como um exemplar crente e fiel testemunho do
evangelho. Aprendemos também que, como servos do Senhor, devemos procurar
desenvolver um caráter cristão íntegro de modo a sermos dignos de toda
aceitação.
REFERÊNCIAS
Ø HENDRIKSEN,
William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø RIBAS,
Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol 2.
CPAD.
Ø BURKI,
Hans. Cartas aos Tessalonicenses, Timóteo, Tito e Filemom. Editora
Evangélica Esperança.
Por Rede Brasil de
Comunicação.
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