Gn 7.1-12
INTRODUÇÃO
Nos capítulos
seis e sete do Livro do Gênesis encontramos o registro do dilúvio – uma
intervenção divina sobre a humanidade como castigo por sua rebeldia e
afastamento de Deus. Nesta lição, destacaremos que o Senhor preservou a família
de um homem chamado Noé. Por causa da sua justiça, retidão e comunhão com Deus,
no meio de uma geração corrompida e perversa, Noé, se tornou um modelo de fé e
obediência a ser seguido (Hb 11.7).
I. A CORRUPÇÃO DO GÊNERO HUMANO
O termo “corrupção”
provém do latim, “corruptione”, e o Aurélio o define como
“ato ou efeito de corromper; decomposição, putrefação”.
Figuradamente a expressão significa: “devassidão, depravação, perversão” (FERREIRA,
2004, p. 560 – acréscimo nosso). A luz de Gênesis 6 destacaremos como estava a
humanidade no período antediluviano:
1.1 Corrupção
externa (Gn 6.5a).
Após a Queda do
homem no Éden, a corrupção do gênero humano foi tomando proporções
diferenciadas e maiores. A Bíblia mostra, por exemplo: o primeiro homicídio (Gn
4.8); o primeiro caso de bigamia (Gn 4.19); um duplo homicídio (Gn 4.23); e, o
casamento misto da linhagem de Sete com linhagem de Caim (Gn 6.1). A maldade
chegou a um ponto culminante segundo o relato bíblico “[...] a maldade do
homem se multiplicara sobre a terra [...]” (Gn 6.5). No NT, Jesus
acrescentou que os homens daquela época só pensavam em coisas materiais em detrimento
das coisas espirituais. Semelhante cenário moral e espiritual antecederá a Sua
vinda (Mt 24.38; Lc 17.27).
1.2 Corrupção
interna (Gn 6.5b).
O relato bíblico
é claro em afirmar a situação em que se encontrava a geração que antecedeu o
dilúvio: “[...] toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só
má [...]”. Suas atitudes evidenciavam quão decadentes estava seu âmago.
Segundo Jesus, todos os atos de maldade revelam a condição interior do homem
(Mt 15.19; Mc 7.21). Do ponto de vista bíblico, pensar em fazer o mal é tão
nocivo e pecaminoso quanto fazê-lo (Pv 6.18; 15.26; 16.30; 24.9; Mq 2.1; Mt
5.28). O NT ensina que Deus tanto julgará as ações como também os pensamentos
dos homens (Rm 2.16; 1 Co 4.5).
1.3 Corrupção
habitual (Gn 6.5c).
Os moradores da
terra nessa época não só faziam maldades e maquinavam o mal como também
perseveram em fazê-lo “E viu o SENHOR que a maldade do homem se
multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu
coração era só má continuamente”. A iniquidade havia se tornado moda,
ou seja, um estilo de vida que todos, com raras exceções, aderiram (Gn 6.8).
Por que não se arrependiam de suas más obras, Deus lhes tirou o Seu Espírito
(Gn 6.3-a) e decretou-lhes a brevidade da vida, tanto encurtando a longevidade
que tinham, como tirando a vida física com a punição pelo dilúvio (Gn 6.3-b). O
período que antecede o retorno de Cristo será de semelhante degradação moral
como previu Jesus e os apóstolos (Mt 24.12; Lc 18.8; 2 Tm 3.1-4; 2 Pe 3.1-7).
II. A ATITUDE DIVINA ANTE A
CORRUPÇÃO
2.1 Deus vê (Gn
6.5,11-12).
Enquanto na
terra o pecado proliferava sem limites, o Deus do céu contemplava tudo o que acontecia,
pois nada escapa aos seus olhos: “E viu o SENHOR que a maldade do homem
se multiplicara sobre a terra”. É um grande engano pensar que se pode
esconder algo do Senhor, pois a Bíblia nos diz que Ele tudo vê, tanto o que
está patente e quanto o que está oculto (Sl 139.1-6; Hb 4.13).
2.2 Deus se
entristece (Gn 6.6).
Contemplando a
multiplicação da iniquidade no mundo, a Escritura diz: “Então arrependeu-se
o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração”.
“Diferente do homem, o arrependimento divino não brota da tristeza por más
ações feitas. As mudanças na relação do homem com Deus resultam em mudanças nos
procedimentos de Deus com o homem. Quando o homem se afasta de Deus para o
pecado, Deus muda a relação de comunhão para uma relação de repreensão
julgadora. Quando o homem se afasta do pecado para Deus, este estabelece uma
nova relação de comunhão. Este é o arrependimento divino. Em Gênesis 6.6, Deus
muda de comunhão para julgamento, embora com muito pesar” (BEACON, sd, p. 47 –
acréscimo nosso).
2.3 Deus
intervém (Gn 6.7,13,17).
Os presentes
versículos nos mostram que Deus resolveu intervir na história da raça humana
caída em pecado, trazendo sobre eles um grande julgamento. Nesta ocasião, o
Senhor puniria os pecadores com um grande dilúvio sobre a terra, fazendo-os
perecerem e purificando a terra da maldade e extrema violência. “O termo técnico
para “dilúvio” usado nos capítulos de Gênesis 6-11 e no Salmo 29.10 é “mabbul”,
que é traduzido como “kataklysmos” na Septuaginta, é a mesma
palavra grega é usada em varias referências do NT ao Dilúvio (Mt 24.38,39; Lc
17.27; 2 Pe 2.5)” (WYCLIFFE, 2007, p. 22 – acréscimo nosso). A palavra cataclisma
segundo Ferreira (2004, p. 422) significa: “grande inundação; dilúvio”.
III. NOÉ: UM EXEMPLO DE PIEDADE
NUM MUNDO CORRUPTO
Apesar de o
mundo ter se afundado em pecado, houve alguém que se comportou de forma
diferente. Esse indivíduo é chamado Noé. “A palavra Noé do hebraico “Noach”
“repouso” vem de um verbo que significa descansar, e está associado a alivio.”
(RADMACHER, et al, 2010, p. 25). A Bíblia destaca algumas características deste
nobre servo de Deus, a saber: (a) JUSTIÇA (Gn 6.9a; 7.1). A palavra
justo, do hebraico tsaddiq, descreve o caráter de Noé conforme se
manifestava em relação aos outros seres humanos: “honestidade” ou
“honra” era evidente em seu comportamento, sua conduta revelava
esta justiça moral e ética (Ez 14.14,20); (b) RETIDÃO (Gn 6.9b). A
palavra hebraica “tâmim”, íntegro, descreve o produto perfeito de
um construtor sábio; é inteiro, completo e perfeito. Visto objetivamente, a
palavra imaculado descreve o caráter. A Bíblia mostra que Deus é reto (Dt 32.4;
Sl 25.8; 92.15; 119.37); e, (c) COMUNHÃO COM DEUS (Gn 6.9c). Tal qual
Enoque, Noé também é descrito como um homem que andou com Deus (Gn 5.24; 6.9).
A expressão “andar com Deus” aponta para a sua conduta,
caracterizada pela vida de comunhão e obediência a Deus. A mesma postura se
requer do cristão ante este mundo tenebroso (Sl 84.11; Pv 2.21; 16.17; Gl
5.16-26; 1 Jo 2.29).
IV. A LONGANIMIDADE, O JUÍZO E O
LIVRAMENTO DE DEUS
4.1 A
longanimidade de Deus (Gn 6.3).
Segundo o
dicionário Vine (2002, p. 759) longanimidade é a “qualidade de autodomínio
em face da provocação que não retalia impetuosamente ou castiga prontamente”.
Apesar da maldade, Deus decretou que daria um tempo a geração de Noé de 120
anos até que viesse o dilúvio e consumisse a todos. Como podemos ver, antes
dEle enviar o juízo sobre a terra, concede tempo ao pecador para que se
arrependa, isto porque Ele é tardio em irar-se (Êx 34.6; Jl 2.13). Deus é cheio
de compaixão, graça e sua longanimidade visa o benefício do homem tentando
conduzi-lo ao arrependimento (I Pe 3.20; II Pe 3.9).
4.2 O juízo de
Deus (Gn 6.13,17).
Durante o tempo
que Deus deu aos homens para se arrepender mediante a pregação de Noé, seus
contemporâneos não lhe deram ouvidos (II Pe 2.5). Com a arca já construída e os
animais dentro, Deus ordena que Noé e sua família entrem para que ele cumpra a
Sua palavra enviando sobre a terra o seu juízo (Gn 7.1-24). “Embora o pecado e
a violência possam ficar sem punição por algum tempo dentro da longanimidade
divina, todavia não serão esquecidos. Apesar de ele ser “tardio em
irar-se” e estar sempre interessado em mostrar-se misericordioso, não é
absolutamente imune a ira quando sua lei é impugnada e sua graça desprezada”
(ELISSEN, 1993, p. 318).
INFORMAÇÕES
IMPORTANTES SOBRE O DILÚVIO
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Fato
histórico
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“Os registros
de Gênesis (Gn 7.1-24) como também de Cristo (Mt 24.37-39; Lc 17.26-27), dos
profetas (Is 54.9) e dos apóstolos (1 Pe 3.20; 2 Pe 2.5; 3.6), comprovam que
realmente houve o dilúvio. Muitos arqueólogos comprovam que muitas
civilizações primitivas tinham tradições relacionadas ao dilúvio, cujos
detalhes são paralelos ao relato de Gênesis” (WIERSBE, 2008, p. 33).
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Alcance
mundial
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“A linguagem
dos capítulos sexto a nono de Gênesis refere-se a um dilúvio de dimensões
universais (Gn 6.13,17; 7.6,10,18,19). Todos os picos dos montes foram
cobertos pelas águas, tendo havido a destruição absoluta de todos os seres
vivos terrestres, excetuando-se os que estavam na arca (e, naturalmente,
excetuando-se a vida marinha em geral” (CHAMPLIN, 2001, p. 66 – acréscimo
nosso).
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Duração
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As águas
vieram do abismo e do céu (Gn 7.11); a chuva durou quarenta dias e quarenta
noites (Gn 7.4); as águas subiram quinze côvados acima dos montes
(aproximadamente a distância de cerca de 6,75 metros) (Gn 7.19,20); as águas
prevaleceram cento e cinquenta dias (Gn 7.24); e, após um ano, a terra ficou
seca (Gn 7.6; 8.13,14).
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Resultado
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O registro
bíblico nos mostra que quando as águas se avolumaram ao ponto de cobrir os
montes, tudo o que havia na terra: homens e animais pereceram (Gn 7.17-23).
Somente Noé, sua família (oito pessoas) e os animais que estavam na arca sobreviveram
(1 Pe 3.20).
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Promessa
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Deus fez um
pacto com Noé e com toda a humanidade prometendo não mais destruir o mundo por
um dilúvio. Para dar-lhe segurança de que a raça humana continuaria e o homem
teria um futuro garantido, Deus fez aliança com ele. Deixou o arco celeste como
sinal de sua fidelidade (Gn 8.21,22; 9.11-17).
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4.3 O livramento
de Deus (Gn 6.14-16).
Noé achou graça aos
olhos de Deus (Gn 6.8). O Senhor o livrou junto com a sua família do grande
dilúvio, porque este tinha um caráter santo distinguindo-se dos seus
contemporâneos (Gn 6.9). Somando-se a isto a atitude do patriarca depois que
recebeu a orientação divina quanto a construção da arca, não titubeou, mas agiu
com fé (Hb 11.7-a), obedecendo de forma imparcial a Palavra de Deus (Gn 6.22;
7.5).
CONCLUSÃO
O registro
bíblico do dilúvio serve de advertência de que Deus é o justo Juiz de todo o
mundo e castigará sem dúvida alguma o pecado e livrará da prova os piedosos (2 Pe 2.5-9). No tempo de Noé, Deus destruiu o mundo com água, mas no futuro vai
fazê-lo com fogo (2 Pe 3.4-14).
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
Ø ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
Ø HOWARD, R.E et al. Comentário
Bíblico: Beacon. CPAD.
Ø PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário
Bíblico Wyclliffe. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário Vine.
CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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