Mt
24.4-5; 11-13; I Ts 1.10
INTRODUÇÃO
A lição deste
primeiro trimestre de 2016 tem como título: “O Final de Todas as Coisas –
Esperança e glória para os salvos”, onde teremos a oportunidade de
estudar treze lições baseadas em uma das disciplinas da Teologia Sistemática – a
Escatologia. Nesta primeira lição, introduziremos o assunto trazendo
importantes informações sobre a Escatologia, tais como: definição, conteúdo,
propósito; importância; quais povos são contemplados com a doutrina das últimas
coisas; qual o método de interpretação mais fiel as Escrituras; quais
aplicações práticas que temos com a Escatologia; e, por fim, veremos um resumo
dos eventos escatológicos que estaremos estudando pormenorizadamente.
I.
SOBRE A ESCATOLOGIA
1.1 Definição.
Escatologia é a
área da teologia sistemática que trata das últimas coisas. “O termo deriva de
uma combinação das palavras gregas “eschatos”, que significa:
“último; fim”, e “logos”, que significa: “palavra” (o sufixo português
“logia” significa “estudo, ciência ou doutrina”). A escatologia lida com
realidades extremamente pessoais, como a morte, a condição imediatamente
posterior ao arrebatamento e a glorificação. Ela também aborda, contudo,
questões mais cósmicas e gerais, como a segunda vinda de Cristo, o Milênio, o
Juízo Final, recompensas e castigos eternos, novos céus e nova terra. A
escatologia é tanto pessoal como universal, tanto individual quanto cósmica”
(LAHAYE, 2010, pp. 167,168).
1.2 Conteúdo.
A escatologia é
essencialmente profética, ou seja, trata exclusivamente de predizer eventos
futuros que já se cumpriram, estão se cumprindo ou irão se cumprir (Ap 1.19).
“Cerca de vinte e cinco por cento da revelação divina têm natureza preditiva.
Esse fato demonstra a importância do assunto. As teologias mais antigas
negligenciavam o assunto; mas, nos tempos modernos, à medida que os eventos se
aproximam, se desperta um interesse cada vez maior sobre a questão” (CHAMPLIN,
2004, p. 437 – acréscimo nosso).
1.3 Propósito.
A Escatologia
tem o propósito de revelar a soberania de Deus na história e sua presciência
acerca dos eventos que estão porvir. “Na esfera da profecia, a capacidade
divina é claramente vista como alguma coisa que transcende as limitações
humanas. Deus parece ter prazer em seu poder de predizer o futuro; ao menos,
esse poder é evidentemente usado, a fim de despertar a mente humana para as
maravilhas do seu Ser. A parte da revelação divina, o homem nada sabe do que
vai acontecer. Para Deus, o fim é conhecido desde o princípio” (CHAFER, 2003,
p. 621).
1.4 Importância.
Sem sombra de
dúvida a importância da Escatologia se dá pelo fato de mostrar o que acontecerá
no futuro com a humanidade. O homem é por natureza curioso com o porvir,
podemos observar isso estampado na pergunta dos apóstolos, feita ao Senhor
Jesus Cristo: “Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da
tua vinda e do fim do mundo?” (Mt 24.3). A mesma ansiedade também tinha
os crentes de Tessalônica (I Ts 4.1-10). A Bíblia é o único livro que satisfaz
plenamente os anseios do homem em todos os aspectos, até quanto ao que virá a
acontecer no futuro.
II.
O ALCANCE DA ESCATOLOGIA BÍBLICA
“A Escatologia
Bíblica está relacionada com os três grupos de povos em que Deus mesmo divide a
raça humana. Os povos da terra considerados sob o ponto de vista humano estão
divididos nos mais diversos grupos étnicos, mas Deus, considerando a humanidade
sob o ponto de vista divino, divide-a em três segmentos que são: Os
judeus (Israel), os gentios, e a Igreja de Deus (1 Co 10.32): a) A
Igreja. Para com a Igreja, a descida do Senhor aos ares para ressuscitar os
que dormem e transformar os crentes vivos é apresentada como constante
expectação e esperança (1 Co 15.51,52; F1 3.20; 1 Ts 4.14-17; 1 Tm 6.14; Tt
2,13; Ap 22.20); b) Os judeus (Israel). Para o povo escolhido, a vinda
do Senhor é predicada para cumprir as profecias que dizem respeito ao seu
ressurgimento nacional, a sua conversão, e estabelecimento em paz e poder sob o
Pacto Davídico (Am 9.11,12; At 15.14-17); e, c) Os gentios. A Bíblia nos
mostra que para os gentios, isto é, as nações em geral, Jesus virá como
o Rei dos reis e Senhor dos senhores, e Juiz, para julgá-las, e, após isso,
reinar sobre elas com justiça (Sl 2.6-10; 96.13)” (GILBERTO, 2007, p. 09 -
acréscimo nosso).
III.
INTERPRETANDO A ESCATOLOGIA
A forma mais
coerente de interpretação da Escatologia é a forma literal. O literalismo “é a interpretação
bíblica que leva em conta o que, realmente, está escrito, sem quaisquer
subterfúgios alegóricos. É a abordagem do texto em sua forma mais óbvia e
concreta” (ANDRADE, 2006, p. 255). Esta forma de interpretação das Escrituras
Sagradas são mais aceitas no meio cristão, por vários motivos, eis alguns:
a)
Este
sistema de interpretação é a maneira aceita em todas as línguas, povos e
nações;
b)
As
Escrituras Sagradas só fazem sentido se interpretadas de forma literal;
c)
Esta
forma de interpretação respeita as parábolas, sonhos e simbologia – bem
presente nos livros de Daniel, Ezequiel e principalmente, no Apocalipse;
d)
No
sentido literal de interpretação é possível fazer comparações com outros textos
das Santas Escrituras;
e)
Esta
forma de interpretação considera todo o contexto e não só uma parte do texto
isolado das demais;
f)
O
Senhor Jesus, os profetas e apóstolos, utilizaram esta forma de interpretação
das Escrituras.
IV.
A IMPORTÂNCIA PRÁTICA DA ESCATOLOGIA
4.1 Esperança.
Nada proporciona
mais consolo a alma do fiel que saber que um dia Deus “aniquilará a morte
para sempre, e assim enxugará o Senhor DEUS as lágrimas de todos os rostos, e
tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra [...]” (Is 25.8). Confira
ainda (Ap 21.4). “Na natureza da fé cristã, uma firme esperança quanto à
escatologia é essencial. Um cristianismo sem futuro não seria
autêntico. Em contraste, entretanto, com a escatologia das religiões pagãs, que
pintam um quadro sombrio do futuro, a esperança do cristianismo é
límpida e brilhante, e oferece ao cristão a verdade fundamental de
que, para ele, a próxima vida é melhor que a presente (Rm 12.12; 15.4; II Co
1.7; Cl 1.5; Tt 2.13)” (WALWOORD, 2002, p. 08 – acréscimo nosso).
4.2 Vigilância e
santidade.
A Escatologia
exorta-nos a vigilância e a santificação. “O verbo vigiar significa ficar
acordado, alerta, dar total atenção, para evitar que por
negligência ou indolência algumas calamidades destrutivas atinjam a vida de alguém
(Mt 24.42; 25.13; Ap 16.15), ou ainda para evitar que alguém negue ou abandone
a Cristo (Mt 26.41) ou caia em pecado (I Ts 5.6; I Co 16.13; I Pe 5.8; Ap 3.2)”
(WYCLIFFE, 2010, p. 2018). De igual forma a santificação é condições indispensável
para estarmos aptos à entrada nos céus (Mt 5.8; Mc 13.33,35; Lc 21.36; Hb 12.14;
I Jo 3.2). A santificação é um ato divino, que também inclui a participação
humana (Jo 17.19; Ap 22.11).
4.3 Serviço e
recompensa.
O NT promete que
os crentes fiéis receberão galardão em reconhecimento dos seus serviços em prol
do Reino de Deus. Biblicamente esse evento é denominado de Tribunal de Cristo.
A certeza dessa volta iminente e da recompensa pelos nossos serviços nos impele
a trabalhar com afinco e incansavelmente na obra do Senhor (Rm 14.10; I Co 15.58;
II Co 5.10; Hb 6.10,11).
V.
QUAIS OS TEMAS ESTUDADOS NA ESCATOLOGIA
Em que ordem às
últimas coisas devem acontecer? Apresentamos abaixo uma sequencia geral
acompanhada de passagens bíblicas, para que, estudando-as, tenhamos em mente
todo o cenário escatológico. Seria muito útil ao estudioso dessas doutrinas,
examinar com cuidado, em meditação, cada referência mencionada na relação
abaixo:
EVENTOS
ESCATOLÓGICOS SEGUNDO A CRONOLOGIA BÍBLICA
|
|
O
Arrebatamento da Igreja
|
Nos ares;
antes da Grande Tribulação (I Ts 4.16,17; I Co 15.51-54). Esse rapto dos
salvos desencadeará uma serie de eventos escatológicos.
|
O
Tribunal de Cristo
|
Este
julgamento não tem como propósito condenar nenhum crente ao inferno, mas
recompensar os que procederam de forma firme, constante e abundante na obra
do Senhor (Rm 14.10; II Co 5.10; I Co 3.10-15; Ap 22.12).
|
As
Bodas do Cordeiro
|
Trata-se do
casamento (união mística) de Cristo (o noivo) com a Igreja (a noiva) no céu
(Mt 22.1-14; 25.1-12). Assim, enquanto os juízos divinos caem sobre a terra,
durante a Grande Tribulação, haverá festa no céu (Ap 19.9).
|
A
Grande Tribulação
|
Este será um
período de angústia e aflição sem paralelo que sobrevirá sobre os judeus e
aos gentios após o Arrebatamento da Igreja (Mt 24.15,21; I Ts 5.1-4,9). Compreende um período de 7 anos (Dn 9.24-27);
sendo que, a 1º metade da Tribulação, isto é, 3 anos e meio ocorrem em Ap
6-10; e a outra metade, isto é, os outros 3 anos e meio ocorrem em Ap 11 a18.
|
A Volta
Triunfal de Cristo
|
Em glória e poder
Jesus voltará para livrar Israel, julgar as nações e implantar o Milênio. É
nesta ocasião que acontecerá a Batalha do Armagedom (Zc 14.1-4; Jl 3.2; Ap
16.13-16). É também aqui que se aplica a assertiva de João: “E todo o olho o verá” (Ap 1.7).
|
O
Julgamento das Nações
|
Nesta ocasião,
o Senhor Jesus julgará as nações que socorreram ou não a nação de Israel
durante o período da Grande Tribulação (Jl 3.12-14; Mt 25.31-46).
|
O
Milênio
|
Concluída a Septuagésima
Semana de Daniel com a prisão de Satanás, o reinado de Cristo será implantado
na terra durante mil anos literais (Ap 20.1-6).
|
O
Juízo Final
|
Este
julgamento ocorrerá sobre todos os que não participaram da primeira
ressurreição, e dar-se-á na consumação de todas as coisas (Ap 20.11-15).
Trata-se da segunda ressurreição (Jo 5.29 cf Ap 20.6). Este julgamento é também
conhecido como Julgamento do Grande Trono Branco.
|
Novos
Céus e Nova Terra
|
Nesse momento
a terra será completamente restaurada de todo mal decorrente do pecado e da
influência de Satanás (Ap 21-22; 2 Pe 3.7). Esse período é conhecido como
Eterno Perfeito Estado.
|
CONCLUSÃO
Deus, em seu
infinito conhecimento, deixou-nos em Sua Palavra o registro dos acontecimentos
futuros a fim de que entendamos que Ele é soberano sobre a história e que, no
tempo certo, tudo convergirá para que o seu eterno propósito seja estabelecido
por meio de Jesus Cristo, Seu Filho. Tal esperança nos trás consolo de que um
dia o mal terá seu fim, e o bem será estabelecido para sempre. Maranata! Ora,
vem Senhor Jesus!
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø GILBERTO,
et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø CHAFER,
Lewis Sperry. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGN
Por Rede Brasil
de Comunicação.
Adaptado pelo
Amigo da EBD.
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