Lc 17.24-30
INTRODUÇÃO
Jesus garantiu
que voltaria para buscar o seu povo (Ap 22.12). Todavia, ensinou que este dia e
hora ninguém sabe (Mt 24.36). Por isso, exortou diversas vezes os seus
seguidores a estarem alerta em constante vigilância a fim de não serem pegos de
surpresa (Mc 13.33). Nesta lição definiremos a palavra vigiar; destacaremos que
tanto Jesus como seus discípulos exortaram os cristãos a estarem em constante
vigilância; pontuaremos pelo menos três causas que justificam o porquê da
necessidade de estarmos vigilantes; veremos ainda de que forma devemos aguardar
o arrebatamento; e por fim, trataremos da parábola dos dois servos, proferida
por Jesus para exortar-nos a preparação para a sua vinda.
I. O QUE SIGNIFICA A PALAVRA
VIGIAR
O verbo “vigiar”
segundo o Aurélio quer dizer: “observar atentamente; estar atento
a; tomar cuidado” (FERREIRA, 2004, p. 2061). No hebraico o verbo é “shamar”
que significa: “vigiar, guardar”. No grego o termo é “gregoreo”
que significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 1
Ts 5.6,10 e em mais 21 outros lugares nos quais ocorre no Novo Testamento (por
exemplo, em 1 Pe 5.8). É usado acerca de: a) “manter-se acordado” (Mt
24.43; 26.38.40.41): b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1 Co
16.13; Cl 4.2; 1 Ts 5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 –
acréscimo nosso). A palavra “vigiar”
tem conotação exortativa, visando chamar a atenção dos ouvintes a estarem
prontos para o retorno do Messias. Jesus e os apóstolos exortaram a vigilância,
como veremos a seguir:
1.1 Exortação de
Cristo.
Diversas vezes
Jesus chamou a atenção dos seus seguidores quanto à importância de estarem vigilantes
para o seu retorno (Mt 24.22; 25.13; Mc 13.33,35; 37; Lc 21.36; Ap 3.3; 16.15).
Muitas dessas exortações se percebem através das parábolas, tais como: das dez
virgens (Mt 25.1-13); do senhor que confiou o cuidado das coisas que lhe
pertenciam aos seus servos, prometendo voltar em breve (Mc 13.34-37); dos
servos que aguardam o seu senhor quando voltar das bodas (Lc 12.36-37). “O
chamado à vigilância, no entanto, não foi dirigido apenas a eles, mas a todos nós
(Mc 13.37)” (ADEYEMO, 2010, pp. 1222,1223).
1.2 Exortação
dos apóstolos.
Os apóstolos de
Cristo, seguindo a mesma linha escatológica do Mestre, exortaram aos cristãos
nas suas epístolas, quanto à necessidade da vigilância, pois a vinda do Senhor
está próxima (I Co 16.13; I Ts 5.6; I Pe 4.7). Para Paulo, a volta era tão
iminente que ele tinha a expectativa de ainda em vida participar do
arrebatamento (I Ts 4.17). Tiago, o irmão do Senhor também falou da proximidade
deste Dia (Tg 5.8); bem como o apóstolo João (I Jo 2.18); e, o apóstolo Pedro
(II Pe 3.9).
II. QUAIS AS CAUSAS DA EXORTAÇÃO
A VIGILÂNCIA PARA A VOLTA DE JESUS
2.1 A
fragilidade humana.
Sabendo da
fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem
as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados
(I Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado
na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for
glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (I Co 15.51-54). Até este
acontecimento, precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo
pecado (Rm 6.11,12; I Co 15.34). “Quem quiser ter um discipulado produtivo,
precisa disciplinar o corpo para não ceder às paixões” (ADEYEMO, 2010, p.
1192).
2.2 A astúcia do
Diabo.
Além da
fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[...] o diabo,
vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar” (I Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza
humana (I Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é
Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; I Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e
fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos
submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até
a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou
aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o
que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
2.3 A vinda do
Senhor será repentina.
A necessidade da
vigilância para o retorno de Cristo se dá também pelo fato de ser um evento
repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt
24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles
que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (II
Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20).
Estejamos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados
dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34). Jesus e os apóstolos usaram algumas
figuras que retratam muito bem que a imprevisibilidade do seu retorno, como
veremos na tabela a seguir:
FIGURAS QUE RETRATAM A
REPENTINA VOLTA DO
SENHOR |
EXPLICAÇÃO
|
Ladrão
(Mt 24.43-44; I Ts 5.2-4; II Pe 3.10; Ap 16.15)
|
O que
aprendemos aqui é que, como um ladrão que aparece de forma inesperada,
assim será a volta de Cristo para buscar Sua Igreja. Por isso, o cristão deve
estar sempre vigilante para o retorno do Senhor.
|
Relâmpago
Mt
24.27
|
Um relâmpago é
um fenômeno repentino. De forma parecida, sucederá o súbito dia
do Filho do Homem. Quando o Senhor retornar, Ele virá de forma instantânea.
|
Abrir
e fechar de olhos
I
Co 15.52
|
Paulo ensinou
que “num momento” (grego atoma), num abrir e fechar de olhos,
ante a última trombeta, nós seremos transformados. De imediato,
o corruptível se revestirá de incorruptibilidade.
|
III. DE QUE FORMA DEVEMOS
ESPERAR A VOLTA DE JESUS
3.1 Vigiando em
oração.
A Bíblia nos
exorta a aguardarmos o Senhor vigiando em oração (I Pe 4.7). É por meio desta prática
constante (I Ts 5.17) que o cristão mantém contato com Deus (Jr 33.3; Tg 4.8).
Ela expressa uma atitude de sujeição e inteira dependência da sua graça, ou
seja, quem ora reconhece que precisa da ajuda divina para vencer as batalhas e
dificuldades da vida (Is 38.1-5; II Cr 20.3,4). Faz-se necessário entender que,
os últimos dias da Igreja de Cristo aqui na terra, serão dias de esfriamento espiritual
na vida de alguns cristãos (Mt 24.12; Ap 3.15,16). Portanto, devemos ter
cuidado para não sermos cristãos superficiais, mas de profunda comunhão com
Deus. “O mundo está se movendo em direção ao seu objetivo final. Diante dessa
realidade, os cristãos devem manter um relacionamento próximo com Deus em
oração” (ADEYEMO, 2010, p. 1561).
3.2 Vigiando em
santidade.
Jesus anunciou
que antecipadamente que os dias que antecedem a sua vinda, serão de extrema
corrupção moral, comparando com o período antediluviano e geração de Sodoma e
Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28). Os apóstolos também fizeram a mesma afirmação (II
Tm 3.1-5; II Pe 3.3). Sabedores disto, nós cristãos, devemos no meio desta
geração pervertida, vigiar em santidade, a fim de não contaminarmos com o
pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia como vestes (Ap 19.8,14).
Por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada como vestes sujas ou a
nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15). A exortação bíblica é que devemos estar
vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4).
3.3 Vigiando em
todo tempo.
Já vimos que a
palavra “vigiar” significa: “estar atento”. O
contrário da palavra “vigiar” é justamente “dormir” (Mc
14.37; Ef 5.14; Rm 13.11). Do ponto de vista bíblico, o sono espiritual, tem
conotação negativa, pois leva o homem a um estado de invigilância. Jesus falou
disto quando disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor
da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para
que, vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Mc 13.35,36). Foi
quando as dez virgens cochilaram que chegou o esposo “E, tardando o
esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram” (Mt 25.5). A “demora” da
volta de Cristo se constitui num teste de resistência e fidelidade para aqueles
que professam segui-lo. Por isso, somos exortados a perseverança (Mt 24.13; Lc
8.15; Rm 2.7; I Tm 4.16; Ap 3.10-11). Devemos também exorta-nos uns aos outros
(Hb 10.25).
IV. A PARÁBOLA DOS DOIS SERVOS
“Em Mateus 24.45-51 encontramos
uma parábola, falada por Jesus, denominada de “os dois servos”.
Nessa ilustração o Mestre tem uma exortação para todos os seus servos. Nela,
como sempre, Cristo liga a fé ao comportamento. Se cremos em sua vinda, devemos
nos portar de acordo com o que acreditamos. Não podemos viver como desejamos,
se verdadeiramente cremos que ele pode vir a qualquer momento. Essa esperança
deve governar a nossa vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação
e sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre, e deixarmos que
essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então
viveremos. Quando o servirmos de maneira a honrá-lo, teremos verdadeira
comunhão uns com os outros, santidade de vida e estaremos vigilantes. Para
aqueles servos maus que escarnecem da verdade de sua vinda e arrogantemente
destratam os outros, e se associam com os glutões, há uma condenação repentina
e veloz. Que a graça nos seja concedida para que possamos viver de tal maneira
que não sejamos envergonhados perante ele em sua vinda!” (LOCKYER, 2006, p. 300
– acréscimo nosso).
CONCLUSÃO
A Vinda do
Senhor é certa. Disto nos garantiu Jesus e os apóstolos em seus ensinamentos.
Diante desta verdade, só nos resta estarmos alertas e vigilantes em oração e
santidade para que naquele Dia possamos estar aptos para adentar às mansões
celestiais.
REFERÊNCIAS
Ø LOCKYER,
Herbert. Todas as parábolas da Bíblia. VIDA.
Ø RADMACHER, Earl D. et al. O
Novo Comentário Bíblico: AT. CENTRAL GOSPEL.
Ø TOKUMBOH,
Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário Vine.
CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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