Mt 7.13-20
INTRODUÇÃO
Graça e Paz do Senhor Amados (as)! Como foi a
ministração da primeira lição? Acredito ter sido uma bênção?! Como havia dito,
o tema do trimestre é bastante relevante haja vista trata-se de Teologia
Prática. Assim, em nossa segundo lição, definiremos alguns termos e ampliaremos
outros; em seguida, abordaremos a relação entre os dons e o fruto do espírito;
depois, enfatizaremos a relação entre o fruto do Espírito e o caráter Cristão; também
mencionaremos o resultado de termos uma vida controlada pelo Espírito; e, por
fim, citaremos os propósitos do Espírito na vida do salvo em Jesus. Desejo a
todos uma excelente aula!
I.
DEFINIÇÃO DE ALGUNS TERMOS
Diante da presente lição percebi a necessidade de
iniciarmos com algumas definições de termos que serão utilizados do decorrer
desta aula, e que nos ajudarão na compreensão e aprendizado da mesma. Então,
vejamo-los:
1. Fruto.
Na lição anterior vimos que o termo “fruto” é a tradução do
original “karpos”, que pode significar “o fruto”, quanto “dar
fruto”, “frutificar” ou ser “frutífero” (Mt 12.33; 13.23; At
14.17). Todavia, na frase “Mas o fruto do Espírito é...” da expressão latina: “Fructus
utem Spiritusest...”, a palavra ‘fruto’ fala de proveito, rendimento,
lucro, gozo e delícias. Mas, no grego a palavra fruto está no nominativo, isto
quer dizer que é o sujeito da frase, e o mais interessante é o artigo genitivo:
“Karpós toû Pnéumatòsestín...”
O Karpós pode ser entendido de modo
literal como fruto (Mt 12.33), e também como resultado, ato e produto (Mt 7.16;
Gl 5.22; Ef 5.9).
2. Propósito.
O termo “propósito” em
grego é “skopós” e significa “alvo, intenção, objetivo, finalidade”.
Logo, a alvo do Espírito Santo é produzir no crente frutos (virtudes), não
obras, nem apenas qualidades morais. Essas virtudes dão ao crente uma qualidade
de vida espiritual que não pode vir do nosso ambiente, da nossa cultura, nem
podem ser produzidos por nós mesmos, antes vem do Espírito Santo que deseja que
andemos “em novidade de vida”
(Rm 6.4; Ef 3.19).
3. Maturidade
Dentre os diversos textos que descrevem a maturidade cristã nas páginas
do Novo Testamento, dois vocábulos se destacam na tradução de “maduro” ou “maturidade” dentro do contexto moral, são elas: Perfeito (Mt 5.48; 1 Co 2.6; Fp 3.15; Hb
6.1) e Adulto (1 Co 14.20). Essa duas
palavras traduzem o termo grego é “teleios”
que significa “completo; perfeito”. Mas, também, pode
significar “maduro” ou “plenamente desenvolvido”. Segundo a
totalidade do Sermão do Monte, ‘perfeito’ ou ‘maduro’ é aquele que cumpre
integralmente cada um dos mandamentos expostos por Cristo. Daí a razão porque
‘perfeito’, tem o sentido de ‘integridade’ e ‘inteireza’ nestas passagens, e não
necessariamente ‘sem defeito’ ou ‘sem pecado’. Segundo a epístola de Efésios, o
cristão maduro ou o ‘varão perfeito’ (4.13) é aquele que está crescendo ‘à medida da estatura completa de Cristo’,
isto é, possui o caráter de Cristo desenvolvendo-se em sua vida. A meta do
discípulo, portanto, é identificar-se com o seu Mestre e assemelhar-se ao seu
Pai (Mt 5.48).
4. “Cheio do Espírito” ou “Enchei-vos do Espírito”?
O Dr. Stamps, comentando o assunto, diz que o ser “cheio do Espírito” não ocorreu apenas uma única vez, mas, sim,
repetitivas vezes (At 4.8; 6.3-5; 7.55; 11.24; 13.9,52). Segundo Ele: “É teologicamente relevante que todos os
crentes, inclusive os apóstolos, anteriormente cheios (At 2.4), foram novamente
cheios a fim de enfrentar a oposição continua dos judeus (At 4.29). Novos
enchimentos com o Espírito Santo fazem parte da vontade e provisão de Deus para
todos os que receberam o batismo no Espírito Santo” (At 2.4 cf 4.8; 13.52;
Ef 5.18). Além disso, o Dicionário Wycliffe
comentando esse assunto diz: “Ser cheio
do Espírito, então, é uma opção ou não faz diferença? Faz muita diferença,
porque esta é uma ordem das Escrituras, de que o crente seja continuamente
cheio do Espírito Santo (Ef 5.18), e que ele ande no (ou em) Espírito (Gl
5.16-25; Rm 8.5-13). Ao mesmo tempo, os cristãos são advertidos de que não
devem entristecer o Espírito (Ef 4.30), nem extingui-lo (1 Ts 5.19)”.
Portanto, agora, você sabe que ser ‘cheio do Espírito’ também poder significar
‘enchei-vos do Espírito’ e que para isso faz-se necessário o crente buscar e
depender da presença do Espírito, bem como do controle do Espírito (At 5.32; Rm
12.1,2; cf Rm 6.11-13).
II. O FRUTO E OS
DONS DO ESPÍRITO
O termo “fruto”,
embora no singular, não significa que o mesmo seja constituído apenas de uma
única virtude do Espírito, mas, na verdade, de nove virtudes. Essas virtudes
são mais bem representadas pela figura de uma laranja ou tangerina, sendo que
cada gomo simboliza uma virtude do Espírito. Assim, o fruto do Espírito implica
num todo indispensável e inseparável na vida do crente.
Todavia, cientes
do valor e importância do fruto do Espírito em nossas vidas, temos o hábito
extremista, a semelhança da igreja de Corinto, de valorizarmos mais os dons
espirituais do que o fruto do Espírito Santo. Talvez alguém questione: “O porquê disto?” O Pr. Osiel Gomes,
comentarista do trimestre, responde essa indagação apontando-nos o caminho
certo a ser seguido: “Historicamente,
sabemos que na promoção de muitos avivamentos alguns começaram a dar mais
ênfase aos dons do que as virtudes, todavia, se cada cristão realmente seguir a
Palavra de Deus, com certeza terá equilíbrio nesse ponto”.
Portanto, não
devemos sobrepor um em detrimento do outro, pois, enquanto o fruto é a
manifestação das virtudes de Deus na vida do crente, transmitindo a este toda a
plenitude de Deus, conforme o grau de entrega desse crente como servo do Senhor
(Ef 3.16-19). Os dons, por sua vez, são outorgas especiais de poder divino com
o intuito de realizarmos a obra do Senhor (1 Co 12-14). Por isso, nem os dons
devem ser exercidos sem o fruto, nem o fruto deve ser valorizado a ponto de se
extinguir os dons (1 Co 13.3; 14.1; 1 Ts 5.19-20). Percebe-se, então, que tanto
o fruto quanto os dons do Espírito se completam. Vejamos, pois, o quadro
abaixo:
DONS DO ESPÍRITO
|
FRUTO DO ESPÍRITO
|
Habilita
a saber, falar e agir com poder
|
Habilita
a falar, agir e ser como Cristo
|
Devem
ser exercidos com o fruto
|
Disciplina
o uso dos dons
|
Atestam
o recebimento do batismo no Espírito
|
Evidenciam
a habitação do Espírito no crente
|
Não
transforma o caráter à semelhança de Cristo
|
Transforma
o caráter à semelhança de Cristo
|
III. O FRUTO DO
ESPÍRITO E O CARÁTER CRISTÃO
Após compreendermos
a relação entre os dons espirituais e o fruto do Espírito, estaremos mais
abertos para entendermos também a relação entre o fruto do Espírito e o caráter
cristão. O termo “caráter” do grego “kharacktér” significa “marca;
sinal de distinção”. O caráter é o conjunto das qualidades boas ou más
de uma pessoa que determina sua contunda em relação a Deus, a si mesma e ao
próximo. Segundo o Pr. Claudionor de Andrade, “o caráter é a natureza básica do ser humano que o torna responsável por
seus atos tanto diante de Deus como diante de seus semelhantes. O caráter moral
tem como ressonância elementar a consciência que, como a voz secreta que temos na
alma, aprova ou desaprova as ações”. Por isso, o caráter pode ter aspectos
positivos ou negativos como descritos abaixo:
ASPECTOS DO CARÁTER
|
|
POSITIVO
|
NEGATIVO
|
Santo
|
Iníquo
|
Justo
|
Injusto
|
Honesto
|
Desonesto
|
Submisso
|
Rebelde
|
Humilde
|
Soberbo
|
Verdadeiro
|
Mentiroso
|
Todavia, ao
aceitar a Cristo como Salvador, o homem recebe da parte de Deus um novo caráter
(2 Co 5.17). O Espírito Santo, por meio de suas ministrações (Rm 8.1-17; Gl
5.22-26), aperfeiçoa-o gradualmente (2 Co3.18; 1 Pe 1.2). Assim, o Espírito de
Cristo passa a controla-lo por completo, de modo que suas ações passam a ser
moldadas por Ele (Rm 8.5-11). Uma vez que a imagem perdida no Éden fora
restaurada, o homem passa a experimentar e demonstrar uma vida de integridade (Gn
3.11-13; Rm 5.12; 1 Co 15.22,45; Ef 4.23,24). Eis aí, o porquê, da necessidade
do fruto do Espírito em nossas vidas! Compreende-se, então, que o fruto do
Espírito é uma graça extraordinária comunicada ao crente por meio do Consolador
a fim de que ele tenha uma semelhante qualidade moral e a integridade de Cristo
(Ef 4.24; 1 Co 1.30). Portanto, o fruto é a expressão do caráter de Cristo na
vida do crente! Vale lembrar que o caráter de uma pessoa não apenas define quem
ela é, mas também descreve seu estado moral e a distingue das demais de seu
grupo (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).
Em Mateus 7.15-23, deparamo-nos com declarações
notáveis, proferidas pelo Mestre, acerca da importância do caráter. Assim como
nós, os falsos profetas são reconhecidos pelo tipo de fruto que produzem (Mt
7.16-19). Jesus acrescentou que algumas pessoas fariam muitas maravilhas,
expulsariam demônios em seu nome, porém, Ele jamais as conheceria (Mt 7.22,23).
Como é possível? A resposta é encontrada em 2 Tessalonicenses 2.9. Este trecho
bíblico comprova ser possível Satanás imitar milagres e dons do Espírito.
Contudo, o fruto do Espírito é a marca daqueles que possuem comunhão com o
Senhor (Mt 7.17,18; 1Jo 4.8), e jamais poderá ser imitado
IV. A
VIDA CONTROLADA PELO ESPÍRITO
Em João 15.1,2, o Senhor Jesus diz: “Eu
sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo o ramo em mim que não
dá fruto ele o corta, e todo ramo que produz fruto ele o poda, para que produza
mais fruto ainda” Neste ensinamento o Senhor, ao usar a metáfora da
videira, nos revela a necessidade de um relacionamento intimo e vital entre ele
e seu discípulo (o crente), a fim de que este tenha a condição básica para produzir
fruto mediante a ação do Espírito em sua vida. O versículo cinco torna mais
nítida essa verdade ao afirmar que “Sem mim nada podeis fazer” (Jo
15.5). Assim, vejamos o que acontece com aquele que tem a vida controlada pelo
Espírito:
3.1 Uma vida frutífera.
Quando o crente não se submete ao Espírito Santo, cede
aos desejos da natureza pecaminosa. Mas, ao permitir que Ele controle sua vida,
torna-se um solo fértil, onde o fruto é produzido. Mediante o Espírito,
conseguimos vencer os desejos da carne e viver uma vida frutífera. Para mostrar
o quanto é acentuado o contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito,
o escritor aos Gálatas alistou-os no mesmo capítulo (Gl 5). Desde que o
Espírito Santo dirija e influencie o crente, o fruto se manifestará
naturalmente nele (Rm 8.5-10). Da mesma maneira acontece ao ímpio, cuja
natureza pecaminosa é quem o governa e a Palavra de Deus é absoluta ao declarar
que: “os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.21b).
Estas obras da carne são características dos que vivem em pecado (Rm 7.20).
3.2 Uma vida com maturidade e equilíbrio.
A Palavra de Deus afirma que o crente é recompensado
ao dar toda a liberdade ao Espírito Santo para produzir, em seu interior, as
qualidades de Cristo. O capítulo 1 de 2 Pedro trata da necessidade de o crente
desenvolver as dimensões espirituais da vida cristã. Com este crescimento, vem
a maturidade e a estabilidade fundamentais para uma vida vitoriosa sobre a
natureza velha e pecaminosa do homem (2 Pe 1.10b.11). Por isso, lembramos que
este amadurecimento não se adquire com o exercício dos dons ou mesmo pelo tempo
de conversão (1 Co 14.20; 12.1; 3.1). Nem mesmo em fazer parte de uma igreja há
vários anos (Hb 5.12).
V. OS
PROPÓSITOS DA FRUTIFICAÇÃO ESPIRITUAL
A terceira pessoa da Santíssima Trindade chama-se
Espírito Santo. Assim, em seu próprio nome, é notório o seu principal propósito
na vida do crente – a santificação (2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2). No entanto, embora a
santificação seja o principal propósito do Espírito, contudo, não é o único.
Por isso, vejamos a seguir, os demais propósitos do Espírito:
1. Expressar o caráter de Cristo.
Todo fruto revela sua árvore de origem (Gn 1.11), e da
mesma maneira, como membros do corpo de Cristo, devemos refletir naturalmente o
seu caráter para que o mundo o veja em nós. Quando as pessoas tomam
conhecimento de nossa confissão cristã, podemos vir a ser a única “bíblia” que
muitas delas “lerão”. O fruto do Espírito mostra que somos pessoas diferentes
em todo o nosso padrão de vida, tais como: modo de viver, agir, pensar, etc. O
fruto do Espírito dá resultado de uma transformação total de vida (Fp 4.8,9; Mt
12.33; Rm 12.2).
2. Evidenciar o discipulado.
Jesus ensinou que devemos dar “muito fruto” a fim de
confirmarmos que somos seus discípulos (Jo 15.8). Ele ressaltou que todo
discípulo bem instruído será como o seu mestre (Lc 6.40). Isto significa que
não é o bastante aceitar Jesus. Ele deseja que produzamos muito fruto. Se assim fizermos, estaremos demonstrando que
verdadeiramente somos seus discípulos.
3. Abençoar ao
próximo e Glorificar a Deus (Jo 15.8).
A manifestação do fruto abençoa os ímpios que nos
cercam e também os crentes que vêem a evidência do fruto espiritual em nós. O
apóstolo Paulo enfatizando esta verdade, diz: “Abençoai aos que vos
perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis” (Rm 12.14). E também: “Se
for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”
(Rm 12.18). Ora, o fruto do Espírito é o resultado de uma vida abundante em
Cristo. Quando permitimos que a imagem dEle seja refletida em nós, as pessoas
glorificam a Deus (Mt 5.16).
CONCLUSÃO
Se entregarmos todo o controle de nossa vida ao
Espírito Santo, Ele, infalivelmente, vai produzir o seu fruto em nós através de
uma ação contínua e abundante. Como cristão, tudo que concerne ao caráter
santificado, ou seja, a nossa semelhança com Cristo, é obra do Santo Espírito “até
que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19).
REFERÊNCIAS
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CPAD.
ARRINGTON, F. L.;
STRONSTAD, R. Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
PFEIFFER, F.
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Claudionor de. Dicionário Teológico.
CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
GILBERTO, Antônio.
Lições Bíblicas. (1º trimestre/2004).
CPAD.
GILBERTO,
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trimestre/2005). CPAD.
SILVA, Eliezer de
Lira e. Lições Bíblicas. (3º
trimestre/2007). CPAD.
Por Amigo da EBD.
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