Jo 16.20-24
INTRODUÇÃO
Na lição
de hoje, falaremos sobre a alegria - uma das virtudes do fruto do Espírito contrastando
com a inveja como obra da carne; iniciaremos trazendo a definição da palavra
alegria; destacaremos quais os seus aspectos; e, quais os resultados desta
virtude na vida do crente. Veremos também o significado da palavra inveja;
quais os efeitos desta obra da carne; e, por fim, quais os contrastes entre a
inveja e a alegria.
I. DEFINIÇÃO DE ALEGRIA
De acordo com o
Dicionário Exegético Vine (2002, p. 385) a palavra equivalente para alegria no
grego é “chará” que significa: “gozo, deleite, prazer, alegria” (Mc
4.16; At 12.14; Fp 2.29). Também no texto grego aparece a palavra “agalliasis”
indica uma alegria mais exultante e diz respeito a: “exultação, alegria exuberante”
(Lc 1.14,44; At 2.6; Hb 1.9; Jd 24). Existe ainda a expressão grega “euphrainô”
que fala sobre: “alegrar, ficar contente, estar feliz, regozijar-se, tornar-se alegre”
(Lc 12.19; 15.23,24,29,32). A alegria é a segunda virtude que está classificada
entre as que o Espírito produz em nós em relação a Deus “Mas o fruto do
Espírito é: amor, gozo [...]” (Gl 5.22a). A fonte da alegria do cristão é
Cristo (Fp 3.1). Ele a concede aos seus seguidores (Jo 15.11) pelo Espírito (Rm
14.17; I Ts 1.6). A alegria e o Espírito Santo andam juntos (Sl 16.11; At
13.52; I Ts 1.6).
II. CARACTERÍSTICA DA ALEGRIA COMO FRUTO DO ESPÍRITO
2.1 Alegria
espiritual.
A alegria do Espírito contrasta com a
alegria natural. Portanto, é uma alegria decorrente das coisas espirituais, não
materiais. A Bíblia mostra que essa alegria é:
(a) fruto da salvação (Sl 51.12; Is
12.3; 61.10; Lc 1.47);
(b) da esperança da ressurreição (Sl
16.9);
(c) de possuir o nome escrito no Livro
da Vida (Lc 10.20);
(d) por sofrer pelo nome de Cristo (I Pe
4.13);
(e) pelo retorno de Cristo (Ap 19.7).
Beacon (2006, p. 75) afirma que “a alegria é a manifestação externa da paz
interna”.
2.2 Alegria
constante.
Diferente da alegria
natural, a alegria como fruto do Espírito é permanente, duradoura, não
circunstancial. Jesus disse isso aos seus discípulos: “[...] vossa
alegria ninguém vo-la tirará” (Jo 16.20-22). O apóstolo Paulo que
enfrentou diversas dificuldades durante o exercício do seu ministério
asseverou: “como contristados, mas sempre alegres” (II Co 6.10). Por isso,
mesmo tendo sido açoitado e aprisionado junto com Silas em Filipos, o apóstolo
orava e louvava ao Senhor (At 16.22-25). Estando também encarcerado em Roma,
Paulo exortou aos cristãos filipenses: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez
digo, regozijai-vos” (Fp 4.4). Paulo estava cheio de alegria por saber
que, a despeito daquilo que lhe viesse acontecer, Jesus Cristo estava ao seu
lado (Fp 4.11-13).
2.3 Alegria
abundante.
A alegria como fruto
além de ser espiritual e constante é também abundante. O Espírito Santo produz
alegria abundante no coração do salvo. No livro dos Atos dos Apóstolos, vemos
Lucas descrevendo que os convertidos gentios alegram-se grandemente (At 13.52),
a mesma intensidade de alegria sentiram os que ouviram a notícia da conversão
dos gentios (At 15.3). Paulo diz que os cristãos da Macedônia: “no meio de muita
prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria” (II Co 8.2). Isto se
deu quando os macedônios desejaram contribuir na assistência aos santos de
Jerusalém (II Co 8.3-5).
III. DEFINIÇÃO DO TERMO INVEJA
Segundo Champlin
(2004, p. 355), a palavra portuguesa “inveja” vem do latim, “invidere”, que
significa “em” (contra) e “olhar para”, ou seja, olhar para alguém com maus
olhos, de modo contrário, com base no ódio sentido contra esse alguém. O
Dicionário Vine a define como sendo: "um princípio ativo de hostilidade dirigido
maliciosamente a outra pessoa". Inveja é um misto de ódio,
desgosto e pesar pelo bem e felicidade de outrem; é o desejo violento de
possuir o bem do próximo. No hebraico a palavra “qinah” significa “inveja”.
Essa expressão é aplicada por quarenta e duas vezes no AT (Jó 5.2; Pv 14.30; Ec
4.4; Is 11.13; Ez 35.11). No grego é a palavra “phithónos”. Esse vocábulo
ocorre por nove vezes (Mt 27.18; Mc 15.10; Rm 1.29; Gl 5.21; Fl 1.15; 1Tm 6.4;
Tt 3.3; Tg 4.5; 1 Pe 2.1).
IV. OS EFEITOS DA INVEJA
Nos Dez Mandamentos,
a Bíblia usa o termo "cobiçar", que é um sinônimo para
"invejar" (Êx 20.17). Deus elencou a inveja como um dos pecados mais
graves por saber do seu efeito destrutivo (Dt 5.21). A inveja está entre as
obras da carne que atingem o nosso próximo (Gl 5.22). Segundo Champlin, (2004,
p. 355) "a inveja é uma das maiores demonstrações de mesquinharia humana,
causada pela queda no pecado. Os invejosos chegam a fazer campanhas de
perseguição contra suas vítimas, as quais, na maioria das vezes, não têm
qualquer culpa por haverem despertado tal sentimento nos invejosos. Essa é uma
tentativa distorcida para compensar pelo fracasso, glorificando ao próprio
"eu" e procurando enxovalhar a pessoa invejada". Analisemos
alguns efeitos destruidores deste maligno sentimento:
4.1 A inveja pode
adoecer.
A respeito da inveja,
o escritor de Provérbios nos faz diversas exortações (Pv 3.31; 24.1,19; 27.4).
A mais severa dela nos diz que: "a inveja é podridão para os ossos"
(Pv 14.30). Dentre as muitas atribuições dos ossos, uma delas é a de
sustentação do corpo. Quando o proverbista afirma que a inveja é a "podridão
dos ossos" significa que ela é uma espécie de câncer que começa
sutilmente destruindo o homem por dentro. Segundo Aurélio (2004, p. 165), o
verbo "apodrecer" quer dizer: "putrefazer", palavra
geralmente usada para descrever um corpo morto em estado de decomposição.
Portanto, a inveja é um sentimento nocivo que faz mal principalmente aquele que
o abriga em seu coração.
4.2 A inveja pode
matar.
Caim foi a primeira
pessoa descrita na Bíblia que foi atingida pela inveja e por suas
consequências. O homicídio cometido por ele nasceu deste sentimento que nutria
por seu irmão Abel (Gn 3.4,5). Saul quando viu que Davi era melhor guerreiro
que ele, intentou algumas vezes matá-lo (I Sm 18.7-11). Os irmãos de José, por
muito pouco, não o executaram (Gn 37.11,18). Ainda assim o venderam para o
Egito e lá ele poderia ter morrido (Gn 37.28,28; 39.19-20). Jesus também foi
vítima da inveja dos grupos religiosos de sua época, que não satisfeitos com a
graça que Jesus tinha das multidões, eles procuraram matá-lo (Mt 27.18; Mc
15.10).
4.3 A inveja pode
impedir o homem de entrar no céu.
Dentre os muitos
males que a inveja pode causar, o pior deles é o de banir o homem para sempre
da presença de Deus. Na lista de vícios elencados por Paulo em Gálatas 5.22, a
inveja está entre aqueles que o apóstolo diz: "os que cometem tais coisas não
herdarão o reino de Deus" (Gl 5.21). Evidentemente que Paulo está
falando para aqueles que vivem na prática deste pecado e não estão dispostos a
arrepender-se e abandoná-lo.
V. O CONTRASTE ENTRE A
INVEJA E A ALEGRIA
INVEJA
|
ALEGRIA
|
Obra da
carne (Gl 5.21)
|
Fruto
do Espírito (Gl 5.20)
|
Tem
origem em Satanás (Is 14.12-15; Ez 28.12-19)
|
Tem
origem em Deus (Sl 16.11; Hb 1.9)
|
Se
entristece com a alegria alheia (Gn 26.14)
|
Alegra-se
com os que se alegram (Rm 12.15)
|
Adoece
(Pv 14.30; Sl 73.21)
|
É
teurapêutica (Pv 17.22)
|
Reclama
pelo que não tem (I Sm 8.5,6; Sl 73.1-20)
|
Agradece
pelo que tem (Fp 4.11-13)
|
Pode
levar a morte (Rm 1.32; Gl 5.21-a)
|
Leva à
vida (Rm 14.17)
|
É
temporária (I Jo 2.16)
|
É
permanente (Jo 16.22; Jd 1.24)
|
VI. RESULTADOS
DA ALEGRIA
6.1 Um
rosto radiante.
O
proverbista nos diz que: “o coração alegre aformoseia o rosto
[...]” (Pv 15.13). Isto significa dizer que os sentimentos interiores da
pessoa são expressos no rosto ou pelas atitudes. O cristão cheio de alegria do
Senhor exibirá e comunicará essa alegria na aparência exterior. Beacon (2006,
p. 75) diz que “o cristão basicamente infeliz é uma contradição. O Reino de
Deus é caracterizado por alegria, junto com justiça e paz” (Rm 14.17).
6.2 Um
cântico de louvor.
Quando o
Espírito Santo produz no crente a virtude da alegria, seu coração se enche de
gratidão e sua boca de intenso louvor (Sl 45.1; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13).
Zacarias louvou a Deus pelo cumprimento da promessa de Deus em sua vida (Lc
1.64-79); Maria alegrou-se pelo fato de ter sido escolhida para ser a mãe do
Salvador e agradeceu com cântico (Lc 2.46-55); Simeão e Ana louvaram a Deus
pela vinda do Messias (Lc 2.29-32).
6.3 A
força divina.
As
tribulações da vida tendem a nos trazer desânimo e tristeza (Jo 16.33), no
entanto, a alegria como fruto do Espírito traz ânimo e renova as forças do
crente (Ne 8.10). Quando Jesus anunciou aos seus discípulos que iria deixá-los
a reação foi de imensa tristeza (Jo 16.16-20). No entanto, Ele prometeu que o
Pai enviaria outro Consolador e não o deixaria órfãos (Jo 14.16). A palavra
"Consolador" ("parácleto",
no grego) significa alguém chamado para ficar ao lado de outrem, com o
propósito de ajudá-lo em qualquer eventualidade. Ele nos assiste nas nossas
fraquezas (Rm 8.26).
CONCLUSÃO
Como
cristãos, devemos diariamente nos despir das práticas pertencentes a velha vida
e nos vestirmos da nova vida, do novo homem, criado em justiça e santidade.
Evitemos a inveja e conservemos a alegria do Espírito que é espiritual, constante
e abundante.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário