Lv 13.1-6
INTRODUÇÃO
A presente lição
falará sobre o sacerdote, uma importante figura do AT; pontuaremos
detalhadamente suas múltiplas tarefas; veremos que o sacerdote levítico é uma
figura do ministério pastoral na função de liderança e das atribuições que lhe
foram dadas por Deus.
I. QUEM ERA O
SACERDOTE
Em português,
sacerdote vem do latim “sacer” significando: “sagrado,
consagrado” (CHAMPLIN, 2004, p. 13). Eram os descendentes diretos de
Arão (Êx 6.14-27; 28.1-3; 32.26-28) que, normalmente, desempenhavam o ofício
superior do sacerdócio. Os sacerdotes eram ordenados a seu ofício e às suas
funções mediante um elaborado ritual de consagração (Êx 29; Lv 8). Era preciso
ser homem sem defeito físico (Lv 21.16-21). Devia casar-se com uma mulher de
caráter exemplar e que não fosse divorciada nem viúva, mas virgem (Lv 21.7;
14). Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar coisas imundas (Lv
21.1; 22.5). Eles usavam vestimentas especiais, em sinal de seu ofício, e cada
peça de seu vestuário ao que se presume, tinha significados simbólicos (Êx 29;
Lv 8). Eram sustentados mediante dízimos, primícias do campo, do primogênito
dos animais e porções de vários sacrifícios e não podiam ir a guerra (Nm
1.47-57; 18.10-13).
II. AS MÚLTIPLAS
TAREFAS DO SACERDOTE LEVÍTICO
O sacerdote
levítico tinha diversas funções. Vejamos algumas:
1. Função docente.
A função
original de um sacerdote era dar instruções por inspiração divina (Ne 8.1-8; Ez
44.23). Ele devia ensinar com a Lei: “A lei da verdade esteve na sua boca”;
com a sua própria vida: “e a iniquidade não se achou nos seus lábios;
andou comigo em paz e em retidão”; e, conduzir o povo no caminho do
Senhor: “e da iniquidade converteu a muitos” (Ml 2.6). As pessoas
deveriam buscar o conhecimento da Lei, pela boca do sacerdote “porque
ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos” (Ml 2.7). Em seus dias, o
rei Josafá, restituiu aos sacerdotes e levitas a função docente de ensinar ao
povo a Lei do Senhor (2 Cr 15.3-6; 17.8-9).
2. Função cerimonial.
Eles queimavam o
incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo (Êx 30.7), o que era mesmo um
símbolo das funções sacerdotais. Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a
cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da proposição a cada sábado (Êx
27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos
holocaustos (Lv 6.9,12); limpavam as cinzas desse altar (Lv 6.10,11); ofereciam
sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44); abençoavam o povo após os
sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27); aspergiam o sangue e depositavam
sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de
prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais (Lv 25.9).
3. Função clínica.
Inspecionavam os
imundos quanto à lepra (Lv 13 e 14). Era dever do sacerdote constatar a
presença da lepra e dar instruções relativas ao tratamento da impureza. Esta
seção apresenta informação sobre a forma de o sacerdote identificar a lepra no
corpo humano (Lv 13.1-46), numa peça de roupa (Lv 13.47-59) e até em uma casa
(Lv 14.33-48). Pelo visto, a lepra na roupa era um tipo de mofo ou fungo. Se o
sacerdote diagnosticasse prontamente que o caso é lepra, o indivíduo é de
imediato declarado imundo (Lv 13.3). Se o sacerdote tem dúvidas, ele fecha o indivíduo
por sete dias (Lv 13.4). Se a praga não se espalhasse nos sete dias, o
indivíduo ficaria fechado por outros sete dias (Lv 13.5). Se a doença não se
espalhasse, o sacerdote o declararia limpo. O homem lavaria as suas vestes e
seria limpo (Lv 13.6). Se a pústula na pele se estendesse grandemente, o
sacerdote o declararia leproso (Lv 13.7,8). Se houvesse alguma vivificação da
carne viva, o sacerdote o declararia leproso (Lv 13.10,11). Tornando a carne
viva e mudando-se em branca, ou se a praga se tornasse branca, seria declarado
limpo (Lv 13.16,17). Quando curou o leproso, Jesus ordenou-lhe que se
apresentasse ao sacerdote (Mt 8.1-4) orientando a cumprir a exigência de
Levítico (Lv 14.3,10).
4. Função cível.
Administravam o
juramento que uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Nm
5.15-31). A questão aqui não se tratava de adultério comprovado, pois leis
concernentes a esta condição eram claras e prescreviam a pena de morte (Lv
20.10). Este regulamento relacionava-se com situações em que não se podia
comprovar a infidelidade (Nm 5.13,29) ou em que a conduta da esposa despertava
suspeitas (Nm 5.14). O sacerdote não poderia julgar precipitadamente, mas
orientado por Deus procurar a solução para este problema (Nm 5.16).
5. Função penal.
O sacerdote agia
como juiz, uma consequência de suas respostas a questões legais (Êx 28.30).
Agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto
aos casos apresentados (Dt 17.8-12; 19.14-19). Os sacerdotes eram reconhecidos
como os principais servidores judiciais: “Então se achegarão os sacerdotes, filhos de
Levi; pois o SENHOR teu Deus os escolheu para o servirem, e para abençoarem em
nome do SENHOR; e pela sua palavra se decidirá toda a demanda e todo o
ferimento” (Dt 21.5).
6. Função mediadora.
O sacerdote
tinha como função principal representar o homem diante de Deus,
com dons e sacrifícios (Êx 28.38; 30.8; Hb 5.1; 8;3). Isto ele fazia
continuamente por meio dos sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44), e
no Dia da Expiação (Lv 16.1-34; Nm 29.7-11). Ele também representava Deus diante do povo,
quando este queria consultar ao Senhor, deveriam ir ao sacerdote que usando
Urim e Tumim lhes fazia saber a vontade divina (Nm 27.21; Dt 33.8). Esses
objetos eram pequenos seixos, guardados no peitoral das vestes sumo sacerdotais
de Israel. Um deles indicava “sim”, e o outro, “não”.
Ao que se presume, o sumo sacerdote metia a mão no peitoral, e tirava uma das
pedras. Isso determinava o “sim”, e outro, “não” a qualquer pergunta
importante que se fizesse (Êx 28.30; Nm 27.21; Lv 8.8; Dt 33.8; 1Sm 28.6; Ed
2.63; Ne 7.65) (CHAMPLIN, 2004, p. 271).
III. O SACERDOTE
LEVÍTICO UMA FIGURA DO MINISTÉRIO PASTORAL
No hebraico a
palavra pastor é “raah”, e aparece por setenta e sete vezes de maneira “figurada”
apontando para os líderes de Israel inclusive o próprio Deus (Gn 49.24; Êx
2.17,19; Nm 27.17; 1 Sm 17.40; Sl 23.1; Is 13.20; Jr 6.3; 23.4; 25.34-36;
31.10; Ez 34.2-10,12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3; 11.3,5,8,15,16; 13.7)
(CHAMPLIN, 2004, p. 104). Muitas passagens, no AT, se referem aos líderes do
povo de Deus como pastores que agem sob a supervisão de Deus (Nm 27.17; 1 Rs
22.17). No NT, o pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do
rebanho. Assim como o sacerdote é “o anjo do Senhor” (Ml 2.7) para
Israel; o pastor é “o anjo da igreja” (Ap 2.1).
1. A necessidade de um pastor para a igreja.
Assim como era
necessário na Antiga Aliança um sacerdote sobre o povo de Israel, o pastor é
essencial ao propósito de Deus para sua igreja (At 20.28). O NT nos ensina que
embora a igreja seja chamada de “sacerdócio real” (1 Pe 1.5), dentre
o povo, Deus escolheu pessoas e lhes deu dons de liderança: “E ele
mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11). A igreja
que deixar de ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente
do Espírito (1 Tm 3.1- 7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de
Satanás e do mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os
padrões do evangelho serão abandonados (2 Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus
familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1 Tm 4.6,14-16;
6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2 Tm 4.4). Se,
por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as
palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da
piedade (1 Tm 4.6,7).
2. O pastor e as suas muitas atribuições.
Sua missão é
múltipla e polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como ensinador (2 Tm
4.2), conselheiro (2 Co 8.10), pregador (1 Co 2.2), evangelizador (Mt 28.19),
missionário (At 15.35), profeta (1 Tm 4.1), juiz de causas complexas (At
15.1-31), fazer às vezes de psicólogo, conciliador (Fp 4.2; Fl 1.10-19),
administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos humanos sob seus
cuidados, na igreja local (1 Co 4.1; Tt 1.3; Tt 1.5); é administrador de bens
materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja
local (1 Co 16.1-7; 2 Co 9.1-14). Algumas outras atribuições do pastor são:
a) Cuidar da sã
doutrina e refutar a heresia (Tt 1.9-11);
b) Ensinar a
Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1 Ts 5.12; 1 Tm 3.1-5);
c) Ser um
exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8); e,
d) Esforçar-se
no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17;
1Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade
apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres
que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho,
tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1 Pe 2.25; 5.2-4).
3. Os pastores mestres.
O ensino,
acompanhado do evangelismo, faz parte da original Grande Comissão de Cristo à
sua igreja (Mt 28.20). Tanto os apóstolos como os profetas eram mestres, e
nenhum pastor pode ser um verdadeiro pastor se não for apto para ensinar (1 Tm
3.2,11). É interessante destacar que a frase “pastores e mestres” em Efésios
4.11 no original grego não consta o artigo “e”, razão pela qual alguns supõem
que isso salienta uma única “categoria” - pastores e mestres seriam aspectos da
mesma função. Inferimos que o pastor também deve ser mestre, pois boa parte do
seu trabalho é o ensino (CHAMPLIN, 2005, p. 601 – grifo nosso).
CONCLUSÃO
Deus separou a
tribo de Levi para as tarefas no templo. E, dessa tribo separou a família de
Arão para exercer o sacerdócio, função esta que tinha diversas atribuições e
que prefigura o ministério pastoral no NT. Deus, por meio de Cristo,
providenciou pastores a fim de liderar, instruir e edificar a Sua igreja aqui
na terra.
REFERÊNCIAS
· CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
· ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo
Testamento. VIDA.
· HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
· HOWARD, R.E, et
al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
· RENOVATO,
Elinaldo. Dons espirituais e
ministeriais: servindo a Deus e aos homens com o poder extraordinário.
CPAD.
· STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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