sexta-feira, 20 de julho de 2018

LIÇÃO 04 – A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES







Lv 13.1-6




INTRODUÇÃO
A presente lição falará sobre o sacerdote, uma importante figura do AT; pontuaremos detalhadamente suas múltiplas tarefas; veremos que o sacerdote levítico é uma figura do ministério pastoral na função de liderança e das atribuições que lhe foram dadas por Deus.


I. QUEM ERA O SACERDOTE
Em português, sacerdote vem do latim “sacer” significando: “sagrado, consagrado” (CHAMPLIN, 2004, p. 13). Eram os descendentes diretos de Arão (Êx 6.14-27; 28.1-3; 32.26-28) que, normalmente, desempenhavam o ofício superior do sacerdócio. Os sacerdotes eram ordenados a seu ofício e às suas funções mediante um elaborado ritual de consagração (Êx 29; Lv 8). Era preciso ser homem sem defeito físico (Lv 21.16-21). Devia casar-se com uma mulher de caráter exemplar e que não fosse divorciada nem viúva, mas virgem (Lv 21.7; 14). Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar coisas imundas (Lv 21.1; 22.5). Eles usavam vestimentas especiais, em sinal de seu ofício, e cada peça de seu vestuário ao que se presume, tinha significados simbólicos (Êx 29; Lv 8). Eram sustentados mediante dízimos, primícias do campo, do primogênito dos animais e porções de vários sacrifícios e não podiam ir a guerra (Nm 1.47-57; 18.10-13).


II. AS MÚLTIPLAS TAREFAS DO SACERDOTE LEVÍTICO
O sacerdote levítico tinha diversas funções. Vejamos algumas:

1. Função docente.
A função original de um sacerdote era dar instruções por inspiração divina (Ne 8.1-8; Ez 44.23). Ele devia ensinar com a Lei: “A lei da verdade esteve na sua boca”; com a sua própria vida: “e a iniquidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão”; e, conduzir o povo no caminho do Senhor: “e da iniquidade converteu a muitos” (Ml 2.6). As pessoas deveriam buscar o conhecimento da Lei, pela boca do sacerdote “porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos” (Ml 2.7). Em seus dias, o rei Josafá, restituiu aos sacerdotes e levitas a função docente de ensinar ao povo a Lei do Senhor (2 Cr 15.3-6; 17.8-9).

2. Função cerimonial.
Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo (Êx 30.7), o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais. Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da proposição a cada sábado (Êx 27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lv 6.9,12); limpavam as cinzas desse altar (Lv 6.10,11); ofereciam sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44); abençoavam o povo após os sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27); aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais (Lv 25.9).

3. Função clínica.
Inspecionavam os imundos quanto à lepra (Lv 13 e 14). Era dever do sacerdote constatar a presença da lepra e dar instruções relativas ao tratamento da impureza. Esta seção apresenta informação sobre a forma de o sacerdote identificar a lepra no corpo humano (Lv 13.1-46), numa peça de roupa (Lv 13.47-59) e até em uma casa (Lv 14.33-48). Pelo visto, a lepra na roupa era um tipo de mofo ou fungo. Se o sacerdote diagnosticasse prontamente que o caso é lepra, o indivíduo é de imediato declarado imundo (Lv 13.3). Se o sacerdote tem dúvidas, ele fecha o indivíduo por sete dias (Lv 13.4). Se a praga não se espalhasse nos sete dias, o indivíduo ficaria fechado por outros sete dias (Lv 13.5). Se a doença não se espalhasse, o sacerdote o declararia limpo. O homem lavaria as suas vestes e seria limpo (Lv 13.6). Se a pústula na pele se estendesse grandemente, o sacerdote o declararia leproso (Lv 13.7,8). Se houvesse alguma vivificação da carne viva, o sacerdote o declararia leproso (Lv 13.10,11). Tornando a carne viva e mudando-se em branca, ou se a praga se tornasse branca, seria declarado limpo (Lv 13.16,17). Quando curou o leproso, Jesus ordenou-lhe que se apresentasse ao sacerdote (Mt 8.1-4) orientando a cumprir a exigência de Levítico (Lv 14.3,10).

4. Função cível.
Administravam o juramento que uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Nm 5.15-31). A questão aqui não se tratava de adultério comprovado, pois leis concernentes a esta condição eram claras e prescreviam a pena de morte (Lv 20.10). Este regulamento relacionava-se com situações em que não se podia comprovar a infidelidade (Nm 5.13,29) ou em que a conduta da esposa despertava suspeitas (Nm 5.14). O sacerdote não poderia julgar precipitadamente, mas orientado por Deus procurar a solução para este problema (Nm 5.16).

5. Função penal.
O sacerdote agia como juiz, uma consequência de suas respostas a questões legais (Êx 28.30). Agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto aos casos apresentados (Dt 17.8-12; 19.14-19). Os sacerdotes eram reconhecidos como os principais servidores judiciais: “Então se achegarão os sacerdotes, filhos de Levi; pois o SENHOR teu Deus os escolheu para o servirem, e para abençoarem em nome do SENHOR; e pela sua palavra se decidirá toda a demanda e todo o ferimento” (Dt 21.5).

6. Função mediadora.
O sacerdote tinha como função principal representar o homem diante de Deus, com dons e sacrifícios (Êx 28.38; 30.8; Hb 5.1; 8;3). Isto ele fazia continuamente por meio dos sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44), e no Dia da Expiação (Lv 16.1-34; Nm 29.7-11). Ele também representava Deus diante do povo, quando este queria consultar ao Senhor, deveriam ir ao sacerdote que usando Urim e Tumim lhes fazia saber a vontade divina (Nm 27.21; Dt 33.8). Esses objetos eram pequenos seixos, guardados no peitoral das vestes sumo sacerdotais de Israel. Um deles indicava “sim”, e o outro, “não”. Ao que se presume, o sumo sacerdote metia a mão no peitoral, e tirava uma das pedras. Isso determinava o “sim”, e outro, “não” a qualquer pergunta importante que se fizesse (Êx 28.30; Nm 27.21; Lv 8.8; Dt 33.8; 1Sm 28.6; Ed 2.63; Ne 7.65) (CHAMPLIN, 2004, p. 271).


III. O SACERDOTE LEVÍTICO UMA FIGURA DO MINISTÉRIO PASTORAL
No hebraico a palavra pastor é “raah”, e aparece por setenta e sete vezes de maneira “figurada” apontando para os líderes de Israel inclusive o próprio Deus (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm 27.17; 1 Sm 17.40; Sl 23.1; Is 13.20; Jr 6.3; 23.4; 25.34-36; 31.10; Ez 34.2-10,12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3; 11.3,5,8,15,16; 13.7) (CHAMPLIN, 2004, p. 104). Muitas passagens, no AT, se referem aos líderes do povo de Deus como pastores que agem sob a supervisão de Deus (Nm 27.17; 1 Rs 22.17). No NT, o pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. Assim como o sacerdote é “o anjo do Senhor” (Ml 2.7) para Israel; o pastor é “o anjo da igreja” (Ap 2.1).

1. A necessidade de um pastor para a igreja.
Assim como era necessário na Antiga Aliança um sacerdote sobre o povo de Israel, o pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja (At 20.28). O NT nos ensina que embora a igreja seja chamada de “sacerdócio real” (1 Pe 1.5), dentre o povo, Deus escolheu pessoas e lhes deu dons de liderança: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11). A igreja que deixar de ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito (1 Tm 3.1- 7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (2 Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1 Tm 4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2 Tm 4.4). Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da piedade (1 Tm 4.6,7).

2. O pastor e as suas muitas atribuições.
Sua missão é múltipla e polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como ensinador (2 Tm 4.2), conselheiro (2 Co 8.10), pregador (1 Co 2.2), evangelizador (Mt 28.19), missionário (At 15.35), profeta (1 Tm 4.1), juiz de causas complexas (At 15.1-31), fazer às vezes de psicólogo, conciliador (Fp 4.2; Fl 1.10-19), administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local (1 Co 4.1; Tt 1.3; Tt 1.5); é administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja local (1 Co 16.1-7; 2 Co 9.1-14). Algumas outras atribuições do pastor são:
a) Cuidar da sã doutrina e refutar a heresia (Tt 1.9-11);
b) Ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1 Ts 5.12; 1 Tm 3.1-5);
c) Ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8); e,
d) Esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1 Pe 2.25; 5.2-4).

3. Os pastores mestres.
O ensino, acompanhado do evangelismo, faz parte da original Grande Comissão de Cristo à sua igreja (Mt 28.20). Tanto os apóstolos como os profetas eram mestres, e nenhum pastor pode ser um verdadeiro pastor se não for apto para ensinar (1 Tm 3.2,11). É interessante destacar que a frase “pastores e mestres” em Efésios 4.11 no original grego não consta o artigo “e”, razão pela qual alguns supõem que isso salienta uma única “categoria” - pastores e mestres seriam aspectos da mesma função. Inferimos que o pastor também deve ser mestre, pois boa parte do seu trabalho é o ensino (CHAMPLIN, 2005, p. 601 – grifo nosso).


CONCLUSÃO
Deus separou a tribo de Levi para as tarefas no templo. E, dessa tribo separou a família de Arão para exercer o sacerdócio, função esta que tinha diversas atribuições e que prefigura o ministério pastoral no NT. Deus, por meio de Cristo, providenciou pastores a fim de liderar, instruir e edificar a Sua igreja aqui na terra.




REFERÊNCIAS
· CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento InterpretadoGênesis a Números. HAGNOS.
· ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
· HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
· HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
· RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais: servindo a Deus e aos homens com o poder extraordinário. CPAD.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.




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