Lv 8.1-13
INTRODUÇÃO
Nesta presente
lição veremos que Deus escolheu a tribo de Levi, para exercer o serviço sagrado
na Antiga Aliança; destacaremos também, fatos importantes relacionados a
consagração de Arão e seus filhos, para o ofício do culto levítico, e por fim,
descreveremos suas principais funções como ministros de Deus e a devida
aplicação para a vida cristã.
I.
A NOMEAÇÃO DA TRIBO DE LEVI PARA O MINISTÉRIO DO CULTO LEVÍTICO
De acordo com
Houaiss (2001, p. 1928) ministros são: “aqueles que executam os desígnios
de outrem; aqueles que, na religião exercem um ofício, uma função, como
administrar os sacramentos”. Os filhos de Levi antes de serem santificados
para o ministério levítico eram uma tribo secular; mas, foram separados pelo
Senhor para exercer as funções no Tabernáculo (Nm 1.50,51,53; 18.2-4,6; 1 Cr
15.2). Vejamos quais foram as funções que o Senhor delegou:
1. Levitas.
Por haverem sido resgatados da
morte na noite da Páscoa, os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus
(Êx 13.1,2), mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos
divinamente como substitutos dos filhos mais velhos de cada família (Nm 8.17-19;
ver 3.5-13). Deus separou para isto os três filhos de Levi: Gérson, Coate e
Merari (Nm 26.57).
2. Sacerdotes.
A palavra
sacerdote que no hebraico é “kohen”, e de acordo com Champlin
(2004, p.13), esse termo em português, vem do latim “sacer”, e
que quer dizer: “sagrado, consagrado”, e se refere ao ministro
divinamente designado na Antiga Aliança, cuja função principal era representar
o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8). Antes do êxodo, o chefe de cada
família ou o primogênito, desempenhava o papel de sacerdote familiar; mas, os
ritos do tabernáculo e a exigência de observá-los com exatidão tornaram
necessária a instituição de um sacerdócio dedicado ao culto divino. Para esta
importante função, Deus escolheu Arão e seus filhos (Êx 28.1). A vocação
sacerdotal era hereditária, de modo que os sacerdotes podiam transmitir a seus
filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e com as numerosas regras às
quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de manterem a pureza legal que lhes
permitisse aproximar-se de Deus (Nm 18.2,7,8).
3. Sumo
sacerdote.
O primeiro sumo
sacerdote escolhido por Deus em favor de Israel foi Arão (Hb 5.1-4). Ele era o
filho mais velho do levita Anrão e de Joquebede (Êx 6.20; Nm 26.59), e irmão de
Moisés e Miriã, sendo três anos mais velho que o Legislador (Êx 7.7). Sua
esposa era chamada Eliseba (Êx 6.23). Com ela Arão teve quatro filhos, Nadabe,
Abiú, Eleazar e Itamar (1 Cr 24.1). O sumo sacerdote era o principal entre os
sacerdotes. Em hebraico ele é chamado de “kohen gadol”, que quer
dizer: “grande sacerdote”. Somente ele entrava uma vez por ano no
Lugar Santíssimo para expiar os pecados da nação israelita, no Dia da Expiação
(Êx 30.10; Lv 16.34).
II.
A CERIMÔNIA DE CONSAGRAÇÃO SACERDOTAL
Três coisas
importantes ocorreram nesta consagração: sacrifícios de animais, purificação e
unção dos sacerdotes, como veremos a seguir:
1.
Os animais que foram sacrificados (Lv 8.2). Três animais
foram sacrificados durante a cerimônia de consagração:
· O novilho. Arão e seus
filhos colocaram as mãos sobre a cabeça do novilho que foi degolado à porta da
tenda, como oferta pelo pecado (Lv 8.14-17; cf. Êx 29.10-14). Esse sacrifício
purificava o sacerdote no caso de haver cometido algum pecado involuntário que
poderia desqualificá-lo para representar o povo diante de Deus (Lv 4.3-12). A
imposição de mãos apontava para a transferência dos pecados do sacerdote para o
novilho (Lv 4.4,15,24,29,33; 16.21,22). Este ato e oferta já apontavam para
o sacrifício substitutivo de Cristo (Is 53.5; Jo 1.29; Gl 3.13; Hb
13.11-13).
· O primeiro
carneiro. Esta
oferta simbolizava consagração total ao Senhor, e não um sacrifício pelo pecado
(Lv 8.18-21; cf. Êx 29.15-18). Arão e seus filhos impuseram as mãos sobre a
cabeça do carneiro, não para transferência de pecado, pois já foi realizada na
ocasião da morte do novilho (Êx 29.10-14), e sim, para oferecerem a si mesmo,
como oferta agradável ao Senhor (Lv 8.21). Depois que o animal foi degolado,
seu sangue foi espalhado sobre o altar, então ele foi partido e suas entranhas
e suas pernas lavadas (Êx 29.16,17; Lv 8.21). Esta lavagem apontava para a
pureza daquele que estava sendo representado, ou seja, Arão e seus filhos.
· O segundo
carneiro. Era
chamado de “carneiro da consagração” (Lv 8.22; cf. Êx 29.22). Neste
sacrifício, também teve imposição de mãos sobre o carneiro (Êx 29.19). Depois
que o carneiro foi degolado, o sangue foi colocado: a) sobre a ponta da
orelha direita de Arão e seus filhos, simbolizando que o sacerdote era alguém
que deveria estar preparado para ouvir tudo que o Senhor ordenasse, a fim de
cumprir suas ordens; b) sobre o dedo polegar da mão
direita. Tendo em vista que as mãos são instrumentos de ação, simbolizava que o
sacerdote deveria estar pronto a realizar tudo que Deus lhe ordenasse; e, c)
sobre o dedo polegar do pé direito, mostrando que o sacerdote deveria andar
pelos caminhos que o Senhor lhe ordenasse. O resto do sangue era espalhado
sobre o altar (Êx 29.19-23).
2. Arão e seus
filhos foram lavados com água (Lv 8.6).
Esta lavagem
cerimonial dos sacerdotes com água simbolizava a pureza que devia caracterizar
o serviço sacerdotal, bem como a Palavra de Deus, como fonte de purificação (Sl
119.9,11; Jo 13.10; 17.17). Como Deus é santo (Lv 11.44,45; 19.2; 20.7; Is
48.17; 1 Pe 1.16), os sacerdotes deveriam estar limpos tanto no ato da
consagração como no exercício do seu ofício (Êx 30.19-21). Caso contrário, eles
estariam impuros para cumprir suas obrigações diante do Senhor.
Semelhantemente, todos nós, como reino sacerdotal e nação santa (1 Pe 2.9), necessitamos
estar limpos, para nos achegar a Deus (Jo 15.3; 2 Co 7.1; Ef 5.26). O escritor
aos hebreus diz: “Cheguemonos com verdadeiro coração, em inteira certeza
de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com
água limpa” (Hb 10.22).
3. Arão e seus
filhos ungidos por Moisés (Lv 8.12,30).
No AT, reis e
sacerdotes recebiam a unção com óleo antes de exercerem suas respectivas
funções (Êx 28.41; Nm 35.25; 1 Sm 10.1; 12.3,5; 2 Sm 1.14,16; 1 Rs 1.39,46;
19.16). A unção de um sacerdote lhe conferia um ofício vitalício (Lv 7.3; 4.3;
8.12-30; 10.7). Além dos sacerdotes, o tabernáculo e seus utensílios também
foram ungidos (Êx 30.26-29; 40.9; Lv 8.10). O azeite simboliza o Espírito
Santo; pois, ninguém pode realizar um serviço espiritual para Deus, sem a unção
do Espírito. O próprio Jesus foi ungido pelo Espírito (Is 60.1-3; Lc 4.18,19;
Hb 1.9).
III.
ATIVIDADES DOS MINISTROS DO CULTO LEVÍTICO E SUA APLICAÇÃO NA VIDA CRISTÃ
Mais de um terço
das referências feitas aos sacerdotes do AT são encontradas no Pentateuco. Com aproximadamente
185 referências, o livro de Levítico pode, de forma muito acertada, ser
chamado de manual dos sacerdotes (WYCLIFFE, 2010, p. 1714 – grifo
nosso). Vejamos algumas das principais atividades dos ministros da Antiga Aliança:
1. Levitas.
No sentido mais
estrito, o termo levitas designa todos os descendentes de Levi que
ocuparam ofícios subordinados ao sacerdócio, a fim de distingui-los dos
descendentes de Arão, que eram os sacerdotes (Êx 6.25; Lv 25.32; Js 21.3,41.);
assim, destacamos que todos os sacerdotes eram levitas; mas nem todos os
levitas eram sacerdotes (Nm 8.24-26) (CHAMPLIN, 2004, p. 793). Todavia, em um
outro sentido, o termo levitas aponta para aquele segmento da tribo de Levi,
que foi separado para o serviço do santuário, e que atuava subordinado aos
sacerdotes (Nm 8.6; Ed 2.70; Jo 1.19). Os levitas eram portanto, ajudantes no
ministério sacerdotal (Nm 3.5-9). Suas obrigações eram as mais variadas,
algumas até manuais, como de limpeza, arranjo e arrumação no templo (Nm
4.1-19). Semelhantemente, o cristão como membro do corpo de Cristo, tem a sua
devida utilidade, desenvolvendo os mais variados trabalhos na obra do Senhor
(1Co 12.14-18), e ainda, que da mesma forma que Israel sendo chamado por Deus
de reino sacerdotal (Êx 19.6); mas, dentre os hebreus separou uma tribo para
exercer o sacerdócio, a Igreja também é chamada de sacerdócio real (1Pd 2.9), e
que dentre os crentes o Senhor separou uns para a obra do ministério (Ef
4.11,12).
2. Sacerdotes.
Os sacerdotes
deviam queimar incenso, cuidar do castiçal e da mesa dos pães da proposição,
oferecer sacrifícios no altar e abençoar o povo (Nm 5.5-31); bem como ensinavam
a Lei de Deus (Lv 10.11; Ne 8.7,8; Ez 44.23). Eles ministravam sobretudo, como
mediadores entre o povo e Deus (Êx 12.12,29,30), fazendo expiação pelos seus
próprios pecados e pelo pecado da nação (Êx 29.33; Hb 9.7,8). Essas muitas
atribuições apontavam para a pessoa e obra de Cristo (Hb 2.17,18; 4.14-16;
5.1-4; 7.11), como também, por meio dele, todo crente é constituído sacerdote
para o serviço de Deus (1Pd 2.9; Ap 1.6; 5.10; 20.6). Esse sacerdócio de todos
os crentes abrange o seguinte: a) todos os crentes têm acesso direto a
Deus, através de Cristo (Jo 14.6; At 4.12; Ef 2.18); b) todos os crentes
têm a obrigação de viver uma vida santa (1Pe 1.14-17; 2.5,9); c) todos
os crentes devem oferecer “sacrifícios espirituais” a Deus (Cl 3.16; Hb 13.15;
1 Pe 2.5); d) todos os crentes devem interceder e orar uns pelos outros
(Cl 4.12; 1 Tm 2.1; Ap 8.3); e, e) todos os crentes devem proclamar a
Palavra e orar pelo bom andamento dela (At 4.31; 1 Co 14.26; 2 Ts 3.1).
3. Sumo
sacerdote.
O sumo sacerdote
estava encarregado de certos deveres especiais, que só ele podia cumprir, como oficiar
no dia da expiação, entrando no Santo dos Santos com esse propósito uma vez no
ano: “[…] só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que
oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo” (Hb 9.7). Também estava
obrigado a observar regras, acima dos israelitas comuns (Lv 22.8); como também,
oferecia sacrifícios pelos pecados de ignorância do povo (Lv 22.12-16). No NT
todos os crentes, têm acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo Sacerdote,
Jesus Cristo (Hb 8.1). Visto haver acesso pessoal a Deus, por meio de Cristo,
não há necessidade da intermediação de nenhuma casta sacerdotal (Hb 10.19-22).
CONCLUSÃO
O Senhor nomeou
Arão e seus descendentes para exercerem o sacerdócio, o que na verdade é uma
figura do eterno e perfeito sacerdócio de Cristo, o qual através do seu
sacrifício nos abriu o caminho de acesso a Deus tornando cada salvo um sacerdote.
REFERÊNCIAS
ü CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ü HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü WYCLIFFE.
Dicionário Bíblico. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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