Lv 10.1-11
INTRODUÇÃO
Arão e seus
filhos foram separados para o sacerdócio. No entanto, apesar de tamanho
privilégio, Nadabe e Abiú cometeram grande pecado contra Deus desonrando-o no
exercício do ministério sacerdotal, e, por causa desta atitude profana, eles
foram punidos com a morte. Esta história serve como advertência para a igreja
nos dias atuais.
I. ARÃO E SEUS
FILHOS FORAM CHAMADOS PARA O SACERDÓCIO
Arão e seus
quatro filhos foram separados para o ministério sacerdotal (Êx 28.1). O
sacerdócio era uma instituição divina (Hb 5.4a); uma grande honra dada por Deus
ao homem (Hb 5.4); e, uma grande responsabilidade (Lv 8.35). Abaixo
destacaremos alguns detalhes sobre os dois primeiros filhos de Arão. Vejamos:
1. Quem foi Nadabe.
Este foi o filho
primogênito de Arão com sua esposa Eliseba (Êx 6.23; Nm 26.60). Seu nome no
hebraico significa: “disposto”. Foi chamado para o
sacerdócio (Êx 28.1). Teve o privilégio de junto com os anciãos contemplar a
glória de Deus (Êx 24.1-9).
2. Quem foi Abiú.
Este foi o
segundo filho de Arão com sua esposa (Êx 6.23; Nm 3.2; 1 Cr 6.3; 24.1). Seu
nome no hebraico significa: “Deus é Pai”. Foi chamado para o
sacerdócio (Êx 28.1). Também teve o privilégio de junto com os anciãos
contemplar a glória do Deus de Israel (Êx 24.1-9).
II. O PECADO DE
NADABE E ABIÚ
Logo após a
consagração de Arão e seus filhos para o sacerdócio (Lv 8.1-36), oito dias
depois eles contemplaram a glória de Deus (Lv 9.1-24). No entanto, logo em
seguida os filhos de Arão: Nadabe e Abiú cometeram um pecado contra Deus (Lv
10.1-7). Eles “ofereceram fogo estranho perante o SENHOR” (Lv 10.1b). Há
vários elementos neste procedimento que violavam todas as instruções para o
sacrifício que Moisés recebeu da parte de Deus. Vejamos:
1.
Um pecado de ordem litúrgica.
O culto levítico
tinha uma liturgia devidamente orientada por Deus. O sacerdote devia comparecer
perante o Senhor no tempo aprazado, pela manhã e a tarde, para oferecer incenso
(Êx 30.7); apenas um ministro e não dois de uma vez (Êx 30.7; Lc 1.8,9). Nadabe
e Abiú erraram porque foram juntos (Lv 10.1).
2.
Um pecado de ordem cúltica.
O sacerdote
havia sido ordenado a queimar o incenso com brasas tiradas do altar de bronze
(Lv 9.24; 16.12), porém Nadabe e Abiú forneceram fogo de outra fonte, e Deus o
rejeitou (Lv 10.1). A expressão para “fogo estranho”, no hebraico “esh
zarah” significa: “fogo estrangeiro”. Talvez uma
possível alusão a um fogo externo que não procedia do altar e que não tinha
sido aceso por Deus (Lv 9.24). Portanto, era um fogo não santo, de origem não
celestial. Estes sacerdotes também tinha sido advertidos de não oferecem um
incenso estranho, ou seja, que não tivesse os ingredientes exigidos por Deus
(Êx 30.9,34-38).
3.
Um pecado de ordem moral.
Em seguida da
punição dada aos sacerdotes Nadabe e Abiú, o registro bíblico nos mostra uma
advertência de Moisés para aos sacerdotes quanto a uso do vinho, dando a
entender que estes filhos de Arão procederam de forma equivocada no culto a
Deus, porque estavam sob a influência do álcool (Lv 10.8-11). Eles não
santificaram ao Senhor com o seu procedimento e por isso foram punidos com a
morte (Lv 10.2,3).
III. A MORTE DE
NADABE E ABIÚ
Apesar da
alegria e da honra que assinalaram o início dos serviços sacerdotais descritos
em Levítico 9.23,24, por parte de Arão e seus descendentes, estes foram
manchados pelo ato imprudente de Nadabe e Abiú, filhos mais velhos de Arão, os
quais contaminaram o tabernáculo ao efetuarem um rito que não concordava com as
instruções elaboradas dadas por Deus. O ato aos olhos de Deus foi merecedor do
castigo da morte. Não se sabe exatamente como o fogo matou Nadabe e Abiú, ou se
a palavra “fogo” era um sinônimo para um raio de relâmpago (Êx 9.23; Jó
1.16). O mesmo poder que havia abençoado (Lv 9.23,24) agora tirava a vida (Lv
10.2).
1.
Morreram tragicamente.
Quando
compareceram perante o Senhor de forma inadequada, Nadabe e Abiú foram mortos
tragicamente (Lv 10.2). Arão e seus outros filhos Eleazar e Itamar foram
impedidos de fazer luto pelos irmãos falecidos, porque Deus havia advertido que
havia fulminado estes dois jovens, por que não honraram o Seu Nome (Lv 10.3).
Se chegassem a lamentar assim por seus irmãos mortos, dando a entender que não
concordavam com o severo juízo que haviam recebido, também morreriam (Lv
10.6,7).
2.
Morreram prematuramente.
Estes jovens
sacerdotes tinham toda uma vida para servir ao Senhor na beleza da Sua
santidade, visto que o sacerdócio era vitalício, no entanto, eles tiveram sua
existência abreviada por causa da rebeldia a Palavra do Senhor (Lv 10.1,2).
3.
Morreram sem deixar descendentes.
Nem Nadabe e nem
Abiú tinham filhos, pelo que a sucessão sacerdotal continuou através de seus
irmãos mais novos: “Mas Nadabe e Abiú morreram perante o SENHOR, quando ofereceram fogo
estranho perante o SENHOR no deserto de Sinai, e não tiveram filhos; porém
Eleazar e Itamar administraram o sacerdócio diante de Arão, seu pai”
(Nm 3.4). Veja também: (1 Cr 24.2).
4.
Morreram vergonhosamente.
A morte destes
dois filhos de Arão, por causa da desobediência, ficou na memória da sua
geração e das gerações posteriores, sendo um ato vergonhoso e de advertência
para que outros não caíssem no mesmo erro (Nm 26.60,61; 1 Cr 24.2).
IV. UMA ADVERTÊNCIA
PARA A IGREJA
Os fatos que
ocorreram no Antigo Testamento além de nos fornecer informações, foram escritos
para aviso nosso, como afirmou o apóstolo Paulo (1Co 10.11). A palavra “aviso”
no grego é “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”,
“aviso”,
que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude
que pode ser reproduzida ou evitada” (CHAMPLIN, 1995, p. 396). Portanto, tanto
os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também
foram registrados para nos trazer advertências. Mas, quais as advertências que
podemos extrair do caso de Nadabe e Abiú como ensino para a nossa vida?
Vejamos:
1.
O perigo da falta de santidade no serviço ao Senhor.
Deus exige um
comportamento santo de todo aquele que professa o Seu nome (1 Ts 4.7; Tt 2.12;
Hb 12.14; 1 Pe 1.15,16). Muito mais se espera daqueles que exercem alguma
função na obra de Deus, pois a santidade é um pré-requisito fundamental para o
serviço (Êx 18.21; Is 6.5-7; Jr 1.5; At 6.3; 2 Pe 1.21). Portanto, falta de
santidade torna qualquer pessoa inapta para cooperar na obra de Deus (Lv
10.1-3; At 1.16-20).
2.
Abuso no uso dos dons espirituais.
Infelizmente não
são poucas as pessoas que abusam dos dons espirituais, cometendo excessos, ou
imitando as manifestações de Deus, apresentando-se com “fogo estranho” diante do
Senhor. Por isso, metaforicamente, “fogo estranho passou a indicar aquele
fervor, zelo, sistema religioso e práticas místicas e religiosas que são
estranhas ao cristianismo bíblico” (CHAMPLIN, 2004, p. 509). Notemos:
2.1 No Antigo Testamento.
Moisés preveniu
o povo dizendo que os falsos profetas deveriam receber como punição a morte (Dt
13.1-5). Deus repreendeu severamente os falsos profetas e os sonhadores
mentirosos (Jr 23.32; 27.15; 29.9). Pedro nos diz que os profetas verdadeiros
não produziram por si mesmos a profecia, mas falaram inspirados pelo Espírito
Santo (2 Pd 1.21).
2.2 No Novo Testamento.
A igreja de
Corinto era abundante nos dons espirituais (1 Co 1.7). No entanto, havia muitos
excessos no uso deles. E, isto levou o apóstolo Paulo a trazer informação e
orientação sobre o correto uso dos dons (1 Co 12-14), dizendo que: a) não podemos nos julgar superiores
aos outros por causa de alguns dons, pois todos procedem do Espírito e tem a devida
utilidade (1 Co 12.12-27); b) que
não podemos utilizar os dons sem o fruto do amor, pois os dons são temporais,
mas o amor é eterno (1 Co 13.1-13); e, c)
que a manifestação dos dons deve estar subordinada a Palavra e não o contrário
(1 Co 14.37); e, d) nenhuma pessoa
tem o controle dos dons do Espírito Santo, pois Ele é quem dá a cada um como
quer (1 Co 12.11); e, manifesta quando quer (1 Co 12.7). Eis algumas outras
advertências que devemos procurar praticar no uso dos dons:
• Zelar pelos dons – “Portanto, procurai
com zelo os melhores dons […]” (1 Co 12.31).
• Ter autodisciplina nos dons – “E os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32);
• Ter decência e ordem no exercício dos
dons – “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14.40).
3.
Inovações no culto ou na liturgia.
Deus deu um
culto a Israel (Rm 9.4; Hb 9.1); e, este culto tinha uma liturgia divina
instruída (Êx 25.9; Lv 1-4). Portanto, proceder de forma diferente consistia
numa afronta a Deus (2 Sm 6.3-8; 1 Cr 15.1,2; 2 Cr 26.19; Ml 1.7-8). Paulo
orientou que o culto ao Senhor também deveria seguir uma liturgia decente
ordeira (1 Co 14.26), pois Deus é Deus de paz e não de confusão (1 Co 14.33).
4.
Profanação das coisas sagradas.
Os filhos de Eli
tratavam as coisas sagradas como coisa qualquer (1 Sm 2.12-17; 28,29), e por
isso foram severamente punidos (1 Sm 2.34). Paulo orientou que os cristãos de
Corinto deveriam se comportar na Ceia com a consciência de que o pão e o vinho
simbolizavam o corpo e o sangue do Senhor (1 Co 11.20-26). O apóstolo ensinou
que comer indignamente, ou seja, não dando a devida consideração ao que é
sagrado, resultaria em punições (1 Co 11.27-30). Lembremos que Deus é um fogo
consumidor (Hb 12.29); e que o seu juízo começa pela Sua casa (1 Pe 4.17).
CONCLUSÃO
A trágica morte
de dois filhos de Arão, Nadabe e Abiú nos servem de exortação quanto ao cuidado
que devemos ter com a nossa vida moral e com o serviço sagrado. Deus não
deixará impune aqueles que se portam de maneira leviana, desonrando o Seu santo
e bendito Nome.
REFERÊNCIAS
• ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N.
Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. HAGNOS.
• CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento Interpretado Versículo
por Versículo. HAGNOS
• GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
• HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA.
• STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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