Mc
4.3-20
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos sobre a “parábola do semeador”; inicialmente veremos
algumas informações gerais a respeito dessa comparação contada por Jesus;
também destacaremos os elementos principais incluídos nessa passagem e a sua
devida explicação; e por fim, notaremos a aplicação dessa parábola no que diz
respeito ao anúncio da Palavra de Deus.
I. INFORMAÇÕES SOBRE A PARÁBOLA
DO SEMEADOR
Sobre a parábola
do semeador é importante destacar que ela não começa com a expressão: “o
Reino dos céus é semelhante […]”, pois descreve como o Reino de Deus é
chegado, por meio da pregação da Palavra. Notemos ainda algumas considerações
sobre esta parábola:
1. Classificação.
A parábola do
semeador faz parte do conjunto de narrativas denominadas de “parábolas do
Reino”, ao seu lado estão: (a) a parábola do joio e do trigo (Mt
13.24-30), (b) do grão de mostarda (Mt 13.31-32); (c) do fermento
(Mt 13.33); (d) do tesouro escondido (Mt 13.44); (e) da pérola
escondida (Mt 13.45,46); e, (f) da rede (Mt 13.47-50). A parábola do
semeador tem seu registro nos Evangelhos chamados sinóticos (Mt 13.1-23; Mc
4.1-20; Lc 8.4-15), sendo ela a mais extensa e uma das mais conhecidas das que
foram contadas por Jesus. Ela possui também uma outra característica digna de
nota, pois também é incluída no grupo das poucas parábolas cuja explicação foi
dada pelo próprio Cristo.
2. Contexto e
sua importância.
O cenário para a
apresentação desta parábola foi à beira-mar (Mc 4.1), que presume-se seja o Mar
da Galileia. Novamente a pressão da multidão obrigou o Senhor a falar ao povo
de dentro de um barco um pouco afastado da praia. A importância desta parábola
fica subentendida quando Jesus indaga: “[…] não percebeis esta parábola?
Como, pois, entendereis todas as parábolas?” (Mc 4.13), por meio dessa
expressão o Senhor está dizendo que esta parábola é fundamental para o
entendimento das outras. Esta unidade de parábolas (Mc 4.3-32) é básica para se
discernir tudo o que está acontecendo no Reino de Deus.
3. Propósito.
Jesus inicia a
parábola dizendo: “Ouvi […]” (Mc 4.3), do mesmo modo finaliza
exortando: “[…] Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mc 4.9),
ficando claro que Seu propósito, era expor a necessidade da audição atenta dos seus
ouvintes, e consequentemente levar as pessoas a reflexão, a fim de que a
mensagem pudesse penetrar em seus corações. O verbo ouvir e seus correlatos são
usados várias vezes em Marcos 4.1-34. É evidente que Jesus não estava simplesmente
se referindo ao ato físico de ouvir, mas sim a ouvir com discernimento
espiritual. O ouvir a Palavra de Deus significa entendê-la e obedecer ao que
ela diz (Tg 1.22-25).
II. ELEMENTOS PRINCIPAIS DA
PARÁBOLA E A SUA EXPLICAÇÃO
Em resposta à
pergunta dos discípulos (Mc 4.10), Jesus interpreta a parábola dos solos,
acentuando desse modo sua importância como chave para a compreensão de qualquer
outra parábola (Mc 4.13). Sua explicação é relevante para aqueles que o ouviram
naquele tempo e para nós hoje. Vejamos:
1. O semeador
(Mc 4.3).
Diferente da
parábola do joio e do trigo onde Cristo se identifica claramente como o
semeador (Mc 4.37), Jesus não identifica o semeador nesta parábola em apreço. O
ponto de partida da interpretação acerca de quem era o semeador tem um caráter
particular, porque indica subjetivamente o próprio Cristo como o semeador.
Todavia, essa característica particular da interpretação não impede que se dê
um sentido genérico aos cristãos como semeadores (Jo 4.35- 38). Não acrescenta
nem fere os princípios hermenêuticos que regem a interpretação dessa parábola.
Sendo assim, qualquer um que semeie a Palavra está incluído na figura do
semeador (1 Co 3.5-9; 9.11).
2. A semente (Mc
4.4a).
A semente é
identificada como: “[…] a palavra de Deus” (Lc 8.11). Em Mateus
13.19 é chamada de palavra do Reino, isto é, a palavra poderosa que rege o
Reino de Deus. Esse termo ainda é utilizado com referência aos ensinamentos de
Jesus (cf. Mc 2.2; 8.38; 13.31). Por que comparar a Palavra de Deus a semente?
Porque a palavra é: “[…] viva e eficaz […]” (Hb 4.12), uma
semente incorruptível (1 Pe 1.23), que produz frutos nos que a recebe (Cl
1.5,6; Hb 4.2).
3. Tipos de
solos (Mc 4.5).
Para cada
parábola, Cristo tinha uma lição especial, e na parábola do semeador deixou-nos
uma das mais extraordinárias lições sobre os tipos distintos de corações
(solos, terrenos), os quais recebem a semeadura. Vejamos:
A) À beira do
caminho (Mc 4.4 – ARA).
Esse tipo de
solo representa pessoas que, embora se diga: “[…] tendo eles a ouvido (Mc
4.15) ou seja, a mensagem do Reino, “[…] não a compreendem” (Mt
13.19 – ARA), sendo vulneráveis ao ataque do diabo tipificado pelas aves na
parábola (Lc 8.5), cuja ação nesse caso, é tirar-lhes do coração a palavra
semeada, para que não creiam e sejam salvos (Lc 8.12).
B) Entre os
pedregais (Mc 4.5).
Em lugares
pedregosos a semente germina mais rápido, pois a terra é pouco profunda e absorve
mais o calor do sol, contudo, essa mesma falta de profundidade a impede de
lançar raízes firmes (Mt 13.5). Esse tipo de terreno refere-se a uma classe de
ouvintes, que: “[…] ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem” (Mc
4.16), porém, “[…] creem apenas por algum tempo” (Lc 8.13), não
perseveram na fé em Cristo e diante das provações desta vida, por não terem
raízes (Mc 4.17), o resultado é que: “[…] se desviam” (Lc 8.13).
C) Entre os
espinhos (Mc 4.7).
O terceiro tipo
compreende aqueles que: “[…] ouvem a palavra” (Mc 4.18); mas
apesar disso: “os cuidados do mundo, a fascinação das riquezas e as
demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera (Mc
4.19 – ARA). O materialismo e o mundanismo são ameaças a vida de cada cristão
(1 Tm 6.10; Tg 4.4; 1 Jo 2.15,16), e foi a causa da morte espiritual de muitos,
como por exemplo: a) o jovem rico (Mc 10.17-24); b) Judas
Iscariotes (Jo 12.6; Mt 22.3-5); c) Ananias e Safira (At 5.1-11); d) Simão
o mágico (At 8.9-13,18-24); e) Demas (2 Tm 4.10), servindo de exortação
para os crentes da atualidade para que não caim no mesmo erro (Mt 6.24).
D) Em boa terra
(Mc 4.8).
Esse último solo
é o reverso dos outros três. Por isso, a semente lança raízes, não perde facilmente
a umidade, e então a seiva e a energia dão vida à planta que, subsequentemente,
cresce e frutifica. Esse terreno, diz respeito ao que: “[…] ouve e
compreende a palavra” (Mt 13.23), e ainda, “[…] de bom e reto
coração, retêm a palavra e produzem frutos com perseverança” (Lc 8.15),
e de maneira diversificada: “[…] a trinta, sessenta e a cem por um” (Mc
4.20) (ver Jo 15.2,5,8).
III. LIÇÕES PRÁTICAS QUANTO AO
ANÚNCIO DA PALAVRA DE DEUS
A proclamação do
evangelho é uma tarefa de muita importância dada a Igreja do Senhor (At 1.8). O
apóstolo Pedro lembra que a experiência de salvação resulta entre outras
coisas, no dever de anunciar as virtudes de Deus (1Pe 2.9). Encontramos nas
Escrituras que, após a sua ressurreição Cristo exorta sobre a necessidade da
pregação das boas novas a todas as pessoas (Mc 16.15), e quanto a essa tarefa
podemos destacar através da parábola do semeador algumas verdades:
1. A
imparcialidade no anúncio da mensagem.
Uma das
importantes lições extraídas dessa parábola, é a dedicação e fidelidade do
semeador diante dos diversos tipos de solo existentes e os resultados
negativos, que não o fizeram desanimar, como também não alterar o uso da
semente em sua sementeira; ou seja, ele não usou tipos diferentes de sementes,
ou mesmo deixou de semear mesmo sabendo da possibilidade de ela não vir a
frutificar devido ao solo. Na grande Comissão Cristo ensinou de que a mensagem
do evangelho deve ser pregada e ensinada a todos (Mt 28.19,20; Mc 16.15), visto
que Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11), e dar a todos
igualmente a oportunidade de ouvir e de crer na mensagem de salvação
(Tt 2.11; Jo 1.7; Ef 1.13;). As Escrituras exortam quanto a fidelidade dos
semeadores (1Co 4.1,2), e da sua incorrupção quanto a pregação (At 20.20,27;
1Co 2.4; 1Ts 1.5), não falsificando o alimento da palavra (1Pe 2.2).
2. A oposição ao
anúncio da mensagem.
Devido ao poder
que a Palavra tem e o que ela pode fazer na vida de quem a recebe (Rm 1.16;
10.17), Satanás se opõe a pregação do evangelho com o objetivo de impedir que
as pessoas sejam salvas (At 13.6-10); diz o apóstolo Paulo: “[…] o deus
deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça
a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2Co
4.4), e em muitos casos usa de meios naturais, como leis e ideologias humanas
para que o nome de Cristo não seja anunciado (At 4.2,17,18).
3. A
possibilidade de rejeição à mensagem.
A vontade de
Deus é que todos sejam salvos e venham ao pleno conhecimento da verdade (1Tm
2.4), no entanto o relato bíblico e a experiência prática mostram que nem todos
de fato o serão (Mt 7.13), e isso devido à resistência de alguns a ação
do Espírito Santo em suas vidas (Jo 16.8; At 7.51), de modo que a culpa
não é do semeador nem da semente, o problema é a natureza do solo, o coração
humano que não se sujeita a Deus, não se arrepende nem recebe a Palavra,
portanto, não é salvo (Mt 23.37; Lc 7.30; Jo 1.11; 5.40; Hb 12.25). A Bíblia é
clara sobre a resistência a Cristo e a Sua mensagem quando diz: que Janes e
Jambres “resistiram à verdade” (2Tm 3.8), que “nem todos os
israelitas aceitaram as boas novas” (Rm 10.16), que alguns “suprimem
a verdade pela injustiça” (Rm 1.18), e que os judeus de Antioquia “rejeitaram
e não se julgaram dignos da vida eterna” (At 13.46; ver At 17.32).
4. A
responsabilidade humana na aceitação da mensagem.
Um fato que todo
o que semeia a Palavra precisa considerar, é que o resultado da semeadura não é
de sua competência, ou seja, nessa parábola fica evidente que os resultados têm
a ver com a aceitação de cada pessoa à mensagem do evangelho (Ez 2.5,7). A
Palavra de Deus trará fruto na vida de um ouvinte ou não, isso depende apenas
da condição do coração de cada pessoa. Como resultado dessa aceitação surge a
frutificação: “[…] os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, um a
trinta, outro a sessenta, outro a cem, por um” (Mc 4.20). O fruto é a
prova da verdadeira salvação (Mt 7.16), e inclui santidade (Rm 6.22), caráter
cristão (Gl 5.22,23), prática de boas obras (Cl 1.10), testemunho cristão (Rm
1.13), disposição de compartilhar os bens (Rm 15.25-28) e louvor a Deus (Hb
13.15).
CONCLUSÃO
Fica evidente
por meio desta parábola que é nosso dever prioritário semear a Palavra de Deus,
utilizando os meios necessários, em tempo e fora de tempo (2Tm 4.2), só assim o
Reino de Deus se expandirá, pois o Senhor dá semente a quem semeia (2Co 9.10),
com vistas a salvação das almas.
REFERÊNCIAS
Ø CABRAL,
Elienai. Parábolas de Jesus: advertências para os dias atuais. CPAD.
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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