sábado, 20 de outubro de 2018

LIÇÃO 03 – O CRESCIMENTO DO REINO DE DEUS







Mc 4.30-32; Mt 13.31-33; Lc 13.18,19

  


INTRODUÇÃO
Nesta terceira lição, analisaremos duas parábolas contadas por Jesus que tratam sobre o “Reino dos céus”; veremos informações importantes sobre o grão de mostarda e sua aplicabilidade na parábola contada pelo Mestre tratando do crescimento externo do Evangelho; e por fim, pontuaremos os aspectos do fermento na segunda parábola e sua lição utilizada por Cristo para falar do crescimento interno do Reino. 


I. A PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA
Jesus contou uma série de sete parábolas sobre o Reino sendo as quatro primeiras pronunciadas à multidão (Mt 13.1,2,36), e as três últimas foram acrescentadas particularmente aos discípulos após Jesus já ter se despedido da multidão (Mt 13.36). Notemos algumas observações da parábola do grão de mostarda:

1. Informações sobre o grão de mostarda.
Na Índia, no Egito e na Palestina as sementes de mostarda são utilizadas na culinária há milênios. A palavra mostarda é de origem egípcia “sinapis” e aparece nos três primeiros Evangelhos (Mt 13.31; 17.20; Mc 4.31; Lc 13.10; 17.6). O grão de mostarda é uma pequena semente que têm cerca de 2 milímetros de diâmetro sendo uma das menores sementes do mundo com cores que vão do branco amarelado, marrom e preto. Na Palestina da época de Jesus era conhecida a mostarda sinapis nigra (mostarda preta) e a sinapis alba (mostarda branca), mas, a que Jesus provavelmente usou como exemplo foi a sinapis nigra, ou seja, a mostarda negra, que era a mais comum naquela região. A mostardeira, segundo alguns botânicos, alcança facilmente mais de três metros de altura (CABRAL, 2005, pp. 44,45).

2. O grão de mostarda e as outras sementes.
Existe um grande contraste nesta parábola: “a menor de todas as sementes” e a “maior de todas as plantas”. Na verdade, o grão de mostarda não é a menor de todas as sementes (Mt 31.32), mas esta era uma expressão proverbial para algo extremamente pequeno (BEACON, 2010, p. 103). Jesus não cometeu erro ou contradição como pensam alguns quando se referiu ao grão de mostarda como sendo “a menor de todas as sementes” (Mt 13.32; Mc 4.31). Hoje sabemos que a semente de mostarda não é absolutamente a menor semente que existe. Jesus não estava se referindo a “todas as sementes existentes no mundo”, mas apenas àquelas que os fazendeiros palestinos de então semeavam em seus campos. Isso está claro pela frase: “que um homem tomou e plantou no seu campo” (Mt 13.31). E é um fato que a semente de mostarda era a menor de todas as sementes que o fazendeiro judeu do primeiro século semeava em seu campo. O que Jesus disse era literalmente verdadeiro no contexto em que ele falou (GEISLER; HOWEP, 2000, p. 217).

3. O grão de mostarda e os Evangelhos sinóticos.
A Parábola do grão de mostarda trata do tema principal das pregações do NT que é o Reino dos Céus, mostrando que o reino de Deus teria um começo aparentemente insignificante (pequeno) e depois ficaria muito grande. O elemento surpreendente nessa parábola é o começo insignificante, conforme os homens medem as coisas; uma semente pequenina daria uma grande planta. Em Mateus a semente é plantada no campo (Mt 13.31), em Marcos na terra (Mc 4.31); e em Lucas na horta (Lc 13.19). Lucas coloca ênfase no grande tamanho da planta, enquanto Mateus e Marcos enfatiza o pequeno tamanho da semente. Marcos fala de hortaliças, já Mateus e Lucas falam de árvore. Estas pequenas diferenças na narrativa, em nada alteram o sentido da parábola, ou seja, o ensino permanece o mesmo nos três Evangelhos que se completam com estas informações. Se a parábola do semeador retrata a responsabilidade humana e a parábola da semente mostra a soberania de Deus, a do grão de mostarda mostra um crescimento abundante (POHL apud LOPES, 2006, p. 249).


II. O QUE APRENDEMOS COM ESTA PARÁBOLA
1. O grão de mostarda e a simplicidade do Reino.
O propósito dessa parábola é mostrar que o início do Evangelho seria pequeno, mas que, no seu final, ele aumentaria grandemente. O Reino do Messias, que estava então sendo implantado, tinha pouca expressão. Cristo e os seus apóstolos, comparados com “os grandes do mundo romano”, se pareciam com a semente de mostarda. Geralmente os homens pensam em grandes conquistas e demonstrações de força (Jo 6.15). Até os apóstolos imaginavam um reino grande e glorioso e desejavam posições de honra e influência (Mc 10.35-37). No entanto, Jesus não iniciou Seu Reino no auge do apoio popular, mas sim, num momento em que quase todos o abandonaram. O começo foi aparentemente insignificante, simples e pequeno com poucos homens e sem importância na sociedade. Eram apenas doze homens, alguns até iletrados e incultos de uma região desprezada (At 2.7; 4.13), e havia pouco mais de 100 pessoas (At 1.15).

2. O grão de mostarda e o crescimento do Reino.
O grão de mostarda, segundo alguns biólogos, é a menor de todas as sementes e em seu estágio adulto se tornava a maior das plantas atingindo o tamanho de uma árvore, com no mínimo três metros de altura, podendo alcançar até cinco metros; e tal foi a Igreja de Cristo no início da sua formação no mundo. Assim, podemos afirmar que a parábola do grão de mostarda, trata do crescimento e desenvolvimento deste Reino na terra. Ao fazer essa comparação Jesus falou de desenvolvimento, crescimento e expansão. Portanto, o “grão de mostarda”, quando semeado, sendo pequeno e diminuto, tem a força para se desenvolver, crescer e transformar-se numa grande árvore (CABRAL, 2005, p. 43). A referência à árvore indica um império em expansão (Ez 17.23; 31.1-9; Dn 4.10-12); os pássaros representam as nações do império (Dn 4.20-22) (SHELTON; ARRINGTON; STRONDAD, 2003, p. 90).

3. O grão de mostarda e o avanço do Reino.
Essa planta se torna tão imponente que até mesmo as aves do céu se aninham em seus ramos. A semente foi plantada, e a planta cresceu, pois na mesma cidade na qual Jesus foi morto, quase três mil pessoas foram batizadas em um só dia (At 2.41). Pouco tempo depois, contavam-se quase cinco mil homens (At 4.4). A pequena semente continuou crescendo ainda mais: “E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor” (At 5.14). Só em Jerusalém, chegaram a contar milhares de cristãos (At 21.20). A palavra foi pregada ao mundo (Cl 1.23), e o Reino continuou crescendo. O que começou com uma minúscula semente se tornou uma grande planta. Jesus usa a hipérbole para acentuar que plantas grandes podem crescer de uma semente muito pequena, e assim sucederá com o poder expansivo, penetrante e gradual do Reino de Deus (ROBERTSON, 2011, p. 389).


III. A PARÁBOLA DO FERMENTO
A parábola do fermento é uma das mais curtas parábolas de Jesus e só aparece em dois dos Evangelhos sinóticos. Antes de tudo é preciso saber que a parábola do grão de mostarda e a parábola do fermento formam um par. Aqui estão duas parábolas cuja intenção é mostrar que o Reino devia ser muito pequeno no início, mas que ao longo do tempo ela se tornaria um corpo considerável (Mt 13.31-33). Ao contar estas duas parábolas, Jesus estava falando a respeito do “crescimento do Reino dos Céus”. O escopo é basicamente o mesmo nas duas parábolas para mostrar que o Evangelho deveria prevalecer e ter um sucesso gradual, silencioso, e sem ser percebido. Notemos algumas informações sobre o fermento:

1. Informações sobre o fermento.
Existem, pelo menos, dois tipos de fermentos: o biológico e o químico. O fermento biológico é composto por fungos benéficos microscópicos vivos. Apesar de parecer estranho um ingrediente usado em alimentos ser feito de fungos, temos que lembrar que o fungo não é somente aquele mofo desagradável que contamina os alimentos, mas também ingrediente para alimentos como os cogumelos. Existem mais de 850 tipos de fungos comestíveis que chamamos de leveduras. Já o fermento químico é industrializado, e por isso, não é uma levedura natural; é uma mistura de bicarbonato de sódio com ácido não tóxico e é utilizado para dar textura esponjosa à massa.

2. Informações sobre a parábola do fermento.
Embora o fermento na Bíblia simbolize o pecado e a corrupção, essa posição não pode ser sustentada nesta parábola, pois contradiz totalmente o contexto dela. Uma regra básica para interpretar textos bíblicos é se atentar ao contexto, pois será ele que decidirá o sentido simbólico empregado no texto, caso haja algum. No caso dessa parábola o contexto deixa óbvio que o fermento representa o Reino do Céu, e em nada está relacionado ao mal ou ao pecado. Esta parábola segue imediatamente após a parábola do grão de mostarda, com quem Jesus compartilha o mesmo tema: “O Reino de Deus que cresce de pequenos começos”. A mulher pegou uma pequena quantidade de fermento, misturou em uma grande quantidade de farinha. Os Evangelhos deixam claro que a mulher utilizou três medidas de farinha, e esta grande quantidade de farinha pode sugerir uma ocasião festiva planejada, pois o pão produzido poderia alimentar muitas pessoas. Como o grão de mostarda e o fermento, o Reino dos Céus teve um começo modesto, mas com um grande e repentino desenvolvimento: “[…] A que compararei o Reino de Deus? É como o fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada” (Lc 13.20,21 – NVI). Fugir desta interpretação é no mínimo malabarismo exegético.

3. A parábola do fermento e o aspecto interior e exterior do Reino.
Uma vez que esta parábola está intimamente relacionada com a anterior, elas bem podem ser interpretadas juntas. Esta parábola é encontrada em Mateus 13.33 e em Lucas 13.20-21, mas não em Marcos. Jesus retratou uma mulher tomando o fermento (levedura) e escondendo-o em três medidas de farinha. O fermento afetou toda a quantidade de massa de pão, de forma que toda massa cresceu. Embora existam duas interpretações principais para estas parábolas, a do grão de mostarda e do fermento, a interpretação tradicional afirma que Jesus está descrevendo aqui a dupla expansão do Reino. A parábola da semente de mostarda se refere ao crescimento exterior do reino do céu, e a parábola do fermento se refere ao crescimento interior do reino. Em outras palavras, a parábola da semente de mostarda foca a expansão aparente do reino, enquanto a do fermento focaliza a atenção no poder interior do reino, que, de forma invisível (Lc 17.20), exerce influência sobre tudo. Esse é o ensino principal dessa parábola (BEACON, 2010, p. 103).

4. A parábola do fermento e o crescimento do Reino.
Querer aplicar significados as três medidas de farinha, ou descobrir quem é a mulher que está fazendo a massa é entrar por um estilo interpretativo sem propósito e alegórico, além de tirar o foco do verdadeiro ensino de Jesus nessa parábola. Nesta parábola, Jesus falou sobre o progresso intenso do Reino de Deus no mundo. Assim como o fermento, que penetra e se espalha dentro da massa e a faz crescer, o Reino irá se alastrar pelos quatro cantos da Terra (Lc 17.20,21). A função do fermento é dar volume e qualidade a uma massa, e é quase impossível fazer um bolo, torta ou pão sem que o fermento seja acrescentado. Ao contar essa parábola aos fariseus, Jesus afirma que, no final dos tempos, o Evangelho irá se espalhar por todas as nações e o Reino de Deus causará efeito em toda a humanidade (Mt 24.14). Ele disse: “[…] e toda a massa ficou fermentada”, ou seja, o Reino expandirá em tudo e crescerá absurdamente (Mt 13.31-32).


CONCLUSÃO
Muitos não reconhecem que o Reino esteja em ação, porque está escondido e é considerado insignificante por muitos. Mas não devemos menosprezar o dia das coisas pequenas. Podemos dizer que, de alguma forma, todas as parábolas de Jesus pressupõem o Reino de Deus. Algumas, contudo, tratam especificamente do desenvolvimento e do seu crescimento sobre a terra.




REFERÊNCIAS
Ø  CABRAL, Elienai. Parábolas de Jesus: advertências para os dias atuais. CPAD.
Ø  GEISLER, N; HOWE, T. Manual popular de dúvidas, enigmas e contradições da bíblia. VIDA.
Ø  LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
Ø  SHELTON, J. ARRINGTON, F. L.; STRONDAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  ROBERTSON, A.T. Comentário de Mateus e Marcos. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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