Êx 26.1-14
INTRODUÇÃO
Nesta lição
teremos a oportunidade de aprender sobre uma das partes mais importantes do
Tabernáculo, a saber, as suas cortinas; veremos algumas considerações sobre
essas cobertas e as especificações de Deus para a sua confecção; destacaremos
também qual o seu papel no santuário; e por fim, pontuaremos qual a relação
simbólica que há entre as cortinas do Tabernáculo e a pessoa e obra de Cristo.
I. AS CORTINAS DO
TABERNÁCULO
1. Definição.
A expressão
cortina é a tradução do termo hebraico: “yerŷah” que significa: “tecido,
cortina, véu, suspenso, dependurado”. Essa palavra ocorre cerca
cinquenta e três vezes (Êx 26.1-13; 36.8-17; Nm 4.25; 2 Sm 7.2; 1Cr 17.1; Sl
104.2; Is 54.2; Jr 4.20; etc), sendo a maior parte dessas ocorrências em Êxodo.
Além de apontar para as cortinas que cobriam o santuário, esta palavra passou a
tornar-se sinônimo do próprio Tabernáculo por causa das suas muitas cortinas (2
Sm 7.2) (CHAMPLIN, 2004, p. 936). A tecelagem das cortinas era trabalho das
mulheres (Êx 35.25,26).
2. Descrição.
Na descrição
dada por Deus a Moisés a respeito do Tabernáculo, a coberta do santuário também
era rica em detalhes. Dentre as informações percebemos que eram quatro as cobertas
do santuário, compostas por vários tipos de cortinas. Vejamos:
A) A primeira coberta.
A coberta
interna do Tabernáculo, primeiramente era composta por dez cortinas com a mesma
metragem cada uma, sendo o comprimento de 28 côvados
(aproximadamente 14 metros) e a largura de 4 côvados (cerca de 2
metros) (Êx 26.1,2). Essas cortinas eram de linho fino torcido e colorido com as
cores azul, púrpura e carmesim com desenhos de querubins tecidas no pano
(Êx 26.1). Estas cortinas eram enlaçadas (costuradas) uma na outra em grupos de
cinco (Êx 26.3), nessas haviam cinquenta laçadas (Êx 26.4). A juntura é a borda
ou extremidade do tecido. As laçadas serviriam de encaixe (Êx 26.5), de forma
que estas cortinas se prendiam uma na outra com cinquenta colchetes, ou ganchos,
de ouro, formando uma cobertura grande cobrindo toda a tenda (Êx 26.6). Essas
cortinas deveriam ser colocadas diretamente sobre a estrutura e compunham o
teto visto de dentro do Santuário (Êx 26.1-6; 36.8-13).
B) A segunda coberta.
Em cima da coberta
de linho, havia a segunda coberta do Tabernáculo feita de peles de cabras (Êx
26.7). Esta coberta era feita de modo semelhante à primeira, exceto que: a) estas cortinas eram maiores, pois de
comprimento
eram 30 côvados (cerca de 15 metros), ou seja, cerca de 1 metro maior
do comprimento da anterior; b) ao
todo eram 11 peças (Êx 26.9), divididas em duas seções, uma formada
com cinco cortinas e a outra com seis; e, c) eram unidas por cinquenta colchetes de cobre (Êx
26.11) e não de ouro. Juntas, estas cortinas formavam a segunda
cobertura do santuário (Êx 26.12,13).
C) A terceira coberta.
Uma outra
cobertura era colocada na tenda da congregação por orientação divina, e esta
era feita de peles de carneiro tingidas de vermelho (Êx 26.14). Sendo de
peles de carneiro traz a ideia de proteção, protegendo das intempéries do
deserto. Sendo esta pele tingida, faz alusão a um antigo procedimento, que os
hebreus devem ter aprendido com os egípcios (Gn 38.28; Êx 26.1). Para
conseguirem a cor vermelha, o corante utilizado era extraído de plantas e de
moluscos (CHAMPLIN, 2004, p. 906).
D) A quarta coberta.
A quarta e
última coberta do Tabernáculo, era feita com peles de “texugo” (Êx 26.14), em
hebraico: “tachash”, em algumas versões encontramos: “animais marinhos” (Êx
25.5; 26.14; 35.7,23; 36.19; 39.34 Nm 4.6,8,10-12,14,25; Ez 16.10) outras
traduzem como: “golfinho”. Há intérpretes que pensam estar em foco o animal
chamado de: “dugongo”, a única verdadeira espécie marinha que ainda existe
até hoje nos mares da região e que antes era muito abundante no golfo de Ácaba.
Um dugongo adulto chegava a ter três metros de comprimento, e suas dimensões
torná-lo-iam apropriado para o propósito descrito (CHAMPLIN, 2004, p. 409). Mas
ninguém pode ter certeza quanto à identificação do animal em questão. Podemos afirmar que esta quarta
cobertura era mais impermeável, mantendo a chuva e o calor do lado de fora. O
texto não diz qual era o tamanho da cortina, mas com certeza era grande o
bastante para cobrir a área superior que ficava rente ao Tabernáculo
propriamente dito (BEACON, 2010, p. 207).
II. O PAPEL DAS
CORTINAS NO TABERNÁCULO
1. Decorar.
O interior do
Tabernáculo era decorado com a cortina de linho com suas cores variadas. Uma
dignidade em especial era conferida a estas dez cortinas de linho fino torcido,
por sua bordadura de “[…] querubins... de obra esmerada”
(Êx 26.1; 36.8), no lugar do simples rendilhado das cortinas. A força do
santuário é revelada em sua construção, e a sua formosura, em sua decoração: “Glória
e majestade estão ante a sua face; força e formosura, no seu santuário”
(Sl 96.6).
2. Cobrir.
Estas coberturas
eram colocadas em cima da estrutura do Santuário (Êx 26.15-29). O registro
bíblico não detalha exatamente como isso era feito, de acordo com Beacon (2010,
p. 210), é possível que houvesse bastões alongados, dispostos em cada ponta da
cobertura com uma viga mestra de telhado no meio. A cortina era bastante grande
para cobrir toda a armação do Tabernáculo, armadas sobre a estrutura de madeira
(Êx 26.15-30), as cortinas formavam o Tabernáculo propriamente dito.
3. Proteger.
Na ocasião da
construção do Tabernáculo, os israelitas estavam no deserto uma região difícil
de ser habitada, devido a alta temperatura durante o dia, e as noites eram
impiedosamente gélidas; por essa razão, Deus amenizava o calor do dia com a
nuvem e a coluna de fogo para aquecer durante a noite (Êx 13.21,22). Devido a
essas condições climáticas uma cobertura especial era necessária para o
santuário, algo que protegesse, preservasse e mantivesse um temperatura
agradável em seu interior.
III. SIMBOLISMOS
DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO
O Tabernáculo
com toda a sua mobília incluindo suas cobertas, tipificavam a pessoa de Cristo
e seu ministério na Igreja. Todos os seus objetos, portanto, devem ser
considerados como símbolos. Notemos alguns:
1. A cortina de linho colorida (divindade e a
realeza de Cristo).
A cortina que se
via de dentro do Tabernáculo era de linho fino de variadas cores: azul, púrpura
e carmesim (Êx 26.1) e trabalhada com figuras de querubins (Êx 26.1-6; 38.18).
A beleza desta coberta interna, tipificava a glória celestial de Jesus, a cor “azul”
apontando para o caráter divino de Cristo, figurado na cor do céu de onde Ele
veio e para onde vai nos levar (1Co 15.47; Jo 14.1-3). “Púrpura” (roxo) é a cor
da realeza e da majestade. Jesus Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos
senhores (1 Tm 6.15; Ap 17.14). O roxo é resultado da mistura das cores azul e
vermelha. Em Cristo encontramos a dupla natureza, humana e divina numa só
pessoa. Ele é tanto Filho de Deus quanto Filho do Homem (Lc 1.30-33; Ap
19.11-16); isto o qualifica a ser o único mediador entre Deus e o homem, pois
sendo Deus (Fp 2.6,7), Ele se fez carne (Jo 1.14; 1Tm 2.5).
2. A cortina de pelos de cabras (sacrifício de
Cristo).
A cabra era um
dos animais usados para sacrifícios no sistema levítico, basicamente em conexão
com a oferta pelo pecado no dia da expiação e para a purificação do Santuário
(Lv 5.6; 9.3; 16.5-11,20-26). As cortinas de pêlos de cabras, portanto,
representam como o Senhor Jesus Cristo se tornou nossa oferta pelo pecado, ou
seja, seu sacrifício substitutivo, e como recebeu em nosso lugar o
salário do pecado: a morte (Rm 6.23), pois apesar da sua impecabilidade (Jo
8.46), Cristo se fez pecado por nós: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado
por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21; ver
Rm 8.3), morrendo em nosso lugar (Is 53.4,5; 1Co 15.3).
3. A cortina de peles carneiro tingida de vermelho
(expiação de Cristo).
A cortina feita de
peles de carneiro tintas de vermelho representavam a obra redentora
(expiatória) de Jesus. Esta cobertura simboliza a expiação, pois o vermelho,
como sabemos, tipifica o sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário e aponta
para Ele como: “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O
pecado impede que nos aproximemos de Deus e desfrutemos de Sua comunhão (Is
59.2; Ef 2.12-17), de modo que a única forma para essa situação ser mudada, foi
a morte de Cristo, uma vez que: “sem derramamento de sangue, não há remissão
de pecados” (Hb 9.22). Por meio do Seu sangue derramado na cruz, o
acesso à presença de Deus foi restaurado nos proporcionando comunhão com o Pai
celestial (Ef 2.18,19; Hb 10.19,20). Essa coberta, portanto, simboliza o
sacrifício do Senhor Jesus e Seu sangue derramado por nossos pecados. Ele é o
nosso Redentor, o carneiro da consagração que se submeteu à vontade do Pai e
trouxe-nos a aliança eterna de salvação (Hb 13.20), e por Seu sangue nos
purifica de todo pecado (Is 1.18; 1Jo 1.7; 2.2).
4. A cortina de peles de texugo (humanidade de
Cristo).
A cortina de
peles de texugo era colocada sobre as outras. Tinha uma cor escura e não era
formosa à vista. Por serem rústicas, quem olhasse a tenda estando do lado de
fora do Tabernáculo nada veria de especial a chamar-lhe a atenção. Além de
parecidas com o deserto, cuja areia elas retinham eram simples e sem beleza
aparente. Isto aponta para o aspecto humano de Jesus: “não tinha parecer nem formosura;
e, olhando nós para ele, nenhuma beleza vimos, para que o desejássemos”
(Is 53.2). Os que olham a Cristo sem tê-lo antes conhecido comparam-no a vultos
da história humana, quando não, a um líder religioso (Mt 16,13,14; Jo 1.46;
3.1,2; 4.9,11,19), mas, ao conhecê-lo verdadeiramente terão a certeza de que,
apesar da sua humanidade (Gl 4.4), Ele é: o Cristo (Mt 16.16; Jo 4.28,29); o
Filho de Deus (Jo 1.49); o Unigênito do Pai (Jo 1.14); em
quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 2.9); o
Criador de todas as coisas (Cl 1.16); e, a personificação da glória divina
(Hb 1.3) (ALMEIDA, 2009, pp. 21,22 - acréscimo nosso).
CONCLUSÃO
Em Cristo se
cumpriram as cerimônias do tabernáculo: a manifestação da glória divina, a
expiação, a reconciliação do homem com Deus e a presença de Deus entre seu povo
redimido. As sombras e figuras já passaram, mas a realidade permanece na pessoa
e obra de Jesus Cristo.
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA,
Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja.
CPAD, 2009.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. 1 ed. vol.1. HAGNOS, 2004.
Ø CONNER,
Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de
Moisés. (Trad. Célia Chazanas). ATOS, 2004.
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon.
CPAD, 2010.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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