Êx 30.18-21; 40.30-32; 1 Co 6.11; Ef 5.26,27
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos sobre a “pia de bronze” e veremos seu material, seu propósito, seu
modelo e sua localização. Pontuaremos algumas lições que aprendemos com ela;
relacionaremos a tipologia da bacia de bronze, bem como a tipologia da água
purificadora que os sacerdotes usavam.
I. INFORMAÇÕES
SOBRE A PIA DE BRONZE
1. Material.
A palavra
hebraica “kiyor” significa: “bacia; pote ou tacho”. O dicionário
bíblico apresenta para esta bacia a seguinte definição: “Um utensílio do Tabernáculo de
Moisés para os sacerdotes se lavarem”. A pia foi feita com o bronze dos
espelhos das mulheres que os entregaram como oferta ao Senhor (Êx 38.8). Nesta
peça da mobília do tabernáculo não havia madeira; a bacia deveria ser de bronze
maciço, ou seja, confeccionada totalmente de “cobre” (bronze) do hebraico “neroshet”
(Êx 30.18a). No pátio as colunas eram de bronze, os ganchos
(colchetes) eram de bronze, as estacas
eram de bronze, o altar de sacrifício era revestido de bronze e a pia,
da mesma forma, era feita de bronze (CONNER, 2004, p. 127).
2. Propósito.
A pia de bronze
tinha uma dupla função que era de fornecer água para a limpeza dos sacerdotes
através lavagem cerimonial (Êx 40.11-16), e servia também para relembrar a
santidade de Deus quando o sacerdote olhasse para o reflexo do “espelho” e lê-se o que estava na lâmina
em sua testa: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36-38). A pia de bronze era um
grande tacho ou lavatório com a água necessária para limpar as mãos e os pés
dos sacerdotes antes e depois de ministrarem (Êx 30.18-21). As outras peças da
mobília do tabernáculo eram usadas particularmente com referência a Deus, mas a
bacia era usada especificamente para os homens representados pelos sacerdotes
(CONNER, 2004, p. 127).
3. Modelo.
A Bíblia não
explica o seu formato, tamanho, ornamentação ou transporte. Não há medidas
específicas registradas e a única coisa mencionada é que tinha uma base (Êx
31.9). Ela é descrita como um utensílio de bronze contendo água. A pia de
bronze provavelmente formava um conjunto dividido em duas partes, pois as
referências mencionam “uma pia de bronze com uma base de bronze”
(Êx 30.18). A base do hebraico “ken” significa literalmente: “pedestal”
ou “suporte”
(Lv 8.11) (CONNER, 2004, p. 127).
4. Localização.
A pia de bronze
ficava localizada no átrio ou pátio do tabernáculo,
entre a tenda da congregação e o altar do holocausto (Êx 30.18-b; Êx 40.7,30).
Foi aspergida com sangue e ungida com azeite (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Não
temos nenhuma informação de como ela era transportada pelo deserto, seja por
varas ou barras. Nas coberturas que deveriam ser usadas para proteger os
objetos do tabernáculo não há nenhuma menção da bacia de bronze (Nm 4.1-15).
Ela foi o último móvel colocado no lugar antes que se erguesse o átrio (Êx
40.1-8).
II. O QUE
APRENDEMOS COM A PIA DE BRONZE
Na pia os
sacerdotes lavavam suas mãos e pés antes de executarem seus deveres
sacerdotais. Mãos limpas fala de trabalho honesto; pés limpos fala de um viver
e um agir íntegros (Sl 24.4; Ef 5.26,27; Hb 10.22). Notemos então:
1. A necessidade de purificação diária.
Os sacerdotes
deveriam ter uma conduta pura e reta diante do Senhor. Se essas purificações
não ocorressem, por ignorância ou negligência do sacerdote, o juízo cairia
sobre ele (Êx 30.20). Até os animais oferecidos deveriam ser cerimonialmente
lavados na água como o sacerdote (Lv 1.9). Somos sacerdotes junto ao Senhor,
mas também somos o sacrifício. Devemos apresentar nossos corpos como sacrifício
vivo,
santo e aceitável a Deus (Rm 12.1,2; 1Pd 2.5-9; Ap 1.5,6; 5.9,10; At
15.9; 1Ts 4.7). Ficar apenas observando a água não nos tornará limpos. A água
tem que ser usada para que nos tornemos limpos. Apenas ler a Palavra ou meditar
sobre uma verdade dela não é suficiente. A verdade deve ser aplicada,
vivenciada e praticada em nossas vidas diariamente para ter poder purificador.
2. A necessidade de purificação das mãos (o que
fazemos).
Mãos limpas
representavam sua função diante do Senhor. Eles deveriam levantar mãos santas
(Sl 24.3,4;1 Tm 2.1,8; Tg 4.8 e Is 1.16). Os sacerdotes não podiam entrar no
Santuário para exercer qualquer serviço diante do Senhor enquanto não tivessem
passado pela bacia. Eles não podiam servir junto à mesa do Senhor, ou no altar
do incenso ou no candelabro, pois todos se encontravam no Lugar Santo (Sl
119.9; 1 Pe 1.22; Hb 10.22). Além disso, não lhes era permitido ministrar no
altar de bronze ou no pátio, a menos que primeiro se lavassem. Todos aqueles
que transportavam os utensílios do Senhor deveriam estar limpos (Is 52.11). Tão
séria era qualquer violação desta ordem divina que eles seriam mortos se não
agissem desta forma (Êx 30.21). Quantas “mortes espirituais” acontecem hoje
porque alguns falham ao se preparar para entrar no santuário, deixando de
passar pela bacia, antes de entrar para adorar: “Por causa disso, há entre vós
muitos fracos e doentes, e muitos que morrem [...]” (1 Co 11.30).
3. A necessidade de purificação dos pés (por onde
andamos).
Pés limpos
indicavam o modo como os sacerdotes viviam na presença de Deus (Hb 12.13; Ef
4.1-3; Jo 13.1-8). Somos chamados para ser sacerdotes do Senhor em um a casa
espiritual (1 Pe 2.5). Mas precisamos estar certos de que estamos limpos para
carregar os utensílios do Senhor, e precisamos continuamente da limpeza
sacerdotal para poder servir em seu santuário (igreja) andando em santidade
como Ele andou (1 Pe 2.21; 1Jo 2.6).
III. A TIPOLOGIA DA
PIA
A lavagem com
água era a forma provisória e repetitiva, providenciada pelo
Senhor pela qual os sacerdotes eram submetidos a purificação ritual e assim
pudessem ministrar em sua presença. Podemos afirmar que a pia de bronze é um
símbolo da dupla atuação da Palavra de Deus. Notemos sua aplicação para nossos
dias:
1. A palavra revela o pecado: A bacia foi feita com
o espelho das mulheres e refletia o rosto do sacerdote (Êx 38.8).
Se os sacerdotes
entrassem no Lugar Santo sem passar pela bacia de bronze, eles seriam julgados
por Deus ao entrar: “Quando entrarem na tenda da congregação,
lavar-se-ão com água, para que não morram [...]” (Êx 30.20b). Esta
relação entre o bronze dos espelhos das mulheres e o bronze da bacia é bastante
significativa, pois a função do espelho é refletir a imagem colocada diante
dele. A figura ou símbolo do espelho é usada por Tiago quando diz: “Aquele
que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha
a sua face num espelho” (Tg 1.23). A Palavra de Deus é um espelho que
nos permite enxergar de modo claro e verdadeiro como nós realmente somos, e
como Deus nos vê. Mas Ela também nos dá uma visão do que podemos nos tornar
através de Cristo. À medida que contemplamos a Palavra de Deus, percebemos
nossa necessidade de limpeza. A Palavra revela toda a sujeira que precisa ser
removida. Jó viu a si mesmo como realmente era e isso causou-lhe repugnância
(Jó 42.5,6); Isaías percebeu quem ele realmente era diante do Senhor (Is 6.5);
e, Pedro enxergou sua natureza pecadora diante de Jesus (Lc 5.8) (CONNER, 2004,
pp. 129,130).
2. A palavra purifica o pecado:
A pia de bronze
continha água que servia como agente purificador sendo uma clara alusão ao
efeito da Palavra no ser humano (Ef 5.26).
A função da bacia aponta para o ministério da Palavra de Deus em nossas
vidas. O Espírito Santo, que é um Espírito de julgamento e de fogo, usa a
Palavra de Deus para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo (Is 4.4; Jo
16.6-12). Jesus Cristo, a Palavra que se tornou carne, recebeu autoridade para
exercer juízo contra o pecado (Jo 5.27). A bacia representa este juízo sobre o
pecado operando através da Palavra de Deus. Ela representa a purificação que
vem quando a Palavra expõe áreas de nossas vidas que não estão em conformidade
com os padrões de Deus. Isso fala da limpeza da água pela Palavra (Ef 5.26). A
Palavra age como um espelho (Tg 1.23-25) para nos dar um verdadeiro reflexo do
que somos diante de Deus, mas ao mesmo tempo é a água que reflete nossa imagem
e nos torna limpos (Pv 27.19; Ef 5.26). Quando nos tornamos limpos pela
Palavra, contemplamos como por um “espelho”
a glória do Senhor (2 Co 3.18) (CONNER, 2004, pp. 128).
IV. A TIPOLOGIA DA
ÁGUA
A entrada na
presença de Deus exigia pureza moral e cerimonial. A provisão de um ritual de
purificação pelo Senhor, consagrou Arão e seus descendentes ao serviço mas não
os livrou de seus pecados. Pelo contrário, a necessidade de se lavarem
continuamente enfatizava sua impureza. Vejamos sua tipologia com o uso da água:
1. A água da purificação.
No altar de
bronze o homem recebia provisoriamente e parcialmente
a justificação de seus pecados através do sacrifício do animal que prefigurava
o sacrifício pleno de Jesus na cruz, e na bacia de bronze ele recebia a purificação
através da lavagem com a água que isso também apontava tipologicamente para
Cristo. O significado espiritual do sangue do animal e da água
da pia de bronze pode ser visto no NT onde esses dois agentes de purificação (o
sangue e a água) se encontram no sacrifício de Jesus: “Este
é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo: não somente por água,
mas por água e sangue [...] (1 Jo 5.6). Quando Cristo morreu na cruz, e
sangue e água fluíram de seu lado (Jo 19.34), Ele cumpriu e aboliu a
necessidade do sangue do sacrifício e da água da lavagem. Tudo aquilo que o
sangue de animais no altar do holocausto e as águas cerimoniais na pia de
bronze representavam convergiu para o sacrifício perfeito e completo de Cristo.
O sangue derramado é o antítipo de todo sangue de animal derramado sob a
aliança mosaica. A água que fluiu do lado perfurado de Cristo cumpriu tudo que
as lavagens cerimoniais da antiga aliança representavam (CONNER, 2004, p. 130).
2. A água na regeneração.
Jesus nos salvou
pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo: “[...] aquele que não nascer da
água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5). A
regeneração e a renovação correspondem ao novo nascimento (ou nascer do alto).
Esta é a lavagem inicial, uma limpeza, uma purificação em relação à antiga
maneira de viver (At 15.9; 1Ts 4.7; 2 Co 5.17). É isso que nos transforma em
novas criaturas. Paulo disse: “Mas vocês foram lavados, foram santificados,
foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus”
(1 Co 6.11). Jesus falou que quem já se banhou está limpo (Jo 13.10). Tudo isso
se refere à limpeza da regeneração que acontece na vida do crente.
3. A água no santificação.
Moisés lavou
inteiramente Arão e seus filhos na limpeza inicial e dali em diante os
sacerdotes deveriam manter essa limpeza usando a bacia nas lavagens diárias de
suas mãos e pés (Êx 29.4; 40.12). Jesus ministrou o batismo da regeneração, mas
é nossa responsabilidade pessoal manter a limpeza diária de nossas mãos e pés
(1 Pe 1.22; 2 Co 7.1; Ef 5.26; 1 Co
6.11). Paulo nos exorta: “Purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo
e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2 Co 7.1). O
escritor aos hebreus diz que devemos nos aproximar de Deus tendo: “os nossos
corpos lavados com água pura” (Hb 10.20-22). A bacia deveria ser aspergida com sangue,
ungida com azeite e conter a água para a purificação dos
sacerdotes (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Assim, a água purificadora da
Palavra vem a nós através do sangue de Jesus e pelo Espírito que
é o “azeite”
de Deus em nós. Precisam os que nossos corações sejam aspergidos com sangue;
ser lavados pela água da Palavra, e sermos ungido do santo azeite da unção do
Espírito Santo.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta
lição que a água fala de pureza e santificação, e é símbolo da ação
purificadora da Palavra de Deus (Jo 15.3; 17.17; Ef 5.26,27) e do Espírito
Santo (Tt 3.4-6; 1 Co 6.11) em nossos corações (Hb 10.22; 1Pd 1.22,23). Pode
simbolizar também a purificação pelo sangue de Jesus (1 Jo 1.7), uma vez que o
sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA.
Ø CONNER,
Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de
Moisés. (Trad. Célia Chazanas). Atos, 2004.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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