Êx 26.31-35; Hb
9.1-5; Mt 27.51
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos informações sobre o Lugar Santíssimo; as suas dimensões, seu utensílio,
bem como sua importância. Estudaremos sobre o segundo véu e traremos uma
definição do termo, pontuaremos algumas informações sobre o material desta
cortina interior; falaremos sobre as colunas e os ganchos que prendia-o, e
mostraremos quais os propósitos dele no lugar Santíssimo. Por fim, falaremos
sobre o simbolismo do segundo véu e a pessoa de Cristo mostrando o paralelismo
do véu e o do corpo de Jesus; a simbologia da separação entre o homem e Deus; e
a simbologia do véu e o acesso limitado e seletivo apenas aos sumo sacerdotes.
I. INFORMAÇÕES
SOBRE O LUGAR SANTÍSSIMO
1. O Lugar Santíssimo e sua dimensão.
O Santo dos
Santos em hebraico “Kodesh ha Kodashim” era a porção mais sagrada do tabernáculo do
hebraico “mishkan” e se localizava no fim do ambiente fechado. Há muitas
divergências entre os teólogos quanto as dimensões que envolvem o lugar Santo e
o Santíssimo. Aceitamos que o santuário chamado de “tenda da congregação”
tivesse o lugar Santo com 10 metros de comprimento e o lugar
Santíssimo com 5 metros de comprimento, sendo assim, juntos tinham
aproximadamente um comprimento de 15 metros; com sua largura de 5
metros, e sua altura também de 5 metros, formando um lugar cúbico e
quadrangular. Embora em nenhum lugar da Bíblia encontramos esta informação
precisamente, podemos entender que não existe nenhuma incoerência nestas
medidas pelo fato que no lugar Santo havia três móveis e no Santíssimo apenas
um (WIERSBE, 2010, vol. 1, p. 303).
2. O Lugar Santíssimo e seu utensílio.
Aparentemente, o
Santo dos Santos era mantido completamente às escuras (1Rs 8.12), o que servia
para envolver o lugar em um mistério ainda maior, onde se esperava sentir a
presença de Deus. O lugar Santíssimo continha apenas uma mobília que era a Arca
da Aliança. Suas dimensões foram especificadas por Deus a Moisés, tendo ela de comprimento
dois côvados e meio (1 metro e 25 centímetros), de largura um côvado
e meio (75 centímetros), e de altura um côvado e meio (75
centímetros) (Êx 25.10,11; 37.1,2). No alto dessa arca, ficava o “propiciatório”
feito de ouro com um querubim em cada extremidade. Esse era o trono de Deus no
tabernáculo (Êx 25.10- 22; SI 80.1; 99.1). No Dia da Expiação, aspergia-se
sangue de um sacrifício sobre esse propiciatório (tampa da arca), que era um
sinal da propiciação futura através do sacrifício de Cristo (1Jo 2.2; Rm 3.25)
(CHAMPLIN, 2001, vol. 6, p. 87).
3. O Lugar Santíssimo e sua importância.
O Lugar
Santíssimo era um local muito especial dentro do Tabernáculo. O pátio
era iluminado pela luz natural do dia já o Lugar Santo era iluminado pelas sete
lâmpadas do candelabro, mas no Lugar Santíssimo não havia luz
artificial ou natural. Contudo, este era o local mais claro do Tabernáculo,
pois era iluminado pela “luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode
ver”, pois era iluminado pela própria glória de Deus (Êx 40.34,35; Lv
16.2).
II. INFORMAÇÕES
SOBRE O VÉU INTERIOR OU SEGUNDO VÉU
1. Definição do termo véu.
Este véu que
estava entre o Lugar Santo e o Santíssimo dividia o Tabernáculo em dois
compartimentos (Êx 26.33). O véu, posto à frente do Santo dos Santos, tinha
cerca de 5 metros de largura e de 5 metros de altura,
e segundo alguns estudiosos tinha a espessura da mão de um homem, ou
seja, mais ou menos 10 centímetros. O termo véu no hebraico “parochet”
que significa “separação, barrar, ou fechar”; a Septuaginta (Tradução do AT
hebraico para o grego) apresenta o termo “cortina”. A palavra hebraica
tornou-se uma designação técnica para falar da grossa cortina que separava o
local sagrado do tabernáculo do local mais sagrado. A cortina era um tipo de
tapeçaria espessa que fechava o acesso ao lugar Santíssimo, exceto para o sumo
sacerdote, que poderia abrir a cortina uma vez por ano para realizar suas
obrigações no Dia da Expiação (CHAMPLIN, 2001, vol. 6, p. 620).
2. O material do véu interior.
Esta cortina era
obra
esmerada de bordador (Êx 36.35; 26.37). Quanto ao segundo véu (Hb 9.3)
e sua descrição e materiais, o AT informa-nos que ele era feito de linho fino
torcido bordado azul, roxo, vermelho com figuras de querubins (Êx 26.31-37;
36.35). Sua confecção era semelhante à primeira cobertura do tabernáculo que
era de
linho fino torcido e colorido com as cores azul, púrpura e carmesim com
desenhos de querubins tecidos mostrando assim uma harmonia com as
“paredes” e o “teto” do lugar Santíssimo (Êx 26.1,2 ver 26.31). O véu separava
um terço da área do tabernáculo (COLE, 1963, p. 189).
3. O véu e as colunas.
As bases que
fixava as colunas no lugar Santíssimo eram de prata e o véu era pendurado em
ganchos de ouro que estavam ligados a quatro colunas de madeira acácia (cetim)
coberta com ouro, e os ganchos de ouro eram inseridos em suportes de
prata (Êx 26.31-33). As colunas tinham as mesmas dimensões e foram colocadas a
distâncias iguais um as das outras, como também devem ter sido ligadas um as
outras, no topo, mediante algum a espécie de estrutura, como uma viga e
juntamente com o véu, formavam uma espécie de tela. Essa tela agia como uma
porta que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos. As quatro colunas tinham
a mesma altura que as tábuas, cerca de 5 metros com 75 centímetros de largura
(Êx 26.16). O próprio véu ficava suspenso por meio de ganchos de ouro, postos
no topo das quatro colunas de madeira de acácia e desciam até o nível do chão,
sem deixar qualquer espaço vago. As colunas repousavam sobre bases de cobre (Êx
26.36; 36.38) (CHAMPLIN, 2001, vol. 6, p. 624).
4. O véu e os ganchos.
Os ganchos (colchetes) com os quais as duas metades
das coberturas interna eram ligadas uma à outra (Êx 26.6,11), ficavam
imediatamente sobre o véu. A cortina que dividia o Lugar Santo do Santo do
Santo ficava pendurada pelos colchetes de ouro que ligavam as cinco cortinas uma
à outra; pelo que cinco cortinas formavam os lados do Lugar Santo, e outras
cinco formavam os lados do Santo dos Santos (CHAMPLIN, 2001, vol. 6, p. 621).
III. PROPÓSITOS DO
SEGUNDO VÉU
1. Separar o lugar Santo do Santíssimo.
O propósito
desse véu era separar o lugar Santíssimo, no qual estava a Arca da Aliança (Êx
26.33) do lugar Santo. A palavra hebraica usada para véu ocorre por vinte e
quatro vezes no AT sempre referindo-se ao tipo de véu ou tela que separava o
Lugar Santo do Santo dos Santos (CHAMPLIN, 2001, vol. 1, p.423).
2. Separar a criatura do criador.
O véu fazia
separação entre o que não era santo (o homem) e Aquele que é santíssimo (Deus).
O véu representava uma triste verdade: o homem é pecador e é vedado o caminho
para ele ir sozinho a Deus (Êx 26.33; Lv 16.2; Is 59.1-3; Rm 3.23). As cortinas
(portas) do tabernáculo serviam para
bloquear as multidões e para permitir que apenas pessoas autorizadas entrassem.
IV. O SIMBOLISMO DO
SEGUNDO VÉU E A PESSOA DE CRISTO
1. O véu e a simbologia do corpo de Jesus.
Fora do alcance
do homem, o véu do Templo foi rasgado em duas metades, de cima para baixo (Mt
27.51; Mc 15.38; Lc 23.45), e como ele foi rompido “de alto a baixo” isso nos
sugere que foi o próprio Deus quem o rasgou e somente um poder miraculoso
poderia ter atuado para que tal fato acontecesse. A palavra de Deus nos mostra
que junto à cruz do Senhor estava um centurião romano e os que com ele estavam
souberam a ruptura do véu (Mt 27.51-54). Em Hebreus aprendemos que o véu se
refere tipologicamente a carne de Jesus. Ele é o acesso até a pessoa de Deus e
por Ele, o pecador arrependido pela fé em Cristo Jesus, não apenas tem entrada
à presença de Deus, mas, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de
Jesus: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de
Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela
sua carne” (Hb 10.19,20). Em Hebreus 10.10-23, é o grande Sacerdote que
se ofereceu a Si mesmo como o verdadeiro sacrifício aceitável que purifica os
nossos corações da má consciência (Hb 10.12-14, 21,22). Ele é o que abriu o
caminho pelo véu, sendo Ele mesmo o próprio véu e o novo e vivo Caminho a Deus
(Jo 14.6).
2. O véu e a simbologia da separação entre o homem e
Deus.
Certamente o
símbolo que podemos destacar aqui é o fato de Deus não pode conviver com o
pecado do homem. Observemos que somente o sumo sacerdote (um tipo de Cristo) podia romper para além do Véu e adentrar o Lugar
Santíssimo, e isso somente uma vez por ano, no dia da expiação quando ele
oferecia o sacrifício por si mesmo e pelos pecados do povo (Hb 9.7). Na morte
de Jesus, a cortina que fechava o lugar mais sagrado se rasgou de cima para
baixo (Mt 27.41; Mr 15.38; Lc 23.45). O lugar mais sagrado do Templo foi assim
exposto, simbolizando que o acesso à presença de Deus havia sido aberto a todos
indistintamente, não apenas a um ministro especial. O Véu nos faz lembrar de
que estávamos distantes (Rm 3.23).
3. O véu e a simbologia do acesso limitado e
seletivo.
Com certeza
podemos afirmar que por causa do pecado, o homem comum não podia aproximar-se
de Deus, a não ser através de um intercessor devidamente credenciado e isto
devido ao Seu caráter santo. Somente o sumo sacerdote, uma vez por ano, podia
passar para além do véu. Mas em Cristo, o qual é a Porta (Jo 10.9), o acesso
foi franqueado a todos os homens (Hb 6.19,20; 9.11,12; 10.19,20). O véu também
era tipo do corpo humano de Cristo (Mt 26.27; 27.50; Hb 10.20), o qual foi
rasgado (na crucificação) para prover-nos acesso a Deus. O véu do templo, por
ocasião da morte de Cristo, foi rasgado ao meio. Foi aberto um novo caminho
para a justificação, visto que, por meio das obras da lei, nenhuma carne
poderia ser justificada (Rm 3.20; Hb 9.8).
CONCLUSÃO
Nesta lição,
aprendemos que o Lugar Santo dos Santos representa a presença santíssima e
gloriosa de Deus no meio do seu povo. Esse lugar, especial e único do
Tabernáculo, mostra tipologicamente o que o Senhor Jesus Cristo, o nosso Sumo
Sacerdote Perfeito, fez ao rasgar o véu da separação. Diferentemente daqueles
dias, onde o Lugar Santíssimo não era aberto a todas as pessoas, hoje, por meio
da obra de Cristo, podemos entrar ao trono de Deus com ousadia e confiança.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua
Portuguesa. 1 ed. RJ: OBJETIVA, 2001.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
1 ed. RJ: CPAD, 1995.
Ø MERRIL,
E. H. História de Israel no Antigo
Testamento. 6 ed., RJ: CPAD, 2007.
Ø COLE,
Alan. Êxodo, Introdução e Comentário.
1 ed. SP: Vida Nova, 1963.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. 1 ed. SP: HAGNOS, 2004.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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