Lv 1.1-3; 2.1-3;
3.1,2; 7.1,2; 1 Jo 2.1,2
INTRODUÇÃO
O sistema
sacrificial levítico foi instituído por Deus a fim de que o povo pudesse por
meio das ofertas expiar o pecado e também expressar sua gratidão pelos bens
recebidos; nesta lição falaremos de cada uma destas ofertas, dando destaque a
que era feita anualmente no dia da expiação; concluiremos mostrando que tais
sacrifícios eram apenas sombra do perfeito e definitivo sacrifício que seria
realizado por Cristo Jesus.
I. O SISTEMA DE
SACRIFÍCIOS DO CULTO LEVÍTICO
Junto com os Dez
Mandamentos, Deus também concedeu ao povo de Israel um sistema de sacrifícios
para que por meio deles os hebreus pudessem comparecer diante de Deus no
tabernáculo. Notemos:
1. A oferta de holocausto (Lv 1.1-17; 6.8-13).
A palavra
hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo
que vai para cima”. O dicionário Vine (2002, p. 692), lembra que no
grego o termo advém de: “holokautõma” (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e
que denota: “oferta queimada por inteiro”. A oferta do holocausto, também
chamada de oferta queimada (Lv 1.9), era inteiramente consumida sobre o altar
(Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os
resíduos de comida (Lv 1.16). Deveriam ser apresentados como sacrifício de
holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo “macho” e “sem
defeito” (Lv 1.3,10; 22.19-21).
2. A oferta de manjares (Lv 2.1-16; 6-14-23).
A oferta de
manjares não consistia em oferta de animais, consistia em produtos da terra que
representam o resultado de uma boa colheita. O ofertante reconhecia que Deus o
havia provido com o pão cotidiano. Parte da oferta trazida deveria ser “queimada
ao Senhor” (Lv 2.8,9); a outra parte deveria ser “dada aos sacerdotes para o seu
sustento” (Lv 2.10). Não se deveria acrescentar a oferta de manjares o
fermento nem o mel (Lv 2.11). As ofertas deveriam ser temperadas com o sal (Lv
2.13). Três tipos de oferta de manjares eram oferecidos: a) flor de farinha com azeite e incenso (Lv 21.2); b) bolos cozidos untados com azeite (Lv
2.4,5); e, c) grão de cereais
tostados com azeite e incenso (Lv 2.14,15).
3. A oferta pacífica (Lv 3.1-17; 7.11-34).
A expressão
“pacifica” é oriunda da palavra “paz” do hebraico “shalom”
que significa: “paz, bem, feliz, tranquilo, saúde e prosperidade”. Era também
chamada de “oferta de paz” ou de “ofertas de comunhão”. Tais termos
denotam que esta oferta não era para pacificar a Deus, mas era apresentada pelo
ofertante que já estava em comunhão com Deus. Nesta oferta, podia se oferecer “gado” (Lv 3.1); ou “gado miúdo” (Lv 3.6) tais como: “cordeiro” (Lv 3.7) ou “cabra”
(Lv 3.12); podendo ser “macho ou fêmea” (Lv 3.1,7,12), desde
que fosse “sem defeito” (Lv 3.1,6). O ofertante tinha de impor a mão sobre
a cabeça da sua oferta (Lv 3.2,8,13), matar o animal e apresentar ao sacerdote
os pedaços a serem oferecidos (Lv 3.3,4,9,10,14,15). Em seguida, o sacerdote
ministrante os “queimava” no altar (Lv 3.5,11,16). A outra parte da carne fazia
parte da “refeição” (Lv 7.14,15,16). Quanto a “gordura” e ao “sangue”,
estes dois, não poderiam jamais ser comidos, mas oferecidos ao Senhor como
oferta queimada (Lv 3.16,17). Os sacrifícios pacíficos tinham três variedades,
a saber: “ofertas de ações de graças” (Lv 7.12), “ofertas votivas” (Lv
7.16) e, “ofertas voluntárias” (Lv 7.29).
4. Oferta pelo pecado (Lv 4.13-21; 16.1-34;
23.26-32).
Apesar de todos
os sacrifícios feitos durante o ano pelos membros da congregação de Israel e
pelos próprios sacerdotes, ainda ficavam pecados e imundícias que exigiam
expiação para que houvesse um relacionamento adequado entre Deus e o Seu povo.
Por isso um dia particular foi inaugurado, no qual o ritual executado pelo sumo
sacerdote realizaria a reconciliação da nação com o seu Deus. O Dia da Expiação
no hebraico é “yom kippur” é traduzido como “dia do expiação” (Lv
23.27). A palavra “expiação” no hebraico “kippurim”, é derivado de “kaphar”,
que significa “cobrir”, comunica a ideia de cobrir o pecado mediante um
resgate de modo que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito
cometido” (STAMPS, 1995, p. 209). Hoff (2007, p. 85) diz que: “era o dia mais
importante do calendário judeu. Era a coroa e ponto culminante de todo o
sistema de sacrifícios”. Vejamos algumas informações sobre esta celebração:
A. Data.
Foi instituído
como estatuto permanente por Moisés, como dia de expiação pelos pecados, no
décimo dia do mês de Tishri (setembro/outubro) (Lv 16.29; 23.31). Essa grande
festividade, tal como todos os demais dias festivos dos judeus, começava ao pôr
do sol do dia anterior, prolongando-se por 24 horas, isto é, de pôr do sol a
pôr do sol (Lv 23..32).
B. A cerimônia.
O AT nos mostra
diversos detalhes quanto a celebração do Dia da Expiação, notemos:
a) A postura do povo.
Durante a
celebração o povo não devia trabalhar: “naquele mesmo dia, nenhuma obra fareis”
(Lv 16.28a). Deviam afligir suas almas jejuando, demonstrando desse modo
humildade e tristeza por seu pecado: “afligireis a vossa alma” (Lv
16.27-a) O sumo sacerdote banhava-se completamente, simbolizando sua
purificação espiritual (Lv 16.23,24).
b) A expiação do sacerdote.
Aarão fazia uma
expiação por seus próprios pecados e pelos dos outros sacerdotes: sacrificava
um bezerro e levava o sangue em um vaso (Lv 16.6,11). Com um incensário cheio
de brasas tomadas do altar do incenso e com os punhos cheios de incenso,
entrava no lugar santíssimo. Imediatamente punha o incenso sobre as brasas para
que o fumo perfumado cobrisse o propiciatório. Assim seus pecados eram cobertos
e ele não morria (Lv 16.12,13). Depois espargia o sangue sete vezes sobre o propiciatório,
no lugar santo e sobre o altar de bronze, expiando os pecados do sacerdócio e
suas faltas ao ministrar no lugar santo (Lv 16.14).
c) A expiação do povo.
Dois bodes eram
escolhidos para o sacrifício e eram sido trazidos ao tabernáculo (Lv 16.5).
Aarão lançava sortes sobre os animais; uma sorte para o Senhor e outra para
Azazel, ou “emissário” (Lv 16.7,8). Aarão sacrificava o bode sobre o qual
caía a sorte pelo Senhor. Já havia entrado no lugar santíssimo para expiar seus
pecados e agora da mesma maneira fazia expiação por seu povo (Lv
16.9,15,16,18-19). A seguir punha as mãos sobre a cabeça do segundo bode vivo e
confessava todas as iniquidades de Israel (Lv 16.21,22). O bode era enviado ao
deserto para nunca mais voltar (Lv 16.10). Embora as duas ofertas sejam
distintas, os dois bodes formam um único sacrifício pelo pecado. Depois disso,
Aarão lavava suas vestes, banhava-se e se vestia. Oferecia carneiros como
sacrifícios do holocausto (Lv 16.23-25).
II. CRISTO JESUS –
O CUMPRIMENTO DAS LEIS CERIMONIAIS
Embora as leis
cerimoniais desempenhassem papel vital antes da morte de Cristo, eram, no
entanto, deficientes sob vários aspectos. Notemos: a) era o sacrifício de animais (Hb 10.4); b) eram sacrifícios repetitivos (Hb 10.1-b); c) a expiação apenas cobria o pecado; e, d) nem todos os pecados eram perdoados (Lv 4.2). O escritor aos
hebreus acrescenta dizendo que tais sacrifícios eram apenas as “sombras
dos bens vindouros” (Hb 10.1). Na morte de Cristo, a vigência das leis
cerimoniais chegou ao fim. Seu sacrifício expiatório providenciou perdão para
todos os pecados (Hb 9.12). Notemos:
1. O próprio Cristo é o sumo sacerdote.
Assim como Arão
(Êx 28.1), Jesus também feito sacerdote por Deus Pai (Hb 5.5,6,10; 7.21).
Embora procedesse de Judá (Hb 7.14), o Mestre foi feito sacerdote da ordem de
Melquisedeque (Hb 7.14). Portanto, o sacerdócio de Cristo é de uma ordem
melhor, pois é independente da Lei de Moisés (Hb 7.11,12); e, da tribo de Levi
(Hb 7.13-15). O sacerdócio de Melquisedeque é superior ao de Arão por, pelo
menos, dois motivos: a) é anterior
ao sacerdócio aarônico (Gn 14.18-20); b)
foi feito sob juramento (Sl 110.4). O sacerdócio levítico embora fosse
permanente, o sacerdote era impedido de exercer o sacerdócio quando morresse. O
sacerdócio de Cristo, pelo contrário, é eterno porque ele vive para sempre (Hb
7.24). Cristo também é superior porque é sacerdote perfeito, imaculado (Hb
7.26-28).
2. O próprio Cristo é a oferta.
Isaías
profetizou que um homem faria expiação pelos pecados da humanidade (Is 53.1-
12). O salmista também anunciou que o sacrifício definitivo seria de um corpo
sem pecado (Sl 40.6-8). O escritor aos hebreus citou este texto para mostrar
que profeticamente se cumpriu em Jesus (Hb 10.5-9). Na cruz, Jesus, ofereceu-se
a si mesmo como oferta definitiva pelo pecado (Hb 10.10). Enquanto no Dia da
Expiação, dois bodes cumpriam o papel de expurgar o pecado do povo, um sendo
sacrificado e outro levado para o deserto. Em Cristo, temos único sacrifício
que atende estas duas demandas. Jesus compareceu ao tabernáculo celeste
oferecendo-se como sacrifício definitivo (Hb 10.10), e ao mesmo tempo padeceu
fora da porta (Hb 13.12,20), ou seja, fora da cidade de Jerusalém (Jo 19.20),
levando sobre o madeiro os nossos pecados (1 Pe 2.24).
3. O sangue do sacrifício é o Seu próprio sangue.
Deus já havia
ensinado por meio do culto levítico que o sangue é que fazia expiação pelo ser
humano (Lv 17.11). Por isso, o sacerdote no Dia da Expiação entrava com sangue
alheio, ou seja, um sangue de um animal para ser aspergido na presença do
Senhor (Hb 9.25). Cristo, no entanto, quando se ofereceu como oblação pelo
pecado da humanidade, ofertou o seu próprio sangue (Hb 9.12), o que Ele chamou
de Sangue do “Novo Testamento” (Mt 26.28); também chamada de “Eterna
Aliança” (Hb 13.20). Este é o sangue que fala melhor que o sangue de
Abel (Hb 12.24). O sangue de Abel clamava por justiça (Gn 4.10); mas, o sangue
de Cristo fala mais alto, clamando por misericórdia (Rm 8.34). Enquanto os
sacrifícios do sistema levítico contemplavam apenas o povo de Israel, o sangue
de Cristo propicia o mundo inteiro (1 Jo 2.2).
4. Entrou no tabernáculo celeste.
O Sumo sacerdote
só podia entrar no Lugar Santíssimo, onde estava a arca da aliança, que
simbolizava a presença de Deus, apenas uma vez no ano (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb
9.7). No entanto, Cristo, nosso “[…] grande sumo sacerdote […]
penetrou
nos céus” (Hb 4.14). Ele entrou no santuário celeste, para interceder
por nós: “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do
verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de
Deus” (Hb 9.24).
CONCLUSÃO
Os sacrifícios
dos sistema levítico não eram suficientes para resolver o problema do pecado
humano. Eles eram imperfeitos porque precisavam ser repetitivos e não eram
capazez de expiar qualquer iniquidade. No entanto, Cristo se ofereceu uma única
vez pelo pecado e o seu sangue nos purifica de toda e qualquer iniquidade (Hb
10.10; 1 Jo 1.7).
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, José. A
supremacia de Cristo Fé. CPAD.
HOFF, Paul. O
Pentateuco. VIDA.
STAMPS, Donald C.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al.
Dicionário
Vine. CPAD.
TENNEY, Merril C.
Enciclopédia
da Bíblia. EDITORA CULTURA CRISTÃ.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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