sexta-feira, 7 de junho de 2019

LIÇÃO 10 – O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS (SUBSÍDIO)






Lv 1.1-3; 2.1-3; 3.1,2; 7.1,2; 1 Jo 2.1,2





INTRODUÇÃO
O sistema sacrificial levítico foi instituído por Deus a fim de que o povo pudesse por meio das ofertas expiar o pecado e também expressar sua gratidão pelos bens recebidos; nesta lição falaremos de cada uma destas ofertas, dando destaque a que era feita anualmente no dia da expiação; concluiremos mostrando que tais sacrifícios eram apenas sombra do perfeito e definitivo sacrifício que seria realizado por Cristo Jesus.


I. O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS DO CULTO LEVÍTICO
Junto com os Dez Mandamentos, Deus também concedeu ao povo de Israel um sistema de sacrifícios para que por meio deles os hebreus pudessem comparecer diante de Deus no tabernáculo. Notemos:

1. A oferta de holocausto (Lv 1.1-17; 6.8-13).
A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”. O dicionário Vine (2002, p. 692), lembra que no grego o termo advém de: “holokautõma” (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e que denota: “oferta queimada por inteiro”. A oferta do holocausto, também chamada de oferta queimada (Lv 1.9), era inteiramente consumida sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida (Lv 1.16). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo “macho” e “sem defeito” (Lv 1.3,10; 22.19-21).

2. A oferta de manjares (Lv 2.1-16; 6-14-23).
A oferta de manjares não consistia em oferta de animais, consistia em produtos da terra que representam o resultado de uma boa colheita. O ofertante reconhecia que Deus o havia provido com o pão cotidiano. Parte da oferta trazida deveria ser “queimada ao Senhor” (Lv 2.8,9); a outra parte deveria ser “dada aos sacerdotes para o seu sustento” (Lv 2.10). Não se deveria acrescentar a oferta de manjares o fermento nem o mel (Lv 2.11). As ofertas deveriam ser temperadas com o sal (Lv 2.13). Três tipos de oferta de manjares eram oferecidos: a) flor de farinha com azeite e incenso (Lv 21.2); b) bolos cozidos untados com azeite (Lv 2.4,5); e, c) grão de cereais tostados com azeite e incenso (Lv 2.14,15).

3. A oferta pacífica (Lv 3.1-17; 7.11-34).
A expressão “pacifica” é oriunda da palavra “paz” do hebraico “shalom” que significa: “paz, bem, feliz, tranquilo, saúde e prosperidade”. Era também chamada de “oferta de paz” ou de “ofertas de comunhão”. Tais termos denotam que esta oferta não era para pacificar a Deus, mas era apresentada pelo ofertante que já estava em comunhão com Deus. Nesta oferta, podia se oferecer “gado” (Lv 3.1); ou “gado miúdo” (Lv 3.6) tais como: “cordeiro” (Lv 3.7) ou “cabra” (Lv 3.12); podendo ser “macho ou fêmea” (Lv 3.1,7,12), desde que fosse “sem defeito” (Lv 3.1,6). O ofertante tinha de impor a mão sobre a cabeça da sua oferta (Lv 3.2,8,13), matar o animal e apresentar ao sacerdote os pedaços a serem oferecidos (Lv 3.3,4,9,10,14,15). Em seguida, o sacerdote ministrante os “queimava” no altar (Lv 3.5,11,16). A outra parte da carne fazia parte da “refeição” (Lv 7.14,15,16). Quanto a “gordura” e ao “sangue”, estes dois, não poderiam jamais ser comidos, mas oferecidos ao Senhor como oferta queimada (Lv 3.16,17). Os sacrifícios pacíficos tinham três variedades, a saber: “ofertas de ações de graças” (Lv 7.12), “ofertas votivas” (Lv 7.16) e, “ofertas voluntárias” (Lv 7.29).

4. Oferta pelo pecado (Lv 4.13-21; 16.1-34; 23.26-32).
Apesar de todos os sacrifícios feitos durante o ano pelos membros da congregação de Israel e pelos próprios sacerdotes, ainda ficavam pecados e imundícias que exigiam expiação para que houvesse um relacionamento adequado entre Deus e o Seu povo. Por isso um dia particular foi inaugurado, no qual o ritual executado pelo sumo sacerdote realizaria a reconciliação da nação com o seu Deus. O Dia da Expiação no hebraico é “yom kippur” é traduzido como “dia do expiação” (Lv 23.27). A palavra “expiação” no hebraico “kippurim”, é derivado de “kaphar”, que significa “cobrir”, comunica a ideia de cobrir o pecado mediante um resgate de modo que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido” (STAMPS, 1995, p. 209). Hoff (2007, p. 85) diz que: “era o dia mais importante do calendário judeu. Era a coroa e ponto culminante de todo o sistema de sacrifícios”. Vejamos algumas informações sobre esta celebração:

A. Data.
Foi instituído como estatuto permanente por Moisés, como dia de expiação pelos pecados, no décimo dia do mês de Tishri (setembro/outubro) (Lv 16.29; 23.31). Essa grande festividade, tal como todos os demais dias festivos dos judeus, começava ao pôr do sol do dia anterior, prolongando-se por 24 horas, isto é, de pôr do sol a pôr do sol (Lv 23..32).

B. A cerimônia.
O AT nos mostra diversos detalhes quanto a celebração do Dia da Expiação, notemos:

a) A postura do povo.
Durante a celebração o povo não devia trabalhar: “naquele mesmo dia, nenhuma obra fareis” (Lv 16.28a). Deviam afligir suas almas jejuando, demonstrando desse modo humildade e tristeza por seu pecado: “afligireis a vossa alma” (Lv 16.27-a) O sumo sacerdote banhava-se completamente, simbolizando sua purificação espiritual (Lv 16.23,24).

b) A expiação do sacerdote.
Aarão fazia uma expiação por seus próprios pecados e pelos dos outros sacerdotes: sacrificava um bezerro e levava o sangue em um vaso (Lv 16.6,11). Com um incensário cheio de brasas tomadas do altar do incenso e com os punhos cheios de incenso, entrava no lugar santíssimo. Imediatamente punha o incenso sobre as brasas para que o fumo perfumado cobrisse o propiciatório. Assim seus pecados eram cobertos e ele não morria (Lv 16.12,13). Depois espargia o sangue sete vezes sobre o propiciatório, no lugar santo e sobre o altar de bronze, expiando os pecados do sacerdócio e suas faltas ao ministrar no lugar santo (Lv 16.14).

c) A expiação do povo.
Dois bodes eram escolhidos para o sacrifício e eram sido trazidos ao tabernáculo (Lv 16.5). Aarão lançava sortes sobre os animais; uma sorte para o Senhor e outra para Azazel, ou “emissário” (Lv 16.7,8). Aarão sacrificava o bode sobre o qual caía a sorte pelo Senhor. Já havia entrado no lugar santíssimo para expiar seus pecados e agora da mesma maneira fazia expiação por seu povo (Lv 16.9,15,16,18-19). A seguir punha as mãos sobre a cabeça do segundo bode vivo e confessava todas as iniquidades de Israel (Lv 16.21,22). O bode era enviado ao deserto para nunca mais voltar (Lv 16.10). Embora as duas ofertas sejam distintas, os dois bodes formam um único sacrifício pelo pecado. Depois disso, Aarão lavava suas vestes, banhava-se e se vestia. Oferecia carneiros como sacrifícios do holocausto (Lv 16.23-25).


II. CRISTO JESUS – O CUMPRIMENTO DAS LEIS CERIMONIAIS
Embora as leis cerimoniais desempenhassem papel vital antes da morte de Cristo, eram, no entanto, deficientes sob vários aspectos. Notemos: a) era o sacrifício de animais (Hb 10.4); b) eram sacrifícios repetitivos (Hb 10.1-b); c) a expiação apenas cobria o pecado; e, d) nem todos os pecados eram perdoados (Lv 4.2). O escritor aos hebreus acrescenta dizendo que tais sacrifícios eram apenas as “sombras dos bens vindouros” (Hb 10.1). Na morte de Cristo, a vigência das leis cerimoniais chegou ao fim. Seu sacrifício expiatório providenciou perdão para todos os pecados (Hb 9.12). Notemos:

1. O próprio Cristo é o sumo sacerdote.
Assim como Arão (Êx 28.1), Jesus também feito sacerdote por Deus Pai (Hb 5.5,6,10; 7.21). Embora procedesse de Judá (Hb 7.14), o Mestre foi feito sacerdote da ordem de Melquisedeque (Hb 7.14). Portanto, o sacerdócio de Cristo é de uma ordem melhor, pois é independente da Lei de Moisés (Hb 7.11,12); e, da tribo de Levi (Hb 7.13-15). O sacerdócio de Melquisedeque é superior ao de Arão por, pelo menos, dois motivos: a) é anterior ao sacerdócio aarônico (Gn 14.18-20); b) foi feito sob juramento (Sl 110.4). O sacerdócio levítico embora fosse permanente, o sacerdote era impedido de exercer o sacerdócio quando morresse. O sacerdócio de Cristo, pelo contrário, é eterno porque ele vive para sempre (Hb 7.24). Cristo também é superior porque é sacerdote perfeito, imaculado (Hb 7.26-28).

2. O próprio Cristo é a oferta.
Isaías profetizou que um homem faria expiação pelos pecados da humanidade (Is 53.1- 12). O salmista também anunciou que o sacrifício definitivo seria de um corpo sem pecado (Sl 40.6-8). O escritor aos hebreus citou este texto para mostrar que profeticamente se cumpriu em Jesus (Hb 10.5-9). Na cruz, Jesus, ofereceu-se a si mesmo como oferta definitiva pelo pecado (Hb 10.10). Enquanto no Dia da Expiação, dois bodes cumpriam o papel de expurgar o pecado do povo, um sendo sacrificado e outro levado para o deserto. Em Cristo, temos único sacrifício que atende estas duas demandas. Jesus compareceu ao tabernáculo celeste oferecendo-se como sacrifício definitivo (Hb 10.10), e ao mesmo tempo padeceu fora da porta (Hb 13.12,20), ou seja, fora da cidade de Jerusalém (Jo 19.20), levando sobre o madeiro os nossos pecados (1 Pe 2.24).

3. O sangue do sacrifício é o Seu próprio sangue.
Deus já havia ensinado por meio do culto levítico que o sangue é que fazia expiação pelo ser humano (Lv 17.11). Por isso, o sacerdote no Dia da Expiação entrava com sangue alheio, ou seja, um sangue de um animal para ser aspergido na presença do Senhor (Hb 9.25). Cristo, no entanto, quando se ofereceu como oblação pelo pecado da humanidade, ofertou o seu próprio sangue (Hb 9.12), o que Ele chamou de Sangue do “Novo Testamento” (Mt 26.28); também chamada de “Eterna Aliança” (Hb 13.20). Este é o sangue que fala melhor que o sangue de Abel (Hb 12.24). O sangue de Abel clamava por justiça (Gn 4.10); mas, o sangue de Cristo fala mais alto, clamando por misericórdia (Rm 8.34). Enquanto os sacrifícios do sistema levítico contemplavam apenas o povo de Israel, o sangue de Cristo propicia o mundo inteiro (1 Jo 2.2).

4. Entrou no tabernáculo celeste.
O Sumo sacerdote só podia entrar no Lugar Santíssimo, onde estava a arca da aliança, que simbolizava a presença de Deus, apenas uma vez no ano (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb 9.7). No entanto, Cristo, nosso “[…] grande sumo sacerdote […] penetrou nos céus” (Hb 4.14). Ele entrou no santuário celeste, para interceder por nós: “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (Hb 9.24).
  

CONCLUSÃO
Os sacrifícios dos sistema levítico não eram suficientes para resolver o problema do pecado humano. Eles eram imperfeitos porque precisavam ser repetitivos e não eram capazez de expiar qualquer iniquidade. No entanto, Cristo se ofereceu uma única vez pelo pecado e o seu sangue nos purifica de toda e qualquer iniquidade (Hb 10.10; 1 Jo 1.7). 



REFERÊNCIAS
GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé. CPAD.
HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. EDITORA CULTURA CRISTÃ. 




Por Rede Brasil de Comunicação.


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