1 Sm 1.20-28
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos rapidamente sobre a biografia de Samuel; veremos seu triplo ofício;
pontuaremos os três níveis das consagrações de Samuel; e por fim, notaremos
como ele nos deixou o exemplo de obediência e submissão a Deus e aos homens.
I.
QUEM FOI SAMUEL
1. O nome de Samuel.
Para o
significado exato do nome Samuel existem várias alternativas sugeridas pelos
intérpretes. As principais são: “ouvido por Deus”, “aquele
que provém de Deus”, “nome de Deus” e “prometido
ou dado por Deus”. Pela vocalização do nome em hebraico “Shemu’el”
sugere-se o significado de “nome de Deus” e, sem dúvida, isso
está certo.
2. Local do nascimento de Samuel.
De acordo com o
livro de Samuel, Ramá (nome abreviado de Ramataim-Zofim) foi o lugar do
nascimento (1Sm 1.19), da residência (1Sm 7.17) e sepultamento (1Sm 25.1)
(CHAMPLIN, 2001, p. 1125 – grifo nosso). A cidade de Ramataim-Zofim estava
situada na região montanhosa de Efraim, distando ao norte de Jerusalém
aproximadamente 24 quilômetros. Samuel era de Ramataim-Zofim, palavra que do
hebraico é “vigilante em dupla altura” ou então “cumes gêmeos de Zofim”.
Esse local é descrito como sendo a terra do nascimento da família de Samuel, e
dele mesmo. Um detalhe importante pode ser dito sobre essa localidade: ela será
o lugar permanente de Samuel. Vale dizer que somente aqui é que aparece a
completude dessa localidade, sendo que em outras passagens bíblicas vem apenas
o primeiro nome: Ramá. Assim, pode-se crer que Zofim vem para fazer distinção
entre outras regiões que também eram denominadas de Ramá, que quer dizer cume
(1Sm 7.17), nela Samuel nasce, morre e é sepultado
(1Sm 25.1) (GOMES, 2018, p. 28 – grifo e acréscimo nosso).
3. A família de Samuel.
Elcana do
hebraico “criado ou adquirido de Deus” era levita descendente de Coate
(1Cr 6.26,33-38), e estava habitando na terra de Efraim (1Cr 6.22-30). Os
coatitas eram encarregados do serviço nas coisas santíssimas (Nm 4.4). Temos
que ter sempre em mente que Elcana era um levita, mas efraimita somente por
causa de sua residência (BEACON, 2005, p. 179). Samuel irá atuar como sacerdote
porque era de origem levita também (1Cr 6.66,33,34) (GOMES, 2018, p. 29 – grifo
nosso). A mãe de Samuel era Ana e seu nome vem do hebraico “Hannah”
que significa: “graciosa, benevolência ou favor”. Algumas tradições
judaicas atribuem a Ana sete filhos por influência do cântico de 1Samuel 2.5. O
registro bíblico, entretanto, fala somente em cinco filhos além de Samuel,
totalizando seis. Ou seja, Samuel tinha três irmãos e duas irmãs (CHAMPLIN,
2001, p. 1133 – grifo nosso).
4. A linhagem de Samuel.
A genealogia de
Elcana mencionada até a quarta geração passada, pode ser uma indicação de sua
posição na sociedade, embora nada mais se conheça sobre as pessoas ali citadas.
Elcana é um nome recorrente na lista dos descendentes de Coate (1Cr 6.22-30).
E, em 1 Crônicas 6.66,33,34, apresenta Samuel como um levita. Vale assinalar o
seguinte: […] Belém é também chamada de Efrata no AT (Gn 36.15,19; Rt 4.11; Mq
5.2) e efraimita [...] pode indicar um membro da tribo de Efraim ou um belemita
[...] havia ligações entre os levitas de Belém e os da região montanhosa de
Efraim (Jz 17.7-12; 19.1-21). Se Elcana teve algum vínculo de parentesco com
pessoas de Belém, seria natural que seu filho Samuel voltasse ali para oferecer
sacrifício (1Sm 16.2,5), embora a família tivesse se reunido mais
frequentemente em Siló no santuário de Efraim (BALDWIN apud GOMES, 2018, p. 29
– grifo nosso).
II.
OS OFÍCIOS DE SAMUEL
1. Samuel atuou como profeta.
Nessa função de
profeta, Samuel deu a sentença para a casa de Eli (1Sm 3.1-18), ungiu Saul e
Davi (1Sm 10.1; 16.13), reprovou Saul por desobediência (1Sm 13.13; 15.22,23),
encorajou a Davi (1Sm 19.18), e escreveu a história dos atos de Deus em Israel
(1Cr 29.29).
2. Samuel atuou como juiz.
Samuel se
tornou, no sentido exato do termo, o maior e último juiz de Israel (1 Sm
7.15-17). Como os juízes de outrora, ele conduziu o povo em batalhas exercendo
este ofício (ZUCK apud GOMES, 2018, pp. 29,30).
3. Samuel atuou como sacerdote.
Quando era
menino Samuel usava o éfode feito de linho, o sinal de sacerdócio (1Sm 2.18;
3.1). É significativo, portanto, que Eli tenha dado ao menino Samuel uma estola
de linho (éfode), o que o identificava com o um sacerdote, e não com o mero levita
que executava trabalhos manuais: “Samuel, porém, ministrava perante o Senhor,
sendo ainda menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho” (1Sm
2.18 - ARA). A estola de linho era usada pelos sacerdotes, mas não pelos
levitas em geral (1Sm 22.18; 2Sm 6.14). D. L. Moody diz que esta estola
sacerdotal era uma vestimenta usada pelos sacerdotes menos graduados, os
levitas juízes e pessoas importantes, com propósitos religiosos (2Sm 6.14)
(MOODY, sd, p. 10). Já a túnica, elaborada com grande cuidado por Ana que ela
trazia de ano em ano, era uma espécie de, sobretudo do hebraico “me'îl”,
além de fazer parte de uma veste sacerdotal (1 Sm 2.19 ver Êx
28.4). O Talmude diz que tal peça podia ser confeccionada pela mãe de um
sacerdote […] E é provável que o exemplo dado pela túnica de Ana tenha aberto
precedente para tal prática (CHAMPLIN, 2001, p. 1133 – grifo nosso).
Como sacerdote Samuel liderou na adoração do Senhor no lugar alto em uma das
cidades benjaminitas (1Sm 9.11-24), praticou o papel sacerdotal de sacrificar e
ensinar (1Sm 7.9; 6.13-15; 13.8- 14; 10.17-27; 12.1-25; 16.1-3;), e o próprio
Deus testificou do seu sacerdócio (1Sm 2.35) (ZUCK apud GOMES, 2018, pp. 29,30
– grifo e acréscimo nosso).
III.
AS ETAPAS DAS CONSAGRAÇÕES DE SAMUEL
1. A dedicação de Samuel desde o ventre de sua mãe.
Samuel foi
dedicado a Deus por sua mãe como parte de um voto que ela fez antes dele
nascer. O nascimento de Samuel foi fruto de uma promessa feita por sua mãe,
Ana, que fez um voto com Deus, prometendo que seu filho seria um nazireu deste
o ventre (1 Sm 1.11). A Bíblia nos diz que o nazireado já é possível desde o
ventre materno: “Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não
passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre [...]”
(Jz 13.5). Nazireu vem do hebraico “nazir” derivado de “nazar”
que significa: “separar; consagrar; abster-se”. Vem ainda da palavra “nezer”
que significa: “diadema; coroa de Deus” (Nn 6.3-6). Em virtude desta
consagração, tanto a mãe, durante a gravidez, como o futuro nazireu deviam
abster-se de certos alimentos, de bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e
tocar em cadáveres. Este voto podia ser feito tanto por um homem como por uma
mulher (Nm 6.1-21).
2. A dedicação de Samuel na sua infância.
Mesmo quando
criança, Samuel recebeu sua própria túnica, uma vestimenta normalmente
reservada a um sacerdote enquanto ministrava diante do Senhor na tenda da
congregação em Siló, onde a arca da aliança era mantida (1Sm 2.18; 3:3). Sem
dúvida, Ana contou a seu esposo, sobre seu voto, pois sabia que, de acordo com
a lei mosaica, o marido poderia anular o voto da esposa caso não concordasse
com ele (Nm 30). Como levita, nazireu, profeta e juiz,
Samuel serviria fielmente ao Senhor e a Israel e ajudaria a dar início a uma
nova era na história de seu povo. As mães israelitas costumavam desmamar os
filhos aos 3 anos de idade: “[…] E era o menino ainda muito
criança” (1Sm 1.24c) (CHAMPLIN, 2001, p. 1129). Sem dúvida, durante
esses anos preciosos, Ana ensinou o filho e o preparou para servir ao Senhor
[…] Quando Elcana e Ana apresentaram o filho ao Senhor, Ana lembrou a sacerdote
Eli que ela era a mulher que havia orado pedindo um filho três anos ante (1Sm
1.24-27) (WIERSBE, 2010, p. 203).
3. A dedicação de Samuel na adolescência.
Samuel teve uma
infância e uma juventude incomum. Logo muito cedo começou uma vida de serviço
no tabernáculo que ficava em Silo, a mais de 30 quilômetros de sua casa, em
Ramá. O historiador judeus Fávio Josefo também conhecido pelo seu nome hebraico
Yosef
ben Mattityahu disse que Samuel, por essa época, tinha 12 anos de idade
(JOSEFO, 2007, p. 276). Aos 12 anos um menino israelita se tornava “adulto
para as coisas religiosas” como aconteceu com Jesus (Lc 2.39). O “Bar
Mitzvá” (filho do mandamento) é a cerimônia que insere o jovem judeu
como um membro maduro na comunidade judaica. É nesta idade que Samuel vai ouvir
a voz de Deus e o Senhor vai se manifestar a ele confirmando o seu chamado (1Sm
3.4,10,11). Samuel foi escolhido por Deus para mudar a história de seu povo
(1Sm 3.21).
IV.
SAMUEL COMO EXEMPLO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO
1. Samuel crescia diante de Deus e dos homens.
Em alguns casos
a maturidade espiritual supera a maturidade física. Samuel crescia em estatura
e no favor do Senhor e “fazia-se agradável tanto para Deus como para
homens” (1Sm 2.21;26). Samuel crescia em Deus e quando crescemos em
Deus, também crescemos diante dos homens (1Sm 3.1;19). Samuel era aprendiz de
Eli, mas acima de tudo aprendiz do Senhor pois o próprio Deus testificou disso
(1Sm 2.35). Naquela época as obrigações que um aprendiz tinha era de abrir as
portas do tabernáculo todas as manhãs (1Sm 3.15), limpar as mobílias do templo,
varrer o chão e etc. Aos poucos, a medida que crescia em Deus, Samuel ajudava
Eli nos holocaustos. Uma das maiores virtudes de Samuel era servir a Deus em
submissão.
2. Samuel aprendeu a servir em submissão e
obediência.
Hoje muitos
querem servir a Deus, querem ser “profetas”, mas não querem se submeter as suas
lideranças. Samuel poderia muito bem seguir o exemplo dos filhos de Eli (1Sm
8.1-3) mas preferiu viver em submissão ao seu tutor. Muitos querem fazer a obra
de Deus, mas não se submetem em obedecer seus líderes. Na história dos reis de
Israel vemos que existiam homens que faziam o que era “reto a Deus”, mas também
os que fizeram o que era “mal perante ao Senhor”. Todos esses
responderam por seus atos. Deus permite que isso aconteça para ver a nossa
obediência e submissão. Para ver se realmente sabemos ouvir e seguir o nosso
chamado em obediência.
3. Samuel aprendeu ouvir o chamado de Deus.
A vida de Samuel
foi caracterizada por ouvir o chamado de Deus (1Sm 3.3- 10). Samuel seguiu o
seu chamado “ouvindo ao Senhor” e obedecendo sua palavra. Como um aprendiz e
jovem profeta faltava a Samuel experiência com Deus. Samuel veio a servir a
Deus na época da velhice de Eli (1Sm 2.22), e por isso, tinha dificuldade pois
a referência de ouvir a Deus não era clara por parte de Eli e seus filhos, que
como sacerdotes não eram exemplos. E Samuel aprendeu em sua própria experiência
a ouvir a voz de Deus e lhe obedecer.
4. Samuel um verdadeiro exemplo moral e espiritual.
Tradicionalmente,
os filhos do sacerdote sucederiam o ministério do pai; no entanto, os filhos de
Eli, Hofni e Finéias, eram iníquos por serem imorais e mostrarem desprezo pela
oferta do Senhor (1Sm 2.17,22). Enquanto isso, Samuel continuou a crescer em
estatura e em favor do Senhor e dos homens (1Sm 2.26). Podemos aprender que
Samuel era mais que um profeta, um sacerdote ou juiz. Samuel era um líder
espiritual a ser seguido e imitado. Seus relacionamento com Deus fez com que
ele se tornasse referência a povo santo (Jr 15.1; At 3.24; 13.20). Por ter sido
fiel a Deus, o Senhor o fez juiz, sacerdote, profeta, conselheiro e intercessor
de Deus e dos homens. Um homem de Deus que desempenhava bem os papéis
atribuídos a Ele. Um homem que em nada tinha de dolo (1Sm 12.1-4).
CONCLUSÃO
Aprendemos com a
vida de Samuel que é possível servirmos a Deus fielmente mesmo em meio a uma
geração corrompida e desviada, e servos sal da terra e luz do mundo
glorificando ao Senhor por meio de nossa vida.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
Ø JOSEFO,
Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD,
2007.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
Ø TENNEY,
Merril C. Enciclopédia da Bíblia. SP: CULTURA CRISTÃ, 2010.
Ø WIERSBE
Warren W. Comentario Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP:
GEOGRÁFICA, 2010.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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