2 Sm 15.1-18
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos informações gerais sobre Absalão; pontuaremos algumas características
de sua personalidade maligna; estudaremos sobre a conspiração de Absalão contra
o rei Davi; e por fim, notaremos as lições da sua rebelião.
I.
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ABSALÃO
1. Nome.
O nome Absalão
não é tão comum no registro bíblico. Além do filho de Davi, apenas outro
personagem é assim chamado, sendo este um familiar do rei Roboão (1Rs
15.1,2,10; 2Cr 11.20,21). O nome Absalão do hebraico: “avshalom” significa: “pai
de paz”. Apesar do significado do seu nome, a paz não foi algo notável
em sue caráter.
2. Família.
Durante o tempo
em que o rei Davi esteve em Hebrom teve seis filhos (2Sm 3.2-5). Absalão foi o
terceiro filho de Davi com a sua terceira esposa Maaca, a filha de Talmai, rei
de Gesur (2Sm 3.3). Absalão teve três filhos cujos nomes não são mencionados e
uma filha por nome de Tamar (2Sm 14.27), esta filha possuía o mesmo nome da
irmã de Absalão (2Sm 13.1).
3. Sua beleza.
O terceiro filho
de Davi era conhecido por sua beleza estética, de modo que todo Israel
apreciava sua aparência: “Não havia em todo o Israel homem tão
admirável pela sua beleza como Absalão; desde a planta do pé até o alto da
cabeça não havia nele defeito algum” (2Sm 14.25). O texto bíblico ainda
nos informa que, tão pesado era seu cabelo que, em cortes ocasionais, o peso do
cabelo cortado chegava a cerca de dois quilos (2Sm 14.26). “Josefo
informa que os judeus costumavam untar os cabelos com óleo e espargir nele ouro
em pó, a fim de que flamejassem ao sol” (apud SHEED, 2003, p. 456). No
entanto, Absalão não possuía um caráter digno, à altura de sua beleza física.
II.
O CARÁTER MALIGNO DE ABSALÃO
1. Um homem iracundo.
O iracundo é
alguém possesso, irascível, colérico, agastado, torvo e raivoso.
Absalão por natureza já era uma pessoa com estas características, e diante do
pecado cometido por Amnom ao violar a sua meia irmã Tamar (2Sm 13.1,2,14-19), e
a omissão de seu pai Davi em relação ao caso (2Sm 13.21), ele nutriu ainda mais em seu coração este ódio
contra seu irmão Amnom (2Sm 13.22), e desde então, concebeu um plano contra ele
(2Sm 13.32). Durante o período de dois anos Absalão manteve esse plano oculto
(2Sm 13.23), de modo que nunca havia confrontado Amnom (2Sm 13.22-a; Lv 19.17),
antes alimentou a raiz de amargura em seu coração (Hb 12.15), deixando a ira
tomar conta de seu ser (Ef 4.26). O que antes estava oculto se tornou público
(Pv 26.26), Absalão desenvolveu seu plano maligno (2Sm 13.24-27), e ordenou a
execução de seu irmão (2Sm 3.2), colocando em prática a sua vingança (2Sm
13.28,29). O aborrecimento de Absalão por causa do pecado do seu irmão era
justificável, mas, odiá-lo (1Jo 3.12,15) e assassiná-lo com o pretexto
de supostamente reparar a honra de Tamar, violando o sexto mandamento:
“não
matarás” (Êx 20.13) não é aceitável.
2. Um homem ardiloso.
Ardiloso quer
dizer: “o que se utiliza de ardis, de esperteza para conseguir o que pretende;
sagaz, astucioso, enganador”. Absalão demostrou a sua sagacidade em
algumas ocasiões (2Sm 13.20) entre elas destacamos a sua fuga de Jerusalém.
Após o assassinato de Amnom, Absalão foge imediatamente (2Sm 13.34,37), ele
sabia que nenhuma parte da terra de Israel poderia protegê-lo e que ao
permanecer ali seria devidamente punido por seu crime hediondo. As cidades de
refúgio existentes em Israel não ofereceriam proteção a um assassino
intencional (Nm 35.11,15). Absalão preferiu refugiar-se entre os parentes de
sua mãe, e foi hospedado pelo seu avô Talmai, rei de Gesur por três anos (2Sm
13.37; 1Cr 3.2; 2Sm 13.38).
3. Um homem egocêntrico.
Após o seu
regresso para Jerusalém, pela intercessão de Joabe (2Sm 14.21-23,28), Absalão
passou dois anos sem ser chamado à presença de seu pai (2Sm 14.24,28), algo que
o incomodou muito (2Sm 14.32). Na intenção de provocar uma audiência com o rei,
Absalão de maneira egocentrista e maquiavélica mandou atear fogo ao campo de
Joabe para forçá-lo a ir em sua casa e conseguir o que queria (2Sm 14.29-33).
Ele era egocêntrico, do tipo de pessoa que ultrapassava todos os limites para
que a sua vontade fosse realizada, ainda que se necessário usando de astúcia
(Js 9.4; Jó 5.13; Sl 119.118; Lc 20.23; 2Co 11.3).
4. Um homem traiçoeiro.
Absalão
esforçou-se em mostrar ao povo que existia um contraste entre ele e o rei (2Sm
15.5,6), dizendo que o rei já era avançado em idade e incompetente, pois não
dava atenção necessária aos necessitados e não punia os corruptos, enquanto que
ele era jovem, cheio de ideais e planos, e possuía já os conhecimentos
necessários a um governante mais preparado, desprezando a autoridade do seu pai
e ganhando a simpatia entre o povo (2Sm 15.10-12).
5. Um homem conspirador.
Absalão
trabalhou incansavelmente durante quatro anos para pôr seu plano em prática
(2Sm 15.1-12). Ele dissimuladamente procurava impressionar o povo se exibindo
com carros, cavalos e homens que corriam adiante dele com lisonjas. Agia
demonstrando espírito de grandeza e sentava-se à porta da cidade como juiz, mas
não o era. Apresentava supostas falhas administrativas do rei, dizendo que não
havia pessoas capazes indicadas pelo rei para atender ao povo. Dominado pela
vaidade desejou alcançar a popularidade através da mentira.
III. A CONSPIRAÇÃO
DE ABSALÃO CONTRA O REI DAVI
Do latim: “conspiratio
onis”, conspiração significa: “ação de construir um plano que prejudica
alguém, geralmente um governante ou uma pessoa poderosa; maquinação. Ato de
quem busca prejudicar alguém, com a ajuda de outrem; conluio. Combinação
secreta com alguém, contra uma terceira pessoa; trama”. Foi exatamente
isto que Absalão fez para com o seu pai Davi (2Sm 15.12). Vejamos os passos da
sua conjuração maligna:
1. Furtou o coração do povo.
Uma das
estratégias de Absalão era apresentar-se como amigo de todos, recusando até que
as pessoas se inclinassem diante dele em sinal de respeito, em detrimento
disso, vivia criticando vigorosamente a administração de Davi (2Sm 15.2-6).
Prometeu que, se fosse juiz na terra (naqueles dias equivalente a tornar-se rei),
garantiria justiça para todos. O príncipe egoísta mostrou-se pérfido e sem
escrúpulo ao usar de todos os artifícios a sua disposição para furtar o coração
do povo e granjear seu apoio (2Sm 15.6). Davi havia conquistado o coração do
povo pelo sacrifício e serviço, mas Absalão o fez do modo mais fácil, como se
faz hoje em dia: criando uma imagem irresistível de si mesmo às pessoas,
conquistando alguns seguidores (2Sm 15.12). Absalão é o retrato de satanás
que induziu outros anjos a se aliarem a ele em sua rebelião contra Deus
(Ez 28.16; Ap 12.14; Jd v.6).
2. Foi oportunista.
Absalão não era
apenas um mentiroso e caluniador de primeira linha, mas também um homem
maliciador e capaz de discernir o momento certo de agir traiçoeiramente contra
seu líder (2Sm 14.33; 15.1,7). Esperou durante dois anos até mandar matar Amnom
(2Sm 13.23-29) e, posteriormente, esperou quatro anos antes de rebelar-se
abertamente contra o pai e tomar o trono (2Sm 15.7 - ARA). Ao ler os
"salmos do exílio" de Davi (Sl 41.1-3), temos a impressão de que,
nessa época, o rei se encontrava enfermo e não estava cuidando diretamente dos
assuntos do reino, dando a Absalão a oportunidade de tomar seu lugar e de
assumir o controle. Tal atitude é característica da ação de satanás, que espera
momentos oportunos para investir contra a vida dos servos de Deus (Gn 3.1;
39.7-11; Lc 4.1-13; Ef 6.11).
3. Foi demagogo.
O demagogo: “É
aquele que promove os próprios interesses ao fingir profunda dedicação aos
interesses do povo” (Pv 29.5) (WISERBE, 2010, p. 342). Demagogia é uma
forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou
agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão
realizadas, visando apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens
correlacionadas. Na antiguidade, a porta da cidade equivalia à prefeitura e ao
fórum (Rt 4.1; Gn 23.10; Dt 22.15; 25.7), e Absalão sabia que encontraria ali
muita gente malcontente se perguntando por que o sistema judicial não
funcionava com eficiência (2Sm 19.1-8). Absalão cumprimentava esses visitantes
com o se fossem amigos de longa data e descobria de onde haviam vindo e quais
eram seus problemas (2Sm 15.2). Concordava com todos que suas queixas eram
válidas e que deveriam ser decididas em favor deles no tribunal do rei (2Sm
15.4). Suas palavras não passavam de bajulação do tipo mais desprezível, mas
algumas pessoas por sua ingenuidade se deixavam enganar (2Sm 15.11). Absalão
afirmava que poderia cuidar melhor dos assuntos do reino se fosse juiz, uma
forma sutil de criticar o rei (2Sm 15.5).
4. Foi maledicente.
Todo rebelde é
um maledicente: “característica do que ou de quem vive falando mal de outras pessoas.
Pessoa que propaga difamações; malfalante, maldizente”. O maledicente
gosta de se projetar falando mal dos outros (Rm 16.17,18). Absalão para ganhar
popularidade, fez acusações falsas e infundadas contra Davi, insinuando que o
rei não dava a atenção devida às causas a ele levadas (2Sm 15.3), como também,
acusavam de que o monarca agia com injustiça (2Sm 15.4), cometendo assim um
pecado abominável aos olhos de Deus: espalhar
intriga entre os irmãos (Pv 6.16-19). O maledicente sempre constrói sua imagem
desconstruindo a reputação dos outros. É muito comum aos que são fieis
a Deus, serem alvos desse tipo de pessoa (Mt 5.11). Foi assim com os profetas
do AT (Mt 5.12), com o próprio Senhor Jesus, durante seu ministério terreno (Mc
14.56-59; 15.3), e com os crentes de um modo geral (At 6.11-14; 3Jo v. 9,10).
IV.
LIÇÕES DA REBELIÃO DE ABSALÃO
1.
Revelou quem de fato era fiel a Davi.
Davi foi traído
por Absalão seu próprio filho, por Aitofel seu melhor amigo que revelou sua deslealdade levantando-se
contra o ungido do Senhor (2Sm 15.12,31
ver Sl 41.9; Sl 55.12-14), e por Simei da casa de Saul que saía amaldiçoando,
lançando pedra e poeira (2Sm 16.5-13). Em contra partida, outros homens são
mencionados como sendo leais a Davi. O rei foi ajudado por Sobí dos filhos de
Amom; Maquir de Lodebar; e Barzilai de Rogelim que trouxeram para o rei: “camas,
bacias, vasilhas de barro, trigo, cevada, farinha, grão torrado, favas,
lentilhas torradas, mel manteiga, ovelhas, e queijos de vacas” (2Sm
17.27-29). Além destes outros podem ser mencionados como: a) Itai, o giteu (2Sm 15.19-22); b) Zadoque e Abiatar, os sacerdotes (2Sm 15.24,27,35); c) os levitas (2Sm 15.24); d) Husai, amigo de Davi (2Sm 15.37); e) servos anônimos (2Sm 15.18); e, f) seiscentos homens (2Sm 15.18).
Depois do Vale de Cedrom Davi escreveu (Sl 3.1-8), e naquela noite, depois que
Davi adorou ao Senhor, Davi dormiu.
2. Revelou o fim dos que são rebeldes.
Absalão não teve
sucesso na sua almejada pretensão. O seu final não foi tão belo quanto pensava,
pois tomou um caminho perverso, onde não teve a aprovação de Deus. Sua dignidade
foi corrompida, porque deixou o diabo dominar o seu coração. Uma batalha foi
travada em Efraim onde Davi repartiu o seu exército sob a direção de Joabe,
Abisai e Itaí (2Sm 18.2). Nesta batalha, quase vinte mil homens de Absalão
morreram. Absalão enquanto galopava em sua mula, seus cabelos se embaraçaram
nos ramos de um grande carvalho e suspenso, ele foi morto por Joabe e seus
escudeiros (2Sm 18.14,15). Absalão perdeu a vida por entrar no caminho da
desobediência, arrogância e rebelião.
CONCLUSÃO
Com este
episódio, aprendemos que a rebelião aborrece a Deus. Evitemos, pois, o pecado
da rebeldia; busquemos a sabedoria e a prudência divinas, para que não
experimentemos a ira do Deus justo e verdadeiro.
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE,
W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.