2 Sm 5.1-12
INTRODUÇÃO
Nesta lição
aprenderemos sobre o estabelecimento do reinado de Davi e os principais fatos
que marcaram este reino; destacaremos algumas lições práticas que podemos
aprender sobre o exercício da monarquia davídica; e, por fim, veremos as
similaridades entre o reinado de Davi e o reino messiânico de Cristo.
I.
O ESTABELECIMENTO DO REINADO DE DAVI EM ISRAEL
1. A morte de Isbosete.
Abner capitão do
exército de Israel, havia constituído o quarto filho de Saul chamado Isbosete,
como o substituto de seu pai no trono (2Sm 2.8-10). No entanto, essa coroação
foi ilegítima, uma vez que o escolhido por Deus para ser rei era Davi (1Sm
16.1,13; 2Sm 3.9,10), e esta consagração não era da sua competência, visto que
Abner era um capitão e não um profeta ou sacerdote (1Sm 10.1; 1Rs 1.39,45;
19.16; 2Rs 9.6; 11.12). Após a morte de Abner (2Sm 3.26,27), houve consternação
e confusão ao povo de Israel e a Isbosete (2Sm 4.1). Neste ponto, dois dos
capitães das tropas de Saul, chamados Baaná e Recabe, filhos de Rimom da tribo
de Benjamim (2Sm 4.2), decidiram conspirar contra Isbosete. Os dois
conspiradores foram ao meio-dia, para a casa do rei (2Sm 4.5,6). Ao encontrarem
Isbosete reclinado em sua cama, mataram-no covardemente (2Sm 4.7).
2. Os anciãos de Israel procuram a Davi.
Após a morte de
Isbosete, todas as tribos de Israel vieram a Davi (2Sm 5.1,3). Eles lembraram
que: a) Davi já havia se revelado um
líder militar sob as ordens de Saul: “[…] sendo Saul ainda rei sobre nós,
eras tu o que saías e entravas com Israel […]” (2Sm 5.2; ver 1Sm
18.30); e, b) estavam cientes da
promessa que Deus havia feito a Davi: “[…] Tu apascentarás o meu povo de
Israel e tu serás chefe sobre Israel” (2Sm 5.2). As qualificações para
o rei de Israel encontravam-se escritas na lei de Moisés (Dt 17.14-20). O
primeiro e mais importante requisito, era ser alguém escolhido pelo Senhor
dentre o povo de Israel (Dt 17.15). Israel sabia que Samuel havia ungido Davi
para ser rei cerca de vinte anos antes e que era da vontade de Deus que Davi
subisse ao trono (1Sm 16.1,13; 2Sm 3.9,10). A nação precisava de um pastor, e
Davi era exatamente a pessoa certa para este ofício (1Sm 16.11,19; 17.15,34,35;
Sl 78.70-72).
3. Davi é ungido o rei de Israel.
Abner estava
morto, mas havia preparado o caminho para Davi ser proclamado rei das doze
tribos (2Sm 3.17-21). Na sequência, os líderes de todas as tribos reuniram-se
em Hebrom e coroaram Davi com o seu rei. À luz do contexto, destacamos que: a) quando Davi era adolescente, havia
recebido a unção de Samuel em particular (1Sm 16.13), b) os anciãos da tribo de Judá o haviam ungido quando se tornou seu
rei (2Sm 2.4), e, c) nessa última
reunião porém, os anciãos de todo Israel ungiram Davi e proclamaram-no seu rei
(2Sm 5.3). Com a coroação de Davi sobre todo o Israel, o reino estava
finalmente reunificado. A Bíblia diz que Davi reinou por quarenta anos, sendo
que, sete anos e meio em Hebrom e trinta e três anos em Jerusalém (2Sm 5.4,5).
II.
FATOS QUE MARCARAM O REINADO DE DAVI EM ISRAEL
1. Jerusalém como capital do reino.
Um dos marcos da
liderança de Davi sobre Israel, foi a mudança da capital do reino, visto que,
Abner e Isbosete haviam estabelecido em Maanaim (2Sm 2.8). A mudança para
Jerusalém, foi um ato engenhoso de Davi: a)
por
estratégia política, já que a cidade de Jerusalém, chamada de Jebus,
era habitada pelos jebuseus (Jz 19.10; 2Sm 5.6; 1Cr 11.4,5) e localizada na
fronteira entre Benjamim (a tribo de Saul) e Judá (a tribo de Davi), Jerusalém
não havia pertencido a nenhuma das tribos, de modo que ninguém poderia acusar
Davi de favoritismo na instituição de sua nova capital; e, b) pela localização geográfica, construída sobre um monte rochoso,
a cidade era uma fortaleza natural cercada de três lados por vales e montes,
sendo assim, Jerusalém era símbolo de segurança (2Sm 5.7-9; Sl 48.2; 50.2)
(WIERSBE, 2010, p. 309). Após a conquista de Jerusalém, esta se tornou
conhecida como a cidade de Davi (2Sm 5.7,9), e ali o monarca estabeleceu sua
moradia (2Sm 5.9,11).
2. A vitória contra os inimigos.
A despeito da
presença de Deus manifesta na vida de Davi e a confirmação divina de seu
reinado (2Sm 5.10,12), isso não o isentou de enfrentar ataques por parte dos
filisteus (2Sm 5.17-25). Aqueles que estiveram satisfeitos em ver a nação divida
em dois reinos pequenos e hostis sob os governos de Isbosete e Davi, viram na
união das doze tribos de Israel, uma séria ameaça. Ao ouvirem dizer que Davi
havia sido ungido rei, os filisteus empreenderam uma batalha contra o monarca
(2Sm 5.17,18). Apesar da resistência destes inimigos (2Sm 5.22), Davi foi
vitorioso como cumprimento da promessa divina (2Sm 5.19,24,25). Vencendo aos
inimigos de Israel que estavam à sua volta: os filisteus (2Sm 8.1;
21.15-22); os moabitas (2Sm 8.2); os arameus e sírios (2Sm 8.3-12); e,
os
edomitas (2Sm 8.13,14), sempre com a ajuda de Deus (2Sm 8.14).
3. A arca da aliança trazida a Jerusalém.
Depois da
reunificação do reino, Davi trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, trazendo a
restauração do culto ao Senhor algo que havia sido negligenciado no reinado de
Saul e Isbosete. Uma vez que sua perda ocorrera durante uma das primeiras
batalhas contra os filisteus (1Sm 4.5), a determinação de Davi em recuperá-la,
seguida de sua impressionante vitória contra os filisteus foi muito
significativa. Essa transferência aconteceu em dois estágios: um malsucedido
(2Sm 6.1-11) e outro que obteve êxito (2Sm 6.12-19). A Arca da Aliança para os
israelitas simbolizava: a) a presença
visível de Deus (Êx 25.22); b) um
sinal da proteção de divina (Js 3.3; 4.10); e, c) sua presença trazia júbilo e alegria para os israelitas (1Sm
4.4-6; 2Sm 6.15,21).
III.
LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM O REINADO DE DAVI
1. A certeza que Deus cumpre com as sua promessas.
Davi havia sido
ungido para ser rei ainda muito jovem (1Sm 16.13), mas a sua coroação não
aconteceu imediatamente, entre a promessa e o cumprimento há um tempo, uma
trajetória a ser percorrida. Muitos desafios Davi enfrentou até tornar-se, de
fato, rei sobre todo o Israel, porém, nada pôde impedir que ele reinasse sobre
as doze tribos de Israel. Como disse o Senhor a Jeremias: “[…] eu velo sobre a minha palavra
para cumpri-la” (Jr 1.12). Davi teve que aprender a esperar
pacientemente o tempo de Deus em sua vida (1Sm 22.3; Sl 40.1), cofiando que
Deus cumpriria a promessa que lhe havia feito, uma vez que o Senhor é fiel para
cumprir com sua palavra (Dt 7.9; Nm 23.19; Sl 33.4; 146.5,6; Is 54.10; 2Tm
2.11-13). Sobre as promessas de Deus, a Bíblia afirma: a) o Senhor é fiel para as cumprir (Hb 10.23); b) Ele nunca as esquece (Sl 105.42; Lc 1.54,55); c) não hão de falhar (Js 23.14; Is
40.8); e, d) se cumprem no devido
tempo (Jr 33.14; At 7.7; Gl 4.4). Diante disso, aprendemos que o homem chamado
por Deus deve ser paciente e aguardar o cumprimento das promessas (Hb 6.15).
2. A necessidade de depender da direção divina.
Era muito comum
antes de dar um passo importante, Davi buscar a vontade do Senhor (1Sm 23.2,4;
30.8; 2Sm 2.1), e contra os filisteus após assumir o reinado de Israel não foi
diferente. Em se tratando de guerra, Davi não era presunçoso, por isso,
consultou ao Senhor para saber se deveria e como atacar os inimigos (2Sm
5.19,23) e os derrotou utilizando exatamente as táticas fornecidas por Deus
(2Sm 5.20-21,22-25). O rei Davi foi bem sucedido onde Saul havia fracassado,
porque agiu em perfeita obediência ao planos do Senhor (2Sm 5.25). Desse modo,
aprendemos que, aos que desejam ser bem sucedidos em todas as áreas de sua
vida, precisam nos submeter a direção de Deus (Sl 16.7; 25.12; 37.23; 43.3;
48.14; Pv 2.6-8; 3.6; 16.1,9; 20.24; Is 58.11).
3. A humildade de atribuir a Deus as conquistas
alcançadas.
Desde muito cedo
na vida de Davi, havia um reconhecimento público que ele era um instrumento
para trazer vitórias nas guerras travadas pelo exército de Israel (1Sm
18.5,6,13-15; 2Sm 5.2). O seu reinado cresceu e se fortaleceu de maneira
inimaginável (2Sm 5.10), ganhando popularidade até mesmo entre os estrangeiros
(2Sm 5.11), de modo que seu nome se tornou notável entre os homens (1Sm 18.30;
2Sm 7.9; 8.13). No entanto, o rei Davi reconhecia que a razão de todas estas
conquistas, se dava pela ação Deus em sua vida (1Sm 17.37,45-47; 18.14; 23.14;
2Sm 5.12,24; 8.14), o mérito era divino e não humano. Todos devem render ao
Senhor a glória que lhe é devida (1Cr 16.28; Sl 115.1; Is 42.8; 1Co 10.31; Rm
11.36; 15.18; 2Co 3.5; Fp 4.20).
IV.
O REINADO DE DAVI UMA FIGURA DO REINO MESSIÂNICO
Uma vez que Davi
na tipologia é uma figura do Messias, o seu reinado prefigura o reino
messiânico de Cristo, que será estabelecido no milênio ao final da Grande
Tribulação (Ap 20.1-4). Vejamos portanto em ambos os reinos, algumas
similaridades:
REINO DAVÍDICO
|
REINO MESSIÂNICO
|
• Jerusalém, capital do reino de Israel
(2Sm 5.7; 1Rs 2.10; 1Cr 13.13; 15.1).
|
• Jerusalém será a sede do governo
mundial de Cristo (Is 2.3; 60.3; 66.2; Jr 3.17);
|
• Justiça como marca de sua
administração (2Sm 8.15);
|
• A justiça caracterizará o governo do
Messias (Is 62.1,2; 33.5; Is 32.1);
|
• Foi marcado
pela paz em decorrência da ação
divina (2Sm 7.1);
|
• Haverá paz como fruto do reino do Messias, o
Príncipe da paz (Is 9.6; 2.4; 9.4-7; 11.6-9; 32.17,18; 33.5,6; 54.13; 55.12;
60.18; 65.25; 66.12; Ez 28.26; 34.25,28; Os 2.18; Mq 4.2,3; Zc 9.10);
|
• Desfrutou de
alegria como resultado da presença
simbólica de Deus entre o povo (2Sm 6.15,21).
|
• A alegria será marca característica da
era milenar (Is 9.3,4; 12.3-6; 14.7,8; 25.8,9; 30.29; 42.1,10-12; 60.15; Jr
30.18,19; 31.13,14; Sf 3.14-17; Zc 8.18,19; 10.6,7).
|
CONCLUSÃO
A biografia de
Davi e sua liderança a frente da nação de Israel, é uma comprovação da
fidelidade e soberania de Deus na história humana, onde encontram-se atitudes
que agradam ao Senhor, para que assim como Davi, sejamos crentes segundo o
coração de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vl 02. SP:
HAGNOS, 2004
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
Ø WIERSBE
Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA,
2010.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário