Ef 1.3,4,9-14
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos a definição da palavra “bênção”; pontuaremos as bênçãos de Deus
ministradas por meio da santíssima Trindade destacando cada uma das pessoas;
mostraremos que Deus planejou de antemão conceder bênçãos espirituais aos seus
servos e que essas bênçãos revelam a grandeza, a excelência e a perfeição do
projeto divino.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA BÊNÇÃO
A palavra “benção”
segundo o dicionarista Houaiss significa: “graça concedida por Deus” (2001, p.
432). Teologicamente benção significa: “todo e qualquer bem dispensado por Deus ao
homem” (ANDRADE, 2006, p. 81 – acréscimo nosso). A palavra grega é “eulogia”
que significa: “benefício, graça divina”. No capítulo 1 de Efésios Paulo
destacou a fonte das bênçãos: “Deus pai”; a natureza das bênçãos: “bênçãos
espirituais”; e, por fim, a esfera das bênçãos: “nos lugares celestiais”.
Matthew Henry (2008, p. 578) alerta que: “deveríamos aprender a reconhecer as
coisas espirituais e celestiais como as coisas principais, as bênçãos
espirituais e celestiais como as melhores bênçãos”.
II. AS BÊNÇÃOS DE
DEUS MINISTRADAS POR MEIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
O crente é
apresentado como o recipiente de toda sorte de bênção espiritual (Ef 1.3). O
Pai decidiu redimir as pessoas para si próprio (Ef 1.3-6); o Filho, pelo preço
de sua morte sacrificial, também é o Redentor, e aquEle através do qual a
Igreja é a escolhida (Ef 1.7-12), e o Espírito Santo aplica a presença viva e a
obra de Cristo à Igreja e à experiência humana (Ef 1.13-14) (ARRINGTON, 2003,
p. 1197). Todas as três Pessoas da Santíssima Trindade participam desta
provisão de bênçãos espirituais. Notemos:
1. O Pai, a fonte das bênçãos.
Paulo iniciou a
epístola aos Efésios reconhecendo e louvando o Pai como a fonte de todas as
bênçãos: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou
[...]” (Ef 1.3). Bendito é, em grego, “eulogetos”, que é palavra
composta de “eu”, que significa “bem”, e “logetos”, que significa “falar”.
Literalmente, o grego transmite a ideia de “falar bem” ou “elogiar”
(BEACON, 2006, p. 119). O apóstolo bendiz ao Pai porque Ele nos bendisse: “o
qual nos abençoou” (Ef 1.3b); e, isto Ele fez “para louvor e glória da sua graça”
(Ef 1.6). Tiago nos diz que: “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem
do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de
variação” (Tg 1.17).
2. O Filho Jesus, o agente e a condição das bênçãos.
As bênçãos
decorrentes da salvação são condicionais, ou seja, elas são pertencentes àqueles
que estão em Cristo: “Bendito o Deus e Pai [...] o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”
(Ef 1.3). A expressão “em Cristo” aparece aproximadamente
30 vezes na epístola inteira, e as expressões relacionadas — “nele”,
“em
quem”
e “no
qual” — ocorrem 11 vezes (Ef 1.1,3,4,5,6,7,9,10,12 e 13). Esses dois
vocábulos “em Cristo” aparecem 164 vezes nas epístolas paulinas. Isso
significa que é exclusivamente em conexão com Cristo que somos abençoados com
todas as bênçãos espirituais. Em termos gerais, revela que nenhuma dessas
maravilhosas dádivas seria possível sem Cristo (BAPTISTA, 2020, p. 25).
3. O Espírito, o aplicador das bênçãos.
O Pai a planejou
a salvação, o Filho a providenciou e o Espírito Santo a aplicou. É a terceira
pessoa da Trindade quem nos leva a nos apropriarmos dessas bênçãos, sendo o
selo, a garantia de que somos sua propriedade (Ef 1.13); e, o penhor da nossa
herança (Ef 1.14).
III. AS BÊNÇÃOS QUE
OBTIVEMOS DO PAI
1. Ele nos elegeu (Ef 1.3,4).
A primeira coisa
que Paulo destacou como bênção, é que o Pai nos elegeu (Ef 1.3). A expressão
grega que aparece é “eklegomai” que significa: “selecionar,
escolher, escolher para si mesmo”. É bom dizer que essa escolha foi
baseada na presciência divina, atributo que lhe dá condições de antever as
coisas antes que aconteçam. Deus viu aqueles que, mediante a pregação
evangélica, receberiam a Cristo como Salvador e a estes Ele elegeu: “Eleitos
segundo a presciência de Deus [...]” (1 Pe 1.2). Confira ainda: (Rm
8.29). Certo teólogo disse: “a eleição ou escolha de Deus não é arbitrária, de
forma que alguns sejam destinados à salvação e outros à perdição, sem levar em
conta a disposição de cada indivíduo. O âmbito da salvação é a todos os homens,
como a Bíblia copiosamente declara (Jo 3.16; Rm 10.13). Os eleitos são
constituídos, não por decreto absoluto, mas por aceitação das condições do
chamado de Deus, as quais são arrependimento (Mt 4.17; 9.13; Lc 24.47; At 2.38;
3.19; 8.22) e da fé (Mc 16.16; Rm 10.9; Ef 2.8)” (BEACON, 2006, p. 121 – acréscimo
nosso). É bom destacar também que o apóstolo deixou claro que esta eleição foi:
a) coletiva, não individual: “nos
elegeu”; b) condicional: “nos
elegeu nele” (em Cristo); e, c) proposital: “para que fôssemos santos e irrepreensíveis
diante dele em caridade” (Ef 1.4b).
2. Ele nos adotou (Ef 1.5).
Em Efésios 1.4,5
está escrito que fomos predestinados por Deus para adoção de filhos “e nos
predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo […]”. A palavra
grega traduzida para “adoção” é “huiothesia” é uma palavra
composta formada de “huios” que significa: “filho”,
e “thesis”
que por sua vez é “posição ou colocar” (Rm 8.15,23; 9.4, Gl 4.5; Ef 1.5).
Portanto, seu sentido primário é: “colocar como filho”, “dar a
alguém a posição de filho”. Os principais textos que tratam dos crentes
como filhos de Deus são (Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12; 2 Co 6. 18; Rm
8.15; 23; Gl 4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1Pe 1.3,4; Hb 1.14). Como consequência
dessa filiação, o crente passa a ter todos os direitos e privilégios de filho:
“E,
se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e
coerdeiros de Cristo […]” (Rm 8.17). O status de filhos traz-nos alguns
privilégios, a saber: a) tratar a
Deus como Pai nas nossas orações e de receber o perdão de nossos pecados (Mt
6.9); b) ter o testemunho do
Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai”, dando-nos o
testemunho de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16); c) sermos amados por ele, enquanto ignorados pelo mundo (1Jo 3.1); d) ter o privilégio de sermos guiados pelo
Espírito Santo (Rm 8.14), e) gozamos
do cuidado do Pai (Mt 6.32) e da liberdade de lhe pedir o suprimento das nossas
necessidades (Mt 7.11); f) podemos
lhe pedir o Espírito Santo (Lc 11.13) e gozarmos do direito a ter uma herança
nos céus (G1 4.7; 1Pd 1.4).
3. Ele nos fez agradáveis (Ef 1.6).
O pecado nos
tornou inimigos de Deus (Rm 5.10), pois estávamos fazendo o que agradava a
nossa carne e desagradava a Deus, sendo assim por natureza filhos da ira (Ef
2.3). No entanto, ao recebermos Cristo, como nosso Salvador, Ele nos tornou
agradáveis a Deus, por Sua graça maravilhosa: “Para louvor da glória de sua
graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1.6).
IV. AS BÊNÇÃOS QUE
OBTIVEMOS DO FILHO
Ainda no
capítulo primeiro da epístola aos Efésios, Paulo elencou as bênçãos que
recebemos por meio do Filho de Deus, Jesus Cristo. Vejamos:
1. Ele nos redimiu (Ef 1.7a).
Paulo diz que
Jesus nos redimiu (Ef 1.7-a). Aqui, a palavra-chave é redenção no grego “apolytrosis”.
E o substantivo do verbo “apolytroo”, que no grego clássico
significa “libertar por meio de resgate”. Era termo usado para falar de “comprar
de volta um escravo ou cativo, libertá-lo mediante o pagamento de um resgate”
(BEACON, p. 124). Paulo diz que Cristo nos resgatou com o preço de sangue (Ef
1.7). Outras passagens paulinas também enfatizam a questão do custo (1 Co 6.20;
7.23; 1Tm 2.6), coisa que o próprio Jesus afirmou (Mt 20.28). Os fariseus
fizeram a observação de que nenhum homem pode perdoar pecados a não ser Deus
(Mc 2.7). O fato do Senhor Jesus Cristo perdoar é evidência de que é Deus (Mc
2.10).
2. Ele nos congregou (Ef 1.10).
Paulo afirmou
que Cristo veio “congregar” em si todas as coisas (Ef 1.10). A palavra grega “anakephalaiõsasthai”
que significa: “fazer convergir”, e era usada no sentido de juntar várias
coisas e apresentálas como sendo uma só (FOULKES, 2011, p. 45). Devido ao
pecado, vieram ao mundo desordem e desintegração intermináveis; mas ao final,
todas as coisas serão restauradas à sua função original e à sua unidade pelo
fato de terem sido trazidas à obediência a Cristo (Cl 1.20). A expressão “todas
as coisas” inclui “tanto as que estão nos céus como as que
estão na terra” (Cl 1.16-19) e devem ser reunidas em Cristo.
V. AS BÊNÇÃOS QUE
OBTIVEMOS DO ESPÍRITO SANTO
Nessa última
estrofe da doxologia de Efésios, o Espírito Santo pelo menos recebe duas
designações: “um selo e uma garantia” (Ef 1.13,14). Notemos:
1. O Espírito Santo como um selo (Ef 1.13).
Os que recebem o
Espírito Santo são identificados por Deus como pertencentes a Cristo. Esses
crentes são “selados” como propriedade particular de Cristo no momento da
conversão (Ef 1.13; 4.30). Acerca do selo, convém afirmar que:
a) O
selo fala de um direito de posse. Deus nos selou com o seu Espírito porque
agora somos seus (1 Co 6.19).
b) O
selo fala de segurança e proteção. O selo romano sobre a tumba de Jesus era
a garantia de que ele não seria violado (Mt 27.62-66). Assim o crente pertence
a Deus (1 Co 6.19).
c) O
selo fala de autenticidade. Fomos selados com o Espírito Santo (Ef 4.30),
como propriedade de Deus (Rm 8.9).
2. O Espírito é o penhor (Ef 1.14).
O penhor era o
primeiro pagamento efetuado na aquisição de uma propriedade. Paulo usou em suas
epístolas a linguagem de que o Espírito Santo nos foi dado como penhor (2 Co
1.22; 5.5; Ef 1.14), deixando claro que o Senhor deu-nos o Espírito Santo, como
garantia de que somos sua propriedade exclusiva.
CONCLUSÃO
Vimos nesta
lição que Deus planejou de antemão conceder bênçãos espirituais aos seus
servos. Essas bênçãos revelam a grandeza, a excelência e a perfeição do projeto
divino. O plano de salvação arquitetado pelo nosso Criador é algo
incomensurável. Em Cristo, Ele estava reconciliando o mundo consigo mesmo. Essa
é uma doutrina gloriosa que revela o imenso amor de Deus. Em Cristo, fomos
eleitos para desfrutar desse maravilhoso plano.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø GILBERTO, Antônio, et al. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø HOUAISS, Antônio. Dicionário
da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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