Ef 3.14-21
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos a definição etimológica do termo intercessão; pontuaremos a intercessão
na Bíblia; estudaremos algumas atitudes de Paulo em relação a esta prática;
mostraremos o conteúdo da intercessão de Paulo aos efésios, e por fim,
analisaremos a intercessão de Cristo, do Espírito Santo e dos servos de Deus.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA INTERCESSÃO
1. Definição etimológica.
A palavra
“intercessão” significa: “mediação, intervenção, rogo, súplica em
favor de outrem, ação de interceder, de pedir ou de solicitar algo para outra
pessoa” (HOUAISS, 2001, 1632). A palavra “intercessão” em hebraico
é a expressão “paga” que significa: “solicitar, importunar pela persistência,
suplicar, pleitear, apelo, petição” (Is 55.12; Jr 7.16; 27.18; 36.25).
A oração intercessória é a ação de suplicar por outras pessoas: “Orai
uns pelos outros” (Tg 5.16). Interceder é colocar-se no lugar de outro
e pleitear a sua causa, como se fora sua própria. É o ato de peticionar a Deus
ou orar a favor de outra pessoa ou grupo (1Tm 2.1). A Bíblia nos ensina a orar:
a) pelas autoridades (1Tm 2.2); b) pelos líderes (2Co 1.11; 2Tm 1.3-7;
Fp 1.19); c) pela Igreja (Sl 122.6);
d) pelos amigos (Jó 42.8); e) pelos ímpios (Rm 10.1); f) pelos enfermos (Tg 5.14); g) pelos inimigos (Sl 109.2-4; Jr
29.7); h) por aqueles que nos
perseguem (Mt 5.44); i) por aqueles
que nos abandonam (2Tm 4.16); j) e
por todos os homens (1Tm 2.1).
II. A PRÁTICA DA
INTERCESSÃO NA BÍBLIA
1. A abrangência e eficácia da intercessão.
A Bíblia nos
ensina que a intercessão: a) aplaca
o juízo divino (Gn 18.23- 32; Nm 14.13-19; Jl 2.17); b) restaura o povo (Ne 1; Dn 9); c) livra as pessoas do perigo (At 12.5,12; Rm 15.31); d) atrai a bênção de Deus para povo (Nm
6.24-26; 1Rs 18.41-45; Sl 122.6-8); e)
invoca o poder do Espírito Santo sobre os crentes (At 8.15-17; Ef 3.14-17); f) faz com que o enfermo seja curado
(1Rs 17.20-23; At 28.8; Tg 5.14-16); g)
leva o pecador a receber o perdão dos pecados (Ed 9.5-15; Dn 9; At 7.60); h) beneficia pessoas investidas de
autoridade à governam bem (1Cr 29.19; 1Tm 1.1,2); i) faz a vida cristã ser crescente (Fp 1.9-11; Cl 1.10,11); j) guarda os pastores (2Tm 1.3-7); l) protege a obra missionária (Mt 9.38;
Ef 6.19,20); e (m) invoca salvação do próximo (Rm 10.1).
III. ATITUDES DA
INTERCESSÃO DE PAULO AOS EFÉSIOS
1. A intercessão de Paulo revela reverência.
Os judeus
normalmente oravam de pé, mas Paulo se põe de joelhos: “Por essa razão, dobro meus
joelhos perante o Pai” (Ef 3.14). Essa postura era usada em ocasiões especiais
ou em circunstâncias excepcionais (Lc 22.41; At 7.60; 20.36). A Bíblia não
sacraliza a postura física com que devemos orar. Temos exemplos de pessoas
orando em pé (Mt 11.25; Jo 11.41; Lc 18.13), assentadas, prostradas
(Gn 24.52; Mt 26.39; Mc 14.35), ajoelhadas (1Rs 8.22,54; 2Cr 6.13;
Sl 95.6; Dn 6.10; Lc 22.41; At 7.60; 9.40; Ef 3.14), andando e até mesmo deitadas
(Gn 18.22; 24.52; Lc 18.13; At 2.1,2). Obviamente, não podemos ser desleixados
com nossa postura física quando nos apresentamos ao Senhor.
2. A intercessão de Paulo revela unidade.
O apóstolo Paulo
afirmou aos efésios: “Por essa razão, dobro meus joelhos perante o
Pai, de quem toda família no céu e na terra recebe o nome” (Ef
3.14,15). Paulo fala da gloriosa reconciliação dos gentios com Deus e dos
gentios com os judeus, formando uma única igreja, o corpo de Cristo, ou seja,
uma família (Ef 2.19). A igreja da terra e a igreja do céu são a mesma igreja,
a família de Deus. Paulo fala aqui da igreja militante na terra e da igreja
triunfante no céu como uma única igreja, somos a mesma igreja (Hb 12.22,23).
3. A intercessão de Paulo revela confiança.
Paulo manifesta
o desejo de que Deus atenda às suas súplicas: “segundo as riquezas da sua glória”
(Ef 3.16). A glória de Deus não é um atributo de Deus, mas o fulgor pleno de
todos os atributos de Deus. Podemos fazer pedidos audaciosos a Deus. Seus
recursos são inesgotáveis e nos trás confiança.
IV. O CONTEÚDO DA
INTERCESSÃO DE PAULO AOS EFÉSIOS
1. A intercessão de Paulo é uma súplica por poder do
Espírito Santo.
Paulo está
pedindo poder e a sua preocupação não é com as coisas materiais, mas com as
coisas espirituais. “Para que, segundo as riquezas da sua glória,
vos conceda que sejais interiormente fortalecidos com poder pelo seu
Espírito...” (Ef 3.16,17). Ele não pede alívio dos problemas, mas
poder para enfrentá-los. O poder é concedido pelo Espírito Santo habitando no
crente. O poder do Espírito é a evidência da capacitação para a vida (At 1.8).
Jesus realizou seu ministério na terra sob o poder do Espírito Santo (Lc
4.1,14; At 10.38).
2. A intercessão de Paulo é uma súplica por
aprofundamento no amor fraternal.
Paulo ora para
que os crentes sejam fortalecidos para amar: “Arraigados e fundamentados em
amor” (Ef 3.17b). Precisamos do poder do Espírito e da habitação de
Cristo para amar uns aos outros, principalmente atravessando o profundo abismo
racial e cultural que, anteriormente, separava-nos. O amor é a principal
virtude cristã (1 Co 13.1-3). O amor é a evidência do nosso discipulado (Jo
13.34,35). O amor é a condição para realizarmos a obra de Deus (Jo 21.15-17). O
amor é o cumprimento da lei (1 Co 10.4). O conhecimento incha, mas o
amor edifica (1 Co 8.2).
3. A intercessão de Paulo é uma súplica pela
compreensão do amor de Cristo.
O apóstolo
passa, agora, do nosso amor pelos irmãos para o amor de Cristo por nós.
Portanto, a súplica implica que os crentes tenham um conhecimento objetivo do
amor de Cristo e uma profunda experiência nele (Ef 3.18,19). Paulo ora para que
possamos compreender o amor de Cristo em suas plenas dimensões: qual a largura,
o comprimento,
a altura
e a profundidade
dele (Ef 3.18). O amor de Cristo é suficientemente largo para abranger a
totalidade da humanidade (Ap 5.9,11; 7.9; Cl 3.11), comprido para durar por
toda a eternidade (Jr 31.3; Ap 13.8; Jo 13.1), profundo para alcançar
todo pecador (Is 53.6,7) e alto para levá-lo ao céu (Jo 17.24).
4. A intercessão de Paulo é uma súplica pela
plenitude de Deus.
Provavelmente,
nenhuma oração poderá ser mais sublime que essa porque ela inclui todas as
outras. O seu sentido pleno está além da nossa compreensão, e é bem provável
que ela tivesse vindo a ser a oração que os efésios estimassem como a de mais
alto nível espiritual: “Para que sejais preenchidos até a plenitude
de Deus” (Ef 3.19b). Nessa carta aos efésios, Paulo fala-nos que
devemos ser cheios da plenitude do Filho (Ef 1.23), do Pai (Ef 3.19) e do
Espírito Santo (Ef 5.18). Devemos misteriosamente ser cheios da própria
Trindade (Jo 14.20,21,23). Devemos ser cheios não apenas com a plenitude de
Deus, mas até a plenitude de Deus. Então, se cumprirá a oração do próprio
Jesus: “Para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu também neles
esteja” (Jo 17.26).
V. A INTERCESSÃO DE
CRISTO, DO ESPÍRITO SANTO E DOS SERVOS DE DEUS
1. O exemplo de Jesus como um intercessor.
Jesus, no seu
ministério terreno, intercedia pelos perdidos (Lc 19.10). Orou, quebrantado,
por causa da indiferença da cidade de Jerusalém (Lc 19.41). Intercedia pelos
seus discípulos, tanto individualmente (Lc 22.32) como pelo grupo todo (Jo
17.6-26). Orou até por seus inimigos, quando pendurado na cruz (Lc 23.34). Um
aspecto permanente do ministério atual de Cristo é o de interceder pelos crentes
diante do trono de Deus (Rm 8.34; Hb 7.25; 9.24; 7.25; 1Jo 2.1). A intercessão
de Cristo é essencial à nossa salvação (Is 53.12).
2. O exemplo do Espírito Santo um intercessor.
O Espírito Santo
também está empenhado na intercessão: “não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”
(Rm 8.26). O Espírito Santo, através do espírito do crente, intercede “segundo Deus” (Rm 8.26,27). Portanto,
Cristo intercede pelo crente, no céu, e o Espírito Santo intercede dentro do
crente, na terra.
3. Os servos de Deus como intercessores no AT.
No AT, os
líderes do povo de Deus, tais como os reis (1Cr 21.17; 2Cr 6.14-42), profetas
(1Rs 18.41-45; Dn 9) e sacerdotes (Ed 9.5-15; Jl 1.13;
2.17,18), deviam ser exemplos na oração intercessória em prol da nação.
Exemplos marcantes de intercessão no AT, são as orações de Abraão em favor de
Ismael (Gn 17.18) e de Sodoma e Gomorra (Gn 18.23-32), as orações de Davi em
favor de seus filhos (2Sm 12.16; 1Cr 29.19), e as de Jó em favor de seus filhos
e amigos (Jó 1.5; 42.10). Na vida de Moisés, temos o exemplo quanto ao poder da
oração intercessória (Nm 14.1-12; 14.13-20 ver também Êx 32.11-14; Nm 11.2;
12.13; 21.7; 27.5). Outros poderosos intercessores do AT são Elias (1Rs
18.21-26; Tg 5.16-18), Daniel (9.2-23) e Neemias (Ne 1.3-11).
4. Os servos de Deus como intercessores no NT.
Os evangelhos
registram como os pais e outras pessoas intercediam com Jesus em favor dos seus
entes queridos. Os pais rogavam a Jesus para que curasse seus filhos doentes
(Mc 5.22-43; Jo 4.47-53); um grupo de mães pediu que abençoasse seus filhos (Mc
10.13). Certo homem de posição implorou, pedindo a cura de seu servo (Mt
8.6-13), e a mãe de Tiago e João intercedeu em favor deles (Mt 20.20,21). A
igreja do NT intercedia constantemente pelos fiéis (At 12.5, 12; 13.3; 1Tm
2.1-3; Tg 5.14,16; Hb 13.18,19). Paulo em muitas das suas epístolas, discorre a
respeito da intercessão (Rm 1.9,10; 2Co 13.7; Fp 1.4-11; Cl 1.3,9-12; 1Ts
1.2,3; 2Ts 1.11,12; 2Tm 1.3; Fm .4-6; Ef 1.16-18; 3.14-19; 1Ts 3.11-13).
CONCLUSÃO
A ousada
intercessão de Paulo anelava o fortalecimento da Igreja. O apóstolo tinha
ciência de que o perseverar do cristão dependia de quatro princípios basilares,
os quais ele pediu a Deus em oração: o fortalecimento de poder, a presença
plena de Cristo, o intenso exercício do amor de Deus e o contínuo crescimento
espiritual até encontrar a perfeição.
REFERÊNCIAS
Ø BERGSTÉN,
Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø GILBERTO,
Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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