sábado, 12 de dezembro de 2020

LIÇÃO 11 – A TEOLOGIA DE ELIÚ: O SOFRIEMNTO É UMA CORREÇÃO DIVINA? (SUBSÍDIO)





 
Jó 32.1-4; 33.1-4; 34.1-6; 36.1-5 



  
INTRODUÇÃO

Nesta lição estaremos estudando sobre um dos amigos de Jó, o jovem Eliú; além de destacarmos algumas informações a seu respeito, veremos alguns pontos da sua teologia declarada em seu longo discurso; ressaltaremos verdades sobre a realidade do sofrimento na esfera humana; e por fim, veremos que o propósito de Deus no sofrimento não é apenas a correção do ser humano.
 
 
I. QUEM FOI ELIÚ
1. Seu nome.
O personagem destacado como um dos amigos de Jó, possui um nome hebraico: “Eliyhu” que quer dizer: “Ele é meu Deus ou “meu Deus é pai”. Este nome foi dado a quatro homens no AT: a) um ancestral de Samuel (1Sm 1.1) que é chamado de Eliabe (lCr 6.27) e de Eliel (lCr 6.34); b) um dos soldados da tribo de Manassés que desertou a Saul para se juntar ao exército de Davi para tornar-se um comandante (lCr 12.20); c) um porteiro dos coraítas, servindo no Tabernáculo durante o tempo de Davi (1Cr 26.7); e, d) um dos irmãos de Davi, oficial da tribo de Judá (1Cr 27.18) também chamado de Eliabe na LXX (versão grega do Antigo Testamento) (1Sm 16.6; 17.13,28; lCr 2.13; 2Cr 11.18 (MERRIL, 2008, vol. 2, p. 374).
 
2. Sua origem.
Não temos muitas informações sobre este amigo de Jó, visto que ele aparece de forma repentina. O que encontramos no texto é que Eliú é identificado como filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão (Jó 32.2,6) sendo, portanto, um parente distante de Abraão (Gn 22.21). Em Jeremias 25.23,24 indica que Buz estava na região da Arábia (WYCLIFFE, 2007, p. 634). A passagem bíblica também informa que Eliú era o mais jovem dos amigos de Jó, e isso explica porque não falou antes, estando até então como expectador: “Eliú, porém, esperara para falar a Jó, pois eram de mais idade do que ele” (Jó 32.4), nos é dito que ele tinha uma personalidade forte, cuja ira é mencionada quatro vezes no mesmo capítulo, tanto direcionada a Jó e aos seus três amigos (Jó 32.2,3,5), como também percebemos que, ele é o único dos amigos de Jó que não foi repreendido por Deus por suas palavras (Jó 42.7-9). 

 
II. A TEOLOGIA DE ELIÚ
Apesar da sua aparição repentina, Eliú fez um longo discurso ocupando seis capítulos do livro de Jó (Jó 32 – 37), nos quais expôs sua opinião sobre o assunto em questão (Jó 32.17) fazendo algumas afirmações. Consideremos, portanto, algumas das declarações de Eliú: 

1. Em relação a Deus.
Apesar de ser muito jovem, Eliú expõe com segurança a sua concepção em relação a aspectos da natureza divina e de seus atributos. Vejamos:
 
·      Deus fala. Um dos pontos afirmados por Eliú em seu discurso é que Deus fala: “Antes, Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso” (Jó 33.14), e ao falar: a) Deus usa meios diferentes: sonhos e visões (Jó 33.15-a; ver Hb 1.1; Gn 37.5-10; 41.25,28,32; Dn 2.28,45; At 10.9-17); b) Deus fala em diversas situações: quando cai um profundo sono sobre o homem e quando adormece na cama (Jó 33.15-b); e, c) Deus fala com diversos objetivos: para apartar o homem dos seus próprios caminhos, para esconder do homem a soberba, para livrar a alma de ir para cova e para livrar a vida de passar pela espada (Jó 33.17,18).
 
·    Deus é bondoso. Os amigos de Jó Elifaz, Bildade e Zofar, haviam argumentado que seu sofrimento era prova de que Deus o estava castigando por seus pecados, mas, Eliú argumenta que, por vezes, Deus permite que soframos a fim de evitar que pequemos. Em outras palavras, o sofrimento pode ser também preventivo e não apenas punitivo (2Co 12.7-10). Deus faz todo o possível para nos guardar do pecado, o que comprova sua graça e bondade para conosco (Jó 33.24; Sl 13.6; 103.2). 

·    Deus é justo. Em resposta àquilo que Eliú entendia como sendo reclamações de Jó, de que Deus parecia injusto, Eliú lembrou que: a) Deus é santo demais para fazer qualquer coisa errada (Jó 34.10), b) justo em lidar com as pessoas (Jó 34.11,12), c) poderoso (Jó 34.13,14), d) imparcial (Jó 34.19,20), e) onisciente (Jó 34.21,21), f) juiz de todos (Jó 34.23) e, g) o soberano que age como lhe apraz a fim de evitar o mal (Jó 34.24-30).
 

2. Em relação a Jó.
Eliú se dirige a Jó pelo nome (Jó 33.1), e diferentemente dos que tinham falado antes, cujo objetivo era condenar a Jó pelos seus supostos pecados (Jó 32.3), Eliú expõe o seu descontentamento em relação a Jó, não porque entendia que ele de fato havia pecado para receber o castigo divino, mas porque o patriarca preocupou-se mais em se justificar do que a Deus (Jó 32.2).
 
3. Em relação ao sofrimento.
Eliú não tentou provar que Jó estava sofrendo devido a pecados cometidos, mas sim que sua imagem de Deus era incorreta. Eliú introduziu um novo elemento à discussão: Deus não envia o sofrimento necessariamente para nos castigar por nossos pecados, mas sim para evitar que pequemos (Jó 33.18,24) e para nos aperfeiçoar (Jó 36.1-15). O Senhor não age arbitrariamente, mas permite o sofrimento como uma maneira de conduzir a pessoa a se submeter a Ele (Jó 33.23), e a arrepender-se (Jó 33.27), para que sua vida seja poupada (Jó 33.24,28,30), de modo que Deus permite e utiliza-se do sofrimento para o benefício espiritual dos seus servos (Rm 8.28; Gn 50.20). 

 
III. A REALIDADE DO SOFRIMENTO
1. Deus não é causa original do sofrimento.
Um ponto que deve ficar entendido quando lemos as Escrituras, é que Deus não é o autor do sofrimento. No livro de Gênesis encontramos sobre a criação: “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31), tudo foi criado de forma harmônica, proporcionando o melhor ambiente para o ser humano, no entanto, por causa do mal uso do livre-arbítrio do homem, o pecado teve o seu lugar na humanidade (Rm 5.12) trazendo consigo a realidade do sofrimento atingindo toda a criação (Rm 8.19-22).
 
2. O sofrimento como consequência do pecado.
É um grande equívoco dizer que todo sofrimento vem de Deus, pois nós mesmos podemos ser a causa de parte de nossa dor (Jo 5.14). O pecado dá prazer momentâneo (Hb 11.25), mas também causa o sofrimento duradouro (Jz 3.5-8,12-14; 4.1-3; 6.1). Sempre há um preço a pagar por desprezar a lei de Deus: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). 

 
IV. FINALIDADES DO SOFRIMENTO
1. Correção divina.
As Escrituras são taxativas em registrar para nós situações em que o sofrimento foi utilizado por Deus, como um instrumento de correção tanto para com os justos quanto para os ímpios. O salmista testemunha sobre essa sua experiência ao dizer: “Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra. Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos” (Sl 119.67,71). Vários outros casos podem ser encontrados em que servos de Deus e até mesmo nações enfrentaram algum tipo de sofrimento como sendo uma correção divina de determinadas atitudes: a) Miriã devido a sua murmuração contra Moisés (Nm 12.1-10); b) o rei Uzias devido a sua precipitação em queimar incenso no templo e a ira contra os sacerdotes (2Cr 26.19); c) Geazi por conta da avareza e engano (2Rs 5.25-27); d) o reino do Norte (Israel) e do Sul (Judá) devido a idolatria (Is 8.7; Ez 26.43-49); e, e) Nabucodonosor pela sua soberba (Dn 4.28-34). Por estas e outras razões o apóstolo dos gentios afirmou: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2Co 7.10).
 
2. Aprendizado.
Embora saibamos que Deus pode se apropriar do sofrimento para corrigir falhas no caráter de alguém, o sofrimento não é usado por ele só com esse propósito. Por vezes, Ele usa a dor para nos advertir, mas também, utiliza-se do sofrimento para desenvolver em nós uma atitude de submissão (Hb 12.1-11), com o propósito de prevenir que determinados comportamentos não sejam vistos em seus servos (2Co 12.7), e aí estão algumas razões, nas quais devemos nos gloriar como disse o apóstolo Paulo: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança” (Rm 5.3,4). Com isso em vista, as Escrituras nos ensinam que é possível nesse nível de sofrimento, nos alegrarmos em meio as aflições (1Pd 1.8; 4.13; Tg 1.1-3), por entendermos que Deus está nos fazendo crescer (Gn 41.52).
 
3. Glorificação a Deus.
Encontramos nas páginas da Bíblia o ensino claro em que, o sofrimento vivenciado possui o propósito de levar o nome do Senhor a ser glorificado. Em resposta às indagações de seus discípulos ao perguntarem as razões que levaram a um homem ter nascido cego (Jo 9.2), Jesus afirmou: “Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus(Jo 9.3). Ao ser informado da grave enfermidade de Lázaro, por quem o Senhor tinha grande apreço, Jesus afirmou: “E Jesus, ouvindo isso, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela(Jo 11.4).
 
 
CONCLUSÃO
Os propósitos de Deus estão além de nossa compreensão; o sofrimento é um mistério que nem sempre podemos desvendar. Mas é absolutamente certo que, para alguém cuja vida é caracterizada por um caráter íntegro, o resultado do sofrimento será a manifestação da glória de Deus (2Co 4.17).
 
 
 
REFERÊNCIAS

Ø  CHAPMAN, Milo L. PURKISER, W. T. Comentário Beacon. Vol. 3. CPAD.

Ø  HENRY, Mattew. Comentário Bíblico Antigo Testamento Jó a Cantares. Vol. 3. CPAD.

Ø  MERRIL, C. Teney. Enciclopédia da Bíblia. Vol. 2. CULTURA CRISTÃ.

Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Ø  WYCLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD.

Ø  WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Vol. 3. GEOGRAFICA.

 

 
Por Rede Brasil de Comunicação.



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