Jó 38.1-4; 39.1-6;
40.15-18,24; 41.1-3
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos a definição etimológica da palavra “revelação”; pontuaremos como
Deus se revela ao homem; notaremos os aspectos da revelação geral e especial; e
por fim; estudaremos porque Deus se revela ao homem.
I. DEFINIÇÃO DO TERMO REVELAÇÃO NA BÍBLIA
1. Conceito
etimológico da palavra revelação.
O
hebraico bíblico possui diversas palavras que correspondem ao termo revelação
na língua portuguesa. Contudo, o vocábulo “gālâ”, isto é, “descobr”,
é usado com o significado de “desnudar-se ou revelar-se" (Gn
35.7). A Septuaginta (versão grega do AT) traduz o vocábulo na passagem citada
por “epephánē”, que significa: “manifestação, aparição,
revelação”. O grego ainda emprega a palavra “apokalypsis” com
o sentido de “revelar, tirar o véu ou desvendar” (Lc 2.32). Em
seu aspecto geral ou particular, revelação sempre estará atrelada aos conceitos
de “manifestar, tornar claro, tirar o véu, dar a conhecer” (Rm
16.25). Por conseguinte, a doutrina da revelação de Deus nas Escrituras descreve
a comunicação, revelação e manifestação sobrenaturais de Deus ao homem,
revelando sua mensagem, propósitos e decretos (VINE; UNGER; WHITE JR., 2002, p.
952).
II. COMO DEUS SE REVELA AO HOMEM
Chamamos de revelação
os meios pelos quais Deus se fez conhecido. A palavra “revelar” tem
o sentido de “tirar o véu”. Portanto, tudo o que conhecemos sobre
Deus foi porque Ele revelou-se aos homens. Vejamos, então, as duas principais
revelações de Deus:
1. A
revelação geral.
Foi a maneira que Deus
se fez conhecido a todas as criaturas inteligentes, de modo geral e acessível a
todo ser humano. Ela é encontrada na natureza, na história, na experiência
pessoal e na consciência.
- A revelação de Deus na natureza. A natureza, chamada de “revelação não verbal” bem como toda a criação, revela, não apenas a existência de Deus, mas também seu poder, sua sabedoria e bondade para com os homens (Gn 1.31; Is 40.28; 42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6). O salmista disse: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19.1); e, o apóstolo Paulo diz aos romanos: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm 1.18-20; 2.15; ver ainda Sl 19.1; At 14.17);
- A Revelação de Deus na história. A Bíblia revela claramente como Deus intervém na História, pois Ele é soberano, e tem o poder sobre os filhos dos homens (Dn 5.21). Ele empobrece e enriquece; abate e exalta a quem quer (1Sm 2.7). Como disse o profeta Daniel ao rei Nabucodonosor: “E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos” (Dn 2.21);
- A revelação de Deus através da experiência pessoal. A Bíblia registra diversos exemplos de pessoas que puderam desfrutar de uma profunda comunhão com o Senhor, como Enoque e Noé (Gn 5.21,24; 6.9), que “andaram” com Deus; como Adão, Abraão, Isaque, Jacó, e tantos outros, que falaram com Ele (Gn 3.8; 12.1-3; 26.24; 28.13); e, principalmente Moisés, que o Senhor lhe falava “cara a cara” (Nm 12.8). No entanto, devemos entender que esta revelação não está restrita aos tempos bíblicos, pois ainda hoje, é possível desfrutar de uma comunhão íntima e pessoal com o Senhor (Tg 4.8);
- A revelação de Deus na consciência do homem. O homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do bem e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto que deve seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse conhecimento chama-se "consciência". Ao fazer o bem, a consciência o aprova; ao fazer o mal, ela o condena. Vejamos o que o apóstolo Paulo diz sobre este assunto: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo” (Rm 2.14,15). Mas, quem criou esses dois conceitos do bem e do mal? Deus, o Justo Legislador!
2. A
revelação especial.
Chamamos
de “revelação especial” a maneira que Deus se fez conhecido em
momentos especiais e a povos específicos. Este tipo de revelação ocorreu
através da Bíblia, do Espírito Santo, e,
principalmente, através de Jesus. Vejamos:
- A revelação de Deus através das Escrituras. A Bíblia é a revelação escrita de Deus aos homens. Através dela Ele se fez conhecido e revela a sua vontade para com a humanidade. É por isso que ela é chamada de Palavra de Deus (Pv 30.5; Lc 4.4; At 4.31; Hb 4.12); os profetas podiam dizer: “Assim diz o Senhor” (Is 43.1; Jr 4.3,27; Ez 5.5); e, o Senhor Jesus disse: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17) e “a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35);
- A revelação de Deus através do Espírito Santo. O Espírito Santo quando Jesus ressuscitou e voltou para o céu, ele enviou o Espírito Santo para ensinar cada crente pessoalmente. O Espírito Santo nos revela Deus diretamente, nos capacitando para entender e aplicar a Bíblia em nossas vidas (Jo 14.15-17, 26). O Espírito Santo nos revela a mente de Deus e como Ele vê o mundo (1Co 2.11-12). Através do Espírito Santo, Deus também pode falar diretamente ao crente, se revelar em sonhos ou visões, ou fazer milagres em sua vida. O Espírito Santo revela Deus em ação, hoje.
- A revelação de Deus através de Jesus Cristo. O Senhor Jesus é a mais perfeita revelação de Deus aos homens. Ele mesmo disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). E, o escritor aos Hebreus disse: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hb 1.1). Em suas epístolas, o apóstolo Paulo diz que Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1.15), e nEle habita toda plenitude da divindade (Cl 2.9). Por isso, seu nome é Emanuel, que traduzido é: “Deus conosco” (Is 7.14; Mt 1.23).
III. PORQUE DEUS SE REVELA AO HOMEM
A
Bíblia nos mostra que Deus é um ser que se dá a conhecer e se comunica com o
homem (Gn 1.29; 3.3; 6.13; 12.1-3; Êx 3.14). O Deus verdadeiro sempre quis, e
quer ser conhecido do ser humano, de forma pessoal, para demonstrar seu amor,
cuidado e salvação. Eis algumas razões porque Deus se revela e se dá a conhecer
ao homem:
1.
Deus se revela para se dar a conhecer.
O Deus
apresentado nas Escrituras Sagradas não tem prazer em se envolver num jogo de “esconde-esconde”
com os seus filhos. Um dos propósitos da “auto-revelação” de
Deus é se fazer conhecido. Ele quer que saibamos mais a respeito da sua pessoa,
da sua vontade para a nossa vida, dos seus propósitos para o seu povo e dos
seus atributos (Jr 9.24; 24.7; Ez 20.5). A vida eterna que recebemos consiste
no conhecimento que temos dele (Jo 17.3) e por sua vez, a morte é exatamente o
resultado do desconhecimento (Os 4.6).
2.
Deus se revela para relacionar-se.
Um dos
objetivos de Deus ao se fazer conhecido é estabelecer um relacionamento com o
seu povo (Êx 6.7; Lv 26.12; Jr 7.23; 11.4; 30.22; 32.38; 2Co 6.16; Hb 8.10; Ap
21.3). A Bíblia não apresenta um Deus impessoal, pelo contrário, ele é “tripessoal”.
Desde o início da criação vemos a iniciativa de Deus em desenvolver um
relacionamento (Gn 3.8). Deus deseja se revelar ao ser humano (Jr 29.13; 33.3;
Mt 6.6; Tg 4.8).
3.
Deus se revela para ser glorificado.
Por
fim, podemos mencionar também como propósito da revelação de Deus o objetivo de
ser glorificado. Deus se manifesta aos seus filhos proporcionando-lhes o
conhecimento a respeito de si e se relacionando com eles. Esses, em atitude de
reconhecimento, respondem glorificando-o (Sl 104.24).
4.
Deus se revela para mostra que é vivo.
Diferente dos ídolos
mudos que muitos de nós antes reverenciávamos, agora servimos ao Deus que fala
(Gn 12.1; Êx 3.4; Lv 1.1; Dt 34.4; 1Ts 1.9). Ele é um Deus vivo (1Sm 17.36; Is
37.17; Jr 10.10; Dn 6.26). É deste Deus que a alma humana tem sede (Sl 42.2;
84.2).
CONCLUSÃO
Nesta
lição mostramos como Deus se revela ao homem de uma maneira maravilhosa. O que
Jó tanto desejava finalmente aconteceu: o encontro com Deus. Este se revelou a
Jó não para recriminá-lo, mas para revelar-lhe o quão imperfeito ele era e o
quanto conhecia pouco acerca da majestade divina. O Criador mostrou a Jó que,
apesar de seu silêncio, Ele sempre esteve presente e no controle de todos os
acontecimentos.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W. E; UNGER, M. F; WHITE, W. JR. Dicionário Vine. CPAD.
Ø HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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