At 26.1-7
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o mundo da
época do apóstolo Paulo; notaremos um pouco do contexto histórico de Roma,
Grécia e Israel, salientando a cidade de Tarso como sendo a terra natal do
apóstolo dos gentios; pontuaremos ainda Paulo como um judeu carente da
revelação divina e um religioso cego, como um pecador como os demais e, por
fim, veremos Paulo como um homem carente da graça de Deus.
I. O MUNDO NA ÉPOCA DE PAULO
Segundo Charles Fergusson Ball (2002, pp. 08,09), asseverou
que nos dias de Paulo, toda a vida do mundo concentrava-se no Mediterrâneo.
Todas as grandes civilizações desenvolveram-se junto ao mar cujo nome aludia ao
centro da terra. A palavra Mediterrâneo é formada por dois vocábulos que,
juntos, significam ‘o meio da terra’. Todos os interesses da vida
humana achavam-se concentrados numa estreita faixa que se estendia pela costa
sul da Europa, pela costa norte da África e pelas costas ocidentais da Síria e
Palestina. Além dessa fronteira, havia regiões inexploradas, onde viviam povos
bárbaros, que só entrariam na corrente da civilização anos mais tarde. Três
nações da época foram suficientemente grandes e fortes para deixar sua marca
sobre as demais: Roma, Grécia e Israel. Notemos:
1. Roma.
Os romanos governavam o mundo. Conquistaram esse direito pela
força dos seus exércitos. Eles possuíam o dom da colonização e do governo.
Devido ao poder de suas legiões estacionadas em todas as colônias, eram os
donos do mundo. Embora poderosos, não se aproveitavam dos povos conquistados;
pelo contrário, procuravam integrá-los ao seu império, dando-lhes um lugar de
honra. Tanto por sua grandiosidade quanto por sua fraqueza, os romanos deixaram
na história a sua marca indelével. A seu favor deve ser dito que construíram o
maior império que o mundo já viu.
2. Grécia.
Se os romanos foram os líderes mundiais no tocante à lei e ao
governo, os gregos lideraram na cultura e no conhecimento. A arte, a ciência e
a literatura desenvolveram-se mais na Grécia que em qualquer outra parte.
Embora o império fosse romano, a língua grega foi reconhecida como o idioma
empregado pelas pessoas cultas. Os gregos eram um povo genial. Guiados por
Alexandre, o Grande, conquistaram o mundo e procuraram helenizá-lo.
Desempenharam tão bem sua tarefa que, mesmo após a morte de Alexandre e a
divisão de seu império, uma porção da arte e da literatura gregas permaneceu em
cada nação. Os professores e filósofos gregos eram os intelectuais reconhecidos
da época. Eles divulgaram, em todas as nações, a literatura, arquitetura e
pensamento científico de seu país.
3. Israel.
A nação, porém, que mais marcou a civilização mundial foi
Israel. Sua marca jamais se apagará. Embora os judeus não tivessem poderio
militar, destacaram-se por sua religião. Dispersos por todas as terras,
construíam sinagogas para adorar a Deus. Isso se dera devido ao fato de a
Assíria, Babilônia e Roma terem invadido a Palestina, e levado daqui milhares
de judeus para o cativeiro. Onde quer que fosse, o povo escolhido levava
consigo as Sagradas
Escrituras e as profecias de um Messias vindouro.
II. TARSO,
A CIDADE DO APÓSTOLO PAULO
Paulo nunca escondeu a origem de sua terra natal. Tarso, onde
Paulo nasceu e foi criado, era a capital e principal cidade da Cilícia, atual
Turquia, na Ásia Menor. Nas próprias palavras do apóstolo Paulo, Tarso não era
uma cidade qualquer: “Na verdade que sou um homem judeu, cidadão de
Tarso, cidade não pouco célebre na Cilícia” (At 21.39a). A expressão
não pouco célebre significa, no grego “não insignificante”. Vejamos
porque era uma cidade destacável:
1. Cidade cheia da cultura grega.
Pouco antes da época do apóstolo Paulo, Tarso tinha
atravessado um brilhante período de sua história, quando ela se tornou a Atenas
do Mediterrâneo oriental, uma cidade universitária, para onde convergiam homens
de erudição. Paulo, desde muito cedo, foi influenciado pela cultura grega
enraizada em sua cidade. Isso depreendemos a partir de suas citações de
filósofos (At 17.28; Tt 1.12), e, também do seu nome, que em hebraico é Saul,
mas que por influência grega, era Saulo. Não é demais afirmar que sabia também
falar o idioma grego.
2. Cidade dominada por Roma.
A região de Tarso foi governada a princípio, pelos
governantes selêucidas, como uma província. No entanto, quando Antíoco foi
derrotado pelos romanos, a cidade de Tarso tornou-se parte de uma província
romana. Na época, em que Paulo nasceu, primeiro século da era cristã, Tarso era
colônia romana. Como tal, os seus habitantes desfrutavam de alguns privilégios
dentre os quais a cidadania romana. A cidadania romana originalmente era
restrita a nativos livres da cidade de Roma, mas, à medida que o controle
romano da Itália e das terras do Mediterrâneo se ampliava, a cidadania era
conferida a várias outras pessoas, de certas províncias seletas, que não eram
romanos por nascimento. Por isso, quando questionado pelo tribuno: “...Dize-me,
és tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de dinheiro
alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento” (At
22.27,28). Em outra ocasião também evocou esta cidadania (At 16.35-40). Devido
a influência do latim na sua vida, Saulo também era chamado Paulo (At 13.9).
3. Cidade banhada pela religiosidade judaica.
Por certo, havia uma sinagoga em Tarso. Paulo sendo,
descendente de hebreus adquiriu uma herança nacional, cultural e religiosa.
Segundo o seu próprio relato:
- Judeu de nascimento. Ele não era um judeu prosélito; ele nasceu judeu e era um membro da raça que havia recebido o rito da circuncisão no tempo estabelecido pela lei (Gn 17.12; Lv 12.3; Fp 3.5).
- Da linhagem de Israel. Paulo pertencia ao povo eleito, o povo do concerto, o povo exclusivamente privilegiado (Êx 19.5,6; Nm 23.9; Sl 147.19,20; Am 3.2; Rm 3.1,2; 9.4,5). Era da linhagem de Benjamim, um dos doze filhos de Jacó, a tribo de onde veio o primeiro rei de Israel, Saul. Por certo, seu nome hebreu Saulo era em homenagem a este rei. A tribo de Benjamim, não aderiu a rebelião das dez tribos, mas conservou-se com Judá sob a liderança davídica (1Rs 12.21).
- Da seita mais rigorosa do judaísmo. Paulo era fariseu, membros da seita mais fervorosa e severa na obediência à lei de Moisés: “segundo a lei, fui fariseu” (Fp 3.5). Confira também (At 26.5). A palavra fariseu no grego “farisaios” significa: “separado”. Essa seita do judaísmo pregava a separação da vida comum e das tarefas comuns para consagrar suas vidas à observância minuciosa dos detalhes da Lei. Paulo falava a língua hebraica (At 21.40). Embora tenha nascido na cidade pagã Tarso, foi para Jerusalém e educou-se aos pés de Gamaliel (At 22.3). Era de uma pessoa como esta que Jesus necessitava, um judeu hábil no Antigo Testamento, que falava o grego e com nacionalidade romana para poder introduzir o evangelho aos povos. Segundo Champlin, “nenhum outro homem, daquela época da história, combinava essas características tão harmoniosa quanto Paulo de Tarso. Seu meio ambiente talhou-o para esse propósito” (2004, p. 323).
III. PAULO UM JUDEU CARENTE DA REVELAÇÃO
DIVINA
1. Paulo um religioso judeu cego.
Em seu extremado zelo religioso, Paulo estava cego para a
realidade de que o Jesus de Nazaré que ele combatia, era o Cristo prometido nas
Escrituras do AT. Por isso, consumido pelo zelo sem entendimento perseguiu este
caminho até a morte (At 22.4). Escrevendo as igrejas da Galácia, testemunhou: “Porque
ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira
perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1.13). Diante do rei
Agripa, ainda asseverou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas
devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e assim procedi em
Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei
muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os
matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a
blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades
estranhas os perseguia” (At 26.9-11).
2. Paulo um pecador como qualquer outro.
Em seus ensinos Paulo sabia da universalidade do pecado: “Todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Ele sabia
que, mesmo tendo sido criado sob a Lei, e que o mandamento era santo, justo e
bom (Rm 7.12), a Lei não tinha o objetivo de salvar, pois seu objetivo era
nomear o pecado (Rm 7.7,8). Paulo também via em si mesmo uma outra lei que o
impelia a fazer o mal e que jamais dela poderia se livrar, exceto por Cristo
Jesus (Rm 7.14-25). Paulo, passou a dizer que a a Lei é o aio (condutor) que
nos leva a Cristo Jesus (Gl 3.23-25).
3. Paulo, um homem carente da graça.
Paulo, como todo judeu, pensava alcançar a justiça de Deus
pela obediência da Lei, até que confrontado por Cristo, entendeu que o homem é
justificado pela fé e não pelas obras “[...] não tendo a minha justiça
que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de
Deus pela fé” (Fp 3.9b). Paulo se tornou o principal instrumento para
transmitir o pleno significado da graça em Cristo. Não é de admirar que mais
tarde ele viesse a ser conhecido como “o apóstolo da graça”. Com
maestria, ele nos falou sobre a graça de Deus de forma abundante (Rm 1.5,7;
3.24; 4.4,16; 5.2; 5.15,17,18; 5.20; 5.21; 11.6). Ele afirmou que pela graça
foi salvo (1Tm 1.13,14); que pela graça de Deus era o que era (1Co 15.10a); e,
por fim, que trabalhou mais que os outros apóstolos (1Co 15.10b).
CONCLUSÃO
Esta lição nos
mostrou os três “mundos” do apóstolo Paulo: o romano, o grego e o judeu. Vimos
que o apóstolo se comunicou na língua predominante da época, o grego koiné, bem
como fez uso da vasta literatura de seu tempo e, a soma de tudo isso serviu ao
Espirito Santo para que a vida do apóstolo fosse usada integralmente para a
causa do Evangelho.
REFERÊNCIAS
Ø
BALL,
Charles Ferguson. A vida e os tempos
do apóstolo Paulo. CPAD.
Ø
BRUCE,
F. F. Paulo, o apóstolo da graça.
VIDA NOVA.
Ø
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. HAGNOS.
Ø
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua
Portuguesa. OBJETIVA.
Ø
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø
VINE,
E. W; et al. Dicionário Vine.
CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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