quarta-feira, 6 de outubro de 2021

LIÇÃO 02 – SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR


 
 
 
 
At 8.1-3; 22.4,5; 26.9-11 
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos os primórdios da perseguição contra a pessoa do próprio Senhor Jesus; citaremos as suas advertências aos seus servos quanto as perseguições que enfrentariam; estudaremos sobre Paulo de Tarso, o perseguidor da igreja; pontuaremos quais foram as perseguições que ele enfrentou depois de sua conversão a Cristo; e, por fim, falaremos sobres as diversas áreas que a igreja vem enfrentando grandes perseguições ao longo dos séculos.
 
 
I. OS PRIMÓRDIOS DA PERSEGUIÇÃO DA IGREJA
1. A perseguição a igreja nos tempos de Jesus.
A prisão, condenação e morte de Jesus resultaram das perseguições das autoridades religiosas de Jerusalém. Podemos afirmar que as perseguições a Igreja começaram muito antes de Paulo: “E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isso, buscavam ocasião para o matar [...]” (Mc 11.18). Durante o seu ministério aqui na terra, o Senhor Jesus advertiu seus discípulos que chegaria a hora em que qualquer pessoa que os perseguissem, e os matassem, pensariam estar fazendo um serviço à Deus: “Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (Jo 16.1,2).
 
2. Jesus foi perseguido e preveniu os discípulos acerca das perseguições.
Já no seu primeiro discurso público, o Senhor Jesus exclamou sobre as perseguições (Mt 5.10-12). Jesus foi muito transparente ao afirmar que as perseguições são uma realidade na vida de quem abraça o seu evangelho: “Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; E sereis até conduzidos à presença dos governadores, e dos reis, por causa de mim [...]” (Mt 10.17,18,22,23a; Jo 15.19,20). Ele fez questão de avisar aos seus discípulos quanto as grandes perseguições que enfrentariam: “[...] Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós [...]” (Jo 15.20). A igreja de Cristo não está imune às perseguições: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12).
 
 
II. PAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR DA IGREJA
1. Paulo foi perseguidor da igreja por causa da sua religiosidade.
Ele mesmo declara que havia sido: “blasfemo, perseguidor e “opressor” (1Tm 1.13), ele “assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão” (At 8.3). Por ser fariseu (At 23.6; 26.5), amava o judaísmo e odiava tudo que ameaçava sua existência. Por esta razão, via os discípulos de Jesus como inimigos, tornando-se, segundo ele mesmo, perseguidor da Igreja (Fp 3.6). Em Atos 26 ele confessa ter sido opositor do nome de Jesus (v. 9), carrasco de muitos santos (v. 10), violento (v. 11a), furioso (v. 11b) e perseguidor implacável (v. 11c). Vale salientar que ele perseguia o próprio Jesus, ao hostilizar a Igreja (v. 14). Paulo não castigava apenas fisicamente, mas ele também empregava a tortura psicológica para induzir suas vítimas a confessar o que não queriam (At 26.10,11).
 
2. Paulo foi perseguidor da igreja por causa do seu radicalismo.
Paulo se tornou um instrumento nas mãos dos sacerdotes e anciãos para perseguir a Igreja (At 22.5). Paulo entendia que, cometendo essas barbáries, atos de selvageria e crueldade, ele estaria defendendo a fé judaica e libertando-a dos hereges. No texto de 1 Coríntios 15.9, o apóstolo Paulo diz que “perseguiu a igreja de Deus”. Ele era admirado por sua nação (Gl 1.14), por sua paixão nacionalista e denodo em combater o cristianismo (At 9.21; 22.5). Paulo era um grande perseguidor da fé cristã: “sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1.13), sendo autorizado a arrastar os crentes de onde estivessem para serem julgados, açoitados e até mortos (At 9.2,14; 22.5; 26.10,11).
 
3. Paulo foi perseguidor da igreja por causa da sua ferocidade.
Paulo era como um animal selvagem em busca de uma frágil presa. Em suas próprias palavras, em Atos 26.11, ele diz que estava “demasiadamente enfurecido”. Seu coração estava possuído pelo ódio: “E Saulo, respirando ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor [...](At 9.1). O temor de Ananias: “eu sei das terríveis coisas que esse homem vem fazendo aos santos em Jerusalém” (At 9.13) refletia o temor dos crentes a pessoa de Paulo: “E todos os que o ouviam estavam atônitos [...](At 9.21). Os irmãos sabiam da sua participação na morte de Estevão: “E, expulsando-o da cidade, o apedrejaram [...]” (At 7.58), ele mesmo confessou sua participação (At 22.20). A igreja conhecia os males que esse homem violento fazia à fé dos crentes (At 26.11), das prisões, açoites e mortes decorrentes das suas ações (At 22.19).
 
4. Paulo foi perseguidor da igreja por causa da sua cegueira espiritual.
Paulo, no auge da sua ignorância espiritual, se tornou uma bandeira para os perseguidores da Igreja. Como um fariseu fanático, tinha a convicção de que a sua missão era acabar com a fé cristã (At 7.58), perseguindo, matando e prendendo os crentes (Gl 1.13,14). Sua postura autoritária e arrogante o fazia ser violento, usando grande força contra homens e mulheres, sem qualquer compaixão acreditando que estava agindo corretamente: “Segundo o zelo, perseguidor da igreja [...]” (Ef 3.6a). Ele imaginava piamente que, com esse comportamento, estava agradando a Deus (At 26.9-11) e, por isso, não via problemas em prender e do de arrastar presos para Jerusalém os que professavam o contra nome de Jesus (At 9.2).
 
 
III. O PERSEGUIDOR QUE SE TORNOU PERSEGUIDO POR AMOR A CRISTO
Os sofrimentos na vida de Paulo começaram imediatamente após a sua conversão e se seguiram por toda a vida. Vejamos algumas das suas primeiras aflições.
 
1. Foi ameaçado, apedrejado e açoitado.
Ainda nos primeiros passos na fé, Paulo foi ameaçado de morte pelos judeus (At 9.23). Ainda viveu a terrível experiência de ser apedrejado quase até a morte (At 14.19). Ainda em diversas ocasiões foi açoitado por causa do evangelho de Cristo (2Co 11.24; 2Co 11.25).
 
2. Foi preso.
O apóstolo dos gentios experimentou diversas prisões e todos os danos que elas podiam lhe proporcionar (2Co 11.23 cf. At 16.23; 23.10). É bom enfatizar que todas as prisões de Paulo foram injustas. Apesar disso, foram muito grandes os proveitos espirituais tirados delas (Fp 1.13,14). Um deles foi a produção de quatro cartas inspiradas pelo Espírito Santo: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon.
 
3. Foi rejeitado.
Outra dor sentida por Paulo ainda nos seus primeiros dias de convertido foi a rejeição. Os cristãos, a princípio, não acreditaram na conversão do perseguidor. Pensavam eles que a conversão de Saulo era um disfarce para que ele tivesse acesso à Igreja local e depois viesse a destruí-la (At 9.21,26; 14.5,6; 18.6).
 
4. Perdeu status social, padeceu fome e sede.
Por ter nascido em Tarso, da Cilícia, Paulo era cidadão romano por direito de nascimento, o que cabia apenas aos nobres (At 22.28). Além disso, desfrutava de um altíssimo conceito entre os religiosos da época (Gl 1.14). O fato é que ele perdeu tudo isso por amor a Cristo (Fp 3.8) e ainda padeceu fome e sede (Rm 8.35; 1Co 4.11; 2Co 11.27).
 
 
IV. AS DIVERSAS ÁREAS DA PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA
Na maioria dos países do mundo, a Igreja não sofre mais com a fogueira, forca, entretanto, há outros tipos sutis de perseguição, que de igual modo tenta impedir o avanço da igreja, são elas:
 
1. A perseguição jurídica e institucional.
Autoridades, jornalistas, intelectuais, professores e artistas muitas vezes exigem que os cristãos não tenham o direito de expressar os seus valores, opiniões, princípios e doutrinas em qualquer espaço da sociedade, e há muitas vezes uma violação aos direitos mais básicos do ser humano quando é cerceado o direito de expressão. Na esfera institucional têm sido criadas leis e outros métodos para impedir o avanço da igreja, sendo proibida em vários aspectos a liberdade de expressão por parte dos cristãos (At 4.18).
 
2. A perseguição ideológica e moral.
A perseguição a partir dos valores morais se caracteriza sobretudo pela rejeição dos princípios cristãos (Rm 1.18-32; Ef 5.8,15); pela legalização dos comportamentos imorais (2Tm 3.1-7; 1Co 6.9-10); e, pela demolição dos valores absolutos (Rm 1.18-32; 1Tm 4.1-4).
 
3. A perseguição cultural e acadêmica.
Além da perseguição tradicional aos cristãos, há a perseguição mais sofisticada, que se dá no campo cultural na: a) música: quando há um estímulo ao consumo de drogas, ao amor livre, à prostituição e ao escarnecimento do Cristianismo; b) na literatura: através de livros que tentam minar o cristianismo buscando destruir o avanço da Igreja; c) na teledramaturgia: por meio das novelas, filmes e desenhos animados que procuram destruir os valores e a doutrina cristã; d) pela cultura popular: por meio das festas como o carnaval, o folclore, crendices populares etc; e) pela ciência: com a teoria da evolução, ateísmo, racionalismo, humanismo; e, f) pela arte: com sua subjetividade abrindo espaço para as mais diversas manifestações religiosas sincréticas, bem como o culto ao corpo.
 
4. A perseguição física.
Muitos são os relatos das grandes perseguições que a Igreja passa em países por causa de sua fé. Cristãos são martirizados, igrejas são devastadas, missionários são forçados aos trabalhos forçados. Entretanto, apesar da violência empregada com açoites, prisões, tortura psicológica, apedrejamento e mortes, muitos dos discípulos fiéis a Cristo não negaram o nome de Jesus. Nenhuma perseguição vai calar a Igreja (Mt 16.18; At 4.19,20). Apesar de toda a violência empregada com açoites, prisões, apedrejamentos e morte, muitos fiéis a Cristo não negaram o nome de Jesus (At 26.10).
 
 
CONCLUSÃO
Concluímos que caso a Igreja fosse uma mera organização humana, já teria se destruído pelas grandes perseguições. Mas por ser uma instituição divina, edificada pelo próprio Cristo é, por isso, que a Igreja subsiste ao longo dos séculos e continuará a subsistir até a vinda gloriosa de Jesus.
 
 
 

REFERÊNCIAS
ü  BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Brasil: Editora Vida, 1991.

ü  CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de Cristo. CPAD, 2021.

ü  BALL, Charles Ferguson. A vida e os tempos do apóstolo Paulo. CPAD.
ü  BRUCE, F. F. Paulo, o apóstolo da graça. VIDA NOVA.
ü  VINE, E. W; et al. Dicionário Vine. CPAD.
ü  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 2010.  

 

Por Rede Brasil de Comunicação.

 

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