1 Tm 6.3-6,11; 2 Tm 3.14-17
INTRODUÇÃO
Iniciaremos o
assunto, definindo a palavra zelo e situando-a dentro da proposta da lição.
Falaremos do apóstolo Paulo e de seu zelo pela igreja e pela sã doutrina, bem
como de quais heresias ele combateu em sua época, como um zeloso apologista.
Por fim, falaremos das exortações paulinas aos obreiros e à igreja, quanto aos
futuros ataques à sã doutrina.
I.
DEFINIÇÃO DA PALAVRA ZELO
O dicionário
Houaiss define a palavra “zelo” como “grande cuidado e
preocupação que se dedica a alguém ou algo” (2001, p. 2905).
Teologicamente pode ser definido como: “desvelo ardente por alguém” (ANDRADE,
2006, p. 365). O termo grego é “zelos”. A palavra grega “zeein”
(“borbulhar, ferver”) acha-se à raiz da ideia de “zelo”
(CHAMPLIN, 2004, pp. 725,726). No contexto da lição, esta é uma virtude
presente na vida do apóstolo Paulo, em relação a sua preocupação com a doutrina
e com a igreja de Jesus Cristo. Ele reconheceu que, para munir a igreja contra
os ataques à sã doutrina, Deus deu levantou homens preparados, com o intuito de
promover o amadurecimento dos crentes (Ef 4.11-13). Em seu zelo, Paulo ordenou
ao obreiro Timóteo ter cuidado de si mesmo e da doutrina (1 Tm 4.16). E a Tito
exortou dizendo: “[...]na doutrina, mostra incorrupção” (Tt 2.7).
II.
PAULO E O SEU ZELO PELA SÃ DOUTRINA
Fazendo alusão à
sua vida passada no judaísmo, Paulo se descreveu como um fariseu extremamente
zeloso (At 22.3; Gl 1.14). Quando se converteu a Cristo, seu zelo tornou-se
ainda maior. A diferença é que antes combatia com a espada; agora, em Cristo,
combatia com a Palavra. Como um fiel servo de Deus, o apóstolo demonstrou:
1. Zelo pela
igreja.
Na segunda
epístola aos coríntios, encontramos uma expressão do apóstolo Paulo que
descreve seu zelo pela igreja: “Porque estou zeloso de vós com zelo de
Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um
marido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2). O presente texto mostra o zelo
paulino pela virgindade moral e espiritual da igreja de Cristo. Segundo certo
comentarista, “vemos aqui a imagem de um pai amoroso, cuja filha está noiva e
prestes a se casar. Sente que é seu privilégio e dever o mantê-la pura, a fim
de poder apresentá-la a seu marido, com alegria, e não com pesar. Paulo vê a
igreja local como essa noiva, prestes a se casar com Jesus Cristo (ver Ef
5.22ss e Rm 7.4). Esse casamento só ocorrerá quando Cristo voltar para buscar
sua noiva (Ap 19.19). Enquanto isso, a igreja - e isso significa os cristãos,
enquanto indivíduos – deve-se manter pura e se preparar para o encontro com seu
Amado” (WIERSBE, 2007, p. 875).
2. Zelo pela
doutrina.
Paulo havia
recebido um comissionamento divino para evangelizar (At 26.18) e também para
cuidar da igreja de Cristo, mantendo a sã doutrina (2 Co 11.2). Ele havia
recebido do Senhor o que ensinava (1 Co 11.1; Gl 1.11,12) e também da tradição
apostólica (1 Co 15.1-4). Por isso, antes de sair a pregar, cumprindo este
chamado, teve a preocupação de expor o evangelho que pregava aos apóstolos que
andaram com Cristo, para que não trabalhasse em vão (Gl 2.1,2). De forma que
considerava anátema quem alterasse o evangelho que pregava, ainda que fosse ele
mesmo, um anjo do céu ou qualquer outra pessoa (Gl 1.8,9).
III.
PAULO, POR SEU ZELO, COMBATEU AS HERESIAS DE SEU TEMPO
1. Gnosticismo.
Foi uma heresia
dos primórdios do cristianismo. O termo “gnose”, do grego “gnôsis”,
significa “conhecimento, sabedoria”. Portanto, diz respeito a um “pretenso
conhecimento da divindade que, esotericamente, se transmite através da tradição
e mediante vários ritos de iniciação”. Esse movimento surgiu a partir
de filosofias pagãs mais antigas que o próprio cristianismo, que floresceram na
Babilônia, Egito, Síria e Grécia. Assim, o gnosticismo uniu a filosofia pagã
com as doutrinas apostólicas do cristianismo, tornando-se uma forte influência
na Igreja. Vejamos os dois grupos gnósticos e seus pontos de vista, bem como a
perspectiva paulina quanto às suas doutrinas:
a) Libertinagem
exaltada.
Certos mestres
gnósticos ensinavam que, como o corpo era mau, devia ser entregue
desenfreadamente aos seus desejos, pois isto em nada afetaria o espírito. Na
visão de Paulo, o homem é corpo, alma e espírito (1 Ts 5.23). Logo, não há
possibilidade de pecar com o corpo e não prejudicar o espírito (Rm 8.8; 2 Co
7.1). Ademais, o nosso corpo, que é templo e morada do Espírito Santo (1 Co
6.19,20), não deve ser instrumento de iniquidade (Rm 6.19,20).
b) O ascetismo
exaltado.
Eles ensinavam
que, por ser o corpo essencialmente mau, deveria ser tratado com severidade,
regras rígidas, flagelamento, privações, isolamento, jejuns forçados e desprezo
pelo casamento e pelo mundo material. Para Paulo, a salvação é pela graça e
independente das obras da Lei (Rm 3.28; Ef 2.8), de modo que, apesar de ensinar
os cristãos a viverem no Espírito, dominando a sua natureza caída (Rm 8.1; Gl
5.16), não lhes proibia de casar, para se satisfazerem sexualmente com o seu
cônjuge (1 Co 7.1-4,7,9). O apóstolo não ensinava que a vida do cristão deveria
estar isolada do mundo (1 Co 5.9-11; Fp 2.15).
2. Judaizantes.
Os judaizantes foi
um movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja Cristã, cujo objetivo era
forçar os crentes gentios a observar a Lei de Moisés (legalismo), principalmente
a Lei cerimonial, que incluía a prática da circuncisão, a abstinência de alguns
alimentos e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Na
verdade, esse movimento pretendia reduzir o cristianismo a uma mera seita
judaica” (ANDRADE, 2006, p. 242). Contra esta pretensão, que contrariava
frontalmente a Nova Aliança, levantou-se Paulo veementemente em suas cartas (Rm
3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24). Os modernos defensores do novo legalismo procuram
enganar os incautos, com citação de textos bíblicos isolados, os quais eles
torcem em favor de seus pontos de vista. Portanto, as leis do Antigo Pacto
destinadas diretamente a nação de Israel, tais como as leis sacrificiais,
cerimoniais, sociais ou cívicas (Lv 1.2-3; 24.10), já não são obrigatórias para
quem está no Novo Pacto (At 15.24-29; Cl 2.16-17; Hb 10.1-4).
3. Libertinos.
Certos grupos
libertinos, distorcendo os ensinos de Paulo, como por exemplo, o da
justificação pela fé independente das obras (Rm 3.28), afirmavam que, desde que
uma pessoa tivesse fé em Cristo, não importaria se os atos dela fossem bons ou
maus. Aqueles que pensam dessa forma são chamados de antinomistas. A palavra “antinomismo”,
vem do grego “anti”, que significa “contra”, e “nomos”,
que significa “lei”. Alegam os antinomistas que, uma vez salvos
pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela de Moisés (ANDRADE, 2006,
p. 51). Embora tenha ensinado que os homens são justificados diante de Deus
pela fé, Paulo exortou também que aqueles que estão em Cristo são novas criaturas
(2 Co 5.17) e, portanto, não devem mais andar segundo a carne (Rm 8.1), mas na
prática das boas obras que “Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10;
Tt 2.14).
IV.
PAULO VIU E PREVIU O SURGIMENTO DE ATAQUES A SÃ DOUTRINA
Há quem pense que
Satanás e seus demônios só investem contra a santidade da igreja com pecados da
carne. O apóstolo Paulo, no entanto, nos mostrou que o Inimigo também dispara
ataques contra o ensino bíblico e ortodoxo, pois sabe que, alterando a
doutrina, alterará o comportamento. Notemos:
1. Paulo exortou a
igreja de Corinto.
Sua preocupação
pastoral fez dele um zeloso apologista da sã doutrina. Por isso, podia dizer: “Mas
temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também
sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da
simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). O apóstolo não tolerava
outro evangelho (2 Co 11.4), e considerava a os pregadores do falso evangelho
como ministros de Satanás (2 Co 11.13).
2. Paulo exortou a
liderança da igreja, quanto aos ataques que ela sofreria enquanto aqui na terra.
Por ocasião de sua
despedida na cidade de Mileto, chamou os presbíteros de Éfeso e lhes disse
abertamente: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o
Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que
ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha
partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e
que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para
atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante
três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós”
(At 20.28-31).
3. Paulo exortou o
jovem obreiro Timóteo para o presente, mas tal exortação apontava também para o
futuro.
Quando enviou o
jovem evangelista Timóteo à cidade de Éfeso, Paulo o orientou quanto ao cuidado
que deveria ter, em face das heresias que alguns estavam disseminando no meio
do rebanho de Cristo (1 Tm 1.3). Ao mesmo tempo, o apóstolo profetizou que, no
futuro, Satanás e seus demônios usariam pessoas para espalharem ensinamentos
estranhos ao Evangelho de Cristo Jesus, levando alguns à apostasia: “Mas
o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm
4.1).
CONCLUSÃO
Assim como o
apóstolo Paulo, devemos seguir zelosos em reter o genuíno evangelho, tal qual
recebemos, a fim de que não sejamos levados por ventos de doutrina que têm sido
propagados por diversos canais no tempo presente. Deve ecoar nos nossos ouvidos
a exortação de Jesus aos crentes de Filadélfia, quando disse: “guarda o
tens para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Côrrea de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø WIERSBE,
W. W. Comentário Bíblico do Novo
Testamento 1. GEOGRÁFICA.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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