quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

LIÇÃO 12 – A CORAGEM DO APÓSTOLO PAULO DIANTE DA MORTE (SUBSÍDIO)


 
 
 
 
At 21.7-15 
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a definição do termo morte à luz da Bíblia; pontuaremos qual foi a postura do apóstolo Paulo diante da chegada da morte; notaremos alguns sofrimentos de Paulo frente à morte; mostraremos que a presença do Senhor sempre esteve ao lado do apóstolo diante dos sofrimentos; e, por fim, falaremos o que devemos fazer diante da chegada da morte.
 
 
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA MORTE
1.Definição do termo morte.
“No sentido físico, é o término das atividades vitais do ser humano sobre a terra. É vista, nas Sagradas Escrituras como a consequência primordial do pecado (Rm 6.23)” (ANDRADE, 2006, p. 270). A morte é também a separação da alma e espírito do corpo (Tg 2.26), pela qual o homem é introduzido no mundo invisível. A morte acontece apenas uma vez no curso natural para cada ser humano (Hb 9.27) e, embora seja certa (Jó 14.1,2), ninguém sabe quando ela chegará (Tg 4.13-15); mas ela é universal para a humanidade (Gn 3.19; Rm 5.12; 1Co 15,22). Essa experiência descreve-se biblicamente como: “dormir” (Dt 31.16; Jo 11.11); “o desfazer da casa terrestre” (2Co 5.1); “deixar este tabernáculo” (2Pe 1.14); “descer ao silêncio” (Sl 115.17); “expirar” (At 5.10); “tornar-se em pó” (Gn 3.19); e “partir” (Fp 1.23).
 
 
II. A POSTURA DE PAULO DIANTE DA CHEGADA DA MORTE
Apesar de estar prestes a morrer, a postura do apóstolo nos mostra que ele não enxergava tal fato iminente como uma derrota. Suas palavras não são de um cristão frustrado ou deprimido, senão de um cooperador que está concluindo seu ministério com intensa alegria e fervor. Vejamos então:
 
1. Ele via sua morte como um “sacrifício a Deus” (2Tm 4.6).
 A expressão: “eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício”, no grego é “spendomai”, vocábulo esse que indica: “oferta de libação oferecida a Deus”. A libação era uma oferenda derramada no chão, em reconhecimento a Deus. Ou então era usada como parte do sacrifício, em que o líquido era derramado sobre o próprio holocausto, mas igualmente em honra à divindade a quem o sacrifício estava sendo oferecido (Lv 9.4; 2Rs 16.13)” (CHAMPLIN, 2006, p. 401). O presente versículo nos mostra que o apóstolo encarava a sua morte, pela causa do evangelho, como um sacrifício a Deus. Pois ele o fazia de forma voluntária por amor ao Senhor (At 20.24).
 
2.Ele via sua morte como o resultado de um “bom combate” (2Tm 4.7a).
Todos os apóstolos de Jesus eram homens que combatiam “pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Mas nenhum teve tantas oposições e ameaças quanto Paulo. Foi um obreiro muito perseguido, mas nunca desistiu da luta espiritual em prol do evangelho (2Tm 3.11,12; 4.14). “Para o apóstolo Paulo a verdadeira vida cristã é pintada como uma luta, como uma competição atlética, como uma experiência árdua e testadora, pois há uma coroa a ser obtida. Mas essa coroa só pode ser conquistada por aqueles que lutarem de conformidade com as regras, e assim saírem vencedores” (CHAMPLIN, 2006, p. 401).
 
3. Ele via sua morte como resultado de uma “carreira cristã” (2Tm 4.7b).
Em sua carreira ou “corrida”, ele diz que não olhava para trás, mas para as coisas que estavam diante dele, prosseguindo “para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13,14). Muitos começam bem a carreira da vida cristã, mas desistem ou recuam ante os obstáculos e os problemas que surgem. “No grego, o substantivo é ‘dromos’, que significa ‘pista de corrida’, onde é efetuada a competição. A vida cristã é retratada como uma longa carreira, como uma maratona, repleta de obstáculos e dificuldades que esmagam os homens que não possuem a força conferida por Cristo. Nisso não pode haver vitória, a menos que o corredor prossiga até a linha de chegada. Esta carreira exige dedicação e coragem, bem como o poder espiritual do Espirito Santo, pois, de outro modo, será inteiramente impossível concluí-la com êxito. Sabemos, com base de tudo quanto encontramos e sofremos, que correr com sucesso a carreira cristã não é coisa fácil” (CHAMPLIN, 2006, p. 402).
 

4. Ele via sua morte como um resultado de se “guardar a fé” (2Tm 4.7c).

Isso quer dizer que Paulo foi fiel a Deus, em todas as circunstâncias de sua vida cristã. Ele não se embaraçou “com os negócios dessa vida” e militou legitimamente (2Tm 2.4,5). A palavra “guardar” no grego é “tereo” e denota: “zelar ou velar por, cuidar de, preservar, guardar, vigiar; observar, dar atenção a” (VINE, 2002, p. 685). “Portanto a expressão “guardei a fé” significa que Paulo guardou e preservou a mensagem do Evangelho. O apóstolo tinha convocado Timóteo para guardar o depósito que lhe havia confiado (1Tm 6.20). Paulo nunca tinha vacilado na sua fé e tinha a confiança de que em breve viveria todas as promessas” (BÍBLIA DE APLICAÇÃO PESSOAL, 2010, p. 541).
 
5. Ele via sua morte como resultado de estar “cheio de esperança” (2Tm 4.8).
Prestes a ser morto, Paulo nutria a esperança do encontro com o Senhor e da recompensa que receberia dEle por ter sido um servo fiel: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada”. Sem dúvida alguma esta convicção iria servir de ânimo para Timóteo suportar as dificuldades como um bom soldado de Jesus Cristo: que há uma coroa da vida para ele; a glória e a alegria que abundantemente compensarão todas as dificuldades e privações. Ela é chamada de “coroa da justiça”, porque será a recompensa dos nossos serviços, que o Senhor não esquecerá, porque não é injusto para esquecer (Hb 6.10). Essa coroa da justiça não era somente para Paulo, mas para “todos os que amarem a sua vinda” (HENRY, p. 2008, p. 720).
 
 
III. OS SOFRIMENTOS DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. Os males físicos (2Tm 2.9; 4.13).
“Em 67 d.C. Paulo foi preso em Trôade e levado de volta a Roma algemado, acabando outra vez no chão frio de uma cela romana. O lugar é um buraco escuro e sinistro, impróprio para ser habitado por qualquer pessoa. Ela não só é pouco atraente, mas também os odores fortes de suor e de sangue seco, comuns em tais câmaras de tortura, ofendem qualquer visitante” (SWINDOLL, 2009, p. 362).
 
2. Os males emocionais (2Tm 4.10; 14-16).
Além de sofrer fisicamente por estar preso, Paulo também estava padecendo emocionalmente. Alguns dos seus cooperadores o haviam abandonado, talvez por temerem sofrer ao lado do apóstolo (2Tm 4.10,14). Os momentos de adversidade revelam aqueles que são realmente amigos e que nos amam. Dos que estavam com Paulo, somente Lucas permaneceu com ele (2Tm 4.11). Por isso nesta carta ele solicita com urgência a presença de Timóteo e também a vinda de João Marcos (2Tm 4.9,11). Paulo alerta Timóteo a respeito de “Alexandre, o latoeiro”, que foi inimigo do apóstolo: “Tu, guarda-te dele” (2Tm 4.14,15). Alexandre pode ter sido uma testemunha contra Paulo em seu julgamento.
 
 
IV. A PRESENÇA DO SENHOR AO LADO DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. O Senhor o assistiu (2Tm 4.17a).
“No grego é ‘paristemi’, que significa ‘pôr ao lado’, palavra que faz alusão ao advogado ou testemunha que se põe ao lado de um acusado qualquer e o defende. Era isso que os amigos de Paulo temiam fazer; e isso era o que Jesus, embora invisível aos seus olhos, vinha fazendo” (CHAMPLIN, 2006, p. 408). Como sempre, o Senhor Jesus Cristo nunca desampara aqueles que lhe são fiéis (Mt 28.20; Hb 13.5). Nem Lucas, o “médico amado”, se encontrava na cidade, quando Paulo compareceu à audiência (2Tm 4.16). Mas ele não era murmurador, nem guardou mágoa dos amigos ausentes. Pelo contrário, demonstrou que os perdoara, pedindo a Deus “que isto lhes não seja imputado”.
 
2. O Senhor o fortaleceu (2Tm 4.17b).
Além do Senhor estar fazendo companhia ao apóstolo naquela horrenda prisão e no seu julgamento, Paulo assevera que o Senhor o fortalecia. A Paulo foi dada coragem interna a fim de nada temer na presença de seus julgadores; e isso se tornou manifesto em sua palavra e em seu testemunho ousado. Semelhante força em meio às mais árduas tribulações nos prometeu o nosso Senhor (Cl 1.11; 1Pe 5.10). Paulo não tinha a companhia dos amigos e irmãos em Cristo, mas pôde sentir, de perto, a gloriosa presença de Deus. O Senhor se fez presente e fortaleceu a alma e o espírito do seu servo. Mesmo estando preso, ele se sentia “livre da boca do leão”.
 
3. O Senhor o guardou para si (2Tm 4.18).
“O apóstolo não esperava agora um livramento físico; pois sabia que seu tempo de partir era chegado (2Tm 4.6,8). Por isso mesmo, olhou para além dos perigos e das vicissitudes terrenas, contemplando o reino celeste, ciente de que Deus o tomaria para si” (CHAMPLIN, 2006, p. 409). Esse texto nos mostra o quanto ele estava tranquilo, aguardando a vontade de Deus sobre sua vida e o fim do seu ministério. E conclui, saudando seu amigo e filho na fé (2Tm 4.22).
 
 
V. O QUE DEVE FAZER O CRENTE DIANTE DA MORTE
No final da sua terceira viagem missionária, Paulo foi preso em Jerusalém. Alguns judeus queriam matá-lo, e ele continuou durante mais de quatro anos encarando a possibilidade de ser condenado à morte. Ele disse aos cristãos de Filipos que não estava com medo da morte (Fp 1.19-21). Notemos como Paulo encarou a possibilidade da morte:
 
1. Ter esperança, apesar do luto.
É natural que a experiência da separação de um ente querido traga dor, angústia, tristeza e saudade. O luto chega de forma inesperada na vida de qualquer pessoa. Mas a promessa do Mestre de Nazaré ainda se sobrepõe a qualquer vicissitude existencial: “[...] quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11.25; 1Ts 4.13-18).
 
2. Ter a morte de Cristo como a certeza da vida eterna.
O apóstolo Paulo tinha a convicção de que a cruz de Cristo é o âmago do Evangelho (1Co 1.17), do novo nascimento e da vida eterna. Hoje só amamos o Senhor porque Ele nos amou primeiro (1Jo 4.19). Por isso, pela sua morte, e morte de cruz, temos, nEle, a vida eterna.
 
3. Ter a morte como o desfrutar da eternidade.
O apóstolo Pedro lembra dessa fé quando nos exorta: “[...] alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” (1Pe 4.13). Para o crente a morte não é o fim, mas o início de uma extraordinária e plena vida com Cristo (Fp 1.23). É a certeza de que o seu “aguilhão” foi retirado de uma vez por todas, selando o passaporte oficial para a vida eterna em Jesus (1Co 15.55; Os 13.14). Um dia nosso corpo será plenamente arrebatado do poder da morte (Rm 8.11; 1Ts 4.16,17).
 
 
CONCLUSÃO
Para o verdadeiro cristão, a morte é lucro, pois é partindo para a eternidade que podemos estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.21-23). A Bíblia nos ensina que não devemos enxergar a morte como uma derrota, pois o evangelho ressalta a esperança da ressurreição em Cristo quando a morte será vencida (1Co 15.51-54).
   
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  BÍBLIA DE APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. CPAD.
Ø  ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
Ø  SWINDOLL, Charles. Paulo: um homem de coragem e graça. MUNDO CRISTÃO. 

Por Rede Brasil de Comunicação.



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