At 21.7-15
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos a definição do termo morte à luz da Bíblia; pontuaremos qual foi a
postura do apóstolo Paulo diante da chegada da morte; notaremos alguns sofrimentos
de Paulo frente à morte; mostraremos que a presença do Senhor sempre esteve ao
lado do apóstolo diante dos sofrimentos; e, por fim, falaremos o que devemos
fazer diante da chegada da morte.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA MORTE
1.Definição do termo morte.
“No sentido
físico, é o término das atividades vitais do ser humano sobre a terra. É vista,
nas Sagradas Escrituras como a consequência primordial do pecado (Rm 6.23)”
(ANDRADE, 2006, p. 270). A morte é também a separação da alma e espírito do
corpo (Tg 2.26), pela qual o homem é introduzido no mundo invisível. A morte
acontece apenas uma vez no curso natural para cada ser humano (Hb 9.27) e,
embora seja certa (Jó 14.1,2), ninguém sabe quando ela chegará (Tg 4.13-15);
mas ela é universal para a humanidade (Gn 3.19; Rm 5.12; 1Co 15,22). Essa
experiência descreve-se biblicamente como: “dormir” (Dt 31.16; Jo
11.11); “o desfazer da casa terrestre” (2Co 5.1); “deixar este tabernáculo”
(2Pe 1.14); “descer ao silêncio” (Sl 115.17); “expirar” (At 5.10); “tornar-se
em pó” (Gn 3.19); e “partir” (Fp 1.23).
II.
A POSTURA DE PAULO DIANTE DA CHEGADA DA MORTE
Apesar de estar
prestes a morrer, a postura do apóstolo nos mostra que ele não enxergava tal
fato iminente como uma derrota. Suas palavras não são de um cristão frustrado
ou deprimido, senão de um cooperador que está concluindo seu ministério com
intensa alegria e fervor. Vejamos então:
1. Ele via sua morte como um “sacrifício a Deus” (2Tm
4.6).
A expressão: “eu já estou sendo oferecido por
aspersão de sacrifício”, no grego é “spendomai”, vocábulo esse
que indica: “oferta de libação oferecida a Deus”. A libação era uma oferenda
derramada no chão, em reconhecimento a Deus. Ou então era usada como parte do
sacrifício, em que o líquido era derramado sobre o próprio holocausto, mas
igualmente em honra à divindade a quem o sacrifício estava sendo oferecido (Lv
9.4; 2Rs 16.13)” (CHAMPLIN, 2006, p. 401). O presente versículo nos mostra que
o apóstolo encarava a sua morte, pela causa do evangelho, como um sacrifício a
Deus. Pois ele o fazia de forma voluntária por amor ao Senhor (At 20.24).
2.Ele via sua morte como o resultado de um “bom
combate” (2Tm 4.7a).
Todos os apóstolos
de Jesus eram homens que combatiam “pela fé que uma vez foi dada aos santos”
(Jd 3). Mas nenhum teve tantas oposições e ameaças quanto Paulo. Foi um obreiro
muito perseguido, mas nunca desistiu da luta espiritual em prol do evangelho
(2Tm 3.11,12; 4.14). “Para o apóstolo Paulo a verdadeira vida cristã é pintada
como uma luta, como uma competição atlética, como uma experiência árdua e
testadora, pois há uma coroa a ser obtida. Mas essa coroa só pode ser
conquistada por aqueles que lutarem de conformidade com as regras, e assim
saírem vencedores” (CHAMPLIN, 2006, p. 401).
3. Ele via sua morte como resultado de uma “carreira
cristã” (2Tm 4.7b).
Em sua carreira ou
“corrida”,
ele diz que não olhava para trás, mas para as coisas que estavam diante dele,
prosseguindo “para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”
(Fp 3.13,14). Muitos começam bem a carreira da vida cristã, mas desistem ou
recuam ante os obstáculos e os problemas que surgem. “No grego, o substantivo é
‘dromos’,
que significa ‘pista de corrida’, onde é efetuada a competição. A vida cristã
é retratada como uma longa carreira, como uma maratona, repleta de obstáculos e
dificuldades que esmagam os homens que não possuem a força conferida por
Cristo. Nisso não pode haver vitória, a menos que o corredor prossiga até a
linha de chegada. Esta carreira exige dedicação e coragem, bem como o poder
espiritual do Espirito Santo, pois, de outro modo, será inteiramente impossível
concluí-la com êxito. Sabemos, com base de tudo quanto encontramos e sofremos,
que correr com sucesso a carreira cristã não é coisa fácil” (CHAMPLIN, 2006, p.
402).
4. Ele via sua morte como um resultado de se “guardar
a fé” (2Tm 4.7c).
Isso quer dizer
que Paulo foi fiel a Deus, em todas as circunstâncias de sua vida cristã. Ele
não se embaraçou “com os negócios dessa vida” e militou legitimamente (2Tm
2.4,5). A palavra “guardar” no grego é “tereo” e denota: “zelar
ou velar por, cuidar de, preservar, guardar, vigiar; observar, dar atenção a”
(VINE, 2002, p. 685). “Portanto a expressão “guardei a fé” significa
que Paulo guardou e preservou a mensagem do Evangelho. O apóstolo tinha
convocado Timóteo para guardar o depósito que lhe havia confiado (1Tm 6.20).
Paulo nunca tinha vacilado na sua fé e tinha a confiança de que em breve
viveria todas as promessas” (BÍBLIA DE APLICAÇÃO PESSOAL, 2010, p. 541).
5. Ele via sua morte como resultado de estar “cheio de
esperança” (2Tm 4.8).
Prestes a ser
morto, Paulo nutria a esperança do encontro com o Senhor e da recompensa que
receberia dEle por ter sido um servo fiel: “Desde agora, a coroa da justiça
me está guardada”. Sem dúvida alguma esta convicção iria servir de
ânimo para Timóteo suportar as dificuldades como um bom soldado de Jesus
Cristo: que há uma coroa da vida para ele; a glória e a alegria que
abundantemente compensarão todas as dificuldades e privações. Ela é chamada de
“coroa
da justiça”, porque será a recompensa dos nossos serviços, que o Senhor
não esquecerá, porque não é injusto para esquecer (Hb 6.10). Essa coroa da
justiça não era somente para Paulo, mas para “todos os que amarem a sua vinda”
(HENRY, p. 2008, p. 720).
III. OS SOFRIMENTOS
DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. Os males físicos (2Tm 2.9; 4.13).
“Em 67 d.C. Paulo
foi preso em Trôade e levado de volta a Roma algemado, acabando outra vez no
chão frio de uma cela romana. O lugar é um buraco escuro e sinistro, impróprio
para ser habitado por qualquer pessoa. Ela não só é pouco atraente, mas também
os odores fortes de suor e de sangue seco, comuns em tais câmaras de tortura,
ofendem qualquer visitante” (SWINDOLL, 2009, p. 362).
2. Os males emocionais (2Tm 4.10; 14-16).
Além de sofrer
fisicamente por estar preso, Paulo também estava padecendo emocionalmente.
Alguns dos seus cooperadores o haviam abandonado, talvez por temerem sofrer ao
lado do apóstolo (2Tm 4.10,14). Os momentos de adversidade revelam aqueles que
são realmente amigos e que nos amam. Dos que estavam com Paulo, somente Lucas
permaneceu com ele (2Tm 4.11). Por isso nesta carta ele solicita com urgência a
presença de Timóteo e também a vinda de João Marcos (2Tm 4.9,11). Paulo alerta
Timóteo a respeito de “Alexandre, o latoeiro”, que foi inimigo do apóstolo:
“Tu, guarda-te dele” (2Tm 4.14,15). Alexandre pode ter sido uma testemunha
contra Paulo em seu julgamento.
IV. A PRESENÇA DO
SENHOR AO LADO DE PAULO DIANTE DA MORTE
1. O Senhor o assistiu (2Tm 4.17a).
“No grego é ‘paristemi’,
que significa ‘pôr ao lado’, palavra que faz alusão ao advogado ou testemunha
que se põe ao lado de um acusado qualquer e o defende. Era isso que os amigos
de Paulo temiam fazer; e isso era o que Jesus, embora invisível aos seus olhos,
vinha fazendo” (CHAMPLIN, 2006, p. 408). Como sempre, o Senhor Jesus Cristo
nunca desampara aqueles que lhe são fiéis (Mt 28.20; Hb 13.5). Nem Lucas, o
“médico amado”, se encontrava na cidade, quando Paulo compareceu à audiência
(2Tm 4.16). Mas ele não era murmurador, nem guardou mágoa dos amigos ausentes.
Pelo contrário, demonstrou que os perdoara, pedindo a Deus “que
isto lhes não seja imputado”.
2. O Senhor o fortaleceu (2Tm 4.17b).
Além do Senhor
estar fazendo companhia ao apóstolo naquela horrenda prisão e no seu
julgamento, Paulo assevera que o Senhor o fortalecia. A Paulo foi dada coragem
interna a fim de nada temer na presença de seus julgadores; e isso se tornou
manifesto em sua palavra e em seu testemunho ousado. Semelhante força em meio
às mais árduas tribulações nos prometeu o nosso Senhor (Cl 1.11; 1Pe 5.10).
Paulo não tinha a companhia dos amigos e irmãos em Cristo, mas pôde sentir, de
perto, a gloriosa presença de Deus. O Senhor se fez presente e fortaleceu a
alma e o espírito do seu servo. Mesmo estando preso, ele se sentia “livre
da boca do leão”.
3. O Senhor o guardou para si (2Tm 4.18).
“O apóstolo não
esperava agora um livramento físico; pois sabia que seu tempo de partir era
chegado (2Tm 4.6,8). Por isso mesmo, olhou para além dos perigos e das
vicissitudes terrenas, contemplando o reino celeste, ciente de que Deus o
tomaria para si” (CHAMPLIN, 2006, p. 409). Esse texto nos mostra o quanto ele
estava tranquilo, aguardando a vontade de Deus sobre sua vida e o fim do seu
ministério. E conclui, saudando seu amigo e filho na fé (2Tm 4.22).
V. O QUE DEVE FAZER O
CRENTE DIANTE DA MORTE
No final da sua
terceira viagem missionária, Paulo foi preso em Jerusalém. Alguns judeus
queriam matá-lo, e ele continuou durante mais de quatro anos encarando a
possibilidade de ser condenado à morte. Ele disse aos cristãos de Filipos que
não estava com medo da morte (Fp 1.19-21). Notemos como Paulo encarou a
possibilidade da morte:
1. Ter esperança, apesar do luto.
É natural que a
experiência da separação de um ente querido traga dor, angústia, tristeza e
saudade. O luto chega de forma inesperada na vida de qualquer pessoa. Mas a
promessa do Mestre de Nazaré ainda se sobrepõe a qualquer vicissitude
existencial: “[...] quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”
(Jo 11.25; 1Ts 4.13-18).
2. Ter a morte de Cristo como a certeza da vida
eterna.
O apóstolo Paulo
tinha a convicção de que a cruz de Cristo é o âmago do Evangelho (1Co 1.17), do
novo nascimento e da vida eterna. Hoje só amamos o Senhor porque Ele nos amou
primeiro (1Jo 4.19). Por isso, pela sua morte, e morte de cruz, temos, nEle, a
vida eterna.
3. Ter a morte como o desfrutar da eternidade.
O apóstolo Pedro
lembra dessa fé quando nos exorta: “[...] alegrai-vos no fato de serdes
participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua
glória vos regozijeis e alegreis” (1Pe 4.13). Para o crente a morte não
é o fim, mas o início de uma extraordinária e plena vida com Cristo (Fp 1.23).
É a certeza de que o seu “aguilhão” foi retirado de uma vez por todas, selando
o passaporte oficial para a vida eterna em Jesus (1Co 15.55; Os 13.14). Um dia
nosso corpo será plenamente arrebatado do poder da morte (Rm 8.11; 1Ts
4.16,17).
CONCLUSÃO
Para o verdadeiro
cristão, a morte é lucro, pois é partindo para a eternidade que podemos estar
com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.21-23). A Bíblia nos ensina
que não devemos enxergar a morte como uma derrota, pois o evangelho ressalta a
esperança da ressurreição em Cristo quando a morte será vencida (1Co 15.51-54).
REFERÊNCIAS
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø BÍBLIA
DE APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
Ø SWINDOLL,
Charles. Paulo: um homem de coragem e graça. MUNDO CRISTÃO.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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