Sl 119.97-105
INTRODUÇÃO
A Bíblia não é
apenas um livro religioso que nos ensina como podemos obter a salvação, e como
chegar ao céu. Ela também é um guia para a nossa vida diária e nos instrui a
viver nesse mundo, de forma que venhamos agradar a Deus. Veremos nesta lição
que a Bíblia é uma fonte de sabedoria; que o temor do Senhor é o princípio da
sabedoria; que a Bíblia é um guia par ao viver diário do cristão; que ela
também é um guia para a família; e, finalmente, veremos qual deve ser a nossa
atitude ante a Palavra de Deus.
I. A BÍBLIA: UMA FONTE DE SABEDORIA
O termo grego para
sabedoria é “sophia” e significa: “habilidade nas questões da
vida”, “sabedoria prática”, “administração sábia e sensata” ou “uso correto do
conhecimento” (Lc 21.15; At 6.3; 7.10; Cl 1.28; 3.16; 4.5). A sabedoria é a
capacidade espiritual de ver e avaliar nossa vida e conduta do ponto de vista
de Deus. Inclui fazer escolhas acertadas e praticar as coisas certas de
conformidade com a Palavra de Deus e na direção do Espírito Santo (STAMPS,
1995, p. 1926).
Ter sabedoria é
pensar bem e agir bem em qualquer empreendimento realizado, seja secular ou
espiritual (CHAMPLIN, 2004, p. 7). A Bíblia diz que a sabedoria é: a) um
atributo divino (1Rs 3.28; Dn 2.20; Sl 104.24; Rm 11.33); b) uma
dádiva de Deus (Dt 34.9; Ed 7.25; Pv 2.6,7); c) o temor do Senhor
(Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 9.10); d) é dada por Deus (Sl
19.7; 119.98; Pv 8.33; Cl 3.16); e) somos exortados a buscá-la (Pv
4.5,7; 23.23; Tg 1.5); e, f) é mais valiosa que pedras preciosas (Pv
8.11; 16.16). Vejamos, ainda, o que a Bíblia nos ensina sobre a sabedoria:
1.Precisamos desejar
a sabedoria (Tg 1.5,6).
O desejo de Deus é
que andemos em sabedoria (Cl 1.9,28). O apóstolo Tiago ensina que a única
maneira de alcançá-la é pedindo a Ele (Tg 1.5). Por isso, sempre que
precisarmos de sabedoria devemos recorrer a Ele, que é a fonte de toda
sabedoria (Dn 2.20; Rm 11.33; Tg 1.17). É interessante observar que o termo
grego para pedir neste texto é “aiteõ” e tem o sentido de
“implorar”, “desejar ardentemente”, ou seja, devemos recorrer a Deus pedindo-lhe
sabedoria, tendo ardente desejo no coração, pois, ela é concedida a pessoas que
reconhecem o seu valor e a buscam com diligência (Pv 4.5-7; 8.17).
2. Precisamos pedir
a sabedoria (2Cr 1.10; 1Rs 3.8).
O apóstolo Tiago
ensina ainda que Deus tem prazer em dar sabedoria (Tg 1.5). Ele diz que Deus dá
liberalmente, ou seja, sem limites ou reservas. Vejamos outros textos que nos
mostra claramente que Deus tem prazer de dar sabedoria àqueles que buscam (Êx
28.3; 31.3,6; 35.31; Dt 34.9; I Rs 3.28; 5.12; Ed 7.25; Pv 2.6). “Aquele
que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como
nos não dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8.32).
3. Precisamos procurar
a sabedoria (Pv 2:4-5).
O maior exemplo
bíblico pela busca da sabedoria é o do rei Salomão, que diante da grande
responsabilidade de reinar sobre todo o povo de Israel, não hesitou em pedir um
coração sábio e entendido (1Rs 3.7-9). O Senhor, então, lhe deu sabedoria, mais
do que a todos os homens (1Rs 3.10-14; 4.29,30,34; 10.24; 1Cr 1.10-12). E,
mesmo quando o rei pecou, Deus não lançou-lhe em rosto a sabedoria que lhe
havia dado (1Rs 11.1-13). O verdadeiro tesouro não está exposto e não é tão
fácil de se conseguir. Ele está escondido esperando para ser descoberto (Pv
2.6).
II. O TEMOR DO SENHOR: O PRICÍPIO
DA SABEDORIA
O termo hebraico
mais usado para a palavra temer no Antigo Testamento é “yare”,
que significa: “temer”, “reverenciar” ou “respeitar”,
e comumente se refere ao temor do Senhor, como em (Pv 1.7) onde o sábio diz que
“O temor do Senhor é o princípio da ciência”. A ideia que temos
nas escrituras vem da relação a reverência e veneração a Deus, reconhecendo a
sua grandeza e santidade (Pv 14.2). “Temor a Deus” não é medo que faz fugir de
Deus (1 Jo 4.18); é, antes, respeito (Hb 12.28), amor (Mt 22.37), obediência
(Ec. 12.13; At 10.35; 2 Co 7.1) e adoração a ele (Dt 6.13-15). Logo, temer a
Deus significa honrar e respeitar a Sua Autoridade e Senhorio. Vejamos alguns
exemplos:
- Temer ao Senhor significa deleita-se nos seus mandamentos e seguir os seus preceitos (Sl 112.1; 119.63);
- Salomão ensinou que pelo temor do Senhor que os homens se desviam do mal (Pv 8.13; 16.6);
- O dever de todo homem é temer a Deus e guardar os seus mandamentos (Ec 12.13);
- O temor a Deus é ordenado e inspirado pela santidade divina (Dt 13.4; Sl 22.23; Ap 15.4);
- As parteiras de Faraó, temendo a Deus, não mataram os meninos recém-nascidos (Êx 1.17,21);
- Aqueles que temem a Deus são fiéis aos Seus mandamentos, pois este temor faz com que eles vivam de acordo com os princípios divinos (Êx 18.21; Dt 6.2);
- O Senhor Deus deveria ser temido por Israel, seu povo (Lv 19.30; 26.2; Js 24.14; I Rs 18.3,12; Jr 26.19);
- Um exemplo inverso: Israel foi destruído pela Assíria porque temia e adorava a outros deuses (Jz 6.10; II Rs 17.7,35).
III. A BÍBLIA: UM GUIA PARA O VIVER
DIÁRIO DO CRISTÃO
A
palavra de Deus, como “regra de fé e prática” do cristão, descreve os
princípios divinos que direcionam e guiam a vida do cristão, independentemente
de sua cultura, status, época, etc. (Sl 119.9,11,105; Jo 17.17). Vejamos,
então, na Palavra de Deus, a atitude cristã neste mundo:
- Não devemos nos conformar com o mundo (Rm 12.2). A expressão “não vos conformeis” tem o sentido de “não tomar a forma” ou “não ser igual”. Em outras palavras, o apóstolo Paulo estava dizendo: “não queira ser igual ao mundo”. O cristão deve reconhecer que o presente sistema mundano é mau (At 2.40; Gl 1.4) e que está sob o controle de Satanás (Jo 12.31; I Jo 5.19).
- Não devemos ser amigos do mundo (Tg 4.4). Ser amigo do mundo significa acatar e aceitar os pecados, valores e prazeres mundanos. Por isso, Deus não aceita tal amizade (Mt 6.24; I Jo 5.19).
- Devemos vencer o mundo. Todo cristão enfrenta, no seu dia a dia, três grandes inimigos: o diabo (I Pe. 5.8), a carne (Gl 5.17) e o mundo (I Jo 5.4); que tentam deter sua jornada espiritual e distanciá-lo de Deus.
O
Senhor Jesus ao ministrar sobre nosso proceder no famoso sermão do monte (Mt 5.13-16),
utilizou-se de dois elementos comuns aos ouvintes: o sal e a luz. A ilustração
do sal fala do nosso caráter; a luz fala da nossa conduta. Vejamos algumas
lições práticas que podemos extrair desses dois elementos:
- O sal é preservador e age de forma invisível. Ele conserva e preserva; daí ser figura da pureza. Sua cor alva também fala disso. Ele evita a deterioração. O sal, antes de ser aplicado, é visível, mas ao começar a agir, temperando, preservando torna-se invisível. O sal, age invisivelmente, mas sua ação é claramente sentida.
- A luz precisa ser
alimentada e não se mistura. O tipo de material da lâmpada variava, mas
o combustível era um só: o azeite. O mesmo ocorre ao verdadeiro cristão. Ele
depende sempre do óleo do Espírito Santo para difundir a luz de Cristo e a luz
do Evangelho (Mt 25.3,4). Mesmo que ela ilumine lixo, sujeira, lamaçal, etc,
ela não se contamina. Assim deve ser o crente: viver neste mundo tenebroso a
difundir a luz de Cristo, sem se contaminar com o pecado e as obras infrutuosas
das trevas (Mt 5.16; Fp. 2.15).
IV. A BÍBLIA: UM GUIA PARA A
FAMÍLIA
A Bíblia também é
um guia para a família. Nela encontramos os preceitos e mandamentos divinos
para todos os membros da família: cônjuges, filhos e pais. E em dias em que o
respeito aos padrões familiares estão se esfacelando na sociedade, a Igreja
deve manter o padrão Bíblico de conduta para a vida em família como veremos a
seguir:
1. Os deveres do
esposo.
Amar a esposa (Ef
5.25-30; Cl 3.19); governar bem a sua casa (1Tm 3.4,12); trabalhar para prover o
sustento familiar (Gn 3.19; 1Ts 4.11,12; 1Tm 5.8); e ser o sacerdote do lar (Gn
18.19; Jó 1.5).
2. Os deveres da
esposa.
Ser submissa ao
marido (Ef 5.22-24; Cl 3.18); atender as necessidades do lar, tais como: alimentação
(Pv 31.21-22); vestuário (Pv 31.21-22); quando necessário, ajudar nas despesas
financeiras (Pv 31.16-18,24); e ensinar as mulheres mais novas a desempenharem
seu papel de esposa e mãe (Tt 2.3-5).
3. Os deveres dos
pais.
Educar os filhos,
conforme o modelo bíblico (Pv 13.24; 19.18; 22.6,15; 23.13,14; 29.15,17);
ensinar, desde cedo aos filhos a temerem e amarem ao Senhor (Dt 6.1-9);
conduzir os filhos a Deus (Jó 1.5; Js 24.15; At 16.30-34; Ef 6.4); e ser
exemplo para os filhos (Pv 22.6).
4. Os deveres dos
filhos.
Ser obediente aos
pais (Ef 6.1; Cl 3.20); honrar aos pais (Êx 20.12; Dt 5.16; 27.15); e ajudar
aos pais nos afazeres domésticos (Gn 29.9; Êx 2.16; I Sm 17.15).
V. A NOSSA ATITUDE ANTE A PALAVRA
DE DEUS
“A Bíblia
descreve, em linguagem clara e inconfundível, como devemos proceder quanto a
palavra de Deus: Devemos ansiar por ouvi-la (1.10; Jr 7.1,2; At 17.11) e
procurar compreendê-la (Mt 13.23). Devemos louvar, no Senhor, a palavra de Deus
(Sl 56.4,10), amá-la (Sl 119.47,113), e dela fazer a nossa alegria e deleite
(Sl 119.16,47). Devemos aceitar o que a palavra de Deus diz (Mc 4.20; At 2.41;
1Ts 2.13), ocultá-la nas profundezas de nosso coração (Sl 119.11), confiar nela
(Sl 119.42), e colocar a nossa esperança em suas promessas (Sl 119.74,81,114;
130.5). Acima de tudo, devemos obedecer ao que ela ordena (Sl 119.17,67; Tg 1.22-24)
e viver de acordo com seus ditames (Sl 119.9). Deus conclama os que ministram a
palavra (1Tm 5.17) a manejá-la corretamente (2Tm 2.15), e a pregá-la fielmente
(2Tm 4.2). Todos os crentes são convocados a proclamarem a palavra de Deus por
onde quer que forem (At 8.4)” (STAMPS, 1995, p. 1061).
CONCLUSÃO
Que possamos,
então, compreender que para se ter uma vida plena, precisamos viver de acordo
com os padrões das Escrituras. A Bíblia possui em sua plenitude o real
proposito para nossa existência, sendo assim nos serve muito mais do que um
mero manual, na realidade é como uma bussola, para onde podemos ter a convicção
de chegada. Ela possui o padrão do Criador para nossa vida. Sendo assim,
vivamos de acordo com ela.
REFERÊNCIAS
Ø Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø OLSON,
N. Laurence. O Lar Ideal. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário Vine: o
significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário