Dt 6.20-25; Sl 119.105-108
INTRODUÇÃO
Nesta lição abordaremos de forma panorâmica os livros
históricos; destacaremos também as principais informações e mensagens
encontradas nos livros poéticos; e por fim, quais lições podemos aprender sobre
as histórias e poesias das Escrituras do Antigo Testamento.
I. UM PANORAMA DOS
LIVROS HISTÓRICOS
A designação de livros históricos é direcionada aos doze
livros que se iniciam com Josué e encerra-se com Ester. São assim chamados,
porque enquanto o Pentateuco traça a história redentora, desde a criação até à
morte de Moisés, os livros históricos tratam do desenvolvimento de Israel na
Terra prometida. Podendo esses livros serem classificados em três períodos
principais: a) Período Teocrático (Josué, Juízes e Rute); b) Período
Teocrático-Monárquico (1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas); e, c)
Período pós-cativeiro (Esdras, Neemias e Ester) (BENTHO, 2019, p. 173 – grifo
nosso). Vejamos um resumo de cada um deles:
1. Josué. O livro de Josué registra um período de cerca de 40 anos da
história de Israel. Deus prometera levar o seu povo à Terra Prometida (Js
1.2,6). Canaã seria a base de operações para eles alcançarem o propósito
determinado por Deus na história. Josué registra o cumprimento dessa promessa
divina. Israel entrou na terra, derrotou o poder militar das tribos cananéias
nativas e começou a ocupar a terra (Js 1-12). Foi eficaz na medida em que
confiou e obedeceu a Deus (Js 6). O livro de Josué preparou o terreno para a
revelação posterior, registrando a entrada dos israelitas na terra onde eles
seriam luz para as outras nações do mundo (Is 42.6) e prova de como é glorioso
viver sob a mão diretiva do Senhor. A entrada em Canaã era essencial aos planos
e propósitos adicionais de Deus referentes ao seu reino de sacerdotes (Êx
19.6), que receberam o privilégio de levar outros povos ao verdadeiro Deus. Mas
o fracasso de Israel em expulsar totalmente os cananeus tornou-se a tarefa mais
difícil de cumprir.
2. Juízes. O livro de Juízes cobre um período histórico de
aproximadamente 265 anos (ZUCK, 2008, p.110). Houve seis períodos de opressão
dos inimigos de Israel abarcados pelo livro. Nesse período dos juízes o povo de
Israel diversas vezes naufragou na fé dando as costas para Deus adorando aos
ídolos e vivendo de forma desregrada (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1;
17.6). Mas, também registra a ação graciosa de Deus, em agir em benefício de
seu povo, quando esses se voltavam ao Senhor (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6; 7.20;
10.10).
3. Rute. O
livro de Rute pertence aos livros do AT chamados de “Megilloth” ou
“cinco rolos” (Cantares de Salomão, Rute, Lamentações,
Eclesiastes e Ester); lidos respectivamente em cinco ocasiões especiais durante
o ano no calendário festivo de Israel, sendo o livro de Rute lido na festa da
Colheita (Pentecostes). Sobre a autoria vários estudiosos atribuem ao profeta
Samuel, mas, o autor é considerado anônimo. Apenas dois livros na Bíblia levam
nomes de mulheres, o de Ester e o de Rute. Os eventos históricos no livro de
Rute aconteceram antes do estabelecimento da monarquia em Israel (Rt 1.1). O
livro pontua uma fome que se instaurou não somente por causas naturais, mas por
desobediência à sua Palavra, como ocorria frequentemente no período dos Juízes.
Deus puniu o seu povo como havia prometido (Dt 28.15-68); no entanto, a
história de Rute, brilha como um holofote em uma era de escuridão vivida pela
nação (Rt 2.20).
4. 1º e 2º Samuel. Estes livros, como a maioria dos livros históricos, são
anônimos. No entanto, o profeta Samuel é geralmente considerado o
autor de 1 Samuel 1-24, e Natã e Gade os autores da parte restante (1Cr 29.29).
Os dois livros de Samuel são os primeiros dos seis “livros duplos” que
originalmente não estavam divididos (1 e 2 Samuel; 1 e 2 Reis; 1 e 2
Crônicas). Eles foram divididos em dois pelos tradutores da Septuaginta
(ELISSEN, 2010, p. 90 – grifo nosso). Os acontecimentos relatados nos dois
livros de Samuel cobrem o período do nascimento de Samuel até o fim do reinado
de Davi; o período de tempo para os livros de Samuel é de cerca de 130 anos
aproximadamente. Os livros de Samuel cobrem o período de transição da liderança
das mãos dos juízes divinamente escolhidos (Jz 2.16) até a monarquia (1Sm 8.7).
5. Reis e Crônicas. Os dois livros dos Reis de Israel, por seus
títulos já descrevem o seu conteúdo. Os livros de Crônicas tradicionalmente são
atribuídos a pessoa do sacerdote Esdras, provavelmente escrito pós cativeiro,
contendo o resumo da história de Israel. Em vez de escrever uma obra exaustiva,
ele tece a narrativa cuidadosamente, destacando lições espirituais e verdades
morais. A história registrada nesses livros, cobre aproximadamente um período
410 anos. Os principais acontecimentos registrados, além da morte de Davi (1Rs
2.1-11), o reinado de Salomão e construção do Templo (1Rs 4.1-28; 6.1-38), a
divisão do reino (1Rs 12.1-25), o cativeiro Assírio (2Rs 17.21-29); e,
Babilônico (2Rs 24.1-20; 25.1-30).
6. Esdras e Neemias. A autoria de Esdras e Neemias é anônima. A tradição
geralmente atribui ao sacerdote Esdras a autoria dessas duas obras. Ambos
contêm material encontrado um num outro e se completam mutuamente. Esdras e
Neemias não apenas está ligado a Crônicas em sua introdução (Ed 1.1,2; 2Cr
36.22,23), como também possui similaridades na linguagem, terminologia, temas e perspectiva. Provavelmente foram escritos por
volta de 400 a.C, onde se encontra o registro dos principais eventos que
marcaram a vida pós-exílio bem como, a restauração estrutural e religiosa da
cidade de Jerusalém.
7. Ester. O título do
livro se dá pela figura central da narrativa “Ester” o seu nome persa, que
significa “estrela”. A autoria do livro é anônima, tendo sido atribuídos como
possíveis autores: Esdras ou Mardoqueu. É possível que tenha sido escrito após
a morte de Assuero (Xerxes), quando os seus relatórios foram completados no
livro da história dos reis (Et 10.2). Os acontecimentos narrados no livro se
encaixam cronologicamente, entre os capítulos 6 e 7 do livro de Esdras.
Enquanto os livros de Esdras e Neemias relatam a volta dos cativos para
Jerusalém, o livro de Ester focaliza os que permaneceram na terra do cativeiro,
e como esses enfrentaram a perseguição de Hamã e como Deus se utilizou de uma
jovem judia, para trazer livramento ao seu povo. Embora o nome de Deus não seja
mencionado, sua soberania e providência são evidentes em toda a narrativa.
II.
UM PANORAMA DOS LIVROS POÉTICOS E SAPIENCIAIS
1. Jó. Inúmeras sugestões
têm sido feitas quanto a possíveis autores desse livro. Entre elas estão o
próprio Jó, Salomão, Esdras, Moisés e uma variedade de pessoas anônimas, dentre
elas um dos amigos de Jó, cujo nome foi Eliú. Tal hipótese é levantada pelo
fato de ser ele o único amigo que o livro detalha a genealogia (Jó 32.2,6). Na
nossa Bíblia, o livro de Jó encabeça os livros poéticos ou sapienciais. Jó foi
uma pessoa histórica, as localidades e os nomes são reais e não fictícios. O
Livro de Jó é uma das partes mais grandiosas das Escrituras, um armazém
celestial de conforto e instrução, um precioso monumento da teologia primitiva.
2. Salmos e
Cantares. A
palavra para Salmos no hebraico é: “tehilîm”, que significa: “louvor”.
O título do livro em português vem da tradução grega (LXX - septuaginta), “psalmoi”
que significa: “cânticos de louvor”. Sendo esse livro uma
coleção de muitos salmos, não possui um único autor, embora a Davi é
relacionado a autoria de vários; além dos salmos de Davi, encontramos os que são
atribuídos a: a) Salomão (Sl 72; 127); b) Asafe (Sl 50; 70-83); c)
os filhos de Corá (Sl 42; 44-49); d) Etã (Sl 89); e) Hemã (Sl
88); e, f) Moisés (Sl 90). Há inúmeras mensagens espalhadas pelos 150
salmos, mas sobretudo este registro das respostas do povo de Deus em oração e
adoração, tem como propósito ensinar como deve o servo de Deus relacionar-se
com Ele nas variadas circunstâncias da vida. Já o livro de Cantares, celebra o
amor de Salomão (a quem é atribuída a autoria do livro), por sua amada noiva a
Sulamita (Ct 6.13). Uma vez que no livro de Cantares, o amor perfeito é
retratado, isso aponta para o amor de Deus pelo seu povo.
3. Provérbios e Eclesiastes.
Provérbios
e Eclesiastes são dois, dos três livros escritos pelo sábio Salomão (Pv 1.1;
1Rs 4.32; Ec 1.1,12). No primeiro, ele reuniu em curtas frases, um breve resumo
dos mandamentos divinos, que dizem respeito, principalmente, aos princípios éticos
e morais. No segundo, ele descreve suas próprias experiências, demonstrando que
o verdadeiro sentido da vida não consiste em realizações pessoais, e sim, em
viver de acordo com os padrões estabelecidos por Deus (Ec 12.1). Embora
escritos por volta de 3.000 anos atras, estes livros contêm conselhos,
mandamentos e ordenanças eternas e imutáveis, que servem também para nós, que
vivemos no século XXI. Por isso, não devemos ler os Provérbios, como simples
ditos populares; nem o livro de Eclesiastes, como uma mera biografia ou relato
das experiências de um rei; mas, como conselhos divinos para nós (Rm 15.4).
III.
LIÇÕES EXTRAÍDAS DOS LIVROS HISTÓRICOS E POÉTICOS
1. A grandeza de
Deus para cumprir promessas.
Deus havia
prometido a Davi que o seu reinado seria permanente, se os seus filhos
pecassem, seriam castigados, mas o Senhor não apartaria sua misericórdia
conservando para sempre o seu trono (2Sm 7.12-16). Logo, apesar do pecado de
Salomão e de Roboão, Deus sempre manteve o trono de Davi ocupado com um de seus
descendentes, mantendo sempre acesa uma lâmpada em sua linhagem (1Rs 12.36,39).
Tal linhagem culminou no Messias, o Filho de Davi, que no Milênio reinará sobre
toda a terra, a partir de Jerusalém (Lc 1.31-33; Ap 20.4; Is 2.3).
2. A importância
do arrependimento para a restauração.
Nas Escrituras
encontramos não só as virtudes como também as fragilidades dos servos de Deus
(Js 9.1-14; Jz 2.10-14; Sl 51.2,3). Porém, todas as vezes em que houve o
reconhecimento e arrependimento, o Senhor demonstrou a sua graça e misericórdia
para perdoar (1Rs 21.29; 2Cr 7.14,15; 12.7,12; Ne 9.1-3; Sl 78.38; Pv 28.13).
3. Devemos ser
gratos a Deus independente das circunstâncias.
Ao lermos os
livros históricos e poéticos aprendemos também, a confiarmos em Deus em todas
as circunstâncias (Jó 1.21,22; Sl 37.4-7). Devemos confiar no Senhor não apenas
quando não entendemos, mas porque não entendemos. O salmista nos diz: “O
caminho de Deus é perfeito” (Sl 18.30), e se os caminhos de Deus são
“perfeitos”, então podemos confiar que tudo o que Ele faz e tudo o que Ele
permite também é perfeito. No entanto, a nossa responsabilidade para com Deus é
obedecer e confiar nele, submetendo-nos à sua vontade, quer entendamos ou não
(Sl 92.5; Is 55.8-9).
CONCLUSÃO
Os livros
históricos e poéticos, são obras inspiradas por Deus; cujas mensagens marcaram
não só o período em que foram escritos, como ainda hoje falam fortemente ao
coração de todo ser humano.
REFERÊNCIAS
Ø BENTHO.
Costa Esdras. PLÁCIDO. Leandro, Reginaldo. Introdução ao Estudo do Antigo Testamento. CPAD.
Ø ELLISEN,
Stanley. Conheça Melhor o Antigo
Testamento. VIDA.
Ø ZUCK,
B. Roy. Teologia do Antigo Testamento.
CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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