1 Co 1.1-3; 1Pe
1.1,2; 2Jo 1.1-3
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a função das epístolas na formação
dos cristãos. Primeiramente veremos uma definição da palavra epístola, em
seguida demostraremos sua importância e como estão organizadas. E por fim,
elencaremos as principais instruções e recursos apresentados nas cartas do Novo
Testamento para formar o caráter cristão.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA EPÍSTOLA
1. Definição.
No grego, “epistole”, (carta, despacho), sempre
indica alguma espécie de comunicação escrita. E também indica a palavra
portuguesa (epístola), que já é uma forma de missiva mais formal que uma
simples carta. Uma epístola teria uma maior qualidade literária que uma carta,
além de conter uma mensagem mais importante, que faz contraste com o caráter
informal e, algumas vezes, superficial, de uma simples carta. A raiz verbal
dessa palavra grega é “epistello”, que significa: enviar
a, enviar uma carta, expedir uma ordem ou comando, anunciar. O vocábulo também
pode significar, naturalmente: escrever uma carta. Todavia, o termo grego “epistole”
não contém nenhuma distinção entre uma epístola formal e uma carta
informal, conforme se dá no português (CHAMPLIN, 2004, vol 2, p. 406).
II. IMPORTÂNCIA E A
ESTRUTURA DAS EPÍSTOLAS
1. A importância das epístolas.
As epístolas como forma de correspondência não foram criadas
pelo cristianismo; já existiam bem antes. Mesmo assim, os cristãos deram para
ela uma utilização muito grande. Foi o veículo usado pelos apóstolos para
comunicação entre eles e as igrejas do primeiro século. Podemos verificar isso
em textos como o escrito por Paulo: “E, quando esta epístola tiver sido
lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que veio
de Laodiceia, lede-a vós também” (Cl 4.16). Esse meio de comunicação
era tão importante e urgente que o apóstolo dos gentios responsabilizava diante
de Deus os portadores da carta: “Pelo Senhor vos conjuro que esta
epístola seja lida a todos os santos irmão” (1Ts 5.27). Isso, porque as
epístolas continham os ensinos apostólicos (2Ts 2.15). E para garantir a
originalidade do documento, o apóstolo Paulo ainda colocava um sinal
distintivo: “Saudação da minha própria mão, de mim, Paulo, que é o
sinal em todas as epístolas; assim escrevo” (2Ts 3.17).
2. Estrutura das epístolas.
Em geral, as epístolas do NT seguem a forma padrão das cartas
antigas, como pode ser visto pelo estudo da extensa correspondência em papiros
que foi preservada. A ordem epistolar usual era: nome do escritor e
destinatários, saudação, oração ou desejo de bem-estar dos leitores, corpo da
carta e saudações finais (WICLIFFE, 2006, p. 653). Vemos esse modelo sendo
usado por Paulo nas cartas por ele escritas (Rm 1.1; 1Co 1.1,2; Gl 1.1; Ef
1.1,2).
III. DIVISÃO DAS EPÍSTOLAS DO NOVO
TESTAMENTO
Existem 21 epístolas no Novo Testamento, que vão desde
Romanos até a epístola de Judas. Em decorrência da diversidade delas, a melhor
forma de agrupá-la é por autor. Treze são de autoria de Paulo, uma de Tiago,
duas de Pedro e três do apóstolo João e uma de Judas; além desta, existe uma
carta anônima: a epístola aos hebreus.
1. As epístolas paulinas.
Provavelmente foram os primeiros escritos do Novo Testamento.
Pela ordem cronológica, o primeiro livro do Novo Testamento é 1
Tessalonicenses, escrito em 52 d.C.; a segunda epístola a Timóteo foi escrita
em 67 d.C., pouco antes do martírio do apóstolo Paulo em Roma. Esses livros
foram também os primeiros a serem aceitos como canônicos. Pedro chama os
escritos do apóstolo Paulo de “Escrituras”, título aplicado somente à Palavra
inspirada por Deus. (2Pe 3.15,16). As cartas paulinas, em número de 13, podem
ser agrupadas pelo assunto principal. Notemos:
• Epístolas escatológicas. 1 e
2 Tessalonicenses, recebe esse nome devido a ênfase na doutrina das últimas
coisas. O apóstolo fala sobre o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17) esclarece
que após esse evento, o Anticristo se manifestará ao mundo (2Ts 2.2,38), além
disso, recomenda que os cristãos se consolem com a vinda de Senhor (1Ts 4.18).
• Epístolas soteriológicas. Pelo
forte conteúdo na doutrina da salvação as cartas aos Romanos, 1 e 2 Coríntios e
Gálatas recebe esse nome. Nelas o apóstolo fala da Justificação pela fé (Rm
1.17), assevera que as obras da lei não salvam (Gl 2.15) e ressalta a
importância da morte e ressurreição de Cristo (1Co 15.3-4).
• Epístola da prisão. O
apóstolo dos gentios encontrava-se preso em Roma, mas tinha liberdade para
ensinar. Durante o período de dois anos de reclusão, o apóstolo escreveu as
importantíssimas epístolas aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon
(SHEDD, 2005, p. 11)
• Epístolas pastorais. Essas cartas (1 e 2 Timóteo,
Tito) recebe essa nomenclatura porque o conteúdo principal delas são dirigidos
aos líderes das igrejas. Podemos encontrar nelas as recomendações e os
requisitos para o obreiro servir na obra de Deus, com dedicação e amor.
2. Epístolas gerais. As epístolas de: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro; 1, 2 e 3 João
e Judas foram agrupadas e chamadas de universais, em virtude dessas serem
dirigidas a um público mais amplo, e não a uma igreja ou pessoa em particular.
IV. AS EPÍSTOLAS
INSTRUEM SOBRE AS DOUTRINAS APOSTÓLICAS
1. Instruem sobre a doutrina da salvação.
A obra salvífica realizada por Cristo é tema basilar em todas
as epístolas, aliás, é o tema central das Escrituras Sagradas. Os apóstolos
enfatizaram a universalidade do pecado, pois “todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Devido a essa condição, a
humanidade necessita de um Salvador. E a única solução para restaurar a
comunhão pedida em decorrência da queda do homem no Éden é o sacrifício de
Cristo na cruz do calvário (Rm 3.25; 2Co 5.19; Ef 2.13; Cl 1.20; Hb 9.28; 1Jo
2.2; 4.10). Essa oferta de Cristo, como um cordeiro imaculado, alcança todo
homem; por isso, os apóstolos registraram nas epístolas que a salvação é
ofertada a todos indistintamente: “...o qual deseja que todos os homens
sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).
Outros textos confirmam essa assertiva (Rm 5.18, 1Tm 2.4,6, Tt 2.11, Hb 2.9; 2Pe
3.9). Encontramos nas epístolas um tratado completo sobre a eficácia e
suficiência da obra do nosso Senhor Jesus para a humanidade.
2. Instruem sobre a doutrina da santificação.
O apóstolo dos gentios escrevendo aos Tessalonicenses afirma:
“...Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação…” (1Ts 4.3). Essa
doutrina é tratada nas epístolas de maneira vital e urgente (Rm
13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10; 1Ts 4.3). No processo da
santificação progressiva o homem não é de todo passivo como na regeneração,
antes, os cristãos recebem a ordem de mortificar os desejos da carne (Rm 8.13),
nesse texto, Paulo indica que é pelo Espírito Santo que fazemos isso, porém,
diz que a atitude é nossa (Cl 3.5). A responsabilidade do crente quanto à
santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14a), ao usar o
termo “segui”, do grego “dioko”, que significa: “perseguir,
pressionar, correr após, esforçar-se por”, (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo,
a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a
santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14b), ficando claro que os
que se moldam às paixões da carne e do mundo, tornam-se reprováveis diante de
Deus, não podendo estar em sua presença (Sl 15.1-5; 24.1-3; Mt 5.8; Gl 5.19-21;
Ap 21.8; 22.14,15).
3. Instruem sobre o arrebatamento da Igreja.
Um dos assuntos recorrentes nas epístolas é sobre a vinda do
Senhor; as cartas recomendam a preparação da Igreja enquanto noiva do cordeiro
para o encontro com o Senhor. O apóstolo Paulo fez menção desse evento na
missiva aos coríntios: “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a
última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão
incorruptíveis, e nós seremos transformado” (1Co 15.52). Escrevendo aos
Tessalonicenses (1Ts 4.13-18), o apóstolo apresenta a sequência do
arrebatamento: 1º) O Senhor descerá do céu; 2º) Os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro; e 3º) Os salvos que estiverem vivos
serão arrebatados. Portanto, o Arrebatamento da Igreja é o momento glorioso em
que Jesus levará a Sua Igreja para junto de Si. Este ensino, da vinda iminente
de Jesus Cristo, é relatado em várias passagens nas epístolas do Novo
Testamento (1Co 1.7; 16.22, Fp 3.20; 4.5, 1Ts 1.10; 4.15-18; 5. 6; 1Tm 6.14; Tt
2.13; Hb 9.28; Tg 5.7-9; 1Pe 1.13; Jd 21).
V. AS EPÍSTOLAS AUXILIAM NA
FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO
1. As epístolas
ressaltam o caráter cristão.
Esse tipo de
caráter é implantado no crente por ocasião da regeneração. Este termo se
origina da expressão grega “paliggenesia”, que significa: “novo
nascimento, renovação, recriação” (Jo 3.5; 2Co 5.17; Tt
3.5). É por meio do novo nascimento que a imagem de Deus é restaurada no homem,
o Espírito Santo passa a residir nele, produzindo as virtudes de Cristo, a
medida que este se deixa conduzir pelo Espírito (Gl 5.22).
2. As epístolas
ressaltam o Espírito Santo na formação do caráter cristão.
O Espírito de Deus
ocupa-se da tarefa de nossa transformação espiritual, desde o convencimento do
pecado (Jo 16.8), a regeneração (Jo 3.5; Tt 3.5), e a santificação (2Ts 2.13;
1Pd 1.2). O Espírito Santo é mencionado algumas vezes no AT como “Espírito” (Gn
1.2; Êx 31.3; 104.30; Is 44.3; 37.14); em outras passagens como Espírito Santo
(Is 63.10,11; Sl 51.11). Já no NT, onde se dá especificamente a dispensação do
Espírito, Ele é mais citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal
ministério na igreja: santificar o crente. Essa distinção de ofício do Espírito
Santo no Antigo e NT é claramente percebida em 2Corintios 3.7,8. Segundo Champlin
(2004, p. 649): “O Espírito Santo trabalha no caráter básico de todos nós,
porém, o nosso próprio desenvolvimento, apressa ou retarda essa atuação do
Espírito”.
3. As epístolas
ressaltam a Palavra de Deus na formação do caráter cristão.
A Palavra de Deus
tem a função de santificar o homem (Sl 119.9; Jo 15.3; 17.17). Paulo disse a
Timóteo que: “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm
3.16). Os símbolos da Palavra também aludem a sua capacidade de moldar o
caráter humano, tais como: a) o fogo
que derrete o ferro (Jr 23.29a); b)
o martelo que esmiúça a pedra (Jr 23.29b); e, c) a tesoura que poda os ramos frutíferos (Jo 15.2).
CONCLUSÃO
As epístolas no período do Novo
Testamento assumiram papel vital na disseminação dos ensinos apostólicos. Foi
por meio delas que a Palavra de Deus com a mensagem de salvação alcançou vários
povos. Além disso, os ensinos contidos nelas são usados para a formação do
caráter cristão.
REFERÊNCIAS
Ø SHEDD,
Russell. BÍBLIA SHEDD. VIDA
NOVA.
Ø CHAMPLIN,
NORMAN. O Antigo Testamento
interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø PFEIFFER,
Charles F. et al. Dicionário
Bíblico Wycliffe. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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