1 Tm 4.6-16
INTRODUÇÃO
I. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA DA BÍBLIA
1. No Antigo Testamento.
À luz do Antigo
Testamento, encontramos de forma corriqueira, exortações para se priorizar a
leitura e meditação das Escrituras. Quanto aos deveres do rei em Israel, Moisés
destacou em relação ao livro da lei: “E o terá consigo e nele lerá
todos os dias da sua vida [...]” (Dt 17.19); a Josué, o Senhor
enfatizou que a meditação em sua Palavra, deveria ser constante: “Não se
aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite
[...]” (Js 1.8), o que o sucessor de Moisés não o fez apenas de modo
pessoal, mas transmitiu também para o povo (Js 8.34,35); o salmista diz que a
meditação diária das Escrituras, é decorrente do prazer que se nutre em relação
à Palavra de Deus: “Antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na
sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.3; ver Sl 119.97), como também,
parte de uma decisão resoluta: “Em teus preceitos meditarei e
olharei para os teus caminhos” (Sl 119.15). No período pós cativeiro,
foi de extrema importância o comprometimento do sacerdote Esdras quanto a
leitura e meditação das Escrituras para sua preparação espiritual (Ed 7.10),
como para o ensino público necessário para a restauração de Jerusalém (Ne
8.5-9).
2. No Novo
Testamento.
Na sua primeira
epístola à Timóteo, o apóstolo Paulo deixa claro sobre a importância da leitura
das Escrituras tanto para a vida devocional: “Persiste em ler,
exortar e ensinar [...]” (1Tm 4.13), como também, para o melhor servir
à Igreja: “[...] para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos” (1Tm
4.15). Isso é o que Paulo recomendou que fosse feito nas igrejas em relação
também às suas epístolas como aos Tessalonicenses: “Pelo Senhor vos
conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos” (1Ts
5.27), como a que ele escreveu aos colossenses: “E, quando esta epístola tiver
sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que
veio de Laodicéia, lede-a vós também” (Cl 4.16). Essa é a
bem-aventurança descrita em Apocalipse: “Bem-aventurado aquele que lê, e
os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão
escritas...” (Ap 1.3).
II. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A EDUCAÇÃO CRISTÃ
1. Definindo o termo educação.
Procedente do
vocábulo latino: “educatione”, a palavra educação significa
etimologicamente: “extrair”. Em termos pedagógicos, educar pressupõe o
desenvolvimento pleno das faculdades físicas, intelectuais, morais e
espirituais do ser humano, implicando mudanças de comportamento no educando em
virtude da educação recebida (ANDRADE, 2006, p. 157).
2. Definição de
educação cristã.
A educação cristã
é o ensino dado especificamente à luz da Bíblia que transmite princípios
divinos e valores morais e espirituais que tem como referência a pessoa de
Cristo. O ensino cristão está fundamentado no conhecimento de Deus e em sua
Palavra, de onde procede toda a fonte da verdadeira aprendizagem cristã, ensino
e conhecimento.
3. A base da
educação cristã.
A Palavra de Deus
como a ferramenta adequada para produzir mudança de vida (Hb 4.12), é a fonte
não só do conteúdo, mas de toda a filosofia de ensino da educação cristã, como
fica claro pelas palavras do apóstolo Paulo: “Tu, porém, permanece
naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.
E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio
para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.14,15), que
mostra, tanto a suficiência das Escrituras, quanto os seus propósitos para a
vida cristã: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar [...]” (2Tm 3.16).
III. A BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ
1. Na nação de Israel.
A educação sempre teve um papel
relevante nas Escrituras, notamos sua relevância desde o Antigo Testamento. Por
toda a Bíblia notamos o constante cuidado de Deus com a formação espiritual do
seu povo. Antes mesmo que Israel entrasse na posse da Terra Prometida, Deus
determinou: “Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos, e os teus
estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam,
e temam ao SENHOR, vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Lei” (Dt 31.12.) O ensino naquele período era transmitido
de forma oral e passado de geração a geração (Dt 6.4-9). Inculcar, segundo o
Dicionário Houaiss (2001, p. 1600), é: “gravar, imprimir (algo) no espírito
de alguém; repetir seguidamente (algo) a (alguém); recomendar, apregoando as
boas qualidades de; apregoar”, representando o processo de ensino
aprendizagem estabelecido por Deus para seu povo.
2. Na grande
comissão.
A relevância da
educação cristã, é enfatizada no Novo Testamento. O ensino funciona como uma
ferramenta para que a igreja cumpra a sua missão: “Portanto, ide, ensinai
todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mt 28.19,20);
nesta recomendação, o verbo ensinar é usado duas vezes: uma no imperativo e
outra no gerúndio. A primeira implica na formação e moldagem do cristão à
imagem de Cristo; a segunda abrange os fatores informativo, cognitivo e
comunicativo das doutrinas, princípios e verdades eternas do Evangelho
(ANDRADE, 2002, p. 11). Isso significa, que a missão da Igreja é urgente,
inadiável, intransferível e não pode sofrer de continuidade.
3. Na igreja
primitiva.
O evangelista
Lucas registra em Atos 2.42, que os crentes perseveravam na doutrina (ensino)
dos apóstolos, isso ocorria, em virtude de os apóstolos levarem à sério à
docência cristã. O que ocorre em todo o relato do livro dos Atos. Paulo e
Barnabé estiveram em Antioquia durante um ano ensinando a Palavra: “E
sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita
gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”
(At 11.26); em Éfeso Paulo passou um tempo ainda maior realizando a
mesma tarefa: “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos,
não cessei, noite e dia, de admoestar (ensinar), com lágrimas, a
cada um de vós” (At 20.31); como também o fez na cidade de corinto: “E
ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (At
18.11). As epístolas igualmente mostram, o comprometimento dos servos de Deus
com a educação cristã. Mostrando inclusive a necessidade da continuação desse
serviço: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a
homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm
2.2).
IV. RESULTADOS DA LEITURA DA BÍBLIA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ
1. A instrução no conhecimento divino.
A Bíblia é
essencialmente um manual de salvação: “E que, desde a tua meninice, sabes
as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em
Cristo Jesus” (2Tm 3.15). Seu propósito mais alto não é ensinar fatos
da ciência que o homem pode descobrir por sua investigação experimental, mas
ensinar fatos da salvação que nenhuma exploração humana pode descobrir e
somente Deus pode revelar (1Tm 4.17). Paulo compreendeu perfeitamente o
objetivo da educação cristã ao dizer: “Admoestando a todo homem e ensinando
a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em
Jesus Cristo” (Cl 1.28).
2. A educação do
crente.
O apóstolo Paulo
afirmou: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm
3.16,17). Pressupõe-se ensino ou doutrina (o que é certo); repreensão (o que
não é certo); correção (como se tornar certo); educação na justiça (como
permanecer certo). Essa passagem pode ser entendida da seguinte forma: A
Escritura é útil para o ensino como fonte positiva de doutrina cristã; para
repreensão, para refutar o erro e para repreender o pecado; para a correção,
convencendo os maus orientados dos seus erros e colocando-os no caminho certo
outra vez; e para a educação na justiça, através da educação construtiva na
vida cristã (WIERSBE, vl. 2, p. 328).
3. A preparação para
o serviço cristão.
Um dos grandes
propósitos da educação cristã, é habilitar o crente para o serviço do Reino de
Deus: “para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído (ensinado)
para toda boa obra” (2Tm 3.17). Duas palavras neste versículo são
especialmente importantes: perfeito e instruído. O termo traduzido por
“perfeito” significa: “completo, em boa forma ou bom estado”. Não
sugere, de modo algum, uma perfeição impecável, antes, implica a adequação para
o uso. O adjetivo “instruído” tem um significado parecido: “preparado para o
serviço”, ou seja, a Palavra de Deus equipa e capacita o cristão para que
viva de maneira agradável a Deus e realize a obra da qual Deus o incumbiu (2Tm
2.15). O objetivo da educação cristã, não é apenas compreender as doutrinas nem
ser capaz de defender a fé, por mais importantes que essas coisas sejam, o
objetivo maior é equipar o cristão que lê e pratica a Bíblia a realizar a obra
de Deus (WIERSBE, 2007, vl. 2, p. 328 - acréscimo nosso).
CONCLUSÃO
A educação cristã
tem como a sua base a Palavra de Deus, e todos quantos querem ter sua vida
moldada, pelos princípios que Cristo nos deixou, precisa nutrir a leitura e o
estudo da Bíblia diariamente e vivendo de acordo com a vontade de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor, Corrêa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø
ANDRADE,
Claudionor, Corrêa de. Teologia da Educação Cristã. CPAD.
Ø CABRAL.
Arézia, L. Educação Cristã: Vivendo
bem com Deus e com o Próximo. EETAD.
Ø WIERSBE.
W., Warren. Comentário Bíblico Expositivo
do Novo Testamento. Vol. 2. GEOGRÁFICA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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