Mt 6.19-27
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos o que a Bíblia diz sobre as riquezas e as posses; pontuaremos o
que as Escrituras falam sobre o dinheiro; notaremos os equívocos acerca da
pobreza e da riqueza; estudaremos sobre a mordomia da vida financeira; e, por
fim; salientaremos como fazer uso do dinheiro de maneira sábia.
I. O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE RIQUEZAS E POSSES
1. Antigo Testamento.
O AT
nos mostra que a prosperidade material acontece como um resultado de um favor
divino (Pv 10.22; Ec 5.19). Até mesmo os incrédulos enriquecem em decorrência
desse favor (Sl 73.3-12). “Essa ideia de prosperidade vai muito além daquela
que é a do simples acúmulo de bens materiais e bem-estar físico (Pv 22.1). Na
verdade, a compreensão que se tem no AT é que a prosperidade é, em primeiro
lugar, espiritual e em segundo lugar, material (Pv 13.7). Isso nos faz
constatar que há outros valores que o AT revela embora não sendo materiais, são
tidos como grandes riquezas, verdadeiros tesouros” (GONÇALVES, 2011, pp.
19,22).
2. Novo Testamento.
“O
Novo Testamento tem muita coisa a dizer sobre a riqueza, mas em nenhum lugar
ela é apresentada como algo que deva ser buscado. Em vez disso, quase sempre é
apresentada como uma armadilha ou um perigo” (PIERATT, 1993, p. 148). Possuir
bens e ter dinheiro é bom, e a riqueza em si não é má. O que fazemos com ela
pode sim transformar-se em algo danoso. De fato, a Bíblia condena o amor ao dinheiro
(1Tm 6.10) e não a aquisição dele (Ef 4.28; 1Ts 4.11). Os ensinamentos de Jesus
e dos apóstolos deixam claro que os bens materiais senão forem administrados
com sabedoria, para benefício próprio, da obra de Deus e do próximo se
constituem num tropeço que poderá impedir o possuidor de entrar no Reino do
Céus (Mc 10.23; Lc 6.24; 1Jo 2.15; Tg 5.1).
II. O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O DINHEIRO
O
dinheiro em si não representa pecado algum, pois todas as coisas pertencem a
Deus inclusive as riquezas (Ag 2.8; 1Sm 2.7; Pv 10.22). A questão é o uso que
se faz do dinheiro ou a perspectiva que o crente tem em relação a ele. Vejamos:
1. A Bíblia adverte quanto a fonte do
dinheiro.
A
Bíblia faz severas exortações quanto a forma correta de obtê-lo (Pv 13.11). Devemos
ter cuidado quanto a fonte daquilo que pode nos proporcionar dinheiro, riquezas
e bens (Pv 11.1; 20.10; Am 2.6). A Bíblia condena: o furto (Êx 20.15; Dt 5.19);
o suborno (Pv 17.23; Dt 16.19; Mt 26.15); a prostituição (Dt 23.18); mercadejar
do evangelho (2Rs 5.15,16; At 8.18-22; 1Tm 6.5; 2Pe 2.3). Lembremos dos
princípios cristãos da licitude (1Co 6.12a), conveniência (1Co 6.12b), edificação
(1Co 10.23), e, da glorificação a Deus (1Co 10.31).
2. A Bíblia adverte quanto ao mal uso do
dinheiro.
Possuir
bens e ter dinheiro é bom, e a riqueza em si não é má. O que fazemos com ela
pode sim transformar-se em algo danoso. Os ensinamentos de Jesus e dos
apóstolos deixam claro que os bens materiais se não forem administrados com
sabedoria, para benefício próprio, da obra de Deus e do próximo se constituem
num tropeço que poderá impedir o possuidor de entrar no Reino do Céus (Mc
10.23; Lc 6.24; 1Jo 2.15; Tg 5.1). Nabal, um rico fazendeiro do AT, negou-se ajudar
a Davi quando este precisou (1Sm 25.8-12); o filho pródigo gastou a herança do
Pai com o pecado (Lc 15.14,30); outro rico que se vestia de púrpura, enquanto
Lázaro jazia a sua porta comendo migalhas (Lc 16.19-21); o rico insensato se
preocupou apenas com o seu bem-estar material e esqueceu da sua alma (Lc 12.16-20).
Jó nos deu exemplo aliviando o sofrimento alheio (Jó 29.13).
3. A Bíblia adverte quanto ao apego ao
dinheiro.
De
fato, a Bíblia condena o amor ao dinheiro, dizendo que é a “raiz de toda espécie
de males” (1Tm 6.10) e não a justa aquisição dele (Ef 4.28; 1Ts 4.11). Condena
também: a) a confiança nas riquezas
(Sl 49.6,7; 52.7; 62.10; Pv 11.28; Jr 9.23; Mc 10.24; 1Tm 6.17), b) a avareza (Pv 15.27; Lc 12.15; Rm
1.29; Ef 5.3; Cl 3.5; Hb 13.5); c) o
orgulho (Dt 32.15; Pv 21.4; Jr 9.23; Dn 4.29,30); e, d) o egoísmo (1Sm 25.1-11; Lc 12.16-21; 2Tm 3.4).
III. EQUÍVOCOS ACERCA DA POBREZA E DA RIQUEZA
Infelizmente,
não são poucos os equívocos cometidos por alguns cristãos quanto à visão de
pobreza e riqueza. Veremos abaixo quatro extremos, que devem ser evitados:
1. Pobreza é sinal de santidade.
O
monasticismo (um movimento religioso surgido do Cristianismo), difundiu a ideia
de que um cristão para ser considerado piedoso, para agradar a Deus, devia viver
isolado da sociedade e abrir mão de tudo o que possuía, vivendo em pobreza.
Esta visão encontra-se totalmente distorcida da Palavra de Deus, visto que a
pobreza não pode aferir o caráter de um servo de Deus. Um autêntico crente é
conhecido por sua fé e por suas obras e pelos seus frutos (Mt 7.17,18; Lc
6.43,44; Gl 5.22).
2. Pobreza é sinal de pecado.
Este
pensamento é antagônico ao primeiro. Se pobreza não pode ser evidência de uma
vida piedosa, tampouco de uma vida de pecado. Estaria porventura em pecado o
mendigo Lázaro que morreu e foi ao Seio de Abraão? (Lc 16.20-22); ou estaria
debaixo de maldição o apóstolo Paulo que passou fome, frio e nudez? (2Co
11.27); teria o Filho de Deus pecado por ter preferido ser pobre para que
pudesse enriquecer a outros? (1Co 8.9). É evidente que não.
3. Riqueza é sinal de santidade.
Este
é um pensamento defendido pela Teologia da Prosperidade. No entanto, é um ponto
de vista totalmente contrário a Bíblia, que ensina a prioridade pelas coisas
que são do céu (Mt 6.33); que condena veementemente a riqueza mal adquirida
(1Co 6.10) e a avareza, que é idolatria (Cl 3.5).
4. Riqueza é sinal de pecado.
Se
não encontramos base bíblica para a teologia da prosperidade, também não
encontraremos para a teologia da miséria, que procura demonizar a posse de bens
materiais. Não esqueçamos de Jó, um homem riquíssimo de bens materiais, e que
era justo e íntegro (Jó 1.1); ou de Abraão, o pai da fé, que de igual modo era
possuidor de grandes riquezas (Gn 13.5,6). Na verdade, os que defendem essa
ideia tropeçam numa declaração paulina, citando-a de forma equivocada: “o
dinheiro é a raiz de todos os males”, quando na verdade o apóstolo disse: “o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6.10).
IV. A BÍBLIA E A MORDOMIA DA VIDA FINANCEIRA
Um
dos aspectos do fruto do Espírito é o domínio próprio (Gl 5.22) que também pode
ser traduzido por equilíbrio. Este equilíbrio deve estar presente em todas as
áreas da nossa vida, inclusive na financeira. Notemos:
1. Evitemos o desperdício.
Deus
não se alegra com o desperdício. Quando Ele mandou que sacrificassem o cordeiro
da Páscoa, se a família fosse pequena deveria agregar-se a outra, para que
comessem juntas, a fim de não estragar comida (Êx 12.1-4). Na ocasião que enviou
o maná para o povo de Israel, os orientou que apenas recolhessem a porção
diária, o tanto quanto podia comer (Êx 16.14-18). Jesus quando multiplicou pães
e peixes, ordenou depois que a multidão comeu, que as sobras fossem recolhidas
(Jo 6.12).
2. Planejemos os nossos gastos.
Jesus
deixou claro que o crente só deve iniciar um empreendimento depois de planejar
e ter a certeza de que vai conseguir concluí-lo (Lc 14.28-32). Ainda que neste
texto ele estivesse falando sobre a responsabilidade em segui-lo, tal princípio
é perfeitamente útil para as demais áreas da vida, inclusive a financeira.
3. Economizemos o máximo.
Dentro
das possibilidades, o crente deve ter uma reserva financeira, visando dias maus
que possam lhe sobrevir. Esse princípio fica evidente na administração de José
na terra do Egito (Gn 41.33-35). Para que se consiga isso, são necessários
equilíbrio e sabedoria por parte do servo de Deus (Pv 12.24; 25.28).
V. FAZENDO USO DO DINHEIRO DE FORMA SÁBIA
Batista
(2018, p. 148) nos diz que: “a saúde financeira não depende de quanto ganhamos,
mas de como gastamos o que ganhamos”. Vejamos como devemos usar de forma sábia
o nosso dinheiro:
1. Mantendo a provisão familiar.
É
responsabilidade do pai ser o provedor do lar (Gn 3.19; Sl 128.1,2), podendo,
se necessário, ser auxiliado pela esposa (Gn 2.18; Pv 31.24). A Bíblia também
orienta que os pais devem preocupar-se com o futuro dos filhos (Pv 19.14); como
também com o bem-estar dos demais parentes, quando necessário (Êx 20.12; Mt
15.3-6; 1Tm 5.8).
2. Contribuindo com a obra de Deus.
A
palavra dízimo significa: “décima parte de uma importância ou quantia”. O
Dízimo, então, é uma oferta entregue voluntariamente à obra de Deus,
constituindo-se da décima parte da renda do adorador. É um ato de fé, amor e
devoção àquele que tudo nos concede. A prática do dízimo está registrada antes
da Lei (Gn 14.18-20; 28.18-22); na Lei (Nm 18.21-32; Dt 12.1-14); nos livros
poéticos (Pv 3.9); proféticos (Ml 3.10); nos evangelhos (Mt 23.23); e, nas
epístolas (1Co 9.9-14).
3. Pagando as contas pontualmente.
É
necessário que sejamos cumpridores dos nossos compromissos financeiros. Comprar
e não pagar é um ato típico daqueles que não temem a Deus (Hc 2.6,7; Rm 1.31).
Fomos chamados para fazer a diferença como sal da terra e luz do mundo (Mt
5.13,14). Nossas atitudes honestas levam os homens a glorificar a Deus: “Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
4. Quando possível, ajudando ao próximo.
Atender
ao pobre e ao necessitado é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3).
Nos dias da igreja primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também,
atendia aqueles que necessitavam de socorro material (Gl 2.9,10). Paulo ensinou
claramente que além do sustento pessoal devemos nos preocupar em aliviar o
sofrimento alheio (Ef 4.28). Ser generoso e solidário também é um dever do
cristão (Hb 13.2; Tg 2.14-17; 1Jo 3.17,18).
CONCLUSÃO
Os
filhos de Deus devem estar conscientes de que “toda boa dádiva e todo dom
perfeito vêm do alto, descendo do Pai” (Tg 1.17).
Somos abençoados pelo Senhor com os nossos bens, mas os nossos corações não
estão nas riquezas deste mundo.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø GONÇALVES, José. A prosperidade à luz da Bíblia.
CPAD.
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica.
CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário