sexta-feira, 10 de junho de 2022

LIÇÃO 11 – SENDO CAUTELOSOS NAS OPINIÕES


 
 
 
 
Mt 7.1-6
 
 
 
INTRODUÇÃO
Na lição desta semana, estudaremos sobre a definição de cautela e julgamento. Aprenderemos com nosso mestre Jesus, sobre o julgamento a respeito do próximo. Refutaremos as principais interpretações errôneas acerca de Mateus 7.1-6, mostrando o verdadeiro sentido do texto, e por fim, concluiremos apresentando o discernimento, como o bom senso no julgamento.
 
 
I. DEFINIÇÃO DE CAUTELA E JULGAMENTO
1. Definição dos termos cautela e julgamento.
O termo “cautela” é definido: “por precaução para evitar danos, transtorno ou perigo, cuidado, prudência” (HOUAISS, 2001, p. 658 – grifo nosso). Já a palavra Julgamento vem do grego “krisis” que denota: “separação, juízo, julgar” (PALAVRAS CHAVES, 2011, p. 2256). Essas duas palavras estão diretamente relacionadas em todo escopo da lição, pois veremos que a atitude de cautela pelo cristão na elaboração de suas opiniões, será determinante para evitarmos um julgamento temerário do próximo, assunto tratado por Jesus (Mt 7.1-6).
 

II. O QUE JESUS NÃO DISSE ACERCA DO JULGAMENTO (Mt 7.1-5)
Muitas interpretações equivocadas têm sido realizadas ao longo da história da Igreja acerca dessa passagem, entre tantas, relacionamos as três principais. Vejamos:
 
1. Jesus não estava desqualificando a autoridade dos tribunais e magistrados.
Ao contrário do que defende esse pensamento, o texto de Mateus 7.1-5, não está desqualificando a autoridade dos tribunais e magistrados, pois o apóstolo Paulo nos ensina que: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus [...]. Por isso, quem resiste a autoridade resiste à ordenação de Deus [...]. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más [...] ela é ministro de Deus para teu bem [...] e vingador para castigar o que faz o mal [...]” (Rm 13.1-4). O apóstolo Pedro corrobora com a mesma verdade (1Pe 2.13-17). Logo, foi Deus que estabeleceu o princípio da autoridade, e constituiu os tribunais e magistrados para servirem de ministros de sua verdade, exercendo justiça e mantendo a paz social.
 
2.Jesus não estava desqualificando a disciplina na igreja.
Os antinomistas advogavam que, agora na dispensação da graça, os crentes estavam livres para fazer o que desejavam, pois, a salvação é exclusivamente pela “graça”, e já não temos que nos submeter a lei alguma (2Pe 2; 1 Jo 3.9-11; Jd 4-19). Entretanto, as Escrituras nos mostram que disciplina na igreja foi ensinada por Jesus (Mt 18.15-17), e vivenciada pela igreja do primeiro século (1Co 5.1-8,13; 2Co 2.1-11; Gl 6.1; Hb 12.12,13; 1Tm 1.20; 1Ts 5.14; 2Ts 3.14). Portanto é infundada a ideia de que a disciplina na igreja não é bíblica.
 
3. Jesus não estava relativizando o conceito de julgamento.
Há os que defendem, em nome da tolerância e da paz social, não podermos emitir qualquer opinião sobre nada, pois a verdade é relativa e particular, logo, o julgamento é incabível em qualquer situação. Todavia, esse tipo de interpretação é impossível de ser conciliado nas Escrituras, pois Jesus na própria passagem em tela, nos diz: “Não deis aos cães as coisas santas, nem vos deiteis aos porcos as vossas pérolas [...]” (Mt 7.6). Nesta passagem Jesus fez um juízo moral aqueles a quem ele chamou de “cães” e “porcos”. Em Mateus 7.15, ele exortou: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”. Como Jesus poderia classificá-los dessa forma sem estabelecer um juízo de valor? Aliás, ele disse: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (Jo 7.24). Paulo fez julgamento dos crentes em Corinto e em outras igrejas (1Co 5.1-8,13; 2Co 2.1-11; 1Ts 5.14; 2Ts 3.14).
 
 
III. O QUE JESUS DISSE ACERCA DO JULGAMENTO
O fio de ligação que percorre Mateus 7 são os relacionamentos. Jesus não esperava que a comunidade cristã seja perfeita. Ele compreende que haverá desentendimento e problemas. Em particular, Jesus se concentra no modo como os cristãos devem se relacionar uns com os outros quando um deles se comporta mal (STOTT, 2018, pp. 83,84).

1. Jesus condena o espírito de censura e a autojustificativa.
O Senhor Jesus condena o juízo áspero, a atitude hipócrita da autojustificação em detrimento de outros, e isso, sem misericórdia, sem amor como indica a passagem paralela (Lc 6.36,37). A pessoa que se auto justifica, tem por hábito ver falha nos outros (Lc 18.23-35) (HENDRIKSEN, 2010, p. 441), entretanto, esquece-se que todos estão debaixo do pecado (Rm 3.10-23; 5.8,12; 6.23; Ef 2.9; Tt 3.5), sujeitos a erros e quedas (1Co 10.12,13; Gl 6.1; Hb 3.12,13). Precisamos ser misericordiosos (Lc 6.36), e entendermos que a igreja é formada de pessoas regeneradas e em crescimento espiritual (1Co 3.1-7; 6.1-5; 8.1,2), porém ainda imperfeitas em sua natureza humana (Rm 7.14-23), embora perfeitas por sua posição em Cristo (1Co 1.1,2; Ef. 2.5,6; 2Pe 1.4).
 
2. Jesus condena o juízo temerário.
A precipitação é uma atitude condenada pelas Escrituras (Pv 18.13,17; 20.25; 21.5; 29.20). Julgar qualquer pessoa, sem conhecimento de causa, de plena consciência dos fatos, sem considerar o que a Bíblia diz sobre o assunto, é perigoso, imprudente e temerário. Tiago nos exorta: “Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo? (Tg 4.11,12 – NVI).
 
3. Jesus condena os que não conseguem ver suas falhas e são hipercríticos.
Para ensinar sobre o dever de examinar a nós mesmos antes mesmo de qualquer juízo sobre o outro, Jesus usa uma hipérbole da “trave e do cisco” (Mt 7.3,4,5). Com ela, nos é ensinado que precisamos, primeiro tirar a trave de nossos olhos, ou seja, aprender a reconhecer e lidar com nossas próprias falhas e pecados, para depois, termos uma visão clara e conseguir tirar o cisco do olho de nosso irmão. “Precisamos ser tão críticos de nós mesmos quanto somos dos outros, e tão generosos para com os outros quanto o somos sempre para com nós mesmos” (STOTT, 2018, p. 85,86).
 
 
IV. DISCERNIMENTO: O BOM SENSO NO JULGAMENTO (Mt 7.6)
Depois de nos alertar contra o comportamento crítico, Jesus nos adverte contra a falta de discernimento, especialmente na escolha das pessoas a quem apresentamos as riquezas maravilhosas do evangelho.
 
1. Discernimento.
O dicionário da língua portuguesa diz que é: “ato ou efeito de discernir; capacidade de compreender situações de separar o certo do errado; capacidade de avaliar as coisas com bom senso e clareza; juízo, tino” (HOUAISS, 2001, p. 1051 – grifo nosso). Em Mateus 7.6, o Senhor Jesus nos apresenta o perigo de não sabermos discernir.
 
2. O bom senso no julgamento.
Enquanto nos cinco primeiros versículos do capítulo 7 de Mateus, destina-se às pessoas que julgam umas às outras (Mt 7.6) é usado para falar daquelas que não têm bom senso. Jesus está ordenando aos seus discípulos que não compartilhem as partes mais preciosas da verdade espiritual com pessoas persistentemente perversas, indiferentes e insatisfeitas. Assim como as pérolas (significado segundo Mt 13.46 – reino de Deus ou a salvação) não satisfizeram os animais selvagens, mas os deixaram enfurecidos e perigosos, também tem muitas das riquezas da revelação de Deus não agradam a muita gente (CARSON, 2019, p. 118). Nosso testemunho cristão deve ser conduzido com discernimento. Se as pessoas têm tido muitas oportunidades para ouvir a verdade, mas se recusam a responder a ela, insistem em dar as costas para Cristo, e se apresentam como cães e porcos (2Pd 2.22), não devemos insistir com elas. Se fizermos isso, barateamos o evangelho de Deus, permitindo que elas pisem nele [...]. Ao mesmo tempo, desistir das pessoas é um passo muito sério a ser dado. Este ensino de Jesus é apenas para situações excepcionais. Nossa resposta cristã normal é sermos pacientes e perseverarmos com os outros, como Deus pacientemente tem perseverado conosco (STOTT, 2018, p.87 – grifo nosso).
 
 
CONCLUSÃO
Concluímos que seguir a recomendação do mestre para não julgar precipitadamente o próximo. Não devemos tomar a posição de juiz contra ninguém e muito menos julgar uma pessoa pela aparência. Se formos fazer alguma avaliação a respeito de alguém, devemos ser criteriosos, sensatos, e lúcidos, evitando assim sermos precipitados nas conclusões.
 



REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  CARSON, D. A. O Sermão. HAGNOS.
Ø  GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.  
 

Por Rede Brasil de Comunicação.



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