Mt 7.1-6
INTRODUÇÃO
Na
lição desta semana, estudaremos sobre a definição de cautela e julgamento.
Aprenderemos com nosso mestre Jesus, sobre o julgamento a respeito do próximo.
Refutaremos as principais interpretações errôneas acerca de Mateus 7.1-6, mostrando
o verdadeiro sentido do texto, e por fim, concluiremos apresentando o discernimento,
como o bom senso no julgamento.
I. DEFINIÇÃO DE CAUTELA E JULGAMENTO
1. Definição dos termos cautela e
julgamento.
O
termo “cautela” é definido: “por precaução para evitar danos, transtorno
ou perigo, cuidado, prudência” (HOUAISS, 2001, p. 658 – grifo nosso).
Já a palavra Julgamento vem do grego “krisis” que denota: “separação,
juízo, julgar” (PALAVRAS CHAVES, 2011, p. 2256). Essas duas palavras
estão diretamente relacionadas em todo escopo da lição, pois veremos que a
atitude de cautela pelo cristão na elaboração de suas opiniões, será determinante
para evitarmos um julgamento temerário do próximo, assunto tratado por Jesus
(Mt 7.1-6).
II. O QUE JESUS NÃO DISSE ACERCA DO JULGAMENTO (Mt 7.1-5)
Muitas
interpretações equivocadas têm sido realizadas ao longo da história da Igreja
acerca dessa passagem, entre tantas, relacionamos as três principais. Vejamos:
1. Jesus não estava
desqualificando a autoridade dos tribunais e magistrados.
Ao
contrário do que defende esse pensamento, o texto de Mateus 7.1-5, não está
desqualificando a autoridade dos tribunais e magistrados, pois o apóstolo Paulo
nos ensina que: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por
Deus [...]. Por isso, quem resiste a autoridade resiste à ordenação de Deus
[...]. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más
[...] ela é ministro de Deus para teu bem [...] e vingador para castigar o que
faz o mal [...]” (Rm 13.1-4). O apóstolo Pedro corrobora com a mesma verdade
(1Pe 2.13-17). Logo, foi Deus que estabeleceu o princípio da autoridade, e
constituiu os tribunais e magistrados para servirem de ministros de sua
verdade, exercendo justiça e mantendo a paz social.
2.Jesus não estava
desqualificando a disciplina na igreja.
Os
antinomistas advogavam que, agora na dispensação da graça, os crentes estavam
livres para fazer o que desejavam, pois, a salvação é exclusivamente pela
“graça”, e já não temos que nos submeter a lei alguma (2Pe 2; 1 Jo 3.9-11; Jd
4-19). Entretanto, as Escrituras nos mostram que disciplina na igreja foi
ensinada por Jesus (Mt 18.15-17), e vivenciada pela igreja do primeiro século
(1Co 5.1-8,13; 2Co 2.1-11; Gl 6.1; Hb 12.12,13; 1Tm 1.20; 1Ts 5.14; 2Ts 3.14).
Portanto é infundada a ideia de que a disciplina na igreja não é bíblica.
3. Jesus não estava relativizando
o conceito de julgamento.
Há
os que defendem, em nome da tolerância e da paz social, não podermos emitir
qualquer opinião sobre nada, pois a verdade é relativa e particular, logo, o julgamento
é incabível em qualquer situação. Todavia, esse tipo de interpretação é
impossível de ser conciliado nas Escrituras, pois Jesus na própria passagem em
tela, nos diz: “Não deis aos cães as coisas santas, nem vos deiteis aos porcos as
vossas pérolas [...]” (Mt 7.6). Nesta passagem Jesus fez um juízo moral
aqueles a quem ele chamou de “cães”
e “porcos”. Em Mateus 7.15, ele
exortou: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos
como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”. Como Jesus
poderia classificá-los dessa forma sem estabelecer um juízo de valor? Aliás,
ele disse: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”
(Jo 7.24). Paulo fez julgamento dos crentes em Corinto e em outras igrejas (1Co
5.1-8,13; 2Co 2.1-11; 1Ts 5.14; 2Ts 3.14).
III. O QUE JESUS DISSE ACERCA DO JULGAMENTO
O
fio de ligação que percorre Mateus 7 são os relacionamentos. Jesus não esperava
que a comunidade cristã seja perfeita. Ele compreende que haverá
desentendimento e problemas. Em particular, Jesus se concentra no modo como os cristãos
devem se relacionar uns com os outros quando um deles se comporta mal (STOTT,
2018, pp. 83,84).
1. Jesus condena o espírito de censura e
a autojustificativa.
O
Senhor Jesus condena o juízo áspero, a atitude hipócrita da autojustificação em
detrimento de outros, e isso, sem misericórdia, sem amor como indica a passagem
paralela (Lc 6.36,37). A pessoa que se auto justifica, tem por hábito ver falha
nos outros (Lc 18.23-35) (HENDRIKSEN, 2010, p. 441), entretanto, esquece-se que
todos estão debaixo do pecado (Rm 3.10-23; 5.8,12; 6.23; Ef 2.9; Tt 3.5),
sujeitos a erros e quedas (1Co 10.12,13; Gl 6.1; Hb 3.12,13). Precisamos ser
misericordiosos (Lc 6.36), e entendermos que a igreja é formada de pessoas
regeneradas e em crescimento espiritual (1Co 3.1-7; 6.1-5; 8.1,2), porém ainda
imperfeitas em sua natureza humana (Rm 7.14-23), embora perfeitas por sua
posição em Cristo (1Co 1.1,2; Ef. 2.5,6; 2Pe 1.4).
2. Jesus condena o juízo temerário.
A precipitação
é uma atitude condenada pelas Escrituras (Pv 18.13,17; 20.25; 21.5; 29.20).
Julgar qualquer pessoa, sem conhecimento de causa, de plena consciência dos
fatos, sem considerar o que a Bíblia diz sobre o assunto, é perigoso,
imprudente e temerário. Tiago nos exorta: “Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala
contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando
você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há
apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você
para julgar o seu próximo? (Tg 4.11,12 – NVI).
3. Jesus condena os que não conseguem
ver suas falhas e são hipercríticos.
Para
ensinar sobre o dever de examinar a nós mesmos antes mesmo de qualquer juízo
sobre o outro, Jesus usa uma hipérbole da “trave e do cisco” (Mt 7.3,4,5). Com ela,
nos é ensinado que precisamos, primeiro tirar a trave de nossos olhos, ou seja,
aprender a reconhecer e lidar com nossas próprias falhas e pecados, para
depois, termos uma visão clara e conseguir tirar o cisco do olho de nosso
irmão. “Precisamos ser tão críticos de nós mesmos quanto somos dos outros, e
tão generosos para com os outros quanto o somos sempre para com nós mesmos”
(STOTT, 2018, p. 85,86).
IV. DISCERNIMENTO: O BOM SENSO NO JULGAMENTO (Mt 7.6)
Depois
de nos alertar contra o comportamento crítico, Jesus nos adverte contra a falta
de discernimento, especialmente na escolha das pessoas a quem apresentamos as
riquezas maravilhosas do evangelho.
1. Discernimento.
O
dicionário da língua portuguesa diz que é: “ato ou efeito de discernir;
capacidade de compreender situações de separar o certo do errado; capacidade de
avaliar as coisas com bom senso e clareza; juízo, tino” (HOUAISS, 2001,
p. 1051 – grifo nosso). Em Mateus 7.6, o Senhor Jesus nos apresenta o perigo de
não sabermos discernir.
2. O bom senso no julgamento.
Enquanto
nos cinco primeiros versículos do capítulo 7 de Mateus, destina-se às pessoas que
julgam umas às outras (Mt 7.6) é usado para falar daquelas que não têm bom
senso. Jesus está ordenando aos seus discípulos que não compartilhem as partes
mais preciosas da verdade espiritual com pessoas persistentemente perversas, indiferentes
e insatisfeitas. Assim como as pérolas (significado segundo Mt 13.46 – reino de
Deus ou a salvação) não satisfizeram os animais selvagens, mas os deixaram
enfurecidos e perigosos, também tem muitas das riquezas da revelação de Deus
não agradam a muita gente (CARSON, 2019, p. 118). Nosso testemunho cristão deve
ser conduzido com discernimento. Se as pessoas têm tido muitas oportunidades
para ouvir a verdade, mas se recusam a responder a ela, insistem em dar as
costas para Cristo, e se apresentam como cães e porcos (2Pd 2.22), não devemos
insistir com elas. Se fizermos isso, barateamos o evangelho de Deus, permitindo
que elas pisem nele [...]. Ao mesmo tempo, desistir das pessoas é um passo
muito sério a ser dado. Este ensino de Jesus é apenas para situações
excepcionais. Nossa resposta cristã normal é sermos pacientes e perseverarmos
com os outros, como Deus pacientemente tem perseverado conosco (STOTT,
2018, p.87 – grifo nosso).
CONCLUSÃO
Concluímos
que seguir a recomendação do mestre para não julgar precipitadamente o próximo.
Não devemos tomar a posição de juiz contra ninguém e muito menos julgar uma
pessoa pela aparência. Se formos fazer alguma avaliação a respeito de alguém,
devemos ser criteriosos, sensatos, e lúcidos, evitando assim sermos precipitados
nas conclusões.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø CARSON,
D. A. O Sermão. HAGNOS.
Ø GOMES,
Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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