sábado, 20 de agosto de 2022

LIÇÃO 08 – A SUTILEZA DO ENFRAQUECIMENTO DA IDENTIDADE PENTECOSTAL


 
 
 
 
At 2.1-4; 1Co 12.7-11 
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos uma definição dos termos “enfraquecimento” e “identidade”; pontuaremos algumas distorções no culto e na liturgia na contemporaneidade; falaremos sobre os princípios bíblicos indispensáveis ao culto; e por fim; pontuaremos os elementos do genuíno culto pentecostal.
 
 
I. DEFINIÇÃO DOS TERMOS “ENFRAQUECIMENTO” E “IDENTIDADE”
1. Definição do termo enfraquecimento.
“Ato ou efeito de enfraquecer; perda de intensidade ou força; fraqueza; debilidade; falta de ânimo; desânimo; desalento; diminuição das propriedades ou da intensidade ou do poder de ação” (HOUAISS, 2001, p. 1146).
 
2. Definição do termo identidade.
“Conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la” (HOUAISS, 2001, p. 1565).
 
 
II. DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA NA CONTEMPORANEIDADE
A maneira como uma igreja adora ao Senhor reflete a sua crença e os seus valores. O culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e históricos, chegando-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela irreverência, superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades humanas, e não com a presença e a glória de Deus. Notemos algumas distorções no culto:
 
1. Desvios na liturgia da Igreja na atualidade.
Infelizmente têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em algumas igrejas em nossos dias tais como: a) rodopios e dança espiritual. Davi dançou patrioticamente, mas, nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este comportamento entre os elementos do culto; b) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17); c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase desordenada na atuação de satanás na igreja com entrevistas com demônios; d) decretar o que Deus deve fazer. Há muitos que, desprezando a soberania divina, passam a determinar seus “direitos” e a decretar suas “posses” como se o Senhor lhes fosse um mero empregado; e) riso e cair no espírito. As pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; g) cultos exóticos. Há tantas inovações e exotismos invadindo em alguns cultos, que, algumas dessas extravagâncias, em nada diferem do misticismo pagão do tempo de Paulo (Cl 2.18); e, h) judaização do culto. Introdução de elementos judaicos no culto cristão como estrela de Davi, menorá, talit, kipá, shophar.
 
2. Desafios no culto da Igreja na atualidade.
Vários movimentos, incorretamente intitulados de pentecostais, têm surgido ao longo dos anos. Tais dissidências acabaram criando um segmento esotérico, místico e sincrético que em nada lembra o verdadeiro cristianismo (Cl 2.18). A igreja tem vivenciado uma influência de modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o seu culto e liturgia como: a) Perda do costume da oração coletiva (Jz 21.2; Jz 2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); b) diminuição de tempo para exposição da Palavra (Cl 3.16); c) perda da adoração cristocêntrica; d) ênfase em mensagens de autoajuda e hinos sem adoração, centrado apenas no homem e suas experiências (antropocentrismo); f) aplausos substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, g) danças teatrais nos cultos que retiram a centralidade da palavra. Não podemos nos esquecer, também, de extravagâncias doutrinárias como, por exemplo, a teologia da prosperidade, confissão positiva, quebra de maldição, triunfalismo e outros aleijões teológicos e heresias.
 
 
III. PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO
Devemos lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e dançante, gelo seco, roupas extravagantes, músicas carregadas de agressividade e barulho, nos mais diversos ritmos onde os participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e autossatisfação. Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co 10.31). O culto para alguns é apenas um ponto de encontro, um momento de interatividade social. Notemos as características do verdadeiro culto:
 
1. O culto deve ser teocêntrico.
Deus é zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele: “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, ... sou Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; ver ainda Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “...Assim diz o Senhor: Israel é meu filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx 3.12 - NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore ... e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 - NAA); “Temam ... e sirvam a Ele...” (Dt 6.13 - NAA). Podemos ver ainda os seguintes textos (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8).
 
2. O culto deve ser espiritual.
A primeira característica da adoração é que ela deve ser de adoradores que “... adorem em espírito ...” (Jo 4.23). Somente uma adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro. Por isso, os sacrifícios no culto cristão são espirituais: a) o corpo (Rm 12.1,2); b) o louvor (Hb 13.15); c) a prática do bem (Hb 13.16); e, d) a mútua cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).
 
3. O culto deve ser reverente.
O culto deve primar pela boa condução: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1Co 14.40). O culto deve ser racional e consciente (Rm 12.1). A liturgia pentecostal é simples conforme o modelo do NT: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas e contribuição financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias (SOARES (Org.), 2017, p. 145). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28).
 
4. O culto deve ser espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29; 2Cr 5.12-14).
No NT há espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade chegou a tal ponto que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na igreja primitiva (1Co 12.3;14). A igreja primitiva era autenticamente pentecostal tanto na forma quanto no conteúdo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.42.43).
 
 
V. OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL
São igrejas legitimamente pentecostais as que: a) Aceitam a soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de Deus, elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer manifestação espiritual (2Tm 3.16); b) Mantém a pureza da sã doutrina (At 2.42; 1Tm 4.16); c) Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais (At 2.39); d) Cumprem integralmente as demandas da Grande Comissão (Mc 16.15-20); e) Têm compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1Ts 5.17-23; 1Tm 4.8). Vejamos então os principais elementos do culto pentecostal:
 
1. Oração.
Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).
 
2. Hinos.
Uma das formas mais expressivas da adoração cristã é manifestada através de hinos e cânticos (Ef 5.18-21). Infelizmente, essa área da liturgia cristã muito tem sofrido com a proliferação de músicas que, sublimando o homem, minimizam o Senhor. Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25).
 
3. Leitura Bíblica.
A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no NT (Nm 24.7; Dt 31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11).
 
4. Contribuição.
As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44). A igreja primitiva adorava a Deus com a entrega voluntária de dízimos e ofertas (1Co 16.2; 2Co 9.7; Fp 4.18).
 
5. Pregação.
A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Ed 8.1-12; At 2.42; 17.11; Rm 10.14-17; Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (Ez 18.23; At 17.30; 1Tm 2.4). O genuíno pentecostalismo não admite qualquer outra revelação além das Escrituras Sagradas, pois prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina (Cl 1.6-9). Logo, nossa única regra de fé e conduta é a Bíblia Sagrada, a inspirada, inerrante, absoluta e completa Palavra de Deus.
 
6. Dons espirituais.
Não se pode pensar em culto pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais, pois ele é caracterizado não apenas pela verdadeira adoração ao Criador, mas também pelas manifestações espirituais e sobrenaturais do Espírito Santo (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no culto pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos dons, tais como: “revelação, língua, interpretação, profecia e outros” (1Co 14.26-40).
 
 
CONCLUSÃO
Nesta lição, que o verdadeiro culto pentecostal é centrado na Palavra. Vimos também algumas sutilezas dos erros que têm aparecido no meio do Movimento Pentecostal. E apontamos por fim, para o modelo bíblico do culto ao Senhor.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD. 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.
 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário