sexta-feira, 4 de novembro de 2022

LIÇÃO 06 – A JUSTIÇA DE DEUS



  


Ez 14.12-21
 
 


INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a definição etimológica do termo “justiça” e a forma bíblica e exegética; pontuaremos os aspectos da justiça divina; estudaremos a justiça punitiva de Deus; e por fim; analisaremos a misericórdia e a justiça de Deus como parte da sua natureza.
 
 
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA JUSTIÇA
1. Definição etimológica do termo justiça.
Segundo o dicionário Houaiss significa: “caráter, qualidade do que está em conformidade com o que é direito, com o que é justo” (2001, p. 1696).
 
2. Definição teológica do termo justiça.
Os termos bíblicos no hebraico, “tsedeq” e “tsedakah” como também o vocábulo grego “dikaiosune”, são traduzidos em português por ‘justiça’ ou ‘retidão’ (CHAMPLIN, 2004, p. 677). Teologicamente, diz respeito “à característica intrínseca de Deus em que Ele é absolutamente justo ou reto e é o padrão último de justiça e retidão” (GEISLER, 2010, p. 829).
 
 
II. ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS
Sobre a justiça em Deus, duas coisas devem ser destacadas:

1. Justiça interna.
Diz respeito quem Deus é. Seu caráter é justo. Ele só faz o que é reto. A Bíblia é farta quanto a versículos que apontam esta característica divina (Êx 9.27; Dt 32.4; Ed 9.15; Ne 9.33; Sl 11.7; 116.5; Is 45.21). A justiça é um dos atributos morais de Deus. A justiça de Deus é, em última instância, a sua santidade em ação. Pode ser definida, também, como o atributo moral e básico do Todo-Poderoso, através do qual manifesta Ele a sua fidelidade para os seus propósitos e decretos, e, principalmente, em relação à sua natureza justa e santa. Por conseguinte, sua justiça e santidade acham-se intimamente associadas; não se pode abstrair uma da outra sem violar sua inefável natureza (ANDRADE, 2006. p. 243). Segundo Campos a justiça é “a fase da santidade de Deus que é vista no seu tratamento do obediente e do desobediente ambos sujeitos ao seu domínio”. Nesse atributo Deus dá a cada um o que é devido (2002, p. 340).
 
2. Justiça externa.
Diz respeito como Deus age, com justiça. Sendo inteiramente justo, Ele revela sua justiça no seu relacionamento com os seres humanos. Deus é chamado nas Escritura de Juiz (Gn 18.25; Jó 9.15; Sl 50.6). Sobre isso a Bíblia diz que:
a) A justiça diz respeito aos seus justos juízos (Sl 19.9);
b) A justiça é a base do seu trono (Sl 89.14).
c) A justiça é o cetro do seu Reino (Hb 1.8).
d) A justiça não comete iniquidade (Sf 3.5).
e) A justiça é perene (2 Co 9.9).
f) A justiça é o padrão último de julgamento para o mundo (At 17.31)
g) A justiça retribui a todos de acordo com as ações dos seres humanos (Rm 2.6);
h) A justiça é a base para as recompensais dos crentes (2 Tm 4.8).
i) A justiça é revelada na lei de Deus (Rm 10.5).

 
III. A JUSTIÇA PUNITIVA DE DEUS
A Lei de Deus, interna, escrita nos corações e externa, a Bíblia, reflete a sua santidade. Quando esta Lei é infringida, a santidade de Deus o obriga a manifestar-se justamente em ira. O ser humano, caído em pecado, está em dívida com a lei e, portanto, deve receber a punição dela. Segundo Campos: “Por causa da natureza do próprio Deus, a justiça divina está original e necessariamente obrigada a castigar o mal [...]” (2012, p. 347). O apóstolo Paulo, quando escreveu a Epístola aos Romanos faz algumas considerações sobre a ira de Deus. Notemos:
 
1. A dinâmica da ira de Deus (Rm 1.18a).
Ao contrário do que pensam os ímpios, a ira de Deus “se manifesta”, ela não fica oculta. Esta expressão no grego é “apocalipto” e significa: “revelar, manifestar, expor”. Ainda que pareça que a impiedade domine e Deus tarde em revelar sua ira, Ele a manifestará ao seu tempo. Ele disse a Abraão que visitaria a iniquidade dos amorreus, quando se completa a medida (Gn 15.16). Os sacerdotes que queimavam incenso aos ídolos no templo, pensavam que Deus não estava vendo (Ez 8.12). No entanto, Deus mostrou a Ezequiel que havia de puni-los pela maldade que praticaram (Ez 8.17,18).
 
2. A origem da ira de Deus (Rm 1.18b).
O apóstolo Paulo nos diz que “do céu se manifesta a ira de Deus”. Essa ira procede daquele que se assenta no trono e governo todo o universo (Ap 15.7; 16.1). Ele manifestou sua ira dos céus sobre a geração de Noé, trazendo um grande dilúvio (Gn 7.13,17); também manifestou sua ira, fazendo descer fogo e enxofre dos céus, sobre os habitantes de Sodoma e Gomorra por sua maldade (Gn 19.24,25). Na ocasião da inauguração do templo, construído por Salomão, o Senhor lhe falou o que enviaria sobre o seu povo se este pecasse e se afastasse dele (2 Cr 7.13).
 
3. A causa da ira de Deus (Rm 1.18).
Paulo nos informou também qual o motivo que causa a ira divina: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”. São aos atos pecaminosos dos seres humanos sobre a face da terra que incitam a ira divina (Dt 9.7; 1 Rs 22.54; Ez 35.11; Ef 5.6). Ele mostrou, com indignação, o que os judeus estavam fazendo em oculto dentro do templo (Ez 8.13-16), que foi construído para ser um lugar de adoração (2 Cr 7.15,16).
 
4. O alvo da ira de Deus (Rm 1.18d).
O alvo da ira de Deus é o pecador que além de viver fazendo o que aborrece o Criador: “detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18c). Israel foi escolhido por Deus e dele recebeu privilégio (Rm 9.4,5), a despeito disso, transgrediu gravemente contra o Senhor, se tornando alvo da sua ira, que haveria de retribuir-lhes segundo Sua justiça retributiva (Jr 25.14). Ele mostrou a Ezequiel que haveria de punir com a morte, aqueles que haviam profanado o Seu templo e lhe dado às costas (Ez 9.1-11).
 
 
IV. A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS COMO PARTE DA SUA NATUREZA
Antes de revelar a sua justiça retributiva aos pecadores, punindo-os, o Senhor revela a sua misericórdia a fim de trazer os homens ao arrependimento. A palavra “misericórdia” ocorre na Bíblia 158 vezes. No AT 99 e no NT 59 (JOSHUA, sd, p. 977). A palavra hebraica para misericórdia é “rahamîm” que significa: “entranhas, misericórdias, compaixão”, esta mesma expressão é traduzida para o grego por “eleõ” mostrar generosidade, mediante beneficência ou ajuda (VINE, 2001, pp. 73,480). Teologicamente diz respeito a “uma compaixão suscitada pela miséria do próximo” (ANDRADE, 2006, p. 266 – acréscimo nosso). Vejamos como Deus age com o homem:
 
1. Antes de Deus punir o seu povo com justiça o adverte dos seus erros.
Em todo tempo da história de Israel, todas às vezes que o povo se afastou de sua verdade, vimos Deus os advertindo de seus caminhos injustos. Se Deus tivesse prazer em destruir sequer advertia o seu povo (Ez 18.32; 33.11). Os judeus foram chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 2.5).
 
2. Antes de Deus punir o seu povo com justiça os chama ao arrependimento.
Deus sempre usou seus mensageiros em época de crise para chamar o Seu povo ao arrependimento e a conversão, antes de enviar-lhes a punição. A principal função dos profetas era agir como embaixadores ou mensageiros divinos, anunciando a vontade de Deus para o seu povo, especialmente em épocas de crise. Eles eram, acima de tudo, pregadores da justiça em época de decadência moral e espiritual (Jr 3.1; Os 6.1; Jl 2.12,13; Ez 18.31,32).
 
3. Deus não trata ímpios e justos da mesma forma.
Em sua justiça, Deus trata o ímpio e o justo de forma diferente. Ao ímpio que rejeita o Seu convite gracioso de arrependimento, ele o pune severamente; ao justo, que anda em retidão, Deus o poupa e o abençoa: “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa. E disse-lhes: Contaminai a casa, e enchei os átrios de mortos, e saí. E saíram e feriram na cidade” (Ez 9.4-7).
 
 
CONCLUSÃO
Concluímos esta lição conscientes de que o enfoque da justiça de Deus diz respeito à retribuição divina ao pecado. É importante ter em mente que a Justiça é um atributo de Deus, é uma das Suas características próprias. Ser justo é uma qualidade fundamental da natureza do Senhor.
 
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e seus atributos. CULTURA CRISTÃ.
Ø  ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
Ø  GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø  LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo. HAGNOS.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
 
 

Por Rede Brasil de Comunicação.


 

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