Ez 14.12-21
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a definição etimológica do termo
“justiça” e a forma bíblica e exegética; pontuaremos os aspectos da justiça
divina; estudaremos a justiça punitiva de Deus; e por fim; analisaremos a
misericórdia e a justiça de Deus como parte da sua natureza.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA JUSTIÇA
1.
Definição etimológica do termo justiça.
Segundo o
dicionário Houaiss significa: “caráter, qualidade do que está em
conformidade com o que é direito, com o que é justo” (2001, p. 1696).
2.
Definição teológica do termo justiça.
Os termos bíblicos no hebraico, “tsedeq” e “tsedakah”
como também o vocábulo grego “dikaiosune”, são traduzidos
em português por ‘justiça’ ou ‘retidão’ (CHAMPLIN, 2004, p. 677).
Teologicamente, diz respeito “à característica intrínseca de Deus em que Ele é
absolutamente justo ou reto e é o padrão último de justiça e retidão” (GEISLER,
2010, p. 829).
II. ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS
Sobre a justiça em Deus, duas coisas devem
ser destacadas:
1. Justiça
interna.
Diz respeito quem Deus é. Seu caráter é justo. Ele só faz o
que é reto. A Bíblia é farta quanto a versículos que apontam esta
característica divina (Êx 9.27; Dt 32.4; Ed 9.15; Ne 9.33; Sl 11.7; 116.5; Is
45.21). A justiça é um dos atributos morais de Deus. A justiça de Deus é, em
última instância, a sua santidade em ação. Pode ser definida, também, como o
atributo moral e básico do Todo-Poderoso, através do qual manifesta Ele a sua
fidelidade para os seus propósitos e decretos, e, principalmente, em relação à sua
natureza justa e santa. Por conseguinte, sua justiça e santidade acham-se
intimamente associadas; não se pode abstrair uma da outra sem violar sua
inefável natureza (ANDRADE, 2006. p. 243). Segundo Campos a justiça é “a fase
da santidade de Deus que é vista no seu tratamento do obediente e do
desobediente ambos sujeitos ao seu domínio”. Nesse atributo Deus dá a cada um o
que é devido (2002, p. 340).
2. Justiça
externa.
Diz respeito como Deus age, com justiça. Sendo inteiramente
justo, Ele revela sua justiça no seu relacionamento com os seres humanos. Deus
é chamado nas Escritura de Juiz (Gn 18.25; Jó 9.15; Sl 50.6). Sobre isso a
Bíblia diz que:
a) A justiça diz respeito aos seus
justos juízos (Sl 19.9);
b) A justiça é a base do seu trono
(Sl 89.14).
c) A justiça é o cetro do seu Reino
(Hb 1.8).
d) A justiça não comete iniquidade
(Sf 3.5).
e) A justiça é perene (2 Co 9.9).
f) A justiça é o padrão último de
julgamento para o mundo (At 17.31)
g) A justiça retribui a todos de
acordo com as ações dos seres humanos (Rm 2.6);
h) A justiça é a base para as
recompensais dos crentes (2 Tm 4.8).
i) A justiça é revelada na lei de
Deus (Rm 10.5).
III. A JUSTIÇA PUNITIVA DE DEUS
A Lei de Deus,
interna, escrita nos corações e externa, a Bíblia, reflete a sua santidade.
Quando esta Lei é infringida, a santidade de Deus o obriga a manifestar-se
justamente em ira. O ser humano, caído em pecado, está em dívida com a lei e,
portanto, deve receber a punição dela. Segundo Campos: “Por causa da
natureza do próprio Deus, a justiça divina está original e necessariamente
obrigada a castigar o mal [...]” (2012, p. 347). O apóstolo Paulo,
quando escreveu a Epístola aos Romanos faz algumas considerações sobre a ira de
Deus. Notemos:
1. A dinâmica
da ira de Deus (Rm 1.18a).
Ao contrário do que pensam os ímpios, a ira de Deus “se
manifesta”, ela não fica oculta. Esta expressão no grego é “apocalipto”
e significa: “revelar, manifestar, expor”. Ainda que
pareça que a impiedade domine e Deus tarde em revelar sua ira, Ele a
manifestará ao seu tempo. Ele disse a Abraão que visitaria a iniquidade dos
amorreus, quando se completa a medida (Gn 15.16). Os sacerdotes que queimavam
incenso aos ídolos no templo, pensavam que Deus não estava vendo (Ez 8.12). No
entanto, Deus mostrou a Ezequiel que havia de puni-los pela maldade que
praticaram (Ez 8.17,18).
2. A origem da ira de Deus (Rm 1.18b).
O apóstolo Paulo nos diz que “do
céu se manifesta a ira de Deus”. Essa ira procede daquele que se
assenta no trono e governo todo o universo (Ap 15.7; 16.1). Ele manifestou sua
ira dos céus sobre a geração de Noé, trazendo um grande dilúvio (Gn 7.13,17);
também manifestou sua ira, fazendo descer fogo e enxofre dos céus, sobre os
habitantes de Sodoma e Gomorra por sua maldade (Gn 19.24,25). Na ocasião da
inauguração do templo, construído por Salomão, o Senhor lhe falou o que
enviaria sobre o seu povo se este pecasse e se afastasse dele (2 Cr 7.13).
3. A causa da ira de Deus (Rm 1.18).
Paulo nos informou também qual o
motivo que causa a ira divina: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus
sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”.
São aos atos pecaminosos dos seres humanos sobre a face da terra que incitam a
ira divina (Dt 9.7; 1 Rs 22.54; Ez 35.11; Ef 5.6). Ele mostrou, com indignação,
o que os judeus estavam fazendo em oculto dentro do templo (Ez 8.13-16), que
foi construído para ser um lugar de adoração (2 Cr 7.15,16).
4. O alvo da ira de Deus (Rm 1.18d).
O alvo da ira de Deus é o pecador
que além de viver fazendo o que aborrece o Criador: “detêm a verdade em
injustiça” (Rm 1.18c). Israel foi escolhido por Deus e dele recebeu
privilégio (Rm 9.4,5), a despeito disso, transgrediu gravemente contra o
Senhor, se tornando alvo da sua ira, que haveria de retribuir-lhes segundo Sua
justiça retributiva (Jr 25.14). Ele mostrou a Ezequiel que haveria de punir com
a morte, aqueles que haviam profanado o Seu templo e lhe dado às costas (Ez 9.1-11).
IV.
A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS COMO PARTE DA SUA NATUREZA
Antes de revelar a sua justiça
retributiva aos pecadores, punindo-os, o Senhor revela a sua misericórdia a fim
de trazer os homens ao arrependimento. A palavra “misericórdia” ocorre
na Bíblia 158 vezes. No AT 99 e no NT 59 (JOSHUA, sd, p. 977). A palavra
hebraica para misericórdia é “rahamîm” que significa: “entranhas,
misericórdias, compaixão”, esta mesma expressão é traduzida para o
grego por “eleõ” mostrar generosidade, mediante beneficência ou
ajuda (VINE, 2001, pp. 73,480). Teologicamente diz respeito a “uma
compaixão suscitada pela miséria do próximo” (ANDRADE, 2006, p. 266 –
acréscimo nosso). Vejamos como Deus age com o homem:
1. Antes de Deus punir o seu povo
com justiça o adverte dos seus erros.
Em todo tempo da história de
Israel, todas às vezes que o povo se afastou de sua verdade, vimos Deus os
advertindo de seus caminhos injustos. Se Deus tivesse prazer em destruir sequer
advertia o seu povo (Ez 18.32; 33.11). Os judeus foram chamados de “casa
rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O
termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”,
“teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece
treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6).
Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos
divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta
autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 2.5).
2. Antes de Deus punir o seu povo
com justiça os chama ao arrependimento.
Deus sempre usou seus mensageiros
em época de crise para chamar o Seu povo ao arrependimento e a conversão, antes
de enviar-lhes a punição. A principal função dos profetas era agir como
embaixadores ou mensageiros divinos, anunciando a vontade de Deus para o seu
povo, especialmente em épocas de crise. Eles eram, acima de tudo, pregadores da
justiça em época de decadência moral e espiritual (Jr 3.1; Os 6.1; Jl 2.12,13;
Ez 18.31,32).
3. Deus não trata ímpios e justos
da mesma forma.
Em sua justiça, Deus trata o ímpio
e o justo de forma diferente. Ao ímpio que rejeita o Seu convite gracioso de
arrependimento, ele o pune severamente; ao justo, que anda em retidão, Deus o
poupa e o abençoa: “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo
meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que
gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos
outros disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele e feri; não poupe o vosso
olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e
mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos
chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos
que estavam diante da casa. E disse-lhes: Contaminai a casa, e enchei os átrios
de mortos, e saí. E saíram e feriram na cidade” (Ez 9.4-7).
CONCLUSÃO
Concluímos esta lição conscientes
de que o enfoque da justiça de Deus diz respeito à retribuição divina ao
pecado. É importante ter em mente que a Justiça é um atributo de Deus, é uma
das Suas características próprias. Ser justo é uma qualidade fundamental da
natureza do Senhor.
REFERÊNCIAS
Ø
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico.
CPAD.
Ø
CAMPOS,
Heber Carlos de. O Ser de Deus e seus
atributos. CULTURA CRISTÃ.
Ø
ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo
Testamento. VIDA.
Ø
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática.
CPAD.
Ø
LOPES,
Hernandes Dias. Romanos: o evangelho
segundo Paulo. HAGNOS.
Ø
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário