Ez 18.20-28
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos uma breve definição do termo
responsabilidade, que é uma palavra chave, para a compressão do assunto aqui
tratado; destacaremos também, a condição da nação de Israel, nesse ponto do
livro do profeta Ezequiel; ressaltaremos os principais aspectos da mensagem de
Deus através do profeta; e, por fim, elencaremos quais as atitudes que Deus
esperava de seu povo, e que servem de referência para os nossos dias.
I. DEFINIÇÃO DO
TERMO RESPONSABILIDADE
1. Definição do termo.
A palavra responsabilidade procede do latim: “respondere”,
literalmente: “responder”. Usada como um termo moral, significa que: “o indivíduo dever responder ou reagir diante
de certos deveres, a fim de ajustar-se a algum padrão moral e espiritual”.
A responsabilidade pessoal, é o estado de quem sente que precisa prestar contas
de seus atos; de quem sente que precisa cumprir com as suas obrigações; de quem
sente que precisa atender a reivindicações legítimas (CHAMPLIN, 2004, p.672).
II. A CONDIÇÃO DA
NAÇÃO DE JUDÁ
1. Condição histórica.
O capítulo 18 do livro de Ezequiel, combate uma argumentação
da nação de Israel que se sentia desobrigada de responsabilidade moral pelo
juízo divino. Em forma de um provérbio, do hebraico “mashal” ou seja, “um
adágio, poema, parábola, discurso”; o povo dizia: “[...] os
pais comeram uvas verdes, e os dentes de seus filhos se embotaram?” (Ez
18.2). Afirmando com isso, que a punição de Deus era injusta e que eles estavam
sendo penalizados pelos pecados de seus antepassados (Ez 18.25,29).
2. Condição espiritual.
Os profetas Jeremias e Ezequiel trouxeram à nação de Judá uma
mensagem de Juízo e conclamação ao arrependimento. Entretanto, a nação com dura
cerviz, culpava seus antepassados pelo juízo. Com essa atitude eles
demonstravam três grandes problemas:
A) Insensibilidade ao
seu estado de pecado.
A nação não se sentia culpada. A indiferença e a
insensibilidade sempre serão frutos de uma vida sem comunhão com Deus: “[...]
porquanto
todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos” (Ez 14.5b).
B) Transferência de
culpa aos familiares.
Nos dias de Ezequiel, os israelitas estavam usando o
provérbio para justificar-se e para culpar seus pais pelo infortúnio nacional.
A propósito, transferência de culpa foi o primeiro fato evidente no ato da
queda (Gn 3.12,13). Nunca devemos culpar os outros por nossas más atitudes, mas
devemos reconhecer nossas falhas, nos arrependermos e confessarmos as nossas
faltas, buscando o perdão divino: “O que encobre as suas transgressões nunca
prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv
28.13).
C) Atribuição de
injustiça a Deus.
Não bastasse a insensibilidade de reconhecer seus pecados,
Israel atribuía culpa ao próprio Deus pelos seus métodos e castigos: “E, no
entanto, o povo de Israel continua a dizer: ‘O Senhor não é justo!’. Ó povo de
Israel, vocês é que são injustos, e não eu! (Ez 18.29 - NVT). Em uma
outra versão encontramos a seguinte expressão: “Apesar disso ser uma coisa tão
clara, os israelitas continuam reclamando: O Senhor está sendo injusto no seu
julgamento! Israelitas, vocês são os injustos, e não Eu” (Ez 18.29 -
VIVA). Há pessoas que buscam sempre culpar a Deus ou mesmo o diabo pelos
problemas de suas vidas, esquecendo-se que em muitos casos, os problemas são
frutos dos próprios erros: “De que se queixa, pois, o homem vivente?
Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3.39).
III. A MENSAGEM DE
DEUS ATRAVÉS DO PROFETA EZEQUIEL
1. Todos são iguais
perante Deus: “[...]
a
alma que pecar, essa morrerá” (Ez.
18.4b).
O profeta mostra que Deus não faz acepção de pessoas; antes,
deseja que todos se arrependam e vivam. Deus não t em filhos prediletos e nem
netos, Ele deseja que todos os seus filhos reproduzam o seu caráter no dia a
dia (Mt 5.13,16; 1Pe 1.15).
2. Nosso relacionamento
com Deus envolve compromisso moral (Ez 18.5).
Como filhos, devemos reproduzir o caráter de Deus:
- “[...] não comendo sobre os montes [...]” (Ez 18.6a). Não oferece sacrifícios e nem come das oferendas a outros supostos deuses, pois ele pertence ao Deus Verdadeiro e Santo (1Co 10.25-30; Rm. 12.1,2);
- “[...] nem levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel [...]” (Ez 18.6b). Ele não cultua, adora, venera ou deseja nenhum ídolo (tudo aquilo que substitui a Deus em nossas vidas). Pois só o Senhor ama e adora (Dt 6.5; Mt 22.37; Mc 12.30; Lc 10.27);
- “[...] nem se contaminando com a mulher de seu próximo [...]” (Ez 18.6c). Seu corpo é templo do Espírito Santo, logo, não há espaço para prostituição, fornicação, adultério e toda sorte de práticas imorais (Rm 6.11-16; 1Co 6.13-20; Gl 5.19-21);
- “[...] não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, não roubando, dando o seu pão ao faminto, cobrindo ao nu com sua veste [...]” (Ez 18.7). O que vive em santidade não se isola do mundo, ele vive no mundo demonstrando no seu testemunho pessoal seu compromisso com Deus no seu relacionamento com a sociedade (Mt 5.13,16; 1Pe 1.15; Tg 1.22-25);
- “[...] Ele não empresta visando lucro e nem cobra juros [...]” (Ez 18.8 - NVI). O justo não pede dinheiro a agiota e nem pratica agiotagem (Ez 18.8; Êx 22.25; Lv 25.37; Dt 22.15);
- “[...] andando nos meus estatutos e guardando os meus juízos [...]” (Ez 18.9). O justo tem seu prazer na lei do Senhor (Sl 1; 119), e por isso, santidade é sua prioridade de vida;
- “[...] para proceder segundo a verdade [...]” (Ez 18.5). O filho de Deus não se deixa levar por falsos avivamentos, shows gospels, ou qualquer outra inovação; sua vida é regulada pela Palavra de Deus (Sl 119.9,11).
3. Deus exige de cada um de seus filhos uma vida de
santidade.
O capítulo 18 de Ezequiel mostra-nos que o justo, deve ter uma
vida de excelência moral, uma vida de santidade (Ez 18.5-9), fato, aliás, que
já estava previsto no Código de Santidade de Deus para os seus servos (Lv
17-26), e que marca o estilo de vida dos autênticos servos de Deus (Mt 5.20), e
que querem ver ao Senhor (Hb 12.14).
4. Cada um responderá por seus atos diante de Deus.
O que Ezequiel diz é que, mesmo que os filhos possam sofrer
por causa dos pecados dos seus pais em uma ordem natural de causa e efeito,
Deus não vai castigar um filho pelos pecados de seu pai e também não
considerará justo o filho injusto porque seu pai foi justo. O profeta deixa
claro que a “teologia da transferência de culpa” não resistirá ao juízo de Deus
(Ez. 18.29,30). Pois cada um responderá por seus atos diante de Deus, sejam
bons ou maus (Rm 14.10-12; 1Co. 4.4,5; Ap 20.11-15); nada fugirá de seu juízo
(Hb 4.12,13).
5. A possiblidade real da perda da salvação.
Deus deixa claro por meio do profeta Ezequiel, da
possibilidade de o justo perder a sua comunhão com o Senhor ao perguntar: “[...]
desviando-se
o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as
abominações que faz o ímpio, porventura viverá? (Ez 18.24), a resposta
obviamente é: não! Essa pessoa realmente
foi justa e realmente caiu da graça. Se ela não voltar para Deus, mas morrer em
seu estado caído, sofrerá a ira santa de Deus: “Desviando-se o justo da sua
justiça e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu,
morrerá” (Ez 18.26). A ideia, difundida pelos calvinistas, que um
cristão não pode cair da graça e perder-se, vai contra o ensino desse texto. É
difícil entender como alguém pode conciliar a teologia de “uma vez na salvo,
sempre salvo” com o claro ensino bíblico dessa passagem e em toda a Escritura.
IV. UM CHAMADO PARA
A RESTAURAÇÃO
Ante a
situação espiritual, moral e social que vivia a nação de Israel, o profeta traz
ainda uma palavra de esperança, compartilhando um chamado de Deus. Notemos:
1. Um chamado ao arrependimento: “[...] arrependam-se!” (Ez.
18.30b – NVI). Não há outro caminho para a santidade, a não ser por
meio do arrependimento (Ez 14.6; 33.11; Jr. 25.5; 35.15).
2. Um chamado à santidade: “Desviem-se de todos os seus males”
(Ez.
18.30b – NVI). O desejo de Deus é que os homens busquem a santidade e
uma comunhão com Ele (Ez 7.19; 14.3,4,7).
3. Um chamado à mudança: “[...]e busquem um coração novo e
um espírito novo” (Ez 18.31 – NVI). Ninguém que queira
se relacionar com Deus, pode continuar do mesmo jeito (Ez 11.19,20; 36.26,27;
2Co 5.17).
4. Um chamado à vida: “[...] arrependam-se
e vivam” (Ez 18.32b - NVI). Deus não tem prazer na morte do ímpio. E por
isso chama todos ao arrependimento para que vivam (Ez 33.11); e tenham uma vida
maiúscula: “[...] eu vim para que tenham vida e a tenham com
abundância” (Jo 10.10).
CONCLUSÃO
Apesar da mensagem de juízo pela dureza do coração do povo e
as claras consequências pela responsabilidade de cada um; Deus demonstra seu
grande amor ao trazer também neste capitulo, uma palavra de esperança,
arrependimento e vida, evidenciando que não tem prazer na morte do pecador.
REFERÊNCIAS
Ø Comentário Beacon:
Isaías a Daniel. Vol. 4. CPAD.
Ø Lição do Simpósio de
Doutrinas Bíblicas 2014. IEADPE.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø CHAMPLIN, R. Norman. Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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