At 2.14-24
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos sobre um dos mais controversos discípulos de Cristo, chamado Simão
Pedro; faremos algumas considerações gerais sobre sua vida, destacando a sua
necessidade urgente de um avivamento; pontuaremos também, as ações do Senhor
Jesus para a sua restauração; e por fim, elencaremos alguns eventos que mostram
o aviamento no ministério do apóstolo Pedro.
I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O
APÓSTOLO PEDRO
1. Sua origem.
Originalmente
chamado de Simão, era filho de João (Jo 1.42) e irmão de André (Mt 4.18; Jo
6.8). Pedro era casado e sua esposa o acompanhou em suas viagens (Mt 8.14; 1Co
9.5). Antes de ser chamado por Jesus, trabalhava com seu pai como pescador (Mc
1.16-20). Pedro não fora educado religiosamente e possuía forte sotaque da
região da Galiléia (Mt 26.33). Era, portanto, considerado como leigo e sem
estudos pelos líderes judaicos de Jerusalém (At 4.13).
2. Sua chamada.
Pedro sempre
encabeça a lista dos discípulos de Jesus, não porque tenha sido o primeiro a
ser chamado, mas, devido ao fato de ser líder entre os discípulos. Em Mateus
10.2 lemos: “O primeiro, Simão, chamado Pedro” (também em Mc
3.16; Lc 6.14). Fazia parte do círculo mais íntimo dos discípulos de Cristo, no
qual encontravam-se também Tiago e João (Mc 5.37; 9.2; 13.3; Lc 8.51).
II. PEDRO E A NECESSIDADE URGENTE
DE UM AVIVAMENTO
1. Instabilidade
Pedro era um
discípulo dedicado, que buscava exercitar a fé, embora demonstrasse um pouco de
volubilidade, como revelou o incidente em que Jesus andou sobre a água (Mt
14.28-31). O mesmo Pedro que diz: “Tu és o Cristo, o filho do Deus Vivo”,
no mesmo capítulo chama Jesus à parte e repreende-o pôr o mestre está falando
sobre sua morte e ressurreição (Mt 16.22). Antes havia recebido um elogio (Mt
16.18), agora, uma repreensão (Mt 16.23). Questionou sobre o perdão e foi
advertido a respeito do que aconteceria com o discípulo que não perdoasse e a
tortura que experimentaria (Mt 18.21-35). Foi rápido ao lembrar a Jesus que os
discípulos abandonaram tudo para segui-lo e recebeu a promessa de que os doze
se sentariam em tronos para julgar Israel (Mt 19.27-30; Mc 10.28; Lc 18.28).
Inicialmente não permitiu que Jesus lavasse seus pés e depois pediu que
banhasse também suas mãos e sua cabeça, como sinal de limpeza (Jo 13.6-10).
2. Autossuficiência.
Pedro se achava
forte demais, que ele era uma rocha, mas na verdade era pó. Apesar da séria
advertência da sua fragilidade espiritual revelada pelo Senhor Jesus: “Disse
também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como
trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te
converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.31,32), demonstra
autossuficiência diante do que o Senhor tinha dito a respeito de todos os
discípulos (Mt 26.31), Pedro de forma arrogante responde: “[...] ainda
que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei” (Mt
26.33). Em lugar de ser humilde, Pedro se projeta acima dos demais, insinuando
ser mais leal do que seus pares: “[...] ainda que todos se escandalizem,
nunca, porém, eu” (Mc 14.29). Confiar em se mesmo é insensatez, é o
primeiro passo para a queda espiritual (Pv 16.18).
3. Apatia.
Num momento
decisivo do ministério do Senhor Jesus, no jardim do Getsêmani, seria travada
naquela noite, a batalha mais renhida da história da humanidade. Jesus estava a
horas de sua crucificação; nesse momento, o Senhor leva consigo, Pedro, Tiago e
João. A pressão espiritual era muito grande, uma angustia indescritível veio
sobre Jesus (Mt 26.37-39). Em meio a esse contexto, onde Jesus precisava por
parte de seus discípulos, de empatia; como estava Pedro? O que tinha dito que
jamais abandonaria Jesus? Na hora mais decisiva, Pedro se esqueceu da promessa
que tinha feito: “E, voltando para os seus discípulos, achou-os
adormecidos; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste vigiar comigo? (Mt
26.40). Enquanto Jesus chorava e orava, Pedro dormia; por três vezes, Jesus vai
acordá-lo, mas ele insiste em dormir; o sono da fuga, da negligência, da apatia
(Mt 26.43). A insensibilidade, é um indicativo de um urgente avivamento (Ef
5.14).
4. Covardia.
A despeito de sua
valentia carnal demonstrada por mais de uma vez durante os três anos que
caminhou ao lado do mestre; como no momento da prisão de Cristo, numa atitude
impetuosa, cortou a orelha de Malco, empregado do sumo sacerdote (Jo 18.10),
naquela mesma noite que Jesus fora preso, os discípulos fogem covardemente,
inclusive Pedro (Mc 14.50). Pedro que tinha prometido a Jesus ir com ele para
prisão e até à morte, se distanciou e seguiu o Senhor de longe, para poupar a
si mesmo (Mt 26.58); sua covardia é acentuada, ao negar a Jesus abertamente,
por mais de uma vez (Mt 26.69,70,73,74). Diante de tal ato, expressão máxima do
declínio espiritual (Lc 12.9), Pedro ouve o cantar do galo (Mt 26.74,75) e se
depara com o olhar do Senhor Jesus (Lc 22.60-62), o que o fez lembrar do que
Cristo tinha falado e saiu a chorar amargamente (Mt 26.75; Mc 14.72).
III. PEDRO, ALVO DE UM AVIVAMENTO
A gravidade da negação
de Pedro, fez com que ele chorasse amargamente. De acordo com Lopes (2015, p.65
- acréscimo nosso), a palavra grega usada para “amargamente”, tem o
significado de “água podre”. Pedro, porém, diferente de Judas, não engoliu o
veneno. Sempre há esperança de restauração para os que choram o choro do
arrependimento.
1. A vida de Pedro
foi restaurada.
Diante do túmulo
vazio, as mulheres receberam instruções de dizer aos discípulos e a Pedro que
veriam Jesus na Galiléia. Mas há uma menção especial a Pedro: “[...]dizei
a seus discípulos e a Pedro [...]” (Mc 16.7). Isso, não porque Pedro
fosse um discípulo mais importante do que os outros, mas porque Pedro deveria
estar se sentindo excluído, por ter tido a queda mais vexatória. O que pode ser
percebido pelo fato de ter decido voltar à vida velha de pescador de onde o
Senhor o havia tirado (Jo 21.3; Lc 5.10,11). Pedro havia desistido de tudo, mas
Jesus não havia desistido dele. O Senhor o trata como filho (Jo 21.5);
preocupa-se com o seu bem estar físico (Jo 21.5); recria um cenário familiar
para a restaurar a auto estima (Jo 21.6); estabelece a comunhão e
compartilhamento (Jo 21.9,13) era o cenário da plena restauração, uma vez que: “[...]
onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20).
2. O ministério de
Pedro foi restaurado.
Depois da
refeição, Cristo questionou Pedro sobre o nível de seu amor por ele, por três
vezes; Para cada vez que Pedro negou, Jesus lhe deu a oportunidade de reafirmar
seu amor.: “Pedro [...] você me ama mais do que estes outros me amam?” (Jo
21.15 - NAA). Pedro confirma seu amor a Jesus, e recebe dele restauração plena
e comissão imediata: “[...] apascenta as minhas ovelhas” (Jo
21.17). Está claro que Jesus restaurou não apenas a vida de Pedro, mas também
seu ministério. A exigência para Pedro voltar à lide pastoral é amar a Jesus, o
dono do rebanho. Ao ser chamado pela primeira vez da sua ocupação de pescador
para ser seguidor de Jesus, foi-lhe dito que dali em diante ele seria pescador
de homens (Lc 5.10; Mc 1.17). Agora, ao anzol ou rede do pescador, é
acrescentado o cajado de pastor. Pedro aprendeu algumas lições importantes
durante essa difícil experiência. Aprendeu a prestar atenção à Palavra, vigiar,
orar e não confiar em suas próprias forças (1Pe 5.8).
IV. O AVIVAMENTO EVIDENCIADO NO
MINISTÉRIO DE PEDRO
1. No dia de
Pentecostes.
Logo após a
ascensão de Jesus aos céus, em obediência à ordem do mestre (Lc 24.49), os
discípulos voltaram do monte das Oliveiras para o cenáculo (At 1.12), onde
iniciaram uma reunião de oração; entre os que ali estavam, o primeiro da lista
era Pedro (At 1.13). Pedro havia sido o líder do grupo antes de sua queda e
seguiu sendo após a sua restauração. A propósito, a inciativa na substituição
de Judas, parte dele (At 1.15-26). Ao receber a promessa do batismo no Espírito
Santo, ele também se levanta ousadamente para dar testemunho público da
experiência pentecostal (At 2.14-36), resultando na conversão de quase três mil
pessoas (At 2.41). O Pentecostes foi um divisor na história de Pedro.
2. Diante do
sinédrio.
A vida de oração
se tornou prioridade na vida de Pedro (At 3.1), e como resultado do seu
compromisso, passa a ter uma vida operosa (At 3.6-8), Deus por meio dele operou
muitas maravilhas (At 5.1-11; 8.14-17; 9.32-42). O Pedro que antes negligenciava
na vida de oração, agora entende a sua devida importância (At 1.14; 4.31; 6.4).
Quando Pedro e João foram presos sob acusação de perturbar a ordem pública, foi
Pedro quem fez o discurso de defesa perante o sinédrio (At 4.8-12); com ousadia
e intrepidez, a ponto de ser reconhecida pelos próprios opositores: “Então,
eles, vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem
letras e indoutos, se maravilharam; e tinham conhecimento de que eles haviam
estado com Jesus” (At 4.13). O mesmo Pedro que antes negara a Jesus
diante de uma criada, enfrenta agora com inabalável coragem, a cúpula religiosa
dos Judeus e segue triunfantemente em meio as perseguições (At 4.25-31).
3. No primeiro
concílio.
O apóstolo deu
importante contribuição, lembrando aos presentes que, há muito, ele havia sido
escolhido para também anunciar a salvação aos gentios (At 15.7). Decerto se
referia ao episódio ocorrido na casa de Cornélio, cerca de dez anos antes.
Pedro defendeu o nivelamento entre judeus e gentios, bem como a salvação pela
fé e não pelas obras da lei: “e não fez diferença alguma entre eles e
nós, purificando o coração pela fé” (At 15.9). Ele também denunciou a
incoerência dos judaizantes, que, sendo judeus, viviam como gentios, e queriam
que os gentios vivessem como judeus (At 15.10).
CONCLUSÃO
A biografia do
apóstolo Pedro é um clássico exemplo do que Deus é capaz de fazer na vida de
uma pessoa, que apesar das suas fragilidades e declínio espiritual, mas, ao se
permitir ser trabalhado pela ação do Espírito Santo, pode desfrutar de uma vida
cheia da presença do Senhor, desfrutando de um ministério frutífero para a
glória de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø BRUCE,
F.F. Estudos do Cristianismo Não-Paulino.
SHEDD.
Ø GARNDER,
Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada.
VIDA ACADÊMICA.
Ø LOPES,
Dias. Hernandes. Pedro: Pescador de
Homens. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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