sábado, 15 de junho de 2024

LIÇÃO 11 – A REALIDADE BÍBLICA DO INFERNO

 




Mt 25.41-46
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre a realidade bíblica do inferno, para isso, traremos a definição da palavra inferno, e suas diversas acepções, tanto no Antigo como no Novo Testamento, abordaremos sobre a doutrina bíblica do estado intermediário dos mortos, bem como, a doutrina do estado eterno dos ímpios, e por fim, apresentaremos as principais heresias que negam a existência do inferno, com a sua devida refutação.
 
 
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA “INFERNO”
1. Definição etimológica.
De acordo com o dicionarista Antônio Houaiss, a palavra inferno é: local subterrâneo habitado pelos mortos; para os cristãos, lugar ou situação pessoal em que as almas pecadoras se encontram após a morte, submetidas a penas eternas(2001, p. 1613).
 

2. Definição teológica.

A palavra “inferno” vem do latim infernus, que significa “lugar inferior”. Foi usada por Jerônimo, na Vulgata Latina, para traduzir do hebraico a palavra sheol no Antigo Testamento, e do grego, no Novo, as palavras geenna, inferno”; hades, a região dos mortos”. Jerônimo translitera o termo tartaroo, que significa: “lançar ao Tártaro/ao inferno; prender no inferno” (Soares, 2009, p. 181).


II. TERMOS BÍBLICOS UTILIZADOS NO AT E NT
1. Palavras usadas no AT para inferno.
“A palavra de origem hebraica é predominantemente usada “sheol” no AT para “o túmulo, o abismo, o lugar dos mortos” (Gn 37.35; Jó 7.9; 14.13; 17.13-16; Sl 6.5; 16.10; 55.15; Pv. 9.18; Ec. 9.10; Is 14.11; 38.10-12,18). Não parece haver uma distinção muito clara no AT entre o destino dos bons e dos maus. Eles parecem ir ao túmulo de igual modo, para o mundo inferior, um mundo de trevas, de cansaço, de escuridão, de decadência e de esquecimento, onde se está distante de Deus (Jó 10.20-22; Sl 88.3-6) e, no entanto, acessível a ele (Jó 26.6; Sl 138.8; Am 9.2). Ele é um lugar caracterizado pelo silêncio (Sl 94.17; 115.17) e pelo repouso (Jó 3.17). Outros textos, no entanto, parecem sugerir alguns aspectos de consciência, esperança e comunicação no “sheol” (Jó 14.13-15; 19.25-27; Sl 16.10; 49.15; Is 14.9,10; Ez 32,21). No todo, o Sheol era considerado com horror e mau pressentimento (Dt 32.22; Is 38.18).
 
a) Sepultura.
É importante fazer um destaque que quando a Bíblia no AT quer descrever o lugar onde o morto é enterrado, a lápide, o túmulo, o jazigo, utiliza a palavra hebraica é qever” que é traduzida por “mnemeion” no grego, monumento com epitáfio para preservar a memória do morto (Gn 23.6, 9; 49.30), e “mnema”, com o mesmo significado (Êx 14.11; Ez 37.12), finalmente, taphos, “lugar para enterrar o morto” (Gn 23.4, 20; 2 Sm 2.31). Nenhuma delas a Septuaginta traduziu por “hades” (Mt 23.29; 28.1; Mc 5.3). (Soares, 2009, p. 184). Não há na Bíblia nenhuma referência à alma descendo ao “qever” , a nenhum cadáver, ao sheol. A Bíblia faz menção de pessoas que tinham sepulcros, “qever” (Gn 50.5; 1Rs 13.30), mas nunca encontramos nela alguém que fosse proprietário do “sheol”. O homem nos tempos bíblicos preparava o seu sepulcro “qever”, mas nunca alguém preparou um “sheol” (Soares, 2009, p. 182).
 
2. Palavras usadas no NT para inferno.
A palavra de origem grega “hades” é usada no NT com muita similaridade para “sheol” no AT. Na mitologia grega, era a habitação dos mortos. O termo “hades” se tornou importante para os judeus como o termo típico usado pelos tradutores da Septuaginta [tradução do AT hebraico para o grego] para traduzir o nome hebraico “sheol” para o grego. No Novo Testamento, o “hades” tinha três significados: 1) morte (Mt 11.23; Lc 10.15) ; 2) o lugar de todos os mortos (Lc 16.22,23 e 26), e 3) o lugar dos mortos ímpios somente (Ap. 20.13,14). O contexto determina qual o significado o autor pretende dar em determinada passagem.
 
a) Tártaro (inferno).
A forma grega “tártaro” ocorre somente em 2 Pedro 2.4 e identifica a habitação particular dos anjos que caíram na revolta satânica primitiva” (Comfort, 2010. pp. 724,771, 853, 854).
 

III. A PALAVRA “INFERNO” COMO DOUTRINA DO ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
O estado intermediário é a situação em que se encontram todos os mortos, quer tenham morrido salvos, ou não. Dá-se o nome de “intermediário” porque as almas nesse estado aguardam o dia em que ressuscitarão, para a vida eterna ou para a perdição eterna (Dn 12.2; Jo 5.28,29). Noutras palavras, é o estado das pessoas entre a morte física e a ressurreição. “A história do rico e Lázaro dá-nos um panorama bastante claro desse lugar (Lc 16.19-31). Para os que dormiram em Cristo, o período intermediário há de terminar com o Arrebatamento da Igreja (1Ts 4.13-17). Já para os que morreram em seus pecados, há de perdurar até a última ressurreição, quando eles serão submetidos ao Juízo Final (Ap 20.11-15)” (Andrade, 2006, p. 106).
 
1. Antes da morte de Cristo.
De acordo com Lucas 16.19-31, o “sheol” (hebraico) ou “hades” (grego) dividia-se em três partes distintas. A primeira parte é o lugar dos justos, chamada “seio de Abraão” ou “lugar de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A segunda é a parte dos ímpios, denominada “lugar de tormento” (Lc 16.23). A terceira parte fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas” ou “abismo” (Lc 16.26; 2Pe 2.4; Jd v.6). Portanto, antes da morte de Jesus, todos os mortos eram conduzidos ao “sheol”, mas ficavam em lugares opostos e em situações distintas.
 
2. Depois da morte de Cristo.
“Jesus, antes de morrer por nós, prometeu aos seus que as portas do inferno “hades” não prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18). Isto mostra que os fiéis de Deus, a partir dos dias de Jesus, não mais desceriam ao “hades”. Esta mudança ocorreu entre a morte e ressurreição do Senhor, pois Ele disse ao ladrão arrependido: ‘Hoje estarás comigo no paraíso’ (Lc 23.43). Paulo diz a respeito do assunto: ‘Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens’ (Ef 4.8,9). Entende-se, pois, que Jesus, ao ressuscitar, levou para o Céu os crentes do Antigo Testamento que estavam no “seio de Abraão”, conforme prometera em Mateus 16.18”. (Gilberto, 1985, p. 17). Mas, os ímpios continuam indo para o lugar de tormentos. De acordo com o texto de Lucas 16.19-31, tanto os justos como os ímpios estão vivos, acordados, conscientes e tem lembrança da vida na terra. Porém, existem algumas diferenças entre ambos.
 
 
IV. A PALAVRA “INFERNO” COMO DOUTRINA DO ESTADO ETERNO DOS ÍMPIOS
1. Geena (Inferno propriamente dito).
O “geena” (Inferno) seu significado estava ligado a um termo hebraico que fazia ligação com o Vale de Hinom, um local associado a práticas religiosas antigas e, em algumas interpretações, a sacrifícios de crianças, além de ser usado para a queima de lixo e de cadáveres de criminosos, por causa disso, o termo “gehinnom” passou a significar em certos textos um lugar de punição após a morte (Gomes, 2024, p. 131). Metaforicamente, o local é mencionado como exemplo do que será o lugar de juízo divino sobre satanás, seus anjos e todos os ímpios, por isso, Jesus o descreve como “fogo inextinguível” (Mt 3.12; Mc 9.43,48); “fornalha acesa” (Mt 13.42,50); “trevas” (Mt 8.12; 22.13); “fogo eterno” (Mt 25.41); “lago de fogo” (Ap 19.20; 20.10,14,15).
 
2. O sofrimento dos ímpios será eterno (Ap. 14.11; 20.10).
Segundo Comfort (2010), o próprio Jesus usa o termo “geena” para designar a “morada definitiva dos ímpios que não se arrependeram” (Mt. 5.22; 10.28; 18.9). Uma vez que “geena” é um abismo ardente (Mc 9.43), ele é também o “lago de fogo” (Mt 13. 42,50; Ap, 20.14,15) ao qual todos os infiéis serão lançados (Mt. 23.15,33), acompanhado de Satanás e seus anjos (Mt 25.41; Ap. 19.20; 20.10). O “geena” deve ser cuidadosamente diferenciado de outros termos relativos à vida após a morte ou estado final. Enquanto “sheol” do AT e o “hades” do NT uniformemente desiguinam a habitação temporária dos mortos (antes do último Dia do juízo), o “geena” especifica o lugar onde os ímpios sofrerão a punição eterna (Sl 49.14,15; Mt 10.28).
 
 
V. HERESIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DO INFERNO
1. Todos serão aniquilados: aniquilacionismo.
“Esta doutrina defende que todas as almas estão sujeitas à extinção ou aniquilação após a morte física. As escrituras são claras sobre o fato de que tanto os ímpios como os justos viverão para sempre, e que no caso dos ímpios sua existência será de sofrimento e castigo consciente (Ec 12.7; Mt 25.46; Rm 2.8-10; Ap 14.11; 20.10-15)” (Pfeiffer, 2007, p. 694).
 
2. Todos serão salvos: universalismo.
Doutrina divorciada das Escrituras, segundo a qual, no final dos tempos, deus reconciliará todos os seres humanos e até os anjos caídos a si mesmo, independentemente das obras e dos méritos de cada um, ou seja, é a ideia de que ninguém será condenado, mas todos serão salvos, inclusive o diabo e seus anjos caídos (Andrade, 2006, pp. 353,354).
 
3. Todos estão livres: negacionismo.
Existem aqueles que procuram negar a existência do inferno. O Inferno é um lugar real (Mt 25.41), e é um dos assuntos principais do NT. O Senhor Jesus ensinou mais a respeito do Inferno que o Céu nas páginas dos Evangelhos. A realidade do Inferno é um ensino integralmente bíblico (Mt 10.28; 23.33; Mc 9.43; Lc 12.5). De acordo com o vasto ensino do NT, todas as pessoas que desprezam Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas passarão a eternidade totalmente separadas de Deus, na presença do Diabo e seus demônios (Mt 25.41).
  

CONCLUSÃO 
Concluímos que o inferno é tão real quanto o céu. Sua doutrina está fincada nos fundamentos escriturísticos, e não em fábulas e criações humanas. Negar a realidade do inferno, é negar todas as demais doutrinas esposadas na Bíblia. A realidade bíblica do inferno aponta para uma eternidade de dor e sofrimentos eternos para satanás, seus anjos e os ímpios. Devemos louvar e agradecer ao nosso Deus por tão grande amor e salvação que nos tem outorgado. Maranata, ora vem Senhor Jesus.



 
REFERÊNCIAS
ü  ANDRADE, Claudionor Correia. Dicionário Teológico. CPAD.
ü  COMFORT, Philip W. et al. Dicionário Bíblico Tyndale. GEOGRÁFICA.
ü  GILBERTO, Antônio. O Calendário da Profecia. CPAD.
ü  GOMES, Osiel. A carreira que nos está proposta, CPAD.
ü  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
ü  HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. CPAD.
ü  LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. CPAD.
ü  PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
ü  PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
ü  RENOVATO, Elinaldo. O Final de Todas as Coisas. CPAD.
ü  SILVA, Esequias Soares. Respostas Bíblicas às Testemunhas de Jeová. CANDEIAS.
ü  SILVA, Esequias Soares. Testemunhas de Jeová: comentário exegético e explicativo. CANDEIAS.
ü  STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü  ZIBORDI, Ciro Sanches. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.    

 

Por Rede Brasil de Comunicação.





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