Mt
25.41-46
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, estudaremos sobre a realidade bíblica do inferno, para isso, traremos a
definição da palavra inferno, e suas diversas acepções, tanto no Antigo como no
Novo Testamento, abordaremos sobre a doutrina bíblica do estado intermediário
dos mortos, bem como, a doutrina do estado eterno dos ímpios, e por fim,
apresentaremos as principais heresias que negam a existência do inferno, com a
sua devida refutação.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA “INFERNO”
1. Definição etimológica.
De
acordo com o dicionarista Antônio Houaiss, a palavra inferno é: “local
subterrâneo habitado pelos mortos; para os cristãos, lugar ou situação pessoal
em que as almas pecadoras se encontram após a morte, submetidas a penas eternas” (2001, p. 1613).
2. Definição teológica.
A
palavra “inferno” vem do latim infernus, que significa “lugar inferior”. Foi usada por Jerônimo, na
Vulgata Latina, para traduzir do hebraico a palavra sheol no Antigo
Testamento, e do grego, no Novo, as palavras geenna, “inferno”; hades, a
região dos mortos”. Jerônimo translitera o termo tartaroo,
que significa: “lançar ao Tártaro/ao
inferno; prender no inferno” (Soares, 2009, p. 181).
II. TERMOS BÍBLICOS UTILIZADOS NO
AT E NT
1. Palavras usadas no AT para
inferno.
“A
palavra de origem hebraica é predominantemente usada “sheol” no
AT para “o túmulo, o abismo, o lugar dos
mortos” (Gn 37.35; Jó 7.9; 14.13; 17.13-16; Sl
6.5; 16.10; 55.15; Pv. 9.18; Ec. 9.10; Is 14.11; 38.10-12,18). Não parece haver
uma distinção muito clara no AT entre o destino dos bons e dos maus. Eles
parecem ir ao túmulo de igual modo, para o mundo inferior, um mundo de trevas,
de cansaço, de escuridão, de decadência e de esquecimento, onde se está
distante de Deus (Jó 10.20-22; Sl 88.3-6) e, no entanto, acessível a ele (Jó
26.6; Sl 138.8; Am 9.2). Ele é um lugar caracterizado pelo silêncio (Sl 94.17;
115.17) e pelo repouso (Jó 3.17). Outros textos, no entanto, parecem sugerir
alguns aspectos de consciência, esperança e comunicação no “sheol” (Jó
14.13-15; 19.25-27; Sl 16.10; 49.15; Is 14.9,10; Ez 32,21). No todo, o Sheol
era considerado com horror e mau pressentimento (Dt 32.22; Is 38.18).
a) Sepultura.
É
importante fazer um destaque que quando a Bíblia no AT quer descrever o lugar
onde o morto é enterrado, a lápide, o túmulo, o jazigo, utiliza a palavra
hebraica é “qever” que
é traduzida por “mnemeion” no grego, monumento com epitáfio para preservar a memória do
morto (Gn 23.6, 9; 49.30), e “mnema”,
com o mesmo significado (Êx 14.11; Ez
37.12), finalmente, taphos,
“lugar para enterrar o morto” (Gn 23.4, 20; 2 Sm 2.31). Nenhuma delas a Septuaginta
traduziu por “hades” (Mt 23.29; 28.1; Mc 5.3). (Soares, 2009, p. 184). Não há na Bíblia nenhuma referência à alma descendo
ao “qever” , a nenhum cadáver, ao sheol. A Bíblia faz menção de
pessoas que tinham sepulcros, “qever”
(Gn 50.5; 1Rs 13.30), mas nunca encontramos nela alguém que fosse
proprietário do “sheol”. O homem
nos tempos bíblicos preparava o seu sepulcro “qever”,
mas nunca alguém preparou um “sheol”
(Soares, 2009, p. 182).
2. Palavras usadas no NT para
inferno.
A
palavra de origem grega “hades”
é usada no NT com muita similaridade
para “sheol” no AT. Na mitologia grega, era a habitação dos mortos. O
termo “hades” se tornou importante para os judeus como o termo típico
usado pelos tradutores da Septuaginta [tradução do AT hebraico para o grego]
para traduzir o nome hebraico “sheol”
para o grego. No Novo Testamento, o “hades” tinha
três significados: 1) morte (Mt 11.23; Lc 10.15) ; 2) o lugar
de todos os mortos (Lc 16.22,23 e 26), e 3)
o lugar dos mortos ímpios somente (Ap.
20.13,14). O contexto determina qual o significado o autor pretende dar em
determinada passagem.
a) Tártaro (inferno).
A forma grega “tártaro” ocorre
somente em 2 Pedro 2.4 e identifica a habitação particular dos anjos que caíram
na revolta satânica primitiva” (Comfort, 2010. pp. 724,771, 853, 854).
III. A PALAVRA “INFERNO” COMO
DOUTRINA DO ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
O
estado intermediário é a situação em que se encontram todos os mortos, quer
tenham morrido salvos, ou não. Dá-se o nome de “intermediário” porque as almas nesse estado aguardam o dia em que
ressuscitarão, para a vida eterna ou para a perdição eterna (Dn 12.2; Jo
5.28,29). Noutras palavras, é
o estado das pessoas entre a morte física e a ressurreição. “A história do rico e Lázaro dá-nos um panorama bastante
claro desse lugar (Lc 16.19-31). Para os que dormiram em Cristo, o período
intermediário há de terminar com o Arrebatamento da Igreja (1Ts 4.13-17). Já
para os que morreram em seus pecados, há de perdurar até a última ressurreição,
quando eles serão submetidos ao Juízo Final (Ap 20.11-15)” (Andrade, 2006, p.
106).
1. Antes da morte de Cristo.
De
acordo com Lucas 16.19-31, o “sheol”
(hebraico) ou “hades” (grego)
dividia-se em três partes distintas. A primeira parte é o lugar dos justos,
chamada “seio de Abraão” ou “lugar
de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A segunda é a
parte dos ímpios, denominada “lugar
de tormento” (Lc 16.23). A terceira parte fica entre
a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas” ou “abismo”
(Lc 16.26; 2Pe 2.4; Jd v.6). Portanto,
antes da morte de Jesus, todos os mortos eram conduzidos ao “sheol”,
mas ficavam em lugares opostos e em situações distintas.
2. Depois da morte de Cristo.
“Jesus,
antes de morrer por nós, prometeu aos seus que as portas do inferno “hades” não
prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18). Isto mostra que os fiéis de Deus, a
partir dos dias de Jesus, não mais desceriam ao “hades”. Esta
mudança ocorreu entre a morte e ressurreição do Senhor, pois Ele disse ao
ladrão arrependido: ‘Hoje
estarás comigo no paraíso’ (Lc
23.43). Paulo diz a respeito do assunto: ‘Quando
ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens’ (Ef 4.8,9). Entende-se, pois, que Jesus, ao ressuscitar,
levou para o Céu os crentes do Antigo Testamento que estavam no “seio de Abraão”, conforme prometera em Mateus 16.18”. (Gilberto, 1985, p.
17). Mas, os ímpios continuam indo para o lugar de tormentos. De acordo com o
texto de Lucas 16.19-31, tanto os justos como os ímpios estão vivos, acordados,
conscientes e tem lembrança da vida na terra. Porém, existem algumas diferenças
entre ambos.
IV. A PALAVRA “INFERNO” COMO
DOUTRINA DO ESTADO ETERNO DOS ÍMPIOS
1. Geena (Inferno propriamente
dito).
O
“geena” (Inferno) seu significado estava ligado a um termo hebraico que fazia ligação
com o Vale de Hinom, um local associado a práticas religiosas antigas e, em
algumas interpretações, a sacrifícios de crianças, além de ser usado para a
queima de lixo e de cadáveres de criminosos, por causa disso, o termo “gehinnom” passou
a significar em certos textos um lugar de punição após a morte (Gomes, 2024, p.
131). Metaforicamente, o local é mencionado como exemplo do que será o lugar de
juízo divino sobre satanás, seus anjos e todos os ímpios, por isso, Jesus o
descreve como “fogo inextinguível” (Mt 3.12; Mc 9.43,48); “fornalha
acesa” (Mt 13.42,50); “trevas” (Mt
8.12; 22.13); “fogo eterno” (Mt 25.41);
“lago de fogo” (Ap 19.20; 20.10,14,15).
2. O sofrimento dos ímpios será
eterno (Ap. 14.11; 20.10).
Segundo
Comfort (2010), o próprio Jesus usa o termo “geena” para
designar a “morada definitiva dos ímpios que não se
arrependeram” (Mt. 5.22; 10.28; 18.9). Uma vez que “geena” é um abismo
ardente (Mc 9.43), ele é também o “lago
de fogo” (Mt 13. 42,50; Ap, 20.14,15) ao qual todos os infiéis serão lançados (Mt. 23.15,33), acompanhado
de Satanás e seus anjos (Mt 25.41; Ap. 19.20;
20.10). O “geena” deve ser cuidadosamente diferenciado de outros termos
relativos à vida após a morte ou estado final. Enquanto “sheol” do
AT e o “hades” do NT uniformemente desiguinam a habitação temporária dos
mortos (antes do último Dia do juízo), o “geena”
especifica o lugar onde os ímpios
sofrerão a punição eterna (Sl 49.14,15; Mt 10.28).
V. HERESIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DO
INFERNO
1. Todos serão aniquilados:
aniquilacionismo.
“Esta
doutrina defende que todas as almas estão sujeitas à extinção ou aniquilação após
a morte física. As escrituras são claras sobre o fato de que tanto os ímpios
como os justos viverão para sempre, e que no caso dos ímpios sua existência
será de sofrimento e castigo consciente (Ec 12.7; Mt 25.46; Rm 2.8-10; Ap
14.11; 20.10-15)” (Pfeiffer, 2007, p. 694).
2. Todos serão salvos:
universalismo.
Doutrina
divorciada das Escrituras, segundo a qual, no final dos tempos, deus reconciliará
todos os seres humanos e até os anjos caídos a si mesmo, independentemente das
obras e dos méritos de cada um, ou seja, é a ideia de que ninguém será
condenado, mas todos serão salvos, inclusive o diabo e seus anjos caídos
(Andrade, 2006, pp. 353,354).
3. Todos estão livres:
negacionismo.
Existem
aqueles que procuram negar a existência do inferno. O Inferno é um lugar real (Mt
25.41), e é um dos assuntos principais do NT. O Senhor Jesus ensinou mais a
respeito do Inferno que o Céu nas páginas dos Evangelhos. A realidade do
Inferno é um ensino integralmente bíblico (Mt 10.28; 23.33; Mc 9.43; Lc 12.5).
De acordo com o vasto ensino do NT, todas as pessoas que desprezam Jesus como
Senhor e Salvador de suas vidas passarão a eternidade totalmente separadas de
Deus, na presença do Diabo e seus demônios (Mt 25.41).
CONCLUSÃO
Concluímos
que o inferno é tão real quanto o céu. Sua doutrina está fincada nos
fundamentos escriturísticos, e não em fábulas e criações humanas. Negar a
realidade do inferno, é negar todas as demais doutrinas esposadas na Bíblia. A
realidade bíblica do inferno aponta para uma eternidade de dor e sofrimentos
eternos para satanás, seus anjos e os ímpios. Devemos louvar e agradecer ao
nosso Deus por tão grande amor e salvação que nos tem outorgado. Maranata, ora
vem Senhor Jesus.
REFERÊNCIAS
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Claudionor Correia. Dicionário Teológico. CPAD.
ü COMFORT,
Philip W. et al. Dicionário Bíblico Tyndale. GEOGRÁFICA.
ü GILBERTO,
Antônio. O Calendário da Profecia. CPAD.
ü GOMES,
Osiel. A carreira que nos está proposta, CPAD.
ü HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
ü HORTON,
Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal.
CPAD.
ü LAHAYE,
Tim. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. CPAD.
ü PEARLMAN,
Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
ü PFEIFFER,
Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
ü RENOVATO,
Elinaldo. O Final de Todas as Coisas. CPAD.
ü SILVA,
Esequias Soares. Respostas Bíblicas às Testemunhas de Jeová.
CANDEIAS.
ü SILVA,
Esequias Soares. Testemunhas de Jeová: comentário exegético e
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ü STAMPS,
Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü ZIBORDI, Ciro Sanches. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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